Danielle de Nazaré Miranda de Andrade*
Mario Miguel Amin **
Universidade Federal do Pará, Brasil
marioamin@gmail.comRESUMO: Este estudo apresenta reflexões sobre a possibilidade da inserção do turismo em Terras Indígenas (TI) na Amazônia, pois ao longo da história o turismo vem formando novos caminhos, fugindo dos roteiros massificados e buscando uma nova visão de turismo sustentável. Essa prática já é exercida em algumas comunidades de vários Estados, como, por exemplo, os índios Pataxó na Bahia, Krahô no estado do Tocantins e os índios Terena em Campo Grande, mas o turismo em TI não é regulamentado e ainda é foco de discussão para que esta atividade seja adequada tanto para a comunidade, espaço e turistas. Sabe-se que os índios padecem de uma estrutura que garanta melhores condições de vida no espaço globalizado, caracterizado desde o tempo da colonização portuguesa, em consequência disso, sofrem pelo grande descaso, e hoje buscam construir uma valorização das suas tradições. Dessa forma, este trabalho teve como objetivo o debate sobre a viabilidade de novos modelos de turismo e seu fomento, identificando as tradições indígenas como a base da valorização da cultura amazônica, tendo sido desenvolvido tomando como princípios as referências metodológicas do Turismo e da Antropologia, a partir de uma perspectiva interdisciplinar da história e da cultura indígena. Este estudo aponta que os movimentos indígenas buscam independência e respeito pela dignidade indígena, sendo um grande desafio a implantação de projetos turísticos. Por seu duplo poder de condução, o turismo pode contribuir para a desvalorização da cultura indígena bem como pode ser fator importante para que suas tradições continuem vivas, sendo vivenciadas pelos turistas e até mesmo auxiliando na sensibilização dos visitantes, contribuindo, assim, para a construção de uma geração de renda mais sustentável.
Palavras-chave: Cultura, Turismo, Terra Indígena.
ABSTRACT: This study presents reflections about the possibility of tourism integration in Indigenous Lands (IL) in the Amazon, since throughout history tourism has been building new roads, running away from commoditized scripts and looking for a new sustainable tourism vision. This practice is already exercised in some communities in several states, such as the Pataxó Indians in Bahia, Krahô in the state of Tocantins and Terena Indians in Campo Grande, but tourism in Indigenous Lands is not regulated and some discussion exist so that it is suitable for both the community, the space and the tourists. It is known that the Indians suffer by lack of a structure ensuring better living conditions in the global space, characterized from the time of Portuguese colonization, as a result, suffer the great indifference, and now seek to set up some appreciation for their traditions. Thus, this study had as its objective to the debate about the feasibility of new tourism models and its development, identifying indigenous traditions as the basis of the valuation of Amazonian culture, having been developed taking Tourism and Anthropology as methodological references, from an interdisciplinary perspective of history and indigenous culture. This study shows that indigenous movements seeking independence and respect for its indigenous dignity see the implementation of tourism projects, as major challenge. For its importance and influence, tourism can contribute, in some way, to the depreciation of indigenous culture and can be, on the other hand, an important factor for keeping its traditions alive, being experienced by tourists and even in raising visitors awareness, thus contributing for the making of a generation more income sustainable.
Keywords: Culture. Tourism. Indigenous Land.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Danielle de Nazaré Miranda de Andrade y Mario Miguel Amin (2016): Turismo em terras indígenas na Amazônia: Valorização do saber tradicional, Revista Turydes: Turismo y Desarrollo, n. 21 (diciembre 2016). En línea:
http://www.eumed.net/rev/turydes/21/indigenas.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/turydes21indigenas
1 INTRODUÇÃO
Em pleno século XXI, percebe-se um grande descaso para com os povos tradicionais, principalmente aqueles que vivem à margem da sociedade. Essas populações, de certa forma, acabam desvalorizando sua cultura, dando valor à cultura dos “brancos”, e com isso surgem vários outros problemas, como, por exemplo, brigas por demarcação de terras, exploração dos recursos naturais ocasionados pelos próprios índios e por madeireiros, exploração sexual de jovens, consumos de drogas e violência. Essa hecatombe faz com que muitos índios migrem para cidade para buscar melhores condições de vida, já que órgãos oficias como a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e o Governo, que têm como função monitorar e contribuir para o bem-estar desses povos, não dão a assistência necessária.
No que se refere à atividade turística, um setor que gera lucro para a economia, buscam-se novas alternativas de roteiros já saturados pela atividade. Na atualidade, o foco é para um turismo voltado para a natureza, pela sensibilização ecológica da sociedade como um todo. Uma alternativa para diminuir os problemas nas terras indígenas é a implantação da atividade turística, visto que esta prática ainda não é regulamentada, mas vem acontecendo e ocorre em contextos e situações bastante diversificadas e complexas.
A atividade turística em terras indígenas pode ser um coeficiente necessário para a valorização da cultura, geração de renda, autoafirmação da identidade indígena e, ao mesmo tempo, pode contribuir para a sustentabilidade socioambiental da relação homem-natureza. Para Tylor (1871, p. 11 apud MELLO, 1987, p. 40), “cultura é um conjunto complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costumes e várias outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”. Dessa forma, a cultura é um conjunto de obras humanas, e na tradição indígena, ela é bem diferenciada da cultura urbana, ou seja, é preciso abstrair através da descoberta e inovação novos modelos que integrem a população indígena ao contexto social, valorizando cada vez mais suas crenças, fortalecendo uma memória coletiva, objetivando a reconstrução do valor cultural.
É de suma importância identificar que a atividade turística nas terras indígenas possa garantir maior valorização do saber tradicional e contribuir para o desenvolvimento sustentável nessas localidades, consolidar uma nova e questionável identidade assumida por essas comunidades, permitindo a construção da identidade do local e, consequentemente, de seu povo. Torna-se necessário, portanto, mostrar através de estudos acadêmicos voltados para essa temática que a atividade turística em terras indígenas pode ser um potencial para se configurar como uma nova forma de intensificar as relações de uma comunidade, assim como a valorização e a manutenção de determinados aspectos culturais tradicionais.
Afinal, qual a alternativa ideal para o desenvolvimento do turismo indígena? Esse tipo de turismo fomentará uma visão conservacionista das suas tradições? Quais serão os benefícios gerados pela atividade turística?
Este trabalho, portanto, tem como objetivo refletir sobre a possibilidade de novos modelos de turismo que permitam a valorização, pela sociedade, das tradições indígenas e da sua cultura. Especificamente, pretende-se mostrar como o turismo em terras indígenas pode contribuir para o resgate das tradições indígenas assim como identificar as potencialidades e os benefícios para uma possível implantação do turismo nas terras indígenas na região Amazônica.
