Flávia de Almeida Calabrez
Airton José Cavenaghi
Universidade Anhembi Morumbi-SP, Brasil
acavenaghi@gmail.comRESUMO
Este artigo busca analisar as transformações ocorridas no bairro do Tatuapé, dentro do conceito da hospitalidade em sua dimensão urbana, uma vez que, em função da crescente urbanização, propiciada pela especulação imobiliária, aliada a investimentos no setor terciário, o bairro está se modificando constantemente. Localizado na zona leste da cidade de São Paulo, o Tatuapé, de essencialmente operário passou a ser uma das regiões mais valorizadas da cidade, atraindo uma população de alto poder aquisitivo. Uma das questões suscitadas para a elaboração desse trabalho foi verificar se o setor de serviços é capaz de criar fronteiras imaginárias de pertencimento, uma vez que os habitantes desse bairro atendidos localmente em suas mais diversas necessidades tendem a não mais se deslocar a outros logradouros em busca desses serviços. A metodologia de pesquisa baseou-se, em levantamento bibliográfico, documental e pesquisa exploratória de caráter qualitativa, realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com moradores que frequentam esses espaços de vivência para verificar aspectos de hospitalidade e a percepção dos mesmos relacionados às transformações do bairro.
Palavras chave: Hospitalidade urbana. Serviços. Padarias. Tatuapé. São Paulo-Brasil.
HOSPITALIDAD EN LAS TRANSFORMACIONES URBANAS EN LA CIUDAD DE SÃO PAULO: EL BARRIO DE TATUAPÉ (São Paulo: Brasil)
RESUMEN
Este estudio analiza los cambios en el barrio de Tatuapé (São Paulo: Brasil), dentro de la dimensión urbana de la hospitalidad. Estos cambios están relacionados con una creciente urbanización, impulsada por la especulación inmobiliaria, combinada con inversiones en el sector servicios. Ubicado en el lado este de la ciudad de São Paulo, Tatuape, se ha convertido en una de las zonas más valoradas de la ciudad, atrayendo así, una población de gran poder adquisitivo. Uno de los temas de esta investigación fue verificar si el sector de servicios es capaz de crear fronteras imaginarias de pertenencia, ya que los habitantes de este barrio en sus necesidades tienden a no salir, buscando estos servicios en otros lugares. Este análisis se basó sobre los conceptos de hospitalidad en sus perspectivas, especialmente la hospitalidad urbana y el sector servicios. La metodología se basó en encuestas bibliográficas, documentales y de investigación cualitativa exploratoria, realizadas a través de entrevistas semiestructuradas con residentes que acuden a estos espacios de vida para verificar la percepción de cambios en el vecindario y los aspectos de hospitalidad.
Palabras clave: Hospitalidad urbana. Servicios. Panaderías Tatuapé. São Paulo-Brasil.
HOSPITALITY AT URBAN TRANSFORMATIONS IN THE CITY OF SÃO PAULO: THE NEIGHBORHOOD OF TATUAPÉ. (SÃO PAULO: BRAZIL)
ABSTRACT
This study analyzes the changes in the neighborhood of Tatuapé, within the urban dimension of hospitality. This changes are related to a increasing urbanization, fostered by real estate speculation, combined with investments in the service sector. Located on the east side of the city of São Paulo, Tatuape, has become one of the most valued areas of the city, attracting this way, a high purchasing population power. One of the issues of this research was to verify if the service sector is able to create imaginary belonging boundaries, since the inhabitants of this district in their needs tend to not move out, searching for these services elsewhere. This analysis was based on concepts of hospitality in its perspectives, especially the urban hospitality and the service sector. The methodology was based on bibliographic, documentary survey and exploratory qualitative research, conducted through semi-structured interviews with residentes who go to these living spaces to verify the neighborhood changes perception and the aspects of hospitality.
Keywords: Urban Hospitality. Services. Bakeries. Tatuapé. São Paulo-Brazil.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Flávia de Almeida Calabrez y Airton José Cavenaghi (2017): A hospitalidade nas transformações urbanas da cidade de São Paulo: o bairro do Tatuapé (São Paulo: Brasil), Revista Turydes: Turismo y Desarrollo, n. 22 (junio 2017). En línea:
http://www.eumed.net/rev/turydes/22/hospitalidade-tatuape.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/turydes22hospitalidade-tatuape
INTRODUÇÃO
A hospitalidade entre suas muitas vertentes, trata essencialmente de relações humanas que estabelecem troca, reciprocidade como elemento primordial de sociabilidade (Camargo, 2004; Grinover, 2002; Montandon, 2003; 2011).
A convivência, as relações sociais e todo o seu conjunto de atributos é o pano de fundo que permeia a discussão desse artigo e como campo dessas relações, a cidade, tem papel importante pois torna-se parte desse cenário composto por pessoas que se relacionam em um meio comum, seja um bairro ou um vilarejo fazendo com que o lugar de vivência passe a ter identidade e significado para cada um de seus habitantes e frequentadores (Grinover, 2009).
Partindo desse princípio, a proposta desse artigo é enfocar a trajetória do bairro do Tatuapé, localizado na zona leste da cidade de São Paulo, atualmente palco de transformações urbanas intensas. De um bairro essencialmente operário, passou a ser chamado de “nova centralidade” da zona leste (Frugoli, 2000), decorrente de modificações do espaço urbano, que conta com novos perfis de moradores, passantes e com uma rede diversificada de serviços em resposta a esse crescimento, atraindo cada dia mais pessoas. Dentro da temática proposta, o objetivo é compreender de que maneira a hospitalidade se manifesta nos centros de vivência. Como a sua presença influencia o cotidiano dos moradores do bairro do Tatuapé, bem como se esse conjunto de serviços é capaz de criar, aquilo que nesse artigo classificamos como, “fronteiras imaginárias de pertencimento”, ou seja, a partir do momento em que a tendência dos moradores de um local é a do não deslocamento a outros logradouros em busca de serviços.
Tendo em vista a influência dessa alteração urbana pela qual o Tatuapé tem passado e tomando como pano de fundo duas padarias tradicionais do local, a saber: Lisboa e Marengo; já conhecidos pontos de encontro, como bases empíricas, buscou-se retratar e compreender essa manifestação de acolhimento no setor de serviços, e as relações de sociabilidade e hospitalidade, frente às modificações que o bairro tem passado, observando-se, assim, a questão da formação de uma identidade de pertencimento (Montandon, 2011).
A metodologia baseou-se em entrevistas semiestruturadas, realizadas com moradores da região, visando examinar os aspetos da hospitalidade em maior profundidade, e a sua manifestação, nos centros de vivência, além de buscar, nas falas dos entrevistados, elementos de identificação dos moradores com o bairro.
