Revista: Turydes Revista Turismo y Desarrollo. ISSN 1988-5261


UMA ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO DO GEOTURISMO EM CINCO GEOPARQUES BRASILEIROS

Autores e infomación del artículo

Rita Gabriela Araujo Carvalho

Universidade de Caxias do Sul

Laura Rudzewicz

Universidade Federal de Pelotas

ritagabyar@hotmail.com

Resumo: O presente artigo aborda um segmento do turismo de natureza denominado geoturismo, considerando-o como um importante instrumento para a conservação do patrimônio geológico e da geodiversidade. O geoturismo vem sendo praticado principalmente nos territórios conhecidos como geoparques. O Brasil é o primeiro país das Américas a ter um geoparque integrante da Rede Global de Geoparques (RGG) -o Geopark Araripe, além deste, há outras propostas reconhecidas por decretos em âmbito estadual ou municipal e que aguardam reconhecimento da RGG. Assim, apresenta-se parte dos resultados de uma pesquisa realizada com os coordenadores e gestores de cinco propostas de geoparques brasileiros, tendo como objetivo analisar o desenvolvimento do geoturismo nesses territórios,  caracterizando seu perfil quanto à infraestrutura, serviços e atividades disponíveis, e no que se refere à participação das comunidades nos geoparques e no planejamento do geoturismo. A partir das análises, observa-se que o geoturismo ainda é um segmento pouco praticado nos geoparques pesquisados, no entanto, além do membro da RGG, outros já apresentam iniciativas para desenvolver essa modalidade de turismo.

Palavras-chave: Geoturismo, Geoparques, Patrimônio geológico, Geodiversidade, Geoconservação

Abstract: This article is about a segment of the tourism of nature called geotourism, it is regarded as an important instrument for the conservation of geological heritage and geodiversity. Geotourism is mainly practiced in the areas known as geoparks. Brazil is the first country in America to have a Geopark that is member of the Global Geoparks Network (GGN) - the Geopark Araripe, additionally to this, there are other proposals recognized by decree at the state or municipal level and awaiting recognition of GGN. Through this article it is shown some of the results of a survey applied with the coordinators and managers of five Brazilian geoparks proposed, aiming to analyze the development of geotourism in these areas, featuring their profile on their infrastructure, services and available activities, and regarding the participation of communities in geoparks and geotourism planning. From the analysis, it is noticed that the geoturism is one of the few practiced segments in the researched geoparks, nevertheless, additionally to be member of the GGN, other of them show intentions to develop this type of tourism.
Key words: geotourism - geoparks - geologic heritage - geodiversity - geoconservation



Para citar este artículo puede uitlizar el siguiente formato:

Rita Gabriela Araujo Carvalho y Laura Rudzewicz (2015): “Uma análise do desenvolvimento do Geoturismo em cinco Geoparques brasileiros”, Revista Turydes: Turismo y Desarrollo, n. 19 (diciembre 2015). En línea: http://www.eumed.net/rev/turydes/19/geoparques.html