Foram usados como metodologia registro documental, bibliográfico e consulta a sites como forte aliada no levantamento de teorias e aspectos importantes da relação entre povos indígenas e turismo. A análise de turismo e terras indígenas, dadas sua dinâmica e complexidade e por envolver várias áreas do saber, requer uma abordagem interdisciplinar. Vinculados à área de Ciências Humanas, de acordo com Nóbrega (2002), não se pode dissociar os dados históricos, econômicos, políticos, sociais e culturais, sob pena de torná-los estéreis. Assim, a possibilidade interdisciplinar, como maneira de conhecimento e recurso metodológico de investigação, permite respostas mais apuradas à problemática em questão.
Além da introdução, discute-se, no item 2, o turismo em terras indígenas como nova alternativa para o desenvolvimento local. O item 3 aborda a situação do turismo indígena na Amazônia, e o último item discute a importância da cultura indígena e do turismo cultural, finalmente são apresentadas as conclusões.
2 O TURISMO EM TERRAS INDÍGENAS – UM NOVO SEGMENTO
De acordo com a Organização Mundial de Turismo (OMT) (ORGANIZAÇÃO, 2003), o turismo é a atividade mais importante do planeta. Através dela, o indivíduo viaja e permanece em lugares fora do seu ambiente de origem por não mais de um ano consecutivo, seja por lazer, negócios ou outros objetivos. A atividade turística é dinâmica, consiste na movimentação econômica global, caracterizando um forte gerador de renda, crescimento do setor privado e aperfeiçoamento da infraestrutura, ou seja, “o incremento turístico é especialmente estimulado nos países em desenvolvimento como suplementar a outras formas de crescimento econômico” (ORGANIZAÇÃO, 2003, p. 17)
Hoje, há muitos interesses ligados ao crescimento econômico do turismo, buscando incluir atrativos em suas várias vertentes tais como recursos naturais, culturais e históricos. Segundo Molina (2001), o crescimento do turismo obriga a definir os modelos conceituais e operacionais que predominam atualmente. Isso se dá pelo fato de um grande número de turistas exercer impacto sobre o meio natural e cultural, gerando impacto, principalmente, em ambientes tradicionais. O número exacerbado de turistas caracteriza-se como um turismo de massa e “induz a produção de atrações inventadas que valorizam mais a técnica de produção do que a própria autenticidade” (LUCHIARI, 1998:3 apud RAMALHO; SILVA; RABINOVICI, 2010, p. 27)
O Brasil se destaca como roteiro turístico por apresentar uma grande diversidade social, cultural e natural. Essa imagem exerce sobre a pessoa um forte apelo imaginário, ou seja, a caracterização do Brasil como “paraíso” pela sua natureza exuberante, sendo um local perfeito, endêmico e distante da sua realidade (VERNALHA; NEIMAN, 2010). Segundo o mesmo autor, o turismo representa uma oportunidade de resgate do “paraíso perdido” pela civilização, o local ideal e remoto. Essa ideia de paraíso é vendida para outros países, em sua grande maioria, de forma errônea, pois é visto um turismo mal planejado em certos locais, pela péssima qualidade de serviços e de profissionais desqualificados, ocasionando fragilidade do turismo em seus diversos setores.
Um grande referencial natural do Brasil é a Floresta Amazônica, por apresentar uma ampla biodiversidade, porém ainda não se destaca no turismo mundial, o que caracteriza uma fraqueza na atividade turística por não apresentar uma estrutura adequada. Apesar dessa fragilidade, a Amazônia pode se tornar uma referência no turismo quanto aos aspectos naturais, culturais e históricos. A paisagem na região é formada por florestas, várzeas, campos abertos, igapós, onde se pode encontrar uma vasta variedade da flora, fauna, além de populações tradicionais comporem esse cenário.
O turismo nessa região do Brasil é uma alternativa para o desenvolvimento econômico local, pois todos esses elementos são fortes atrativos que estimulam o imaginário das pessoas. Dessa forma, deduz-se que o turismo é importante como alternativa econômica em certas localidades da região amazônica, permitindo pensar a atividade como um instrumento fomentador da sustentabilidade socioambiental, cultural, com perspectiva de inclusão social (PESSOA; RABINOVICI, 2010). Entre as potencialidades existentes, a atividade que pode contribuir para a preservação dos seus recursos é o ecoturismo, ou seja, um turismo sustentável e alternativo. De acordo com Wearing e Neil (2001, apud FACO; NEIMAN, 2010, p. 44):
Em seu sentido geral, o turismo alternativo pode ser definido como uma forma de turismo que mostra ser coerente como os valores naturais, sociais e comunitários, que permitem que tanto hospedeiros quanto hóspedes desfrutem uma interação positiva e conveniente e compartilhem experiências.
Dessa forma, o ecoturismo é um instrumento produtivo que integra de forma a permitir a construção prática da atividade no cotidiano de todos os atores sociais que o fazem.
Segundo Faco e Neiman (2010), o ecoturismo é constituído do chamado tripé da sustentabilidade: garantia da conservação ambiental, educação ambiental e benefícios a comunidades receptoras. Porém, não basta somente discutir o ecoturismo em sua filosofia, é preciso pôr em prática seus conceitos para que possa ser desenvolvida uma atividade turística inquestionável para o desenvolvimento econômico e social das localidades da Amazônia.
Segundo Faria (2005), o Plano de Turismo da Amazônia (PTA) consiste no ecodesenvolvimento e na elevada qualidade de vida, ou seja, promove o crescimento regional, assegurando a conservação do meio ambiente. Dessa forma, o programa e a iniciativa da atividade se completam na medida em que se criam subsídios para o uso turístico dos lugares da Amazônia. Porém, percebe-se que programa como este não dá assistência necessária para as populações tradicionais da Amazônia, sendo que muitas delas padecem por falta de recursos e infraestrutura, contribuindo para o aumento das mazelas desse povo.
A busca por esse turismo sustentável, aquele que menos provoca impactos ambientais e sociais, pode abranger vários segmentos: turismo educacional, que tem como objetivo estreitar o laço do conhecimento teórico com a realidade do meio; turismo científico, motivado por estudos e pesquisas científicas; turismo de aventura , que promove a prática de atividade de aventura e esporte recreacional; turismo rural, que é o conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural; e turismo cultural, que está relacionado à vivência dos elementos históricos culturais (FACO; NEIMAN, 2010, p. 53-55). No que se refere ao turismo cultural, essa “prática permite um meio pelo qual se alcance a valorização do patrimônio de determinadas localidades” (FACO; NEIMAN, 2010, p. 51). Pressupõe-se que o segmento do ecoturismo tenha entre seus pilares a integração com as comunidades locais, além dos benefícios que a atividade pode promover, como a valorização das culturas tradicionais.