2. HOSPITALIDADE URBANA
O fenômeno da hospitalidade pode ser entendido de diversas maneiras, seja referente a aspectos comerciais, com seus serviços e produtos, seja relacionado à interação entre pessoas, a criação de laços sociais. Porém, sua essência consiste na troca e demanda um estudo de um complexo contexto sociocultural, a partir do momento que se criam ou implementam relações já estabelecidas (Grinover, 2002).
Fato é que as práticas de acolhimento e civilidade estão também fortemente ligadas ao lugar. As cidades são estruturas que têm por objetivo acolher pessoas. A hospitalidade é um sistema maior de estruturas, com o objetivo de acolher pessoas e deixar que essas usufruam a composição da cidade, assim como seus moradores (Grinover, 2009). Camargo (2004) reitera esse diálogo com o urbanismo ao mencionar que, “A forma de inserção espacial preferida dos seres humanos é a cidade e é lá que se processam e se criam estilos de hospitalidade” (Camargo, 2004: 82). Por isso ao falar de hospitalidade nos espaços urbanos é importante compreender que o espaço só se torna hospitaleiro na medida em que há a interação social e reciprocidade para com o outro. Sendo assim, pode-se dizer que os chamados espaços urbanos “hospitaleiros” são lugares em que a prática da hospitalidade na cidade se consolida (Grinover, 2002).
Segundo Godbout (1998), as cidades que oferecem informações e que procuram se identificar, que têm seus espaços públicos organizados, como praças, parques, ruas, avenidas etc., estão inseridas dentro de um mecanismo de hospitalidade. Ao citar Alain Montandon, Grinover (2008), retoma o fundamento que de a cidade deve ser um lugar onde se pratica a hospitalidade, que permite o encontro com o outro, o acolhe e mostra sua cultura e história, por meio da infraestrutura e dos símbolos que a urbe oferece sejam eles públicos ou privados. De La Haba; Santamaría (2004, in Grinover, 2008), passa a colocar a hospitalidade urbana sob novo prisma: de que não há espaços hospitaleiros, mas locais em que há usos e ocupações hospitaleiras dos espaços. Parte importante nesse conjunto é também a questão dos símbolos urbanos que, se envoltos na perspectiva da identidade e legibilidade, trazem como essência os códigos da prática social, que englobam hábitos cotidianos, culturais, históricos e lugares de convivência, que formam espaços de pertencimento e memória, permitindo assim distintas leituras da cidade.
Ao mesmo tempo em que a urbanização intensa propicia o surgimento de conurbações (Grinover, 2008), implementa também a diversidade cultural e experiências distintas, que permitem interações entre pessoas, permeadas pela figura da hospitalidade. Para o autor, lugares que promovem experiências positivas, passam a ter significado. A cidade vista como uma construção do espaço traz em seus elementos de identidade atributos associados à sua história. As pessoas que nela habitam por sua vez são integrantes desse cenário em contínua modificação. A legibilidade então, é um componente segundo Lynch, (1999), não só atribuído à qualidade visual, mas atrelado também à percepção que seus habitantes possuem desse local. A imagem do ambiente tem significados que podem ser positivos ou não, desenvolvidos em virtude do elo criado com cada cidadão.
Esses espaços, para Lynch (1999), são parte de um mecanismo associado à imagem da cidade e que se relaciona diretamente às experiências vividas e às sensações, criando vínculos emocionais. “Conhecer seu lugar é se sentir seguro em relação a ele”. (Lynch, 1999: 05). Esse vínculo emocional está ligado à imagem ambiental composta pelo indivíduo, formada pela identidade, estrutura e significado que aquele local tem para o sujeito que nele habita. O espaço físico seja ele natural, artificial, rural ou urbano é um componente de grande importância para a consolidação da hospitalidade.
Essa projeção incorpora valores emocionais, que segundo Bastos (2012), são desenvolvidos em cenários em que as práticas de hospitalidade são exercidas. Assim, ainda para Bastos (2012), o território é parte das experiências de seus moradores no qual são atribuídos sensações e significados, trazendo a identidade àquele local. A hospitalidade no âmbito urbano consolida-se como um retrato de pertencimento, identificação e materialização das relações sociais.
Para Dias (2002), a cidade em sua construção passa por modificações que se voltam a funções distintas tornando-se fonte de enraizamento espacial, ou seja, os indivíduos criam vínculos com os espaços em que vivem. Esses vínculos são também parte do mecanismo de percepção do entorno. Lynch (1999), evidencia como a cidade é percebida pelos seus moradores baseado em um estudo empregado em três cidades norte-americanas, cuja principal conclusão é que a imagem estruturada da cidade pode ser agrupada em cinco tipos: bairros, caminhos, limites, pontos nodais e marcos. Essas categorias são classificadas de acordo com a vivência de cada um, portanto parte de experiências, recordações e da relação que fazem com o entorno, proporcionando associações específicas com cada elemento da cidade. Observa-se, também aqui, a ideia de pertencimento como uma dimensão da Hospitalidade. A ideia de pertença (In: Montandon, 2011), pode ser observada associada, por exemplo, ao acolhimento dado aos imigrantes (p.1050); a comensalidade à mesa (p.1213); à domesticação da Natureza (p. 1240), etc. O “pertencer” sugere domínio, segurança, partilha de uma identidade ao território.
FRONTEIRAS IMAGINÁRIAS DE PERTENCIMENTO, REALIDADES COTIDIANAS VIVENCIADAS.
O espaço urbano, ou observado nesse artigo como o espaço de “pertença”, atualmente passa por modificações constantes. Com o aumento populacional, desenvolvimento econômico, as cidades se tornaram pontos de convergência entre economias. Nessa infraestrutura se observa novas formas de utilização desse espaço permeadas por interações entre pessoas, lugares e objetos. Esse espaço, fruto de interações particulares entre objetos e relações, para Lefebvre (1992, in Girardi, 2006: 26), é denominado espaço social, ou seja, “o espaço (social) é um produto (social)”. Este espaço social compreende as relações sociais que agrupa coisas produzidas e permite ações de produção e consumo.
Ao considerar frações de espaços pode-se chegar ao conceito de fronteira, que se refere ao encerramento de um espaço, delimitação de um território, fixação de uma superfície. “Em suma é um marco que limita, separa e que aponta sentidos socializados de reconhecimento” (Pesavento, 2002: 36). Essas ações de produção, consumo e reconhecimento em locais determinados podem delimitar mesmo que de maneira involuntária, a criação de “fronteiras imaginárias de pertencimento”. Não sair de “seu território” para satisfazer suas mais diversas necessidades, é parte desse mecanismo de delimitação inconsciente. No espaço urbano, grupos semelhantes se agregam e se organizam tomando posse do lugar, personalizando-o. Assim sendo, a transformação urbanística influencia as relações. As atividades instaladas e a formas de ocupação de um determinado local muitas vezes determinam o tipo de relação com sua vizinhança, ou seja, residências atraem residências, comercio atrai comercio e indústria atrai indústria em seu perímetro, trazendo benefícios mútuos (Castells, 2007).