1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas ocorreu um crescimento no interesse em áreas naturais, aliado à um turismo alternativo, ao qual fez emergir o turismo de natureza e seus vários segmentos de mercado: ecoturismo, turismo de aventura, turismo rural, geoturismo, entre outros. Até então, essas modalidades de turismo abrangiam elementos mais relacionados com a biodiversidade, não enfatizando os elementos geológicos. Surge assim, o geoturismo, sendo considerado um novo tipo de turismo, cujo foco principal é a geodiversidade, praticado especialmente em áreas naturais, mas também em áreas rurais e urbanas (Brilha, 2005).
Nesse sentido, o geoturismo vem se consolidando em vários países europeus, desde o início dos anos 2000, especificamente nos territórios denominados geoparques (Farsani; Coelho; Costa ,2012). Brilha (2005:119) descreve que um geoparque é “uma área em que se conjuga a geoconservação e o desenvolvimento econômico sustentável das populações que a habitam. Procura-se estimular a criação de atividades econômicas suportadas na geodiversidade da região, com o envolvimento empenhado das comunidades locais” Como característica principal dos geoparques destaca-se sua forma de gestão territorial, pois além da preservação do patrimônio geológico nesses territórios, busca-se o desenvolvimento socioeconômico das populações, por meio de atividades sustentáveis.
 Outro fator fundamental para a consolidação desse modelo de gestão territorial é a criação de uma rede global, em que ocorrem trocas de conhecimento e experiências entre diversos países do mundo. O Brasil é o primeiro país da América Latina 1 a possuir um geoparque integrante da Rede Global de Geoparques - RGG, o Geopark Araripe, localizado no nordeste brasileiro, no estado do Ceará.
Ainda, o país possui outros três geoparques instituídos por meio de decretos estaduais ou municipais, porém esses não integram a RGG, sendo eles: Cachoeiras do Amazonas, localizado no município de Presidente Figueiredo, no estado do Amazonas; Ciclo do Ouro, em Guarulhos, no estado de São Paulo; e o Geopark Bodoquena-Pantanal, no Mato Grosso do Sul. Além de possuir decreto, o Bodoquena-Pantanal também apresentou um dossiê de candidatura em 2010, a fim de integrar a RGG. Também foi considerado, para esta pesquisa o Geopark Quadrilátero Ferrífero, localizado na região central de Minas Gerais, não instituído por meio de decreto, no entanto, possuindo um dossiê de candidatura enviado em 2010 à RGG. Outras propostas já foram avaliadas pelo Projeto Geoparques, criado em 2006 pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), empresa governamental vinculada ao Ministério de Minas e Energias, porém essas não foram consideradas nesta pesquisa.
Assim, objetivou-se analisar o desenvolvimento do geoturismo nos seguintes geoparques brasileiros: Araripe, Cachoeiras do Amazonas, Bodoquena-Pantanal, Ciclo do Ouro e Quadrilátero Ferrífero. Os aspectos analisados correspondem a caracterização do perfil dos geoparques, da infraestrutura, serviços e atividades disponíveis em relação ao geoturismo, e da participação das comunidades nos geoparques e no planejamento do geoturismo.

2.BREVE HISTÓRICO DO GEOTURISMO
Conforme Rodrigues e Carvalho (2009), há muito tempo que as pessoas se deslocam para visitar “maravilhas geológicas”. Para Hose (2012), essa modalidade de turismo surge no movimento estético romântico do século XIX, em que os escritores e pintores interpretavam a paisagem de uma forma literal e filosófica. Esse movimento, segundo Hose (2012), influenciou os viajantes e turistas modernos a apreciarem esteticamente as paisagens selvagens ou naturais, sendo as montanhas, as terras costeiras e os penhascos seus lugares preferidos.  Na segunda metade do século XIX, na Inglaterra, a geologia já era considerada uma ciência popular, destacando-se os colecionadores de fósseis e a crescente atividade do turismo geológico:
[...] os interessados em participar de excursões geológicas tinham a chance de escolher entre vários cursos que ofereciam instrução sobre rochas. Aos que preferissem um toque pessoal, o professor William Tour [...] oferecia (de acordo com anúncio por ele veiculado) “aulas particulares a turistas, que lhes proporcionarão conhecimento suficiente para identificar todos os componentes de rochas cristalinas e vulcânicas encontradas nas montanhas européias” (Macfarlane, 2005: 53).
No entanto, o geoturismo moderno teve suas origens na Europa somente no final de 1980 e as primeiras reflexões científicas sobre o assunto surgiram com a publicação do pesquisador inglês Thomas Hose, sendo conceituado como:
[...] a disponibilização de serviços e meios interpretativos para promover o valor e os benefícios sociais de lugares geológicos e geomorfológicos, assegurando assim sua conservação, para o uso de estudantes, turistas e de outras atividades recreativas” (Hose, 2006: 222) 2.