Não se pode esquecer na gênese dessa transformação da etnicidade amazônica a participação da população indígena. O conhecer, o saber, o viver e o fazer foram um artifício que contribuiu no processo cultural do povoamento e ocupação humana da Amazônia implicando, como característica principal, a multidiversidade de povos e nações (BENCHIMOL, 1999). Os índios são testemunhas de vários marcos históricos ocorridos durante o processo de colonização, entre os quais, a escravidão, as guerras, as doenças, os massacres, os genocídios, os etnocídios e outros males que dizimaram por completo uma população. Mas quem são essas populações detentoras de uma vasta gama de conhecimento tradicional e valores inauferíveis?
Segundo definição das Nações Unidas (1986, apud LUCIANO, 2006, p. 27):
as comunidades, os povos e as nações indígenas são aquelas que, contando com uma continuidade histórica das sociedades anterior à invasão e à colonização em seu territórios, consideram a si mesmos distintos de outros setores da sociedade, e estão decididos a conservar, a desenvolver e a transmitir às gerações futuras seus territórios ancestrais e sua identidade étnica, como base de sua experiência continuada como povos, em conformidade com seus próprios padrões culturais, instituições sociais e sistemas jurídicos.
A criação de organização indígena ganha dinamismo na redefinição do lugar dos povos indígenas na sociedade nacional e global, contribuindo para consolidar políticas públicas específicas em prol do seu povo, valorização da sua cultura, possibilitando o restabelecimento do orgulho étnico e a reafirmação da identidade indígena.
Os povos indígenas na atualidade são sobreviventes oriundos da história da colonização europeia e muitos estão em busca de recuperar o orgulho e a autoestima do ser indígena, e como desafio buscam maneiras de consolidar um espaço digno na história e na diversidade cultural do país. A luta indígena por melhores condições de vida, como a saúde, educação, o direito a terra etc., ganha destaque na sociedade moderna. Os indígenas buscam por meio da lei e da justiça estratégias e ações que contribuam para o desenvolvimento local de suas comunidades.
Como forma de atender as necessidades dos índios, esses órgãos iniciam projetos sustentáveis que terminam no momento em que o recurso financeiro acaba, ocasionando insustentabilidade social. Conforme cita Luciano (2006, p. 69):
[...] a luta pelos direitos e a execução de projetos exigem um mínimo de formação e de qualificação técnica dos dirigentes indígenas para o êxito dos trabalhos, fato quase sempre esquecido. Quando isso acontece, o projeto não é bem executado, não atinge os resultados, e a comunidade fica decepcionada, os parceiros financeiros desanimam e não dão continuidade ao apoio, enfraquecendo a organização e a comunidade.
É evidente que esses projetos não suprem por completo as necessidades das comunidades indígenas, muitas vezes há um grande contato com a cultura globalizada do “homem branco”, decorrente da implantação dos planos oferecidos. Esse contato cultural faz com que muitas comunidades absorvam costumes modernos, esquecendo seus valores e tradições, até mesmo impulsionando a ida de seus integrantes para grandes centros urbanos para conseguir melhores condições de vida, estando sujeitos aos males da sociedade capitalista, como, por exemplo, consumo de drogas, álcool, prostituição, assaltos etc.
Devido a esses entraves, os índios que permanecem em suas terras buscam maneiras de manter-se economicamente atrelados com a sustentabilidade e a geração de renda para a comunidade. Muitos povoados indígenas pensam na implantação da atividade turísticas como forma de valorizar sua cultura e também estimular os mais jovens e ter orgulho da sua tradição. Como diz Leal (2007, p. 19):
a verdade é que cada vez mais os povos indígenas têm pensado na atividade turística como mais uma alternativa sustentável de desenvolvimento local empreendida a partir de critérios estabelecidos pelos próprios grupos étnicos.
Mas a grande questão a ser levantada é se o turismo pode contribuir de forma positiva para a valorização da cultura do povo tradicional, no caso, o indígena? Dessa forma, pode-se dizer que o turismo em terras indígenas é o mais novo segmento do turismo? Esse assunto ainda é muito questionado e complexo devido ao contato do homem branco com os índios, pelo choque cultural e até mesmo pela adesão aos costumes dos turistas.
Os turistas buscam de formas distintas contato com a natureza e com as comunidades anfitriãs, com o intuito de fugir dos grandes centros urbanos e encontrar um equilíbrio do homem com a natureza. Essa volta ao verde faz surgir uma nova alternativa de turismo, o turismo em terras indígena ou etnoturismo.
O turismo indígena vem sendo praticado no decorrer dos anos em alguns lugares do país, mas esta atividade ainda não é regulamentada, sendo necessário ser adequada para a comunidade e os turistas. A troca de experiências pode ser considerada uma permuta nos sentidos econômicos, político, cultural e ambiental (OLIVEIRA, 2004). Seguindo o mesmo pensamento do autor, as relações interculturais contribuem para a valorização da cultura, para o desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis e para proteger o seu território, ou seja, o turismo pode sim contribuir para valorizar as tradições e os costumes de um povo sem que haja uma perda ou até mesmo uma troca de cultura com os turistas.
Os povos indígenas têm um patrimônio riquíssimo, e a sociedade pode conhecer suas crenças, seus ritos, de uma maneira mais sustentável e equilibrada, sendo que este intercâmbio entre sociedade moderna e os indígenas tem um papel fundamental na sensibilização decorrente dos recursos naturais, já que os índios têm uma união de respeito com o meio ambiente.
Nesse aspecto, o turismo pode ser um meio fomentador da inclusão social das populações indígenas, pela geração de renda, podendo minimizar os impactos e controlar de forma manejada seus recursos. O turismo indígena é a atividade do futuro para essas comunidades e para o turista que respeita as diferenças de um povo. A Amazônia pode ser referência nessa atividade por abranger um celeiro de etnias indígenas com traços tradicionais mutáveis. É através dessa cultura que o turismo pode ser um veículo de expressão das comunidades indígenas e enaltecer seus valores culturais, e o processo histórico pelo qual passaram, ou seja, esquecidos no processo social, hoje procura reviver seus costumes (JULIANO; RABINOVICI, 2010).
É dessa cultura que a Amazônia vive e precisa ser respeitada, mas muitas das vezes essa tradição cultural não contribui para o desenvolvimento local, para tanto, pensar em cultura é encontrar alternativa ou práticas inovadoras para a inserção das comunidades amazônicas, com a finalidade da redução de impactos socioambientais e geração de renda. O turismo bem planejado, respeitando as comunidades envolvidas no processo, pode ser um fator importante para melhorar a qualidade de vida dessas populações. Já em se tratando dos povos indígenas, suas origens precisam ser difundidas na sociedade moderna que está limitada a viver sem acatar os preceitos da sustentabilidade, dessa forma, conhecer as tradições indígenas será um meio de envolver a comunidade local com a comunidade urbana no método de respeito com o meio ambiente, havendo uma reciprocidade de harmonia com o homem e a natureza.