As fronteiras simbólicas, são reflexo desse pertencimento local e a cidade por sua vez, em constante mudança, reconstrói seu espaço urbano formando novas centralidades (Frugoli, 2000), isto é, novos nichos de desenvolvimento econômico, que alteram perfis de regiões e ocasionam novas necessidades. Essas novas centralidades produzidas pela reestruturação urbana, decorrente da reestruturação produtiva, criam novas dinâmicas tanto econômicas quanto espaciais, pois modificam o entorno, redefinindo funções. Para Villaça (2001: 327), a reestruturação urbana consiste, “[...] enquanto um todo articulado de partes que se relacionam, no qual alterações em uma parte, ou em uma relação, acarretam alterações nas demais partes e relações”.
Em virtude desse mecanismo, a concentração de funções passou de um só lugar, a padrões policêntricos, com núcleos disseminados, que se instalam em áreas não centrais e condiciona-se a uma série de fatores, tais como a acessibilidade, à convergência de comércio e serviços e à condição socioeconômica da população (Alves, 2011). Além disso, esses núcleos se caracterizam pelo alto grau de verticalização e convergência de atividades. (Villaça, 2001). Por outro lado, essas modificações ao mesmo tempo em que incrementam atividades econômicas, para Yázigi (2001), fazem do lugar um padrão, isto é, apresentam semelhanças provenientes da globalização que tendem a uniformizar grandes cidades, dotadas de construções análogas, com grandes arranha-céus espelhados e amplo setor de serviços, por exemplo. A busca pela alma do lugar, citada pelo autor é o resgate da valorização das características próprias de cada local, com suas peculiaridades e necessidades.
Nesse contexto, a questão da hospitalidade passa por transformações relacionadas a novas realidades geradas ao processo de urbanização. Com a expansão do território, a capital paulista, por exemplo, produziu uma diversidade entre regiões gerando o desenvolvimento de centros de serviços e comércio (Lencioni, 2004). Esse novo perfil passa a reorganizar novos espaços de socialização agregando grupos semelhantes. A diversidade propiciada com as mudanças gera também novas relações com o espaço construído. Para Pellegrino (1989, in Moreira, 1999), o homem constrói relações de apropriação, fruição e percepção visual desse espaço urbano atribuindo significado a essa paisagem. Para Grinover (2002), o espaço que possui significado, torna-se lugar. Na cidade contemporânea, com a velocidade das modificações urbanas, o espaço passa a ser interpretado de acordo com a cultura de cada um. Dessa forma, surgem núcleos distintos de hospitalidade relacionados aos mais diversos aspectos de convivência. Assim, os espaços caracterizam-se pela identidade e pela memória do relacionamento.
3.1 A HOSPITALIDADE NOS SERVIÇOS.
Ao considerar a hospitalidade em sua dimensão comercial, é possível compreender que embora haja a troca monetária, a finalidade é a interação entre pessoas e a qualidade desse relacionamento é que cria e estreita laços sociais (Telfer, 2004). Serviços oferecidos em preceitos da hospitalidade muitas vezes fidelizam o consumidor. Assim sendo, entender que a hospitalidade comercial envolve processos de prestação de serviços, efetuados por pessoas, permite estabelecer trocas e interações que se perpetuam em um determinado tempo e espaço e que compreendem a um objetivo comum: o cliente (Lashley e Morrison, 2004)
A hospitalidade se coloca como elemento natural dentro do processo. É ela que traz legitimidade ao relacionamento. Por isso a busca da eficiência deve ser fundamentada em princípios, sem deixar de lado os laços sociais e traços de acolhimento. Diante de tantas opções, a figura da hospitalidade deve exercer seu papel na busca da interação entre as partes, consolidando relacionamentos e resgatando coletividades (Telfer, 2004).
Os polos de serviços têm papel fundamental na criação desse fenômeno e para que o serviço faça o seu diferencial, o contato humano é a grande ferramenta para que a essência do serviço se concretize. E nesse contexto a hospitalidade passa a ser fundamental pautada sobretudo na experiência que esse serviço pode proporcionar (Lashley e Morrison, 2004). O conceito de experiência, é o fato de algo trazer referências. Para Grinover (2009), um restaurante, uma padaria, a banca de jornal, um café, a praça da cidade são além de lugares, para muitos, espaços importantes, pois há um vínculo criado ali. O que se vende são as experiências e não somente o lugar propriamente dito.
A hospitalidade vai muito além. É parte do conjunto não só de serviços. É um sistema maior de estruturas, com o objetivo de acolher pessoas e deixar que essas usufruam a composição da cidade, assim como seus moradores (Grinover, 2009). Bastos, (2012), aponta ainda que a hospitalidade traz diferentes concepções de acordo com sua contextualização histórica, sua essência se fundamenta na interação entre partes. Talvez associado a essa troca, fundamentam-se também as formas de convivência, que são moldadas à medida que novos polos de serviços surgem para atender às novas exigências proporcionadas pelo crescimento urbano e pela própria transformação dos logradouros.
A hospitalidade associada aos serviços está vinculada segundo Lashley e Morrison (2004), ao domínio comercial. Aqui a oferta da hospitalidade é trabalhada enquanto atividade econômica, que existe para um fim comercial baseada na lei da oferta e procura, cuja troca é essencialmente monetária. De qualquer modo, a intangibilidade do serviço é pautada pela reciprocidade e pelo acolhimento que devem ser exercidos por aqueles que se relacionam diretamente com o consumidor. Muitas vezes o relacionamento faz o diferencial no poder de escolha, seja de um produto ou serviço. Assim, pode-se considerar que os serviços criam ambientes favoráveis de hospitalidade, mas para que seu uso seja pleno, os participantes desse processo necessitam estabelecer laços sociais para que a excelência seja percebida positivamente. Camargo (2004), aponta que a hospitalidade sempre foi pautada entre pessoas e espaços, porém com o “comércio da hospitalidade”, deve-se ter em mente que a troca hospitaleira se dá além do valor monetário. “[...] na hospitalidade comercial, a hospitalidade propriamente dita acontece após o contrato, sendo que esse após deve ser entendido como “para além do” ou “tudo que faz além do contrato” (Camargo, 2004: 46).
O que se observa atualmente nas grandes cidades são os chamados espaços comerciais, como parte importante de um sistema de hospitalidade. Essa oferta de produtos e serviços dentro de uma determinada localidade é dotada de particularidades nas quais devem se estabelecer laços de hospitalidade, mesmo dentro de uma região tão povoada e dotada de uma complexa rede de serviços. É esse acolhimento que faz o diferencial no poder de escolha do consumidor. Por isso, o grande desafio é se adequar aos diferentes perfis de consumidor que surgem na medida em que a cidade se modifica e se reinventa sem perder os laços do bem receber.
O BAIRRO DO TATUAPÉ: IDENTIFICAÇÃO E ASPECTOS DA HOSPITALIDADE.