Newsome e Dowling (2006) descrevem que o “geo”, do geoturismo, diz respeito à geologia, à geomorfologia, aos recursos naturais da paisagem, às formas de relevo, às rochas, aos fósseis e aos minerais. Hose (2011) ressalta que a geoconservação e sua difusão serviram como base para o desenvolvimento do geoturismo.
No entanto, as discordâncias quanto à conceituação do termo surgem com  National Geographic Society (NGS), compreendendo- o geoturismo  como “um tipo de turismo que mantém ou reforça as principais características do local a ser visitado, concretamente o seu ambiente, cultura, estética, patrimônio, sem esquecer o bem estar dos seus residentes” (Brilha, 2005:121).
Diversos pesquisadores criticam a amplitude desse conceito da NGS, defendendo um geoturismo com objetivos mais precisos, dando ênfase à valorização dos aspectos geológicos experienciados na prática turística.
Em Hose (2008), as críticas ao conceito da NGS dizem respeito ao fato de ter ignorado todo o trabalho que havia sido realizado anteriormente, reduzindo o geoturismo a um turismo sustentável que possui uma abordagem holística da paisagem. 
Diante da necessidade de esclarecer o significado do termo, a Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (UNESCO) apresenta sua posição na Declaração de Arouca, documento elaborado em 2011 durante oo Congresso Internacional de Geoturismo, em Portugal, colocando-se de acordo com a definição da NGS. Portanto, conforme essa declaração, o geoturismo é entendido como “o turismo que sustenta e incrementa a identidade de um território, considerando a sua geologia, ambiente, cultura, valores estéticos, patrimônio e o bem-estar dos seus residentes.”(Declaração de Arouca, 2011).
No Brasil, Azevedo (2007:23), realizou uma das primeiras interpretações sobre o geoturismo, compreendendo-o como:
[...] um segmento da atividade turística que tem o patrimônio geológico como seu principal atrativo e busca sua proteção por meio da conservação de seus recursos e da sensibilização do turista, utilizando para isto a interpretação deste patrimônio tornando-o acessível ao público leigo, além de promover a sua divulgação e o desenvolvimento das ciências da Terra.
            A partir desse percurso histórico, pode-se observar que, apesar de não haver consenso quanto a conceituação do geoturismo, sua concepção tanto na literatura científica nacional quanto internacional, convergem para uma relação entre o turismo e o patrimônio geológico.
           
3. GEODIVERSIDADE, GEOCONSERVAÇÃO E PATRIMÔNIO GEOLÓGICO

            No turismo, é comum encontrar imagens que evidenciam a beleza cência de paisagens geológicas em materiais promocionais de destinos turísticos. Essas estratégias fazem uso do valor estético das paisagens,  despertando nos viajantes diferentes sentimentos e sensações, com o objetivo de atraí-los para experienciar esses lugares. As formações rochosas, as montanhas, os relevos, as cavernas e as cachoeiras são alguns entre tantos elementos geológicos e geomorfológicos utilizados pelo turismo.
            O reconhecimento e a sensibilização para com o valor intrínseco do meio abiótico é um movimento recente, tanto na sociedade quanto nas geociências. Segundo Brilha (2005:17), “ao contrário do termo biodiversidade, o conceito análogo relativo à diversidade geológica não tem conquistado o mesmo grau de conhecimento junto à sociedade”. Denominada geodiversidade, Gray (2004, p.8) conceitua-a como ''uma gama natural de diversidade geológica (rochas, minerais, fósseis), geomorfológicas (forma da terra, processos) e as características do solo. Isso inclui suas relações, propriedades, interpretações e sistemas3 ''. Brilha (2005:41) salienta que “a geodiversidade encontra-se ameaçada a diversas escalas e em graus distintos. Podemos assistir desde a degradação da paisagem natural à destruição circunscrita a um pequeno afloramento”.
            Nesse sentido, a geoconservação destina-se à conservação dos elementos da geodiversidade. Sharples (2002) ressalta que o principal objetivo é proteger as várias formações rochosas, os elementos geomorfológicos (relevos), as características e processos do solo, bem como a manutenção da evolução natural desses aspectos. Corroborando, Brilha (2005) descreve a geoconservação voltada à gestão dos recursos geológicos de uma forma sustentável, garantindo a conservação de ocorrências de grande valor científico, cultural, pedagógico e turístico, ou seja, os geossítios4 . Por meio da conservação do patrimônio geológico e da geodiversidade, os autores defendem um avanço científico na área das geociências, o ordenamento do território e o incentivo para desenvolver o geoturismo.
            Já o patrimônio geológico, sendo parte da geodiversidade, é considerado aquele que apresenta características excepcionais que merecem ser conservadas.  Para Azevedo (2007:9), o patrimônio geológico é definido como: “recurso documental de caráter científico, de conteúdo importante para o conhecimento e estudo da evolução dos processos geológicos e que constitui o registro da totalidade da evolução do planeta”. A fim de evitar a perda desse patrimônio geológico, cuja importância para a humanidade vai além dos valores geológicos e ambientais, criam-se estratégias de geoconservação como os geoparques.
           