Turismo é o setor de serviços que vem ganhando destaque e espaço na economia mundial por apresentar um crescimento considerável. Percebe-se que hoje há uma busca por essa área em que as pessoas estão mudando o setor industrial para o setor de serviços, com o intuito de obter lucro sem poluir o ambiente, concebendo o turismo como uma “indústria sem chaminés”. Setores que compõem as atividades turísticas como transporte aéreo, rodoviário, ferroviário e marítimo, além dos organizadores de eventos, hotéis, agências de viagens etc., compõem o “trade” turístico.
Um dos roteiros quem vêm ganhando atenção, pelo seu ineditismo e pela sua complexidade, é o turismo em terras indígenas, que trabalha com a imagem 1 dos povos indígenas como atrativo. A atividade turística que tem conexão com esse modelo de turismo é o ecoturismo. O turismo indígena ainda não tem um conceito definido pelos órgãos oficiais de turismo, já que pode ter várias nomenclaturas como etnoturismo, ecoturismo, turismo cultural e turismo em terras indígenas, mas ele tem que ser voltado para a questão sustentável, isto é, manter a biodiversidade, o uso sustentável, envolver a comunidade local, estimular e desenvolver pesquisas pautadas nos problemas relativos ao tema (SERRANO, 1997, p. 18 apud, BRITO, 2009, p. 27).
De acordo com a mesma autora, o turismo em terras indígenas pode se enquadrar nas discussões do ecoturismo ou até mesmo ser trabalhado como turismo cultural, pois mostra o costume de um povo, dança, folclore, gastronomia.
Brito (2009) cita Bahl para descrever o turismo étnico como algo vinculado ao turismo cultural, por utilizar elementos sociais oriundos do espaço e do cotidiano de cada comunidade como atrativos turísticos da base cultural. Brito (2009, p. 27) sustenta que:
O turismo realizado em terras indígenas é, portanto, uma atividade turística não convencional, realizada preferencialmente em áreas naturais, onde se pode apreciar não só a paisagem local, mas também suas manifestações culturais, já que cada uma das diversas etnias tem uma especificidade sociocultural.
Para González (2008, p. 123), o turismo indígena é definido:
El turismo indígena es una organización empresarial de autogestión de los recursos patrimoniales comunitarios basada en las prácticas democráticas y solidarias de trabajo para la distribución de los beneficios generados, que se ha desarrollado en América Latina desde los años ochenta.
Estudos voltados para a antropologia do turismo estão preocupados com os impactos sociais entre os turistas e as populações residentes e também para os impactos culturais em determinadas localidades (LEAL, 2007). Um dos cuidados que o turismo deve ter nessas áreas é com a imagem dos índios como diferencial para essa atividade, sendo que o turista que visita o local não somente visa ao lucro, mas sim respeitar as tradições envolvidas, que devem ser mantidas para as futuras gerações (BRITO, 2009).
Os visitantes devem respeitar a cultura local sem influenciá-la ou modificar os costumes dessa comunidade, pois o turismo indígena tem como fundamento a valorização da identidade cultural. No Brasil, começa a surgir em algumas áreas esse tipo de atividade turística, como, por exemplo, no “Monte Pascoal, ao sul da Bahia, ou no alto Xingu, envolvendo os índios Pataxós e os Waurá e Trumai, respectivamente (BRITO, 2009, p. 28).
Com base nos dados dispostos por Mauro (2007), a população brasileira já começa a ter um crescente interesse quando se refere ao índio: 78% da população afirma ter interesse no futuro dos índios; 88% acredita que os índios ajudam na conservação da natureza e que ambos vivem em harmonia; 81% não considera que os índios sejam preguiçosos, mas que têm um modo diferente de trabalho; 92% defende o direito de os índios viverem de acordo com sua cultura; e 67% discorda que os índios sigam o modelo de vida dos “brancos” e que saiam de seu habitat. Portanto, é imprescindível descobrir maneiras para manter uma boa qualidade de vida e preservar a identidade cultural dos indígenas, que se encontra bastantes fragilizada.
Na tese defendida por Grünewald (1999), o turismo desenvolvido nas terras dos Pataxós já é mais articulado, isso porque os índios do local aceitaram essa atividade como forma de geração de renda. O grande problema nessa região é que a prefeitura não enquadra a cultura indígena como atração turística, mas como objeto de curiosidade e de venda de souvenirs. Sabe-se que essa atividade ainda não é regulamentada, só existe esse tipo de atividade porque muitos índios querem que suas terras sejam visitadas e também a própria FUNAI libera a entrada de turistas como forma de fomento para a região. Para Mauro (2007), o principal motivo que levou grupos indígenas a se envolver com o turismo foi a percepção da existência de uma demanda específica pela cultura indígena como atrativo e geração de renda, que possibilita ajudar em algumas das suas necessidades econômicas.
As terras indígenas são de uso exclusivo dos índios e constitui patrimônio da União conforme a legislação brasileira, competindo somente à FUNAI fiscalizar e exercer a proteção das terras além do controle das pessoas ditas “não índias” (MAURO, 2007). Como alguns índios incentivam a atividade turística na própria comunidade, há casos também de pessoas mal intencionadas, que usam a cultura indígena como um atrativo turístico diferenciado. O mesmo autor relata que devido a essa nova demanda a FUNAI recebe documentos solicitando a entrada da atividade turística nessas áreas. Portanto, como explica Mauro (2007, p. 29):
A FUNAI tem recebido cobranças no sentido de definir diretrizes e regulamentos que disponham sobre o ingresso em terras indígenas visando ao turismo, estabelecendo assim condições para a prática da atividade nos locais em que estejam regulamentados os direitos indígenas.
Essas cobranças se dão pelos próprios índios, que têm interesse em trabalhar o turismo em suas áreas, mas, enquanto as diretrizes não são regulamentadas, o turismo em terras indígenas vem acontecendo sem controle. Seguindo a explanação de Faria (2005, p. 74 apud MAURO, 2007, p. 30):
O turismo indígena, principalmente o desenvolvido em terras indígenas, vem promovendo várias discussões e polêmicas junto a linguistas, antropólogos, geógrafos, indigenistas e indígenas. O cerne da questão reside na presença dos turistas, das mais diversas culturas, dentro das terras indígenas, o que pode provocar não apenas descaracterização cultural como também perturbar o ambiente natural, o cotidiano das comunidades e promover uma comercialização da própria cultura. Por um lado, em função desses motivos, ainda há muita resistência à implantação dessa atividade em terras indígenas, sendo a relação custo/beneficio desfavorável às comunidades, pois os custos para o ambiente e a cultura serão maiores que os benefícios econômicos advindos das atividades turísticas. Por outro lado, mesmo cientes dos riscos dessa atividade, há grupos que acreditam que se o ecoturismo for bem planejado, com a participação da comunidade no processo de gestão, com preparação e esclarecimento da população no que se refere à conscientização sobre o turismo e os riscos que poderão advir, ele poderá ser uma base econômica para esses povos.
