Revista: Turydes Revista Turismo y Desarrollo. ISSN 1988-5261


O TURISMO E O REDESENHO DO TERRITÓRIO DA VILA DE ALGODOAL –MARACANÃ-PA

Autores e infomación del artículo

Roberto Eduardo Bastos Lisboa*

Universidade Federal do Pará, Brasil

robertoeduardobastoslisboal@gmail.com

ABSTRACT: This paper will focus on the changes in the territory of the village of Algodoal-Maracanã-Pará-Brazil, resulting from the tourism activity.  After some time visiting this place, tourists start buying land owned by locals, fishermen and small farmers. These tourists begin to build sumptuous summer homes, hotels and restaurants turning this place into a tourist product, initiating a touristification process and consequently a tourism territory. The owners of the tourist mode of production (owners of restaurants and transportation), shape the territory through a logic of tourist visitation. They create a contradiction in the territory, because where the tourist flow circulates there is a better infrastructure, such as pharmacies, supermarkets health, quality light, water etc., and where the flow of tourists does not go there, those items above cited  not exist  or do not work well.
Key words:  Territory, Tourism, Touristification, Village of Algodoal

RESUMEM: Este trabajo se centrará en los cambios en el territorio de la aldea de Algodoal-Maracanã-Pará-Brasil, resultado de la actividad turística. Después de algún tiempo visitando este lugar, los turistas comienzan a comprar tierras de propiedad de los lugareños, pescadores y pequeños agricultores.  Estos turistas comienzan a construir suntuosas casas de verano, hoteles y restaurantes convirtiendo este lugar en un producto turístico, iniciando un proceso de turismotización y consecuentemente un territorio turístico. Los propietarios del modo turístico de producción (dueños de restaurantes y transporte), conforman el territorio a través de una lógica de visita turística. Crean una contradicción en el territorio, porque donde circula el flujo turístico hay una mejor infraestructura, como farmacias, supermercados, salud, luz de calidad, agua, etc., y donde el flujo de turistas no va, los artículos citados arriba No existen o no funcionan bien.
Palabras clave: Territorio, Turismo, turismotización, Aldea de Algodoal



Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Roberto Eduardo Bastos Lisboa (2016): “O turismo e o redesenho do território da Vila de Algodoal –Maracanã-PA”, Revista Turydes: Turismo y Desarrollo, n. 21 (diciembre 2016). En línea:
http://www.eumed.net/rev/turydes/21/algodoal.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/turydes21algodoal


INTRODUÇÂO         

           Este artigo fará diversas análises nas mudanças ocasionadas pelo turismo na Vila de Algodoal, tais mudanças, afetam de forma significativa este território, tornando-o um produto turístico, Na vila de Algodoal, inicialmente, essa atividade, se mostra de forma incipiente, contando com a presença de pequenos grupos de aventureiros que para lá se deslocavam, com o objetivo de desfrutar as belezas cênicas do local. Essa quantidade de pessoas prosseguia aumentando e por meio disso, desencadeando um processo de aquisição de lotes de terra dos nativos pelos turistas, os quais tinham o propósito de construção de casas de veraneio, meios de hospedagem e restaurantes, ocasionando o processo de turistificação. Este processo, consequentemente cria um território turístico, ou seja, adaptado para o suprimento das necessidades de turistas, fazendo com que posteriormente esta ação transforme a Vila de Algodoal em um produto turístico. A consequência dessa alteração, modifica quase totalmente os antigos modos de produção de subsistência como a pesca e a pequena agricultura, agora, transmutados pela nova economia capitalista do turismo. Esta, também ocasiona uma nova produção e reprodução do espaço da vila, engendrando uma relação de poder com o território, pois os que dominam essa nova atividade econômica, tornam este, um espaço hierarquizado, alterando de maneira significativa a sua configuração, criando uma contradição no território.
         LOCALIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO
  A Vila de Algodoal faz limite ao norte com o igarapé do Muniz e ao sul com o igarapé do furo velho; a leste com o mangue e a oeste com a Baia de Marapanim. No último levantamento realizado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente para a elaboração do Plano de Manejo da APA foi constatado através de imagens de satélite a existência de uma malha viária quadricular constituida de quatro ruas principais e seis travessas e uma passagem de traçado irregular denominada São Pedro que dá acesso ao bairro do Camambá localizado entre o mangue e as edificações da orla onde compreende o porto principal (PLANO DE MANEJO p.115). Nesse mesmo trabalho foi verificado no ano de 2011 existiam na Vila de Algodoal cerca de 654 lotes, dos quais 225 eram residenciais, (34,4%), 58 comerciais (8,9%), 54 de hospedagem (8,3%), 208 de veraneio (31,8%), 3 de lazer (0,5%), 58 sem uso (8,9%) e 48 de outros usos (7,3%). (PLANO DE MANEJO p.117). Pertencente a categoria de outros usos estão os lotes de uso institucional como a escola, os templos religiosos, o posto de saúde a sede de duas organizações sociais (CLIMAM e ACPAVA) e a central de telefonia. A oferta pública de espaços de lazer e recreação é constituída por 2 campos de futebol, 1 quadra poliesportiva e 2 praças.  . A arborização nas vias é escassa, sendo esta mais abundante no interior dos lotes residenciais e o solo é arenoso. Apesar de não haver uma grande área de expansão, a ocupação avança para as áreas de mangue na porção sudeste e sul.