O bairro localizado na zona leste da cidade de São Paulo foi fundado por Brás Cubas, que em busca de ouro e pedras preciosas, subiu a serra do mar e se estabeleceu próximo a um pequeno riacho, o ribeirão Tatuapé (Gazeta Virtual, 2012).
No final do século XIX, com a chegada dos primeiros imigrantes e o fracionamento das terras, surgiram as chácaras com o cultivo de frutas, verduras e as olarias na região. Nessa época a convivência entre seus habitantes era bastante estreita. A região do Tatuapé, essencialmente agrícola, trazia ares de uma cidade do interior, assim como em muitos outros bairros da cidade. Os vizinhos se conheciam. “[...] davam assistência não só material, mas principalmente moral e espiritual. Dividiam o pouco que possuíam, mesmo sendo difíceis os tempos e pobre a maioria dos seus moradores” (Abarca, 1997: 42).
A partir do início do século XX com a chegada da luz elétrica e com o funcionamento da estrada de ferro, as indústrias têxteis foram se estabelecendo sobretudo na região leste da capital (Zona Leste SP, 2013). Na metade do século XX, o bairro possuía em sua porção norte, as fábricas e vilas operárias, e ao sul, chácaras. O Tatuapé em 1940, possuía uma infraestrutura precária com um pequeno comércio ao redor da linha do bonde, único transporte que havia na região. O abastecimento se dava por meio das chamadas vendas ou armazéns (Gazeta Virtual, 2012). O pão era produzido nas poucas padarias existentes no bairro, entre elas a Padaria Lisboa, localizada na Praça Sílvio Romero, fundada em 1913, e ainda em funcionamento no mesmo local, uma das primeiras do bairro, que além de comercializar o pão, abrigava em seu interior o único telefone público instalado na região, o que gerava grandes filas em frente ao estabelecimento. Em função do grande fluxo de pessoas, a padaria recebia também cartas, sobretudo do exterior e interior de São Paulo, endereçadas aos familiares que aqui estavam. Segundo Abarca, (1997), durante duas décadas, um funcionário dos Correios entregava e retirava malotes diários na padaria. Nota-se, assim, que a sociabilidade existente era identificada com um local de aglutinação de interesses cotidianos no período. A identificação entre local (patrimônio) e interesses cotidianos (fluxos de pessoas) apresenta interessante análise em Brusadin (2014).
A partir da década de 20, com o início da migração de fábricas para a região, começaram a se constituir as vilas de operários. O Tatuapé entre as décadas de 30 a 70 foi um bairro operário, cuja população era constituída de trabalhadores braçais. Nesse período, a infraestrutura do bairro foi sendo implantada em virtude do movimento fabril (Gazeta Virtual, 2014). As indústrias permaneceram no bairro até meados da década de 70. Com o desenvolvimento e a adoção do sistema rodoviarista no país em detrimento ao transporte ferroviário (Villaça, 2001), muitas dessas industrias deixaram não só o Tatuapé, mas outros bairros da capital, como Barra Funda e Lapa, para se instalar em cidades do interior paulista, ao longo das rodovias, facilitando o escoamento da produção (Gazeta Virtual, 2014). O Tatuapé, voltado essencialmente às indústrias tornou-se um local repleto de galpões vazios e degradados.
O processo de desconcentração industrial, a partir dos anos 70, transformou a região, que passou a buscar nas atividades terciárias novas formas de trabalho (Endrigue, 2008). Pouco a pouco as velhas estruturas existentes no bairro foram sendo demolidas, os terrenos valorizados e os prédios começaram a aparecer, mudando novamente o perfil da região (Gazeta Virtual, 2014). A zona leste, que possuía de modo geral em seu perfil loteamentos populares e conjuntos habitacionais, passa nessa época (sobretudo os bairros mais próximos ao centro como Mooca, Tatuapé e Penha) a ser área de atuação do mercado imobiliário, com a consequente verticalização e a uma maior concentração de equipamentos voltados ao setor de serviços (Endrigue, 2008). A especulação imobiliária no final da década de 90, passou a atuar mais fortemente, uma vez que o bairro já possuía, em relação aos demais bairros da região, uma boa infraestrutura com comércio, transporte e localização privilegiada, por estar próximo ao centro da cidade e das grandes vias de acesso como Marginal Tietê e Radial Leste.
O crescimento da população e desenvolvimento do bairro permitiu o incremento do setor de serviços. Além disso, a infraestrutura passou por transformações aliadas às necessidades dos novos moradores. A presença de parques, restaurantes, bares, casas noturnas e linhas de metrô atraiu um grande contingente de pessoas que elegeram o Tatuapé como nova moradia (Marques, 2006). Outra peculiaridade refere-se ao perfil do morador, que conta não só com moradores mais antigos, descendentes de imigrantes, mas com os filhos desses moradores que decidiram permanecer no bairro, além de atrair moradores e comerciantes de bairros vizinhos como Penha, Vila Formosa e até mesmo áreas mais distantes como Itaquera, São Miguel Paulista e São Mateus, que estão migrando para o Tatuapé (Oliveira e Lavigne, 2008).
Para Frugoli e Rolnik (2001), o Tatuapé, apresenta um polo diversificado de ocupação na zona leste da cidade de São Paulo. Após a implantação do Parque Estadual do Trabalhador (PET), com a valorização da região, as construções de prédios residenciais começaram a surgir nos primórdios da década de oitenta. A explosão imobiliária, realizada inicialmente por construtoras locais, consolidou a valorização de áreas com uma grande elevação dos preços dos terrenos. Ainda para Frugoli e Rolnik (2001), a dinâmica referente à reestruturação urbana da zona leste é bastante diversa, pois além do fenômeno da reconversão econômica, propiciado pela inserção do comércio em detrimento à indústria, deve-se considerar com bastante relevância o mercado imobiliário, que ainda tem papel fundamental na mudança do perfil do bairro, propiciando novas dinâmicas urbanas significativas. As mudanças no entorno decorrentes do intenso processo de urbanização, segundo Abarca (Gazeta Virtual, 2012), modificaram as relações entre moradores. O convívio familiar intenso se perdeu. “Mesmo que fossem apenas conhecidos, eram como se fossem da família. Todos se conheciam e se encontravam nas pracinhas, quermesses” (Gazeta Virtual, 2012).
A concentração de serviços no bairro do Tatuapé, foi um fator de grande estímulo para a vinda de novos moradores, com isso, as adjacências vêm sofrendo modificações urbanas intensas que propiciaram novas formas de convivência.