O Brasil por ter como roteiro a atividade turística indígena, como, por exemplo, dos índios Pataxós, e isso se dá pelo fato de esses índios estarem no processo histórico do descobrimento do Brasil. Com a entrada do turismo, os índios Pataxós da aldeia Coroa Vermelha fundaram uma associação comunitária sem fins lucrativos, a Associação Pataxó de Ecoturismo (Aspectur), com o objetivo de trabalhar o ecoturismo na Reserva da Jaqueira2 ,com o tarefas exercidas por 95 indígenas aproximadamente. O apelo turístico a esse empreendimento leva os turistas não só a conhecer suas tradições, mas a estar no local onde foi rezada a primeira missa no Brasil. Os associados têm como motivação a prática do ecoturismo no local, a afirmação e o fortalecimento da identidade cultural por meio de iniciativas que valorizem a cultura tradicional desse povo (MAURO, 2007).
Outro exemplo de turismo indígena no Brasil são os índios Terenas em Campo Grande. Segundo Lacerda (2004), os índios Terenas são originários das Antilhas, sendo chamados de Aruak. Eles se deslocaram para o sul do Mato Grosso fugindo das pressões dos colonizadores e das guerras intertribais. A organização social dos Terenas é representada pela aldeia, onde os laços de parentesco prevalecem, as cerimônias mantêm viva a religiosidade e os contatos com os antepassados. O turismo em Mato Grosso no bairro de Marçal de Souza, promovido pelos Terenas, ainda é rudimentar e desconhecido, sem qualquer planejamento turístico. A prefeitura do local incentiva o turismo nesse local através de um memorial da cultura indígena, contudo são vendidos produtos artesanais feitos pelos índios através de exposições, e um fato importante é que os índios ganham “destaque” somente no dia do índio.
É visto claramente que esse tipo de turismo está voltado para gerar renda somente para os empresários e não incluem os índios na geração de renda através da atividade turísticos, ou seja, os terenas são apenas um modelo de exposição que os turistas procuram e querem conhecer. Lacerda (2004) indica que nenhuma agência de viagem se preocupa em montar um pacote turístico com o intuito de mostrar a cultura dos Terenas. A única programação é um City Tour regular pela cidade, que leva os turistas a conhecer o Memorial da Cultura Indígena. Esse pseudoturismo gera para os turistas uma péssima impressão sobre a atividade, o que pode ser caracterizado como uma atividade que somente explora a cultura de um povo sem deixar qualquer retorno para essas comunidades. É esse tipo de turismo que deve ser evitado, pois não contribui para o desenvolvimento local, a imagem do ser indígena é descaracterizada, sendo este turismo somente representado por produtos artesanais sem mostrar qualquer outro tipo de manifestação ou até mesmo mostrar para os turistas sua identidade.
É visível a diferença entre o turismo feito na Reserva da Jaqueira pelos índios Pataxós e o turismo praticado em Mato Grosso pelos índios Terenas. O que torna ambos iguais é o fato de trabalharem a cultura indígena, mas o que os torna diferentes é que uma reserva trabalha o turismo de forma planejada, o que impulsiona a inclusão dos índios de forma efetiva na gestão da atividade, gerando renda para a comunidade, incentivando a valorização cultural e das suas tradições; enquanto o turismo nas terras Terenas é feito com todos os erros e desrespeito a um povo que espera do turismo uma expectativa de vida que lhe traga renda para ter uma melhor qualidade de vida, além de serem mal interpretados culturalmente com as vendas de artesanato. Por isso, é preciso estabelecer procedimentos e metas que determinem como pode ser feita a prática da atividade turística em terras indígenas para que não afete o ciclo de vida dessas comunidades e contribua para enaltecer suas tradições e que os turistas respeitem e valorizem a simplicidade dos índios.
De acordo Martins e Coutinho (2007), a Amazônia abriga 215 grupos indígenas, e seus costumes refletem a convivência com a natureza, o que traduz sua cultura amazônica, expressa em seu folclore, música, dança, culinária e artesanato. Conforme os mesmo autores, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas do Amazonas (FEPI-AM) trabalha com o propósito de ser uma entidade que promove o fortalecimento, a autonomia e o etnodesenvolvimento das comunidades indígenas, exercendo atividades tais como apoiar e assessorar a elaboração de políticas de uso dos recursos pesqueiros em terras indígenas; incentivar o manejo comunitário e seus recursos naturais, considerando os conhecimentos tradicionais dos povos indígenas; construção de centros de processamento e beneficiamento de produtos indígenas; criação de centros de distribuição e comercialização de produtos indígenas; apoio à certificação de produtos indígenas e assessorar as ações de educação indígena; realização eventos e oficinas de promoção da cultura dos povos indígenas; designar espaços de referência que valorizem, fortaleçam e divulguem a cultura dos indígenas; contribuir para valorizar o conhecimento tradicional indígena no que concerne à pesquisa e ao controle de processos e uso da biodiversidade; cooperar para a formação técnica e organizacional das lideranças e membros das comunidades indígenas e para a preservação do conhecimento e das técnicas desenvolvidas nas artes e nas manifestações culturais dos povos indígenas; e amparar e assessorar a criação e o fortalecimento das Organizações Indígenas.
Dessa forma, a Amazônia, por compreender uma vasta concentração de terras indígenas, sejam elas pelas suas peculiaridades e dinamismo, pode ser um fator importante para a atividade turística. Mesmo não sendo ainda regulamentada, a atividade do turismo indígena é desenvolvida em algumas localidades e praticada por alguns indígenas, podendo-se dizer que essas primeiras iniciativas de desenvolver o turismo indígena ou etnoturismo já podem ser concretizadas tanto pelo interesse de muitos índios em trabalhar o turismo, como pela geração de renda e pelo interesse de os turistas conhecerem o “novo”. O turismo, por ser tão complexo e pelo desconhecimento dessa atividade, é interpretado pelos povos indígenas de maneiras diferentes. Segundo Lustosa (2008), os projetos turísticos são instalados pelos próprios índios, visto por eles como forma de “inclusão” e geração de renda para aliviar os problemas da comunidade, mas há projetos elaborados por grandes empresas, que usurpam suas terras e por isso os índios os veem como uma ameaça para sua sobrevivência, contribuindo para sua exclusão.