1 -   A MUDANÇA DO TERRITÓRIO DA VILA DE ALGODOAL E AS RELAÇÕES DE PODER OCASIONADAS PELO TURISMO

          De acordo com o conceito de turismo visto anteriormente, há dois elementos básicos imprescindíveis para a atividade turística, O turista e o território (A Vila de Algodoal) onde ocorre a atividade turística. O turista, componente essencial, elemento humano, agente desencadeador de toda a atividade turística, que ao se movimentar (sua viagem) gera uma deslocação no espaço, ou seja, o deslocamento de sua moradia habitual, até o destino turístico, movimentando dinheiro, suscitando um efeito multiplicador 1na economia, ocasionando mudanças na dinâmica do lugar. Tal destino, um território fixo, possuidor de belezas naturais capaz de induzir o turista a visitá-lo, é o lugar onde a atividade turística é desenvolvida.

           Não é possível precisar quando exatamente ocorreu a primeira viagem de cunho turístico para este local. O primeiro viajante que desembarcou na vila com a finalidade de apreciar as belezas naturais descansar e degustar uma deliciosa gastronomia. Porém, a história do turismo não somente nesta localidade, mas também em toda ilha de Algodoal-Maiandeua, surgiu por sua porta principal, A Vila de Algodoal. Isso se deu em razão do favorecimento geográfico, pois a cidade de Marudá (conhecido balneário do litoral paraense), que serve de uma espécie entreposto turístico para a vila, possui a melhor infraestrutura turística do município de Marapanim e sempre foi conhecida como cidade de veraneio durante as férias de Julho (LISBOA, 1999). Essa logística permitiu com que o turista que estava em transito em Marudá tivesse a oportunidade de fazer a travessia para conhecer a ilha e retornar em um mesmo dia.  Além disso, a vila situa-se na parte noroeste da ilha de Algodoal-Maiandeua, podendo ser vista a partir do balneário de Marudá, despertando a curiosidade das pessoas em conhecer aquele lugar.
        Com o passar dos anos a quantidade de turistas crescia cada vez mais, criando situações de vantagens para seus moradores e desvantagens para o espaço físico da vila. Assim como, os moradores conseguiam faturar uma renda extra com a prestação de alguns serviços como estadia e alimentação, por outro lado, a vila começava a sofrer muito com a ação do capital externo, pois os turistas mais privilegiados economicamente se encantavam com o lugar, e ali despertavam a possibilidade de comprar lotes dos nativos, principalmente aqueles situados de frente a praia.  Dessa forma, em uma relação desigual, começavam a adquiri-los, dando o início ao processo de especulação imobiliária, e ao início da mudança do território. Isso aconteceu principalmente pela necessidade dos turistas de se instalarem sem a dependência da estadia nas casas dos pescadores, e assim, poderem gozar de conforto e privacidade. Para que isso fosse possível, seria necessário adquirir um lote de terra no local. Este ator externo, possuidor de um capital econômico muito superior a de um nativo, passa a adquirir os lotes com muita facilidade. Pois, o morador da vila, que conseguia com certa dificuldade uma pequena monta em dinheiro em suas transações comerciais de subsistência, repentinamente, recebia uma “elevada” soma em dinheiro como pagamento de um lote. Esta ação passou a acontecer constantemente desencadeando um processo de especulação imobiliária, ocasionando uma desenfreada corrida à compra dos lotes dos nativos. Os mais procurados eram aqueles situados de frente para a praia, que apresentavam uma beleza cênica significativa, e eram logo adquiridos pelos veranistas.2 Os nativos vendedores de seus lotes não possuindo mas lugar para morar passavam a se deslocar mais para o centro do espaço da vila.
          