4.1 SERVIÇOS, ESPAÇO E O BAIRRO: VIVÊNCIAS.
Decorrente do fenômeno de globalização e reestruturação econômica, as alterações urbanas, trazem impactos em uma determinada localidade, modificando o cotidiano de moradores. Muitas vezes, essas transformações urbanas influenciam a imagem que os moradores constroem sobre a cidade, sobretudo os moradores mais antigos, que passam a ter dificuldade em reconhecer o espaço (Lynch, 1999). Essas interferências acarretam mudanças na dinâmica de um local, principalmente ao sofrer transformações intensas. No bairro do Tatuapé, essas intervenções são parte integrante da paisagem urbana. Antigas casas, vilas e terrenos vão dando espaço a edifícios residenciais e comerciais que não param de crescer (Gazeta Virtual, 2012).
Com uma estrutura bastante diversificada de serviços, os moradores do bairro passam a sentir as mudanças. O trânsito intenso, o movimento de passantes, o comércio frenético nas ruas e nos shoppings centers, que passam também a ser o grande centro de lazer do morador, são consequências desse novo perfil, cujas características também se encontram em muitos bairros da cidade São Paulo. Para Carlos (2007), a modificação intensa do espaço é fruto do desenvolvimento econômico que acarreta novas formas de relação social, novos modos de apropriação desse local à medida em que novas leituras vão sendo incorporadas ao cotidiano de uma população. Essa nova relação com o espaço modificado muitas vezes empobrece a sociabilidade, pois os usos e os sentidos desses lugares passam a ter novas concepções.
O bairro do Tatuapé embora palco de mudanças, ainda preserva lugares de convivência intensa em meio ao emaranhado urbano. Os parques e as praças, em especial preservam a tradição do encontro do antigo com o novo e propicia a interação. Porém com a gama de serviços existente no bairro, observa-se também que as padarias, muito tradicionais na região, tornaram-se pontos de encontro de diferentes gerações, com diferentes propósitos, seja para tomar um café, almoçar, encontrar os amigos, assistir ao futebol; em época de copa do mundo, por exemplo; ou simplesmente um bate-papo rápido com o atendente do balcão enquanto se compra os pães. Essa apropriação dos lugares se deve aos novos usos provocados no contexto urbano. Nessa perspectiva, os bairros, vistos como nichos da cidade têm em suas vizinhanças, mesmo sob as novas perspectivas e intervenções urbanas, lugares de identidade, que se modificam com o avançar do progresso, em contrapartida, os trajetos rotineiros passam a ser lugares articulados (Carlos, 2007). Esses locais de reconhecimento, trazem a figura da hospitalidade inserida nesse mecanismo de vivência cotidiana e ao analisar o setor de serviços, mais especificamente, os estabelecimentos destinados à alimentação como bares, restaurantes e padarias pode-se observar que estes acabam criando espaços de pertencimento.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.
A pesquisa de campo, realizada com dez moradores que residem no bairro há mais de dez anos e que frequentam espaços de alimentação e serviços como padarias; Lisboa e Marengo; e espaços de convivência, buscou compreender como a influência dessa rede de serviços se insere no cotidiano dos moradores em um ambiente urbano. As perguntas referiram-se às impressões do bairro relacionadas às características do local, às mudanças ocorridas no espaço urbano, às possíveis interferências no cotidiano e às relações estabelecidas pelos moradores com esse “novo” bairro, além da abordagem dos pontos de encontro, incluindo as padarias e a presença do setor de serviços, a fim de elucidar a questão das fronteiras imaginárias, ou seja, verificar se o setor terciário presente no local supre as necessidades dos moradores, ocasionando o não deslocamento destes para outros lugares em busca de serviços.
Identificação com o bairro: cotidiano, gostos, mudanças e desenvolvimento.
Ao perguntar sobre o que mais gostavam no bairro, muitos relacionaram aspectos positivos do Tatuapé à presença da variada gama de serviços ofertada na região. Observou-se o que mais agrada aos entrevistados é a infraestrutura do bairro amparada pelo setor de serviços. Termos como “facilidades”, “ter tudo”, “bairro diferenciado” são utilizados para descrever essa variedade.
Bom, o Tatuapé cresceu muito, então, hoje, no Tatuapé, tudo o que você precisa para o seu dia a dia, sua diversão, para seu lazer, você encontra no Tatuapé. O que eu gosto no bairro é que a gente tem acesso a shoppings, aqui a gente tem o Tatuapé, o Anália Franco (shoppings), supermercados, a gente tem os melhores supermercados, laboratórios, enfim, tudo o que é ponto de referência no Tatuapé tem (Gisele M. F Koch,2014).
Eu gosto de tudo, eu acho que ele é um bairro bem diferenciado na zona leste, ele se destaca, talvez um bairro que “primeira linha”, dentro da zona leste. Eu acho a infraestrutura ótima, tem de tudo. A gente tem acesso a hospitais, a shoppings, parques, tem as estações de metrô próximas também. Eu adoro morar aqui (Ana Maria R. A Catarino,2014).
A infraestrutura, as facilidades, o padrão de vida que a gente tem aqui que facilita. O bairro hoje, o que me atrai é essa função de facilitador. Você tem tudo aqui e acesso ao que falta com muita rapidez (Carlos Alberto de C. Thadeo, 2014).
O que mais me agrada no bairro é a parte de restaurantes e entretenimento (Edilson Beserra da Silva, 2014).
A percepção dos lugares é realizada progressivamente, sendo o tempo o elemento essencial dessa assimilação que interage com o entorno, que traz conceitos e significados distintos para cada indivíduo (Lynch, 1999). A identificação com o lugar remete também a um tempo maior de convivência no bairro (Grinover, 2009), anterior às alterações urbanas intensas que se consolidaram principalmente a partir do final da década de 90, como nos discursos abaixo:
Gosto de tudo, tudo não sairia daqui por nada, nada, nada! Me criei aqui (Maria Pillar Bento Cortez da Silva,2014).
O que eu mais gosto é porque como sou comerciante e trabalho aqui desde os 16 anos, poxa conheço muita gente e isso é muito legal. Além disso o bairro me oferece tudo o que eu preciso (Flávio Roveri Martins, 2014).
Ah, o que eu gosto do Tatuapé é assim, a facilidade, por eu conhecer desde criança, desde que eu me conheço por gente, eu acho que ele é muito fácil de você se locomover, tem tudo muito perto, é um bairro plano, tem tudo o que você necessita, é muito fácil para mim, me identifico aqui. Hoje em dia está um pouco mais difícil devido ao trânsito, o bairro que cresceu demais, mas eu creio que é por isso, pelas pessoas e pela facilidade de ter tudo também (Jorge Abramides Neto,2014).
Olha eu gosto disso aqui, porque eu passo meu tempo aqui (na Praça Sílvio Romero), eu estou acostumado no bairro. Gosto do ar da Praça, de encontrar meus amigos. Aqui é quase a minha casa (Manuel Dias Rodrigues,2014).