O site Turismo Nativo 3, que trabalha com o turismo em terras indígenas, e tem como roteiros São Gabriel da Cachoeira – AM, Maués – AM, Manaus – AM, Palmas – TO, Canarana – MT, São Paulo – SP, faz a descrição dos atrativos de cada localidade, como, por exemplo, em São Gabriel da Cachoeira há festividades religiosas como a Semana Santa, procissão, festa do padroeiro do município (29 de setembro), bem como festividades folclóricas como Carnaval, festas juninas e o maior evento cultural é o Festival Cultural das Tribos Indígenas do Alto Rio Negro – Festribal, criado pelo Decreto Lei N 024, de 13 de maio de 1996, com objetivo de valorizar, desenvolver, difundir e homenagear os hábitos culturais indígenas da região.
Em Maués, a atividade é bastante heterogênea, fugindo dos preceitos do turismo étnico, pois nesse local são explorados a prática da caça subaquática, esportes, passeios de barco e igarapés, havendo ainda o contato com a cultura de algumas civilizações indígenas ainda presentes, responsáveis por uma variedade de artesanato e lendas, destacando-se o artesanato Saterê-Maué. Em Manaus, é vendido um turismo com visita ao mercado municipal, ao Teatro do Amazonas e ao encontro das águas, aliás, se o site vende um turismo indígena e nessa localidade são vendidos outros atrativos, a grande questão é: Qual o papel do índio nesse roteiro? O site trabalha a ilha do Marajó como destino, mas é evidenciado que os índios não têm um papel no desenvolvimento do turismo local, tendo como atrativos o artesanato, a criação de búfalos e o artesanato marajoara. Pereira e Ornelas (2005) ressaltam que os estereótipos contribuem para o fomento do turismo e com isso procuram promover e divulgar destinos que despertem o interesses do turista, sendo importante refletir acerca dos estereótipos de um povo, considerando seu território.
Ressalta-se que São Gabriel da Cachoeira é o município que tem mais potencialidade para trabalhar o turismo indígena no Amazonas, pois 95% da sua população é composta por índios (FARIA, 2005). Porém, conforme a mesma autora, “nenhum estudo foi realizado com os povos desse município sobre a implantação e viabilização do ecoturismo em suas terras” (FARIA, 2005, p. 66). No caso do turismo do grupo étnico Timbira em Tocantins, essa comunidade ainda preserva a língua nativa e a tradição oral. Nessa perspectiva, é possível defender a inclusão social dos povos indígenas. O estado de Tocantins, para legitimar o turismo nas terras indígenas, fez primeiramente uma análise do local, tendo constatado que os índios têm liberdade de mobilidade e um valioso patrimônio cultural, e por estar o turismo étnico relacionado à existência de fronteiras étnicas, ele se torna um atrativo (OLIVEIRA, 2006). Com a inserção do turismo na comunidade Krahô4 , os índios construíram um estudo de caso com o intuito de visar à inclusão social das comunidades, com a contribuição de financiamentos e de pesquisas e a participação de pesquisadores indigenistas e de 18 aldeias, pois “o desenvolvimento socioespacial está sendo levado em consideração, uma vez que congrega todas as aldeias e envolve e colaboração das comunidades indígenas” (OLIVEIRA, 2006, p. 119).
Entre as 18 aldeias estudadas, somente quatro foram visitadas, preservando a realização das cerimônias, tendo sido confeccionado um calendário anual de rituais. As representações culturais são valorizadas pelo turista com a intenção de vivenciar seu cotidiano. A integração dos índios com a atividade é feita pela rotatividade com que são escolhidos os índios pela comunidade para organizar um determinado ritual, e com os recursos obtidos são feitas compras para a comunidade indígena para oferecer a quem está participando do ritual. A entrada dos turistas se dá pelo contato com as organizações não governamentais, com as associações indígenas e com as comunidades das aldeias especificas (OLIVEIRA, 2006).
Há necessidade de construir um discurso urgente com as populações indígenas e com as lideranças comunitárias, com a intenção de informá-las sobre a construção de diretrizes específicas para a modalidade do turismo, de acordo com cada etnia, respeitando a preservação da cultura, com o comprometimento de planejar e participar no processo de planejamento e gestão do turismo. Conforme os preceitos do conceito de etnoturismo, a cultura pode ser resgatada com justiça social e principalmente reduzir as desigualdades sociais, além de contribuir para a distribuição de renda e o fomento do desenvolvimento local. A participação efetiva das comunidades indígenas é um grande desafio para a região e seus atores, apesar de algumas comunidades terem contato com o capitalismo e muitas delas visarem apenas ao lucro, deixando de lado seu propósito, que é a valorização da cultura e da sua tradição. Para que isso não ocorra, é necessário sensibilizar os visitantes no contexto de educação ambiental, valorização do patrimônio cultural, natural e ambiental, pois “os povos da Amazônia são hoje os mais ricos depositários dos valores que irão nortear a reorganização popular futura do ocidente” (EGIDIO SCHWADE, 1999, p. 15 apud FARIA, 2005, p. 76).
Portanto, como o turismo em terras indígenas abrange uma grande variedade de fenômenos, pode-se construir um novo modelo de turismo e turista, um turismo que respeite e valorize a cultura de um povo e suas tradições e de turistas que tenham uma visão mais sustentável do meio ambiente, quebrando os paradigmas sociais de que quem vive na floresta são só os selvagens desprovidos de cultura e que estão parados no tempo pelo fato de não viverem como as pessoas urbanas. Somente o fato de ser tradicional, já é chamariz para desenvolver um turismo mostrando para os desconhecidos a riqueza de uma cultura presente no meio da floresta amazônica, além de fomentar um turismo positivo com a inclusão. É necessário afastar as empresas que utilizam a imagem do índio somente como fonte de renda própria sem pensar no valor que está sendo perdido ou transformado pelo processo capitalista. Deve-se considerar que todos os agentes estejam inclusos na atividade turística com a finalidade de trabalhar juntos a construção de um turismo totalmente sustentável e a incorporação dos atores envolvidos, índios e turistas, para chegar a uma única finalidade, respeito mútuo e desenvolvimento local.
4 A CULTURA INDÍGENA COMO PRODUTO PARA O TURISMO CULTURAL
De todas as manifestações culturais que o Brasil tem, a cultura indígena é a que compõe uma grande diversidade pelo fato de a grande variedade dessas populações ser composta por várias peculiaridades culturais, ficando difícil conhecer quase por absoluto sua riqueza. O antropólogo Lévi-Strauss alega que “para compreender como e em que medida as culturas humanas diferem entre si, se as diferenças se anulam ou se contradizem, ou se concorrem para formar um conjunto harmonioso, é necessário tentar fazer-lhes um inventário” (LÉVI-STRAUSS, 1970, p. 233 apud OLIVEIRA, 2006, p. 65).