Esse ator externo, responsável pelas compras dos lotes, começa a provocar mudança na paisagem local, primeiro com as cercas dos terrenos e depois pela edificação de suas casas de veraneio, bem mais suntuosas que as choupanas dos nativos. Outros, com o desejo de adquirir ganhos financeiros com o turismo, em decorrência da demanda turística3 crescente, passam a transformar seus bens em meios de produção: meios de hospedagem e serviços de alimentação ao turista, e assim, na década de 1970, as atividades econômicas se diversificam e outras se acentuam. Surge o caseiro que passa a tomar conta das casas dos turistas, o carregador de malas (pescador)  que começa a carregar as malas dos que desembarcam no porto, “alguns pescadores começam a carregar bagagens dos nativos até os hotéis e casas de veranistas” (autor) e as atividades já existentes se ampliam, como o aumento na frota de barcos que faziam a travessia  em razão do número de pessoas que passam cada vez mais a frequentar a vila, alguns nativos são empregados em hotéis e outros, constroem suas próprias pousadas e o turismo se torna uma atividade econômica significativa,  se dá início ao processo de turistificação da vila, “ A diversificação econômica ocorre de forma mais intensa após o processo de turistificação, a partir da década de 1970, quando a ilha passou a ser um polo de atração turística do litoral do estado” (QUARESMA, P.202). Esse processo ocorre quando “um espaço é apropriado pelo turismo, fazendo com que haja um direcionamento das atividades para o atendimento dos que vem de fora, alterando a configuração em função de interesses mercadológicos” (ISSA,Yara; DENCKER, Ada, 2006, p.2). Desta maneira, a sociedade da Vila de Algodoal no passado moldava o seu território conforme a atividade da pesca que era o meio de produção desempenhado por seus atores sociais, porque “toda prática espacial, mesmo que embrionária, induzida por um sistema de ações ou de comportamentos se traduz por uma “produção territorial” “(RAFFESTIN, 1998, P.150). Porém, este território é transfigurado por outros atores sociais externos (turistas), que por meios das ações anteriormente citadas, como a compra de lotes de terra e a construção de hotéis e restaurantes, remoldam esse território do passado através da  característica mais marcante do turismo, ou seja, a modificação que a atividade impõe sobre do território, transformando este, e um lugar moldado para o suprimento das necessidades dos turistas, a organização social transmuta com o objetivo de se preparar para receber a demanda turística. Desta forma, a turistificação ocorrida na vila modificou um território já existente, porque “o efeito territorial mais marcante do turismo é justamente a modificação que a atividade impõe sobre o território, ou seja, a sua turistificação” (LEITE, 2008, p.44).
          Outro fator importante resultante do processo de turistificação é a transformação do lugar em um produto turístico, que é “um conjunto de elementos ou produtos específicos que engloba os meios de hospedagem, os serviços de restaurante, os equipamentos turísticos, os serviços de apoio (segurança, saúde e etc.), a infraestrutura urbana e viária, os meios de transporte, a qualidade do meio ambiente e etc.” (FONSECA, 2005, p.39). Este produto apresenta diferenças inerentes e significantes em relações a outros produtos existentes na realidade, e apresenta duas principais características:   A primeira é que  o produto turístico é um lugar fixo, o seu consumidor necessita se deslocar até ele diferentemente de qualquer outro produto adquirido por um consumidor na prateleira de um supermercado, é comprado anteriormente, por exemplo, em uma agência de viagens e consumido no desenrolar da viagem e mais precisamente no lugar escolhido pelo turista. “Da fixidez do produto turístico decorre a necessidade do seu consumo in situ e, consequentemente, dos deslocamentos espaciais de consumidores turistas” (CRUZ, 2002, p.17) e “a segunda corresponde ao consumo e produção realizados de forma simultânea” (LEITE, 2008, p.44), ele é produzido e consumido ao mesmo tempo . Logo, o território passa a ser um território turístico por meio da turistificação.
         A Vila de Algodoal na atualidade se tornou um destino turístico consolidado no estado do Pará, no Brasil e no mundo e deixou de ser um atrativo turístico que, “é composto de locais, objetos, equipamentos, pessoas, fenômenos, eventos ou manifestações capazes de motivar o deslocamento de pessoas para conhecê-los. Os atrativos turísticos podem ser naturais; culturais; atividades econômicas; eventos programados” (BRASIL, MTUR, 2007b, p.27) e passou a ser um produto turístico.  Ou seja, um atrativo se torna produto quando passa a possuir todos os serviços para fazer com que o turista chegue ao lugar e consuma a praia, a paisagem, os lagos, mangues e etc,. Dessa forma ele precisará suprir necessidades como: Transporte, hospedagem e alimentação, pelo fato dele não estar no seu cotidiano, onde possui todos esses itens como bens próprios a sua disposição.