4. GEOPARQUES NO MUNDO E NO BRASIL

            Os geoparques tiveram início após uma reunião realizada em junho de 2000, na Grécia, organizada por representantes de quatro iniciativas que promoviam a conservação do patrimônio geológico e o desenvolvimento sustentável na Europa. Essa reunião impulsionou a criação da Rede Europeia de Geoparques (REG), surgindo os primeiros geoparques na Europa (MC Keever; Zouros, 2005).O objetivo desta nova designação de rede era compartilhar informações e conhecimentos e definir ferramentas comuns para enfrentar problemas referentes ao êxodo rural, índices de desemprego, envelhecimento da população e soluções para conservação do patrimônio geológico.  (MC Keever; Zouros, 2005) Inicialmente integravam a rede quatro países: a Grécia (The Petrified Forest os Lesvos), a Espanha (Maesztrasgo Cultural Park), a França (Reserve Geologique de Haute-Provence) e a Alemanha (Geoparque Gerolstein / Vulkaneifel).
               Nesses territórios, objetiva-se o resgate da cultura local por meio de projetos e iniciativas como a comercialização dos geoprodutos (artesanatos com conotação geológica). Os geoparques também incentivam a conservação por meio de trabalhos educacionais, sendo considerados grandes laboratórios para ensino das geociências (Brilha, 2009).
            Em abril de 2001, a REG recebe a colaboração oficial da UNESCO, a qual passa a desempenhar um importante papel no fortalecimento da rede, utilizando-a como modelo para a construção de uma Rede Global de Geoparques – RGG. A RGG foi criada em 2004, sob o auspício da UNESCO, com o objetivo de disseminar e consolidar os geoparques pelo mundo.
            De acordo com Bacci et al. (2009), na Ásia, em especial na China, os geoparques se encontram em acelerada disseminação, porém no Brasil o conceito é ainda pouco conhecido. Um geoparque difere de uma Unidade de Conservação brasileira e também não se trata de uma nova modalidade de área protegida. Para Schobbenhaus e Silva (2012:16-17) “(...) um geoparque oferece a possibilidade de associar a proteção da paisagem e dos monumentos naturais com o turismo e o desenvolvimento regional”.
            A fim de divulgar essa ideia, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) cria o Projeto Geoparques em 2006, objetivando a identificação, o levantamento, a descrição, o diagnóstico e a divulgação de áreas potenciais no país, bem como o inventário e a quantificação dos geossítios. Após essa etapa, o geoparque precisa criar uma estrutura de gestão e outras iniciativas que integrem entidades públicas, privadas e comunidades locais  (Schobbenhaus; Silva, 2012).
            Conforme Bacci et al. (2009), é notável a resistência da criação de geoparques no Brasil por parte de alguns setores, principalmente aqueles que estão ligados à mineração. No entanto, a criação dessas áreas não impede as atividades minerárias, pois elas não estão vinculados ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). A criação de um geoparque pretende estimular a economia sustentável nas comunidades, por meio da produção de artesanato, oferecimento de hospedagem, alimentação, visitas guiadas e também por requer a convivência com as atividades relacionadas à exploração mineral (Bacci et al., 2009). Apesar de não haver restrições ao desenvolvimento de atividades  socioeconômicas nos territórios dos geoparques, salienta-se que podem estar integrados ou conectados à outras categorias de áreas protegidas.