Para promover melhor condição de vida para esses povos através da sua história ou até mesmo evidenciando a sua tradição, o turismo pode ser o chamariz para divulgar e valorizar a cultura indígena. A partir do turismo, correntes culturais fluem em direção à região, o que acarretará processo de desenvolvimento, gerando novas formas de interações sociais e, principalmente, de identidades sociais a nível local. Dessa forma, os “olhares do passado” ganham dinamismo entre os próprios índios que almejam que a sua raiz indígena seja fortalecida e que os turistas vejam que sua cultura precisa ser respeitada e que também contribua para promover o desenvolvimento sustentável nesses locais que hoje são alvo de grandes empreendimentos, fazendeiros e grileiros. O turismo começa a se configurar também como uma construção ideológica da história, natureza e tradição, ou seja, a atividade turística pode remodelar a cultura e a natureza para suas próprias necessidades, sem fugir do seu contexto de origem, isto é, da cultura indígena (GRUNUNEWALD, 1999).
O turismo cultural fomentado em terras indígenas garantirá que o turista se envolva com o meio e que seu papel está em moldar sua experiência de uma situação em geral, sem um foco particular, e sim sobre a singularidade de uma identidade cultural específica. Dessa forma, a autenticidade só deve entrar em foco quando a atração turística está centrada na cultura, além disso, a concentração de renda deve ser dirigida aos atores envolvidos. Logo, para buscar autenticidade em suas experiências, é preciso considerar seu ponto de partida familiar inautêntico sem que essa comunidade sofra com o choque cultural a que será submetida, já que é imprescindível que os povos indígenas estejam sempre voltados a apresentar sua cultura e suas simplicidades para o turista.
De acordo com Grunünewald (1999), as experiências turísticas inautênticas podem ser definidas no sentido de perceber a dinâmica de uma sociedade em termos de passar de geração a geração, pois as comunidades com suas peculiaridades culturais, ao se defrontarem com a experiência do turismo, podem se transformar com base na origem de novos padrões, permanecendo, assim, autênticas. Leal (2007, p. 24, apud JULIANO; RABINOVICI, 2010, p. 215) aponta que o turismo passou a ser encarado como uma possibilidade de reforçar a etnicidade local e promover a recuperação da cultura, logo:
A etnicidade que vem sendo reconstruída pelos povos indígenas passa a ser o lugar em que emergem identidades capazes de possibilitar a participação e a convivência com o turismo, sendo o resultado das relações dos povos indígenas no contexto das transações comerciais globais. E, por isso, não podem ser vistas como inautênticas, já que resultam de ações criativas dos próprios grupos.
Através do turismo, os elementos autênticos indígenas constituem um componente importante para dar sentido aos contrastes que as experiências cotidianas apresentam. Muitos turistas desconhecem esse tipo de cultura e acabam intitulando de exotismo, visto que é algo inerente à fronteira étnica que separa turista do nativo, sendo que para algumas culturas a palavra exotismo é vista como algo pejorativo. Porém, o turismo necessariamente envolve o contato com nativos através de uma barreira cultural, mesmo em situações em que o turista não busca ativamente conhecer as identidades étnicas, e sim o interesse nas paisagens e monumentos.
Algumas empresas que trabalham com esse tipo de turismo, visam somente ao lucro e não pensam nos impactos que esse tipo de atividade pode provocar nessas comunidades, há locais que os índios vendem somente seus artesanatos sem evidenciar de fato suas tradições começando a modelar novos fluxos culturais descaracterizando sua identidade. Os impactos negativos que este tipo de turismo pode provocar além do estímulo do seu desenvolvimento é o econômico que, consequentemente, pode gerar aumento desenfreado de hotéis, desarticulando todo um espaço regional e colaborando para a massificação do local, como Grunünewald (1999, p. 36) ratifica afirmando que “uma vez que o dinheiro trazido por turistas para área hospedeira gera novos fundos que recirculam através da economia local várias vezes, em “efeito multiplicador”, e beneficiam negócios locais que não são considerados turísticos”. Oriques (2005, p. 110 apud MAURO, 2007, p. 27) enfatiza que:
Quando os turistas [...] ao visitarem localidades onde vivem populações indígenas que não estão trajando vestimentas imaginadas por eles (tangas, pinturas no corpo, cocares, colares etc.) são comuns manifestações de decepção, já que os turistas acham que suas expectativas estereotipadas devem ser confirmadas. E essas experiências fazem parte das imagens que são vendidas e compradas por ele.
Não se pode generalizar que todos os turistas busquem somente ver o estereótipo do ser étnico sem perceber de fato sua essência como identidade cultural, assim, mostram insatisfação com as hipóteses inadequadas para se alcançar o cerne do turismo, que é multifacetado e particularmente ligado a muitos outros elementos sociais e culturais nas sociedades modernas, dessa forma seria inapropriado pensar que é possível imaginar o comportamento turístico (GRUNÜNEWALD, 1999). Em vez disso, é necessário despertar o olhar turístico voltado para essa cultura em que ambos estejam voltados para a prática do turismo sustentável, contribuindo para que esta atividade seja uma alternativa para que esses povos integrem sua identidade na sociedade nacional. O turismo feito nas terras indígenas no que refere ao fator das artes e ofícios merece atenção no que diz respeito à sua economia, que é oriunda da produção artesanal étnica, dessa forma, cria alternativa para o desenvolvimento das aldeias e fonte de renda para os índios.
É fundamental que o turismo possa contribuir, consideravelmente, para a valorização social das comunidades e de seus hábitos culturais, trazendo para o nativo também efeitos e impactos positivos, especialmente em relação à capacidade de sustentação de uma comunidade turística, mantendo em seus ofícios tradicionais a população dessas regiões (PIRES, 2004). Quando essa etnicidade é explorada para o turismo, busca-se no passado um conjunto de símbolos que serão atualizados no presente, e suas perspectivas ideológicas atuam dando margem à identidade local. Segundo Barreto (2000 apud JULIANO; RABINOVICI, 2010), nada impedirá que o turismo contribua para obter a maior criticidade e autenticidade da sua tradição ou outro fator cultural, já que será oferecida aos turistas e a outros agentes a ressurgência étnica.
É por meio da cultura indígena que o turismo pode atender os interesses do imaginário humano moderno, ou seja, o turismo é o articulador dos conjuntos de valores da modernidade, possibilitando o encontro com o outro (ARAÚJO, 2001). Para tanto, é importante que esta atividade contribua de forma efetiva para o manejo dos recursos naturais, o símbolo cultural seja um mecanismo utilizado pela comunidade para o pertencimento e o fortalecimento da língua, de seus costumes, de seus saberes e de seu orgulho étnico, além de garantir o lado social desses povos através de uma qualidade de vida que possa também garantir a autonomia política da comunidade (JULIANO; RABINOVICI, 2010).