2 - A LÓGICA DE VISITÇÃO TURISTÍCA, E A PRODUÇÃO DO ESPAÇO HIERARQUIZADO DA VILA DE ALGODOAL.

            Como observado anteriormente, a turistificação cria o território turístico da Vila de Algodoal em razão deste se tornar um território voltado para o atendimento das necessidades do turista. Seguindo a lógica da visitação, o turista  ao desembarcar, passa a fazer uso dos serviços (consumo do produto turístico) conforme se desloca ao longo do espaço físico da vila,  e suas s são necessidades  atendidas por um sistema de serviços que formam uma cadeia produtiva turística,  que é “uma rede de serviços apoiados no desenvolvimento de uma infra-estrutura local e regional, cuja dinâmica pode promover o incremento dos fluxos de informação, produção, distribuição e consumo, que, adequadamente geridos, permitem ao turismo atuar como vetor da economia dentro de parâmetros de sustentabilidade.”(IPARDES, 2008, P.3),  tal cadeia é, o modo de produção responsável pela produção e reprodução do território, ao mesmo tempo que o redesenha e o hierarquiza.   
          Antes do turismo vir a ser mais consistente na vila, a presença de turistas era bem pequena, assim como, a estrutura para recebe-los e suprir suas necessidades praticamente não existia, estes é que se adaptavam com o que era disponível naquele momento, “Não havia hotel, não havia pousada, hoje em dia existe... tem hotel, bares.. Os barcos eram todos a vela e atravessavam poucos turistas..  Hoje tem a cooperativa com vários barcos, os turistas que vinham atavam redes nas varandas e debaixo dos cajueiros...” (Dona Hilda, 2016). Pelo relato da entrevistada,  o barco foi o primeiro elemento a existir da cadeia produtiva, porque não havia hotéis e restaurantes, as hospedagens eram feitas nas casas de pescadores e as refeições também, o deslocamento do porto para a vila era  realizado por uma longa caminhada,  “às vezes os pescadores para ganharem um dinheiro a mais carregavam as sacolas até a vila”(Autor)  Não existia carroceiros com a finalidade de transportar turistas, elas apenas existiam para serviços da comunidade como o transporte de materiais de construção, peixe, etc.  Na fala do entrevistado Dico “Teso” ele fala como os turistas se hospedavam e se alimentavam, e dos primeiros carroceiros a se especializarem no transporte de pessoas, “os turistas ficavam na casa do pescador dormiam de baixo cajueiro.... daí começaram a transportar na carroça.... Só tinham duas carroças, o Tralhoto, e o Galo de Ouro que já morreram” (Dico Teso, 2016).
          A diversidade dos serviços com o decorrer do tempo foi crescendo e mudando de acordo com o perfil da demanda turística, e por onde o fluxo de turistas circula na vila estes serviços foram sendo disponibilizados e atuando em rede espacial, dispostos funcionalmente seguindo uma lógica de visitação.        
         O turista ao desembarcar no porto faz uso da carroça até o hotel, depois de se hospedar ele faz uso da carroça em direção aos atrativos naturais como a Praia da Princesa e a Lagoa da Princesa, porém, se o canal que separa a vila da praia estiver cheio em virtude da maré, o turista terá que fazer uso de outro elemento da cadeia, a canoa. Depois da travessia do canal, o turista fará uso de outra carroça, e daí ele segue em direção à praia aonde usará outro elemento da cadeia produtiva, a barraca,
              Seguindo a lógica de visitação do turista e de acordo com o seu deslocamento no espaço, suas necessidades são atendidas e os serviços oferecidos por trabalhadores diferenciados em ambientes e espaços distintos, dispostos de maneira funcional. A lógica de visitação turística obedece o seguinte ciclo mostrado na (Fig.1).