Ao relacionar o que menos agradava os moradores no bairro, as respostas foram unânimes: O trânsito é o recordista de insatisfação, um “índice negativo”, presente em todos os discursos, porém há o consenso ou talvez uma justificativa nas falas de que não é um problema exclusivo do Tatuapé, mas de maneira geral, da cidade de São Paulo. A dificuldade da mobilidade é consequência dessa nova dinâmica experimentada pelo bairro, que se desenvolveu e atraiu pessoas. O deslocar-se de um lugar a outro passou a ser mais difícil, pois além do aumento da densidade populacional na região, a dependência do automóvel para o deslocamento, contribui para esse quadro.
Olha eu acho que o que eu não gosto não é o bairro, a gente tem a Radial Leste que é uma via de acesso que liga toda a zona leste ao resto da cidade e que é um transito terrível, mas não é uma coisa específica do bairro, é da zona leste em geral, então assim, não me vem à mente nada que eu não goste no Tatuapé. Eu acho que eu gosto de tudo no Tatuapé (Gisele M. F Koch, 2014).
O que eu menos gosto, é que tem muito trânsito, é muita gente junto. Cinco horas da tarde ninguém consegue andar no Tatuapé é muito trânsito (Francisca F. M Filha, 2014).
O que eu menos gosto não é nem do bairro, é a localização geográfica dele dentro da zona leste, e o que me faz pensar até em mudar mais para o centro, é o acesso ao centro, o transporte. Apesar de ter metrô, trens, ônibus é uma dificuldade imensa para você ir tanto de transporte público quanto com o seu próprio veículo. Eu trabalho há dez quilômetros daqui e tem dia que eu levo 1h40 para chegar no trabalho. E as vezes de metrô também é complicado. Então a única reclamação que eu tenho, não é em relação ao bairro em si, mas a localização, a mobilidade (Ana Maria R. A Catarino, 2014).
Locais em que há uma concentração de funções de atividades terciárias, alta densidade populacional, associada também à presença de população de maior poder aquisitivo (classes média e alta), têm como característica os deslocamentos motorizados. Esses espaços especializados, atrelados à especulação imobiliária, atuam como atrativos de pessoas que moram ou circulam no local (Frugoli, 2000).
Já as mudanças no cotidiano trazem discursos que remetem à tranquilidade e os ares de cidade pequena, ao mesmo tempo em que há uma dualidade com as transformações urbanas que trouxeram o desenvolvimento para a região. Ainda no que se refere às mudanças do cotidiano nos últimos anos, nota-se uma certa nostalgia ao lembrar das características sobretudo nas relações de vizinhança, com suas cadeiras nas calçadas, onde “todo mundo conhecia todo mundo”, da tranquilidade do entorno e da convivência diária mais intensa (Abarca, 1997). Há também a consciência de que o bairro não será mais como antes, já que a visão de lugar tradicional, formado predominantemente por moradias não faz mais parte da nova realidade, hoje formada por áreas mistas de zoneamento, importantes para atender as necessidades do dia a dia.
Olha antes era mais sossegado. O bairro era pequeno e todo mundo conhecia todo mundo. Hoje não é mais assim. Está tudo moderno né, barulhento (Manuel Dias Rodrigues, 2014).
Só melhorou, porque eu peguei ele (o bairro), numa época que era minúsculo, tinha lojinha de bairro e acabou, só um centrinho ali na Sílvio Romero e acabou, mais nada. Faltava shopping, mas isso 25 anos atrás, que não tinha, aí foram fazendo, e hoje tem tudo, tudo. Eu só acho um bairro um pouco caro financeiramente, as lojas são caras. E antigamente todo mundo conhecia todo mundo aqui. Tinha só casinha, era bairro dormitório e muita indústria, a Tabacow, a Philco e chácara, eu lembro, era pequena, mas lembro. Era difícil andar pelo bairro e ficar sem cumprimentar alguém na rua. O pessoal punha cadeira na calçada para ficar conversando. Isso mudou, pelo menos de uns dez anos para cá, acho eu e isso eu acho falta. Agora a gente não conhece mais ninguém, isso aqui cresceu muito (Maria Pillar Bento Cortez da Silva, 2014).
É, hoje você não senta mais na porta para conversar com os vizinhos, todo mundo trabalha, sai de manhã, chega de noite, então deu uma mudada nesse ponto (Francisca F. M Filha, 2014).
O morador vive uma dualidade: ao mesmo tempo em que almeja o progresso do bairro, não quer abrir mão desse ar interiorano de calmaria, pois tem consciência que esse processo modifica as relações sociais e o cotidiano dos moradores, moldando novos espaços, traçando novos perfis. A legibilidade do local se altera, podendo criar ou não novos elos, novas leituras do espaço (Lynch, 1999). A atenção volta-se à questão da urbanização, que ganha espaço em detrimento das áreas verdes. Há menção ao "concreto", presente nos inúmeros edifícios do entorno, como referência ao fenômeno de verticalização pelo qual o bairro vem passando.
Sinto falta da arborização. Quando eu conheci o Tatuapé ele era bem mais arborizado. Hoje ele está mais “pedregulho” (Regiane P. de Siqueira Basseto, 2014).
[...] quando eu mudei para cá, eu lembro que na minha janela eu conseguia ver as antenas lá da Paulista, eu conseguia olhar o Mc Donalds, perto da Praça Silvio Romero, hoje quando eu olho da janela, eu só vejo prédios e cada vez mais prédios, então eu não consigo mais visualizar, não tenho mais uma visualização mais longínqua da cidade. É janela vendo prédio, prédio, prédio! Então cresceu muito também nessa área imobiliária (Ana Maria R. A Catarino, 2014).
O novo uso dado aos espaços vai se incorporando na paisagem no bairro, verticalizando-o. A chamada renovação urbana cria novos padrões de construção, trazendo também novos perfis de moradores (Carlos, 2007).
Há ainda uma visão interessante relacionada ao pertencimento do lugar, ideia já analisada sobre a ótica da hospitalidade por Bueno e Milanese (2012). A identificação com o espaço é explicitada com uma alusão à visão de “forasteiro”, que deve “pedir licença” para conviver em um espaço que não era seu, evidenciando aqui o novo perfil do bairro, cujos moradores são oriundos de regiões distintas, muitos da própria zona leste. A dinâmica dessa “incorporação do cotidiano” do bairro é um fenômeno ativo. É uma visão compartilhada do território que está em constante mudança, tanto para o novo como para o antigo morador.
Sim, a gente (minha família) saiu de uma estrutura que era um tanto quanto mais pacífica, a gente foi criado (sic.) dentro de um bairro onde a gente tinha raiz, essas coisas, e a gente muda para um lugar onde a gente tem que primeiro chegar, pedir licença mas isso é por cultura, se estabelecer e aprender a conviver com o espaço que era dos outros. Em que pese, o bairro que há muito perdeu sua característica de vila operária. Hoje com a implantação de serviços e a expansão imobiliária, então ela foi inibindo mesmo aqueles moradores antigos do Tatuapé. Hoje eles entendem que o bairro não pertence mais a eles, como o meu antigo bairro deixou de me pertencer, com a expansão, com a explosão imobiliária (Carlos Alberto de C. Thadeo, 2014).