Apesar de as comunidades indígenas não estarem inseridas no mercado turístico, já que este ainda não é legalizado, o turismo emerge como uma alternativa econômica viável, mas também como um instrumento de conservação ambiental e valorização cultural desses povos indígenas. O respeito e o cuidado em relação aos valores socioculturais e o grau de envolvimento com a sociedade devem ser observados e ressaltados no planejamento dessa modalidade turística de modo a não permitir a descaracterização da cultura dos povos indígenas (MARTINS; COUTINHO, 2007). Com o desenvolvimento de um turismo consciente e planejado, muitos povos indígenas podem ganhar destaque em divulgar suas culturas, suas peculiaridades, seja através da música, da dança, da comida, de um conjunto cultural de seus costumes, que muitos povos ainda guardam, para que não sejam esquecidos ou camuflados pela cultura urbana, isso sem deixar que este tipo de beneficio urbano possa garantir o desenvolvimento local, contribuindo para a saúde de muitos índios e para uma boa qualidade de vida.
O turismo pode gerar custos sociais e estimar o valor do pertencimento cultural, sendo repassado dos mais velhos aos mais jovens com o intuito de enaltecer e contribuir para o respeito cultural desse povo. Já os atores envolvidos nesse processo podem contribuir da melhor forma para a conservação de suas tradições e também na sensibilização ecológica, pois se sabe que o meio em que muitos índios vivem serve como elemento de subsistência. O turismo pode se tornar o elemento que irá garantir a manutenção de certas tradições originais que atraem os turistas e cooperar de forma harmoniosa com os símbolos que compõem esse cenário.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os espaços naturais aparecem como remédio ao stress causado pela vida na cidade e são tidos na atualidade como lugares para recuperação do desgaste físico. Atualmente, os produtos turísticos disponíveis estão relacionados com a realização de atividades que contrastam com a realidade do desenvolvimento sustentável. Diante do argumento acima, pode-se anunciar o surgimento de novas atividades turísticas, no caso o turismo em terras indígenas, em razão da necessidade de novas satisfações e de novos produtos de consumo.
O interesse pelo turismo sustentável coincide com a preocupação mundial em preservar o ambiente e as comunidades tradicionais, sem, no entanto, abstrair do atendimento a equação de equilíbrio entre a satisfação das necessidades do turista, como consumidor, e a própria conservação do meio ambiente e da comunidade local. O turismo depende da qualidade do ambiente natural, das pessoas e dos recursos, e sem a integração desses fatores interdependentes dificilmente haverá desenvolvimento sustentável. O turismo em território indígena pode contribuir para a preservação de seus recursos como também no fortalecimento de sua cultura e da sua identidade, que vêm aos poucos sendo extintas.
O turismo desenvolvido nesses locais, além de abordar fatos importantes como sua história, sua cultura, tradição, suas diversidades linguísticas, pode, acima de tudo, integrar um povo no desenvolvimento local, contribuindo para minimizar os problemas existentes. Para quem busca algo novo e sem agredir o meio, esta atividade fortalece o pertencimento com a terra e contribui para alcançar novas políticas públicas que subsidiem uma melhor qualidade de vida. Para isso, é preciso que esta atividade seja estudada adequadamente para que estes povos não sofram com um turismo mal planejado, sem o enfraquecimento de sua cultura, e que os índios estejam inseridos nesse contexto para a valorização do ser étnico.
O turismo indígena praticado em outras regiões, como na Bahia e Mato Grosso, contribui maciçamente para o fortalecimento da cultura indígena, além de fomentar esta prática para a obtenção do desenvolvimento local e para a sustentabilidade do ambiente. No que diz respeito à Amazônia, sabe-se que este tipo de modalidade ainda não é feito, apesar de a região Norte ter um celeiro da cultura indígena compreendendo aproximadamente 225 povos, cada uma com sua peculiaridade cultural. Em algumas etnias, é paupérrima a qualidade de vida, sem expectativas, tanto culturalmente como para a própria subsistência. Há casos de índios que negociam com madeireiros para a retirada de seus recursos em troca que dinheiro para a compra de comida e remédio.
Devido a todos esses entraves, muitos índios migram para os centros urbanos em busca de melhores condições de vida, mas se deparam com problemas sociais tais como alcoolismos, drogas, roubo, assassinatos, prostituição, entre outros, e dessa forma acabam desatando os laços culturais e, como consequência, sua tradição e seus costumes são esquecidos. É indispensável que o turismo e os “olhares do passado”, nesse caso dos índios mais velhos, possam contribuir para fortalecer a cultura e a tradição de um povo, além de garantir que os índios mais jovens tenham esse valor de pertencimento da sua cultura valorizado, contribuindo para que as novas gerações possam usufruir de seus símbolos com orgulho. O registro da cultura é muito importante para criar a relação dos jovens com o conhecimento adquirido pelos seus líderes e assim passar para o turista o respeito pelos seus costumes, pelo meio ambiente, com todos os símbolos que somam e fazem parte da sua cultura.
O turismo na região Norte pode ser um elo entre a cultura indígena e os turistas. E já que esta atividade é bem-sucedida em outros locais, por que não fomentar a região com essa modalidade e contribuir para que muitos povos indígenas vejam o turismo como uma fonte de renda? Sabe-se que órgãos governamentais que têm como finalidade dar assistência não dão auxílio necessário para esse povo.
É muito importante esse tipo de atividade no estado no Pará, primeiro pelo fato de ser algo inédito para a região, segundo por contribuir para fomentar o turismo local e terceiro por fortalecer umas das tradições milenares. O turismo pode cooperar para que esse povo valorize a questão do ser étnico, para a conservação ambiental, além de lutar por seus direitos para a obtenção de melhor condição de vida nas esferas políticas e na elaboração da aplicação de políticas públicas que atendam os interesses de cada povo indígena. Tais medidas são fundamentais para que o país garanta o atendimento aos interesses e às necessidades de cada povo indígena, assim como sua multiculturalidade e plurietnicidade para a geração presente e as futuras.
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1 Entende-se como imagem todos aqueles elementos que compõe a cultura indígena, como por exemplo, a gastronomia, os rituais, as crenças, as linguagens, as danças, as pinturas corporais, o artesanato e etc.
2 A Reserva da Jaqueira foi criada com o intuito de os índios Pataxós resgatarem suas tradições e sua cultura, e, usou-se esse nome para dar origem a um projeto, “Projeto da Jaqueira”, que tem como finalidade atrair pessoas para vivenciar e interagir com os indígenas no seu modo de vida tradicional (MAURO, 2007).
3 Empresa que trabalha com o turismo indígena no Brasil, com apoio dos órgãos oficiais de turismo, Ministério do Turismo e EMBRATUR. Ver: http://www.turismonativo.org.br/.
4 A população indígena Khahô pertence ao tronco linguístico Macro Jê, teve os primeiro contatos com os povos europeus no inicio de século XIX, localizam-se na bacia do Tocantins, situado no município de Goiatins (Piacá) e de Itacajá ao norte do estado de Goiás (OLIVEIRA, 2006, p. 57).
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