 A lógica de visitação turística
            
Barqueiros: Existem 28 barcos que fazem a travessia para a Vila de Algodoal, todos são associados na Cooperativa dos Lancheiros da Ilha de Maiandeua-Marudá (CLIMAM), geralmente duas pessoas trabalham na embarcação, um piloto e outro ajudante, que trabalha na atracação do barco, ambos do sexo masculino.
Carroceiros: Há 61 carroças e condutores cadastrados na Associação de Carroceiros de Algodoal (AC), que trabalham na atividade de transportar passageiros, apenas uma pessoa trabalha conduzindo a carroça e todos os condutores são homens
Meios de hospedagem:  Existem vários tipos de meios de hospedagem na vila como, Hotéis, Pousadas, Redários, Camping e alguns de uso misto englobando três categorias em um só empreendimento. A empregabilidade varia entre quatro a 15 pessoas, entre homens em mulheres a entidade representativa desse grupo é a Associação dos Empreendedores de Turismo de Algodoal (AETA).
Canoeiros: assim como o carroceiro há apenas um condutor para cada canoa, ao todo são 31 canoas cadastradas e seus respectivos condutores associados na Associação dos Canoeiros de Algodoal (ACA), que fazem a travessia do canal que liga a Praia da Princesa, todos são condutores do sexo masculino.
 Barraqueiros: Geralmente várias pessoas são empregadas no período de feriados e férias, trabalham entre três a 12 pessoas nesses períodos, geralmente são sobrinhos, filhos e outros parentes que vem para aproveitar o feriado e ajudar o pai ou a mãe (proprietários da barraca), e também faturar uma renda extra.
          Nessa lógica de produção, os atores sociais que compõem a cadeia produtiva, também se estabelecem de forma hierárquica pelo capital econômico se posicionando na intenção de quem pode lucrar mais com a atividade.
           Quanto a hierarquia econômica da cadeia produtiva podemos perceber no gráfico abaixo (fig) uma análise do capital financeiro dos elemento da cadeia produtiva, Durante o perído do feriado do final do ano de 2015 para 2016, a análise foi feita durante os dias 30 Dez/ à 02 de Jan/16 com os Hoteleiros, Carroceiros, Canoeiros, e dos Barqueiros foram coletados os dados da CLIMAM entre os dias 26/12/15 ao dia 02/01/16. De acordo com a pesquisa, o tempo que a CLIMAM registrou os dados das entradas dos turistas por passagem vendidas, foi superior em relação ao tempo da coleta de dados realizadas nos hotéis, canoas, carroças e barracas de praia, podendo concluir que se o período da coleta da CLIMAM em relação ao faturamento dos barqueiros se equiparasse com dos outros elementos da cadeia produtiva, a tendência de queda seria perceptível em relação ao barraqueiro seu concorrente mais próximo e aos hoteleiros que estão no topo da cadeia, porém sempre superior em relação aos carroceiros e caneiros. Como podemos notar na tabela mais abaixo (tabela 1)
*OBS 1:   Quatro entrevistados de cada elemento da cadeia.
                 Faturamento em dinheiro ( R$)  totalizando 4 entrevistados
*OBS 2: O calculo dos barqueiros foi realizado da seguinte forma: o total de passagens vendidas no período de 26/12/2015 à 02/01/2016 que foi de11.702.00, sendo que desse total 2.300 foram gratuidades, que subtraindo do total temos, 9.402 pagantes multiplicado pelo valor da pasagem que custa R$ 8,50 vezes 2 pela passagem de ida e de volta, ou seja totalizando R$ 17,00 que se chega  ao total de R$ 159,34,  e depois dividino este valor pelo número de barcos (28 barcos) operando na travessia  se chega ao valor de R$ 5.708,00 para cada barco.
*OBS 3: (Estes dado foram fonecidos pela Cooperativas de Lancheiros da Ilha de Maiandeua e Maruda – CLIMAM)