As perspectivas sobre as mudanças urbanas que vêm ocorrendo no local, são positivas de maneira geral para todos os entrevistados. O progresso do entorno, propicia novos caminhos de desenvolvimento evidenciando as transformações urbanas e também a presença do setor terciário que substituiu o trabalho industrial, característico do bairro sobretudo nos anos 50. Para a maioria dos entrevistados essa concentração de atrativos é positiva e inibe o deslocamento a outros locais. Essa “fronteira imaginária” é não precisar se deslocar a outros bairros para que suas necessidades sejam atendidas.
Vejo positivamente, tudo é positivamente, você planta numa velha garagem de ônibus ociosa, um grande hospital para concorrer com os melhores hospitais, como no caso do São Luiz, (Unidade Anália Franco, localizada no bairro), quer dizer, pelo menos no projeto, era para esse fim, o escopo, o pensamento que se tinha era nessa direção. Agora, eu vejo que os grandes supermercados se instalaram, essas coisas claro, que elas são positivas, elas vão crescendo, se transformando, o espaço vai sendo ocupado, uma nova dinâmica aparece. O que eu acho muito importante é que a região leste, o bairro do Tatuapé, o que eu posso falar, perdeu toda a sua característica industrial e hoje a economia é baseada no setor terciário, nos serviços e isso é positivo. Você perde o emprego da indústria, mas amplia o campo da prestação de serviço. Então isso tudo é desenvolvimento, o mundo anda nessa direção e seria um contrassenso, se nós andássemos na contramão da história. Eu tenho percebido que o Tatuapé convive com isso harmonicamente e positivamente (Carlos Alberto de C. Thadeo, 2014)
Na fala acima há a ênfase às mudanças propiciadas pelo processo de verticalização e o adensamento urbano, reflexos dessa nova reestruturação pela qual o bairro vem passando. A chamada mobilidade espacial aqui, substitui as antigas áreas industriais ocupando esses espaços com prédios residenciais e comerciais e o setor de serviços, como parcela importante da economia sobretudo nos grandes centros urbanos, se destaca (Carlos, 2007).
5.2 Espaços de vivência e pontos de encontro
Os pontos de encontro descritos durante a entrevista foram variados. Cada qual com seu perfil, elegeu pontos distintos no bairro, como bares e restaurantes, shoppings, praças e padarias. As padarias mais mencionadas foram Lisboa e Marengo, estabelecimentos mais tradicionais e conhecidos do bairro. Notou-se nos discursos, uma visão mais intimista da padaria, com destaque não só ao serviço e ao atendimento. Há nas falas que o frequentar desses estabelecimentos vincula-se ao cotidiano de muitos anos. O “atendimento personalizado”, evidencia a influência dos hábitos locais.
Por exemplo, os bares ali do Largo Nossa Senhora do Bom Parto, ali é um bom lugar, as pessoas costumam marcar pizza da Itapura (rua do bairro com grande concentração de bares e restaurantes), o Jordão da rua Apucarana é um ponto, aquele restaurante de peixes, o Coco Bambu, as vezes café no Frans Café, perto do CERET. Tem uma casa na Francisco Marengo, de suco, o pessoal que faz pedal, a turma da bicicleta, se reúne ali, no Parque do Piqueri, em frente tem um posto, com conveniência, com um café legal, tem a Kopenhagem ali no final da Apucarana, também para tomar um café (Gisele M. F Koch, 2014).
Francisca destaca dois locais bastante movimentados no bairro como o Largo Nossa Senhora do Bom Parto, com a feira de artesanato e o Parque Esportivo do Trabalhador, (PET), antigo CERET (Centro Esportivo e Recreativo do Trabalhador).
Francisca - Eu gosto de ir muito no parque, no CERET é muito bom. Lá você anda, faz amizades, eu conheço bastante gente das minhas caminhadas eu gosto de lá, é o meu lazer, meu ponto de encontro. Muito bom. [...] como ponto de encontro para mim tem o Largo do Bom Parto, que tem as feirinhas de artesanato, toda terça feira. Conheço as meninas das barraquinhas de lá. Agora recente teve uma feira gastronômica lá, e eu frequento a Igreja da Praça também. (Largo do Bom Parto). Faz parte do meu cotidiano. Eu gosto muito de lá, porque morei seis anos, em frente ao Largo, depois que eu mudei para a Antônio de Barros (rua). Eu conheço muita gente que mora lá, tenho muita amizade com meus ex-vizinhos, então eu volto sempre lá. Vou na missa de terça feira para rezar e encontrar todo mundo na praça (Francisca F. M Filha, 2014).
Em sua fala, nota-se que a Praça Nossa Senhora do Bom Parto é um ponto de destaque em virtude dos laços de amizade estabelecidos com os moradores do entorno, (seus ex-vizinhos), com os artesãos e a missa de terça feira, além da feira de artesanato é um dos elos principais de convivência.
A padaria é vista como ponto de ponto de interatividade, já que se discutem assuntos diversos do cotidiano, se tornam locais tradicionais pelo fato de terem sido e ainda serem muito presentes na cultura do Tatuapé, preservando ainda a forma interiorana, tão arraigada no início da formação do bairro. Não foi só o fato de serem bem atendidos, mas também de se sentirem acolhidos no ambiente, atribuído aos laços de identidade, de pertencimento e tradição que fazem das padarias parte do cotidiano desses moradores.
Nesse capítulo eu não me vi com dificuldades porque é engraçado, todos os bairros, o ponto de encontro, mas vou falar do aspecto masculino né (risos), são as padarias. Nós parávamos na juventude, nas padarias, era o nosso ponto de encontro. Encontrar os velhos amigos, o cara que ia buscar o pão ali no sábado, domingo, chegando da faculdade, o ponto de encontro era a padaria, ou o bar. [...], hoje no Tatuapé eu me encontro nas padarias. Eu vou na Padaria Perfil, na Padaria Manuela, na Padaria Lisboa, eu encontro meu grupo de amigos, que eu formei novos amigos aqui. Gente daqui gente que chegou como eu. Esse é meu ponto de encontro. De vez em quando o pessoal fala, ah vamos tomar um chope lá no Jordão! Lá onde encontro pessoas que também se estabeleceram aqui como eu, outras que tem raízes aqui, ah a gente convive muito bem! (Carlos Alberto de C. Thadeo, 2014).