5. METODOLOGIA

            Este estudo tem caráter exploratório-descritivo, de abordagem quali-quantitativa. Primeiramente, partiu-se para a pesquisa bibliográfica, embasada principalmente na literatura estrangeira, a qual inclui diversos artigos, livros, revistas científicas, teses, dissertações e materiais disponíveis na Internet sobre o assunto. Para a realização da pesquisa foi necessária a escolha de uma amostra intencional, selecionando-se um grupo de geoparques que foi considerado representativo para o estudo (Marconi; Lakatos, 2010).
O grupo escolhido obedeceu alguns critérios, sendo eles: pertencer a RGG, possuir algum reconhecimento legal (decretos estaduais ou municipais), ou ainda, ter apresentado dossiê de candidatura à UNESCO para integrar a RGG. As informações sobre os decretos e os dossiês foram coletadas no livro “Geoparques Propostas do Brasil” (2012). Por intermédio da RGG foi possível identificar o Geopark Araripe, localizado no nordeste brasileiro, no estado do Ceará. Por meio de decretos estaduais e municipais, foram identificados mais três geoparques brasileiros instituídos, sendo eles: Cachoeiras do Amazonas no estado do Amazonas; Bodoquena-Pantanal, abrangendo a serra da Bodoquena, no Mato Grosso do Sul; e o Ciclo do Ouro em Guarulhos, no estado de São Paulo. Embora o Geopark Quadrilátero Ferrífero, localizado na região centro-sudeste do estado de Minas Gerais, não possua decreto estadual ou municipal, submeteu dossiê de candidatura à RGG em 2009 (Schobbeenhaus;Silva, 2012), portanto, considerado neste estudo  
            O instrumento de pesquisa utilizado foi um questionário, disponibilizado online, por meio da utilização do recurso Google Docs, direcionado aos gestores ou coordenadores dos geoparques selecionados. O questionário constituiu-se de questões abertas e fechadas, dividido em duas partes, no intuito de, primeiro, identificar o perfil dos geoparques e, segundo, atingir os objetivos específicos propostos. Inicialmente, o instrumento de pesquisa foi endereçado aos e-mails dos geoparques disponíveis nos websites, e,  em um segundo momento, para os e-mails dos coordenadores das propostas, ficando disponível entre os dias 28 de julho e 10 de agosto de 2013. Além disso, também foi realizado o contato direto com os respondentes, via telefone e rede social, garantindo assim o recebimento de todos os questionários dos selecionados.  Os dados foram organizados no programa Excel 2007 do Microsoft Office e no próprio Google Docs, sendo elaborados gráficos para ilustrar os resultados da pesquisa.

6. CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO

O Geopark Araripe está localizado no sul do estado do Ceará, na Bacia Sedimentar do Araripe, no semiárido nordestino do Brasil. O seu território integra seis municípios: Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri, totalizando um território de 3.796 km². Conforme as informações disponibilizadas pelo website5 , o Geopark Araripe, se encontra em uma região  caracterizada  pelo  importante  registro  geológico  do  período cretáceo, destacando-se os aspectos paleontológicos, entre 150 e 90 milhões  de  anos,  que  apresenta  diversidade paleobiológica em bom estado  de  preservação  .
            O Geoparque Cachoeiras da Amazonas (GCA) localiza-se aproximadamente a 100 km ao norte de Manaus, no município de Presidente Figueiredo, estado do Amazonas. O município foi  fundado em  10 de dezembro  de  1981, possui uma área de 25.422,333 km2 e sua população é de 27.175 habitantes (IBGE, 2013) 6. O GCA está situado em um território que corresponde a 6774 km² no centro-sul de Presidente Figueiredo (Luzardo, 2010).  Nesse, encontra-se, além das cachoeiras e  cavernas,  sítios geológicos/paleontológicos que contam a  história   do planeta compreendida entre as eras paleoproterozóica e cenozóica (Luzardo, 2010).
            O Geopark Bodoquena-Pantanal, que se situa no estado do Mato Grosso do Sul, abrangendo as microrregiões geográficas Bodoquena, Baixo Pantanal e Aquidauana e parte de 11 municípios (Bela Vista, Bodoquena, Bonito, Caracol, Corumbá, Guia Lopes da Laguna, Jardim, Ladário, Miranda, Nioaque e Porto Murtinho). Inicialmente, conforme consta no decreto estadual nº. 12.897 de 22 de dezembro de 2009 (Mato Grosso Do Sul, 2009), o geoparque possuía 39.000 km², no entanto, essa dimensão foi revisada quando enviado o dossiê de candidatura à RGG para a UNESCO no ano de 2010. Portanto, a área passou a ser de 20.000,00 km², considerado por especialistas um território ainda grande, porém, justificável pelo fato de pertencer ao pantanal e possuir valores de excepcionalidade paisagística, culturais e de biodiversidade responsáveis por torná-lo reconhecido em todo o mundo (Rolim; Theodorovicz, 2012).
            O Quadrilátero Ferrífero (QF) é uma região localizada no centro-sudeste do estado de Minas Gerais e ocupa um território de aproximadamente 7.000 km² e a área proposta para o geoparque abrange 6.500 km².  Dentre os vinte e três7 municípios integrantes do geoparque encontram-se vários originados das atividades minerárias e a capital Belo Horizonte. Esse território é internacionalmente conhecido como um terreno do pré-cambriano, portanto, possui significativos recursos geológicos, onde se destacam o ouro e o ferro (Azevedo et.al., 2012).  A população do geoparque corresponde a cerca de 3.150.000 habitantes, sendo a região mais urbanizada do estado.
            O Geoparque Ciclo do Ouro de Guarulhos situa-se na região metropolitana de São Paulo, no sudeste do Brasil, e possui uma área que corresponde a 16.900 ha. O acesso se dá pelas rodovias Presidente Dutra, Fernão Dias e Ayrton Senna, abrangendo seis bairros de forma integral e oito de forma parcial (Aguilar et al., 2012). Guarulhos, considerado o segundo maior município paulista em população, com mais de 1.221.979 habitantes, possui uma área de 318,679 km² (IBGE, 2010). Segundo Aguilar et al. (2012), o geoparque Ciclo do Ouro possui quatorze geossítios e sete sítios históricos culturais descritos. O geoparque abrange a região que inclui parte das Serras da Cantareira e Mantiqueira, que constituem importantes serranias do Planalto Atlântico. De acordo com Aguilar et al. (2012), o cenário de Mata Atlântica primitiva e secundária encontra-se em um avançado estágio de recuperação e apresenta uma rica biodiversidade.