         Como mostrado anteriormente, território da vila é demarcado por uma lógica de visitação, e no ciclo desta lógica está o elemento central da cadeia produtiva do turismo, o meio de hospedagem, é onde o turista vai habitar temporariamente, ou seja, dormir e se alimentar por um determinado período. Consequentemente, nas proximidades destes meios de hospedagem se forma uma infraestrutura de qualidade visando atender as necessidades dos turistas, esse atendimento de imprescindibilidades significa obtenção de receitas consideráveis para os que desempenham essa função. Isso resulta na formação de uma rede de serviços de qualidade situados nas duas primeiras quadras da vila próximas ao mar, ocasionando uma hierarquização no território, pois, nas outras quadras situadas nas periferias os serviços não são frequentes e   alguns até mesmo inexistentes.
A lógica de visitação é responsável pela produção do território turístico, onde o fluxo transitório de pessoas no espaço e no tempo, em busca do contato com a natureza e lazer, forma modos de produção pelas forças de trabalho que fornecem serviços para atender os turistas, um espaço socialmente produzido.   O território da Vila de Algodoal na atualidade, revela as relações de produção da atividade turística, onde estão localizados portos, hotéis, restaurantes e serviços, em geral de utilização dos turistas e moradores, que contribuem na produção desse território, formando “As “imagens” territoriais revelam as relações de produção e consequentemente as relações de poder, e é decifrando-a que se chega à estrutura profunda. Do Estado ao indivíduo, passando por todas as organizações pequenas ou grandes, encontram-se atores sintagmáticos que “produzem” o território.” (RAFFESTIN, 2005, p.152), ou seja, por onde esse modo de produção percorre, se desenvolve uma infraestrutura de qualidade como: comércio, posto de saúde, água, energia elétrica, comunicação, limpeza pública e etc., porém essa produção do espaço gera uma contradição, ficando aqueles que residem distantes, a viverem desassistidos dessa estrutura e serviços, como os moradores da periferia da vila (Bairro do Camanbá e Baixada Fluminense). A teoria de Milton Santos, enfatiza que “O espaço reproduz a totalidade social na medida em que essas transformações são determinadas por necessidades sociais, econômicas e políticas. O espaço reproduz-se, ele mesmo no interior da totalidades, quando evolui em decorrência do modo de produção e de seus movimentos sucessivos e contraditórios” (SANTOS, 1979,p.56). O espaço físico recebe sua importância a partir da forma como se organiza “e o seu sentido são produtos sociais, são espacialidades, ou seja, espaços produzidos através das relações de forças e de poder que se estabelecem de forma contraditória”. (CORIOLANO, 2003). Nesse território conforme mostra a (FIG.2) temos a visão espacial da Vila de Algodoal em seu mapa de uso do solo, onde a construção de hospedagens, de casas de veraneio, de frente para o mar e de estabelecimento para alimentação (restaurantes), se localizam por onde, a atividade do turismo percorre, da metade para a frente da vila ficando as quadras mais próximas do mangues  como podemos ver na figura abaixo, (Bairro do Camambá e Baixada Fluminense) desassistidas de infra estrutura como, agua, recolhimento de lixo e energia elétrica, comércio em geral, posto de saúde e etc.,
            Este espaço hierarquizado que forma a contradição do Bairro do Camanbá e da Baixada Fluminense, cria o território de resistência de grupos de pessoas que sofrem com contas de energia elétrica altas, cobrança cara de taxas da prefeitura de Maracanã para o funcionamento de pequenas, e taxas de recolhimento do lixo, essas pessoas sofrem uma pressão maior nas fiscalizações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