É eu frequento três padarias na verdade né. Eu frequento por localização, por praticidade a Big Bread, aqui perto, que está sendo reformulada totalmente, vai ficar enorme e até interessante porque é praticamente uma indústria com sessenta funcionários, então não é uma padaria qualquer, emprega muita gente e é a terceira unidade deles. Tem a padaria São João que é bem menor, mas muito tradicional também né, para tomar o cafezinho com leite de manhã, comprar o pãozinho enfim, e a Lisboa, que é a padaria assim: tem uma festa na sua casa? Vou na Lisboa. Você quer comer pão italiano? Você vai na Lisboa. Você quer comer a empadinha? Você vai na Lisboa, então assim é referência de qualidade e é tradicional. [...]. Ah, é a questão da tradição e a gente se acostuma com o lugar, com as pessoas. Na Lisboa por exemplo, eu frequento desde meus cinco anos. Lembro da minha avó indo comprar pão comigo. E meu avô era “posteiro” (dono de posto de gasolina), como o Alfredo Martins (fundador da Lisboa), que também era, então tinha essa coisa do respeito, da camaradagem, uma coisa de amigos mesmo. Para mim a padaria é um lugar muito familiar. Me sinto à vontade, o pessoal já sabe até o que eu vou pedir, é atendimento personalizado (Jorge Abramides Neto, 2014).
Sim, eu frequento a padaria Lisboa, na Silvio Romero. [...]. Adoro lá porque as coisas que são vendidas lá são de qualidade. Além disso tem um bom atendimento, sou bem acolhido sempre. Eu recomendaria, sem dúvida nenhuma. Eu só vejo nessa padaria coisas positivas, o pão italiano deles para mim é o melhor do Estado de São Paulo, assim como muitos amigos meus que me indicaram essa padaria [...] (Edilson Beserra da Silva, 2014).
5.3 Serviços e fronteiras imaginárias.
Ao abordar a questão da rede de serviços hoje presente no bairro e se os entrevistados se deslocam a outros bairros em busca desses serviços, as respostas foram muito similares. Nota-se que a presença do setor terciário propiciou mudanças na dinâmica do bairro, que de essencialmente residencial, passou a contar com um núcleo significativo de serviços, vinculados não só às atividades cotidianas, como bancos, mercados, farmácias, escolas etc, mas também ligadas ao lazer e entretenimento, gerando novas demandas, atraindo moradores.
Não, faço tudo aqui. O Tatuapé tem tudo o que eu preciso (Maria Pillar Bento Cortez da Silva, 2014).
Olha, tudo o que eu procurei no Tatuapé eu encontrei. É difícil eu sair daqui para procurar algum serviço em outro lugar. Eu ando muito a pé, eu não tenho carro, então é sossegado (Francisca F. M Filha, 2014).
É um bairro que tem de tudo, é o que mais se desenvolveu aqui na zona leste. Muitas pessoas de uma Vila Matilde, Belém, Penha, que tem um poder aquisitivo melhor, quer vir morar aqui e o carro chefe, que explodiu mesmo foi o Jardim Anália Franco, que acabou atraindo muita gente para cá, e essa coisa de cidade do interior foi se perdendo com a chegada do desenvolvimento e o número cada vez maior de pessoas por aqui. Mas gosto muito ainda tem tranquilidade. [...]. Difícil, hoje não preciso. A não ser que seja algo especifico. A gente sempre brinca, uma coisa é sair para comer e outra coisa é sair para jantar. Então assim, às vezes, você precisa ir para algum lugar legal porque vira um evento, mas por necessidade mesmo, falar que não tem um restaurante legal aqui, não, porque tem, hospital, tem, teatro tem, supermercados, todas as grandes redes têm aqui, como o St. Marché, o Pão de Açúcar, farmácia, tem de monte, enfim (Flávio Roveri Martins, 2014).
Olha, hoje dificilmente. É logico que você busca um restaurante diferente uma hora ou outra, mas normalmente até para restaurantes melhores o Tatuapé tem essa praticidade, que é o lado bom do negócio né. Você pode buscar o que você tinha nos Jardins antes, hoje você tem no bairro. Então é isso, hoje praticamente nada eu procuro em outro lugar ou bairro, pouca coisa. É que eu trabalho fora até da cidade. Trabalho em Sorocaba, então eu tenho assim, um período do dia fora, mas tudo o que eu necessito eu tenho aqui no Tatuapé (Jorge Abramides Neto, 2014).
Os entrevistados (Flávio e Jorge, 2014) destacam a versatilidade do bairro e como frequentadores também da zona sul da cidade, analisam de maneira sucinta a “evolução” da região em relação aos serviços, com a presença de bons restaurantes, entretenimento e grandes redes de supermercados, que se instalaram no Tatuapé. A forte presença de uma rede diversificada de serviços faz com que os moradores tenham a facilidade e a conveniência de desfrutar desse novo perfil, antes restrito sobretudo aos habitantes da zona sul e oeste da cidade.
Dentro dessas características, pode-se afirmar que o bairro mediante suas transformações urbanas, interligadas aqui ao surgimento de uma área bastante diversificada de serviços, proporciona conveniência para seus moradores ao oferecer elementos relacionados desde às necessidades do dia a dia até lazer e entretenimento. Esses novos hábitos, traduzem uma nova forma de perceber esses espaços, criando fronteiras imaginárias, uma vez que não há o deslocamento a outros locais e essa característica é bastante valorizada pelos moradores. A fronteira delimita espaços conhecidos de desconhecidos, e a hospitalidade é o limite desses espaços (Grinover, 2014). O pertencer como uma dimensão da hospitalidade é sugerido a essa ideia de partilha de identidade do território. A hospitalidade instaura-se também no momento em que se toma consciência e valoriza-se o espaço em que se vive, acolhendo e recebendo as pessoas com polidez (Montandon, 2011; Grinover, 2014).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A hospitalidade atuante em suas mais diversas dimensões retrata em sua essência a interação entre pessoas fazendo parte de um complexo que envolve elementos sociais e culturais de influência mútua entre aqueles que habitam um determinado território e os que usufruem de serviços e produtos desse mesmo local. Nesse sentido, os polos de serviços têm um papel fundamental na criação desse fenômeno. A hospitalidade mudou, transmutando-se em uma nova relação de convivência, às novas práticas sociais, permeada por trocas dentro de um local determinado. As relações de hospitalidade incorporadas aos serviços são fruto da socialização, além de fatores emocionais que moldam comportamentos coletivos.
Considerando características do setor terciário, sobretudo nos centros urbanos e as mudanças decorrentes desse novo panorama, com base nos depoimentos das entrevistas, observa-se que o conjunto hospitalidade e serviços exerce influência no dia a dia dos moradores que procuram satisfazer suas necessidades, sem deixar de lado a convivência, relacionada à experiência de um serviço e ao estabelecimento de laços sociais entre as partes integrantes desse sistema. No bairro do Tatuapé, observa-se que embora considerando as alterações pelas quais a região vem passando, a identificação dos moradores com o bairro é bastante intensa. O sentimento de pertencimento é um fator que o insere no contexto da vivência.
Isto posto, o resultado da pesquisa procurou contribuir para aprofundar a discussão sobre o tema da experiência urbana, em especial da hospitalidade em suas dimensões urbana e comercial, pautada em elementos de convivialidade e sugere o encaminhamento dessa temática em novos estudos.
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