7. ANÁLISE GERAL DO PERFIL DOS GEOPARQUES

            De acordo com os dados coletados, os cinco geoparques pesquisados estão situados em áreas urbanas e rurais, sendo que dois deles integram um só município e os outros três abrangem de 6 a 23 municípios. Portanto, a geodiversidade e o patrimônio geológico não estão associados somente a ambientes naturais nos geoparques brasileiros, mas também a áreas urbanas. Desse modo, há possibilidades para desenvolver o geoturismo em distintos ambientes. Além disso, Newsome e Dowling (2006:7) esclarecem que “o geoturismo pode se concentrar em aspectos culturais e históricos, tais como edifícios construídos a partir de rochas e pedras locais e as diversas formas de atividades de mineração”. Como exemplo, cita-se o Geopark Quadrilátero Ferrífero, onde a história da mineração está presente em vários municípios, percebida nos  monumentos encontrados nas áreas urbanas (Ouro Preto, Mariana, entre outros). 
            A pesquisa demonstrou que três dos geoparques são administrados por órgãos públicos e quatro possuem um grupo ou conselho gestor. O Quadrilátero Ferrífero possui uma forma de gestão compartilhada (pública e privada) e o Ciclo do Ouro ainda não apresenta nenhum tipo de administração, pois se encontra em fase inicial. Em relação as entidades que compõem o grupo ou conselho gestor dos geoparques destacam-se as prefeituras, os institutos, as fundações, as universidades e a CPRM.
            Os cinco geoparques apontaram órgãos municipais e estaduais como os principais agentes apoiadores, sendo que três deles também recebem aporte de instituições federais e dois de organizações internacionais. De acordo com os dados coletados, todos os geoparques declararam receber apoio técnico e cientifico dessas organizações, sendo que três deles também recebem auxílio para a proteção da área e apenas dois recebem apoio financeiro. Em relação à conservação e preservação da biodiversidade, todos os geoparques apresentam conectividade com Unidades de Conservação (UCs) de diferentes categorias.
           