              Como pode ser visto nessas análises, o turismo causa diversas alterações no território da Vila de Algodoal, mudando a sua funcionalidade por meio das seguintes ações da atividade turística como a compra das casas dos nativos e o modo de produção que redesenha o território causando profundas transformações.  
              Os turistas que frequentam a vila no presente, até os dias de hoje náo perderam práticas do passado e continuam comprando os lotes de terra e casas dos nativos Até o momento o poder público ainda não buscou nenhuma forma de intervenção para frear a compra de lotes dos nativos que ainda perdura, como podemos ver na fig. 2, que já existe residências de veraneio até na área do mangue. Os detentores desse novo modo de produção turística continuam através de uma relação de poder transformando o espaço físico, que beneficia apenas as primeiras quadras da vila ficando as duas últimas desprovidas de serviços básicos como agua, luz, saúde e etc, causando uma contradição no território.  Outro ponto importante a ser considerado que também fica como a responsabilidade por parte do poder público providenciar melhores serviços para as quadras, ou seja descentralizar as melhores condições de moradia que somente aqueles que moram próximo de onde o fluxo turístico transita, onde todas as atenções estão voltadas.

6 - REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

BRASIL, MTUR ,Estudo de competitividade de produtos turísticos / Organizador Luiz Gustavo Medeiros Barbosa. – Brasília, DF: SEBRAE, 2011
CORIOLANO, Luzia. Espaço, Poder e Turismo: Novas configurações geográficas, Universidade Estadual do Ceará, 2003
CRUZ, R. C. (2002). Política de Turismo e Território. Contexto, São Paulo.
FIGUEIREDO, Elida Moura; SANTAN, Graça. A Transformação da Princesa: Relatos de Pesquisa na APA Algodoal/Maiandeua, Maracanã, Pará, Brasil, Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 6, n. 11, jul./dez. 2010
FONSECA, M. A.; COSTA, A. A. (2004). A Racionalidade da Urbanização Turística
em Áreas Deprimidas: o espaço produzido para o visitante. Mercator – Revista de
Geografia da UFC, Ano 3, 6: 25-32.
ISSA,Yara; DENCKER, Ada, Processos de Turistificação: Dinâmicas de inclusão e exclusão de Comunidades Locais, 2006
IPARDES, Cadeia Produtiva do Turismo do Paraná: estudos sobre as regiões turísticas do estado. Curitiba, 2008a.
IUCN/WCPA. Congresso Mundial de Conservação, Outubro, 2008
LEITE, Nathália, Turismo e Território: Um estudo sobre a turistificação de Portimão (Algarve/Portugal)a partir da geografia do turismo, Faculdade de letras de Lisboa 2008.

LIMA, Aline Souza de; PEREIRA, Cleana Barbosa: O Turismo como agente de Mudanças cultural e comportamental dos moradores da Vila de Algodoal Maiandeua/Pará. UFPA. Belém/Pará. 2010

PARÁ, Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente. Plano de Desenvolvimento Ecoturístico da Área de Proteção Ambiental de Algodoal / Maiandeua - APA Algodoal. SECTAM. Belém/Pará. 1999
PARÁ, Governo do Estado. Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental de Algodoal-Maindeua. Belém: SEMA, 2010.
QUARESMA, Helena Dóris de Almeida Barbosa: O Desencanto da Princesa. Belém- PA. NAEA, 2003.
RAFFESTIN, C. Por uma Geografia do Poder. São Paulo: Ática, 1993.Milton.

SANTOS, Milton. Espaço e Sociedade. Petrópolis, Vozes, 1979.

* Bacharel em Turismo, Mestrando em Sociologia e Antropologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH).

1 O efeito multiplicador também chamado de efeito linkeage, é produzido pela sucessão de despesas que tem origem no gasto do turista e que beneficia setores ligados diretamente e os ligados indiretamente ao fenômeno turístico. A unidade monetária recebida por diversas transações cujo número depende do círculo consumidor-renda de cada país ou região. (BARRETO, 2002)

2 Veranista: indivíduos que habitualmente passa o verão fora do local onde reside. (MARQUES,2011)

3 Número total de pessoas que viajam ou desejam viajar para desfrutar das comodidades turísticas e dos serviços em lugares diferentes daquele de trabalho e de residência habitual (1982, apud, OMT, 2001, p.53)

Recibido: 30/11/2016 Aceptado: 11/12/2016 Publicado: Diciembre de 2016

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