8. ANÁLISE DO GEOTURISMO NOS GEOPARQUES

            No que diz respeito à infraestrutura turística existente nos geoparques, quatro respondentes indicaram os seguintes equipamentos e serviços: centro de visitantes, serviços de guias ou condutores locais, sinalização turística, serviços de alimentação, de hospedagem e de agências respectivas. Além desses, encontram-se em três geoparques serviços recreativos e culturais, lojas de artesanato/souvenires, sanitários, estacionamentos, centros de eventos e transportadoras turísticas. Dois respondentes também indicaram possuir áreas de camping nos limites dos geoparques (figura 01).   
            Observa-se que em quatro geoparques existem equipamentos e serviços que são essenciais para o desenvolvimento do geoturismo como:  centro de visitantes, serviços de condutores locais e sinalização turística. Para desenvolver esse segmento é necessária a instalação de serviços e equipamentos turísticos que oferecem suporte aos elementos relacionados a geodiversidade e ao patrimônio geológico (Newsome; Dowling, 2006). Esses equipamentos e serviços, além de serem a base do geoturismo, também servem para o desenvolvimento de outros segmentos do turismo. Cabe salientar que essa infraestrutura turística precisa estar de acordo com as estratégias de geoconservação implantadas nesses territórios, além de oferecer serviços que proporcionem satisfação das necessidades dos turistas.
            As modalidades de turismo mais frequentes nos geoparques analisados são: o turismo pedagógico, o turismo de aventura, o turismo científico, turismo cultural e o ecoturismo (quatro ocorrências cada). Ainda foram indicados por três respondentes o turismo religioso e o turismo de eventos. O geoturismo aparece apenas em dois geoparques, e o turismo rural com uma ocorrência (figura 02).

            Visto que os geoparques possuem diversos atrativos ligados a cultura e a natureza, é possível desenvolver outras modalidades de turismo, de forma integrada ao geoturismo. É viável e desejável essa ligação do geoturismo com outros segmentos como o ecoturismo, o turismo cultural e o turismo de aventura, pois todos poderão utilizar e valorizar elementos da natureza e da cultura na sua prática (Dowling; Newsome, 2010). Portanto, verifica-se que os geoparques apresentam variadas formas de turismo que valorizam os elementos arqueológicos, históricos, antropológicos e naturais (biodiversidade), bem como a realização de eventos e valorização das questões religiosas. No entanto, é importante salientar que o turismo nos geoparques requer o desenvolvimento de estratégias administrativas para planejar e monitorar o fluxo de visitantes, tendo como  objetivo  a redução do impacto nas comunidades locais e nos elementos bióticos e abióticos pois somente o Araripe indicou possuir controle de visitação,  dentre os quatro geoparques que já desenvolvem atividades turísticas.
O gráfico a seguir mostra as atividades turísticas desenvolvidas nos geoparques selecionados. Dentre elas, destacam-se as atividades educativas, as caminhadas, as trilhas ecológicas e as atividades de aventura, existentes em quatro geoparques. Seguidas pela visitação nos geossítios, atividades culturais, educação ambiental e observação de animais (três ocorrências cada). Em dois geoparques desenvolvem-se georoteiros, cicloturismo, atividades de pesca e passeios em veículos motorizados. Apareceram com menos frequência as cavalgadas e os passeios em antigas minas (uma ocorrência cada). Nenhum geoparque realiza atividades relacionadas à caça de animais (figura 03).

Percebe-se que há uma diversidade de atividades sendo desenvolvidas nos geoparques, no entanto, as mesmas não estão associadas diretamente ao geoturismo, já que a visitação nos geossítios e a realização de georoteiros, mais específicas a essa modalidade de turismo, não estão presentes em todos os geoparques pesquisados. No entanto, foi verificado o desenvolvimento de outras atividades ligadas a educação e a valorização dos elementos da biodiversidade (trilhas ecológicas, caminhadas, observação de animais, etc). Associando as atividades turísticas com as modalidades de turismo praticadas, pode-se dizer que predominam as atividades educativas, ecológicas e de aventura, sendo ainda pouco expressivas as atividades específicas do segmento geoturismo.
No que se refere aos meios de interpretação existentes nos geoparques, quatro respondentes indicaram a sinalização e placas indicativas, guias e mapas, centros de visitantes e palestras. Foram selecionados por três gestores os seguintes meios interpretativos: trilhas guiadas, exposições, museus, trilhas interpretativas, mirantes e painéis interpretativos. Com duas indicações apareceram as visitas noturnas, as atividades relacionadas ao teatro e representações, as atividades lúdicas, a utilização de recursos audiovisuais e a existência de um centro de interpretação ambiental. Os itens publicações interpretativas e cartazes receberam uma indicação cada (figura 04).

Os meios de interpretação ambiental podem ser classificados em personalizados e não personalizados. Os personalizados incluem a presença do educador-intérprete que interage com o público, e os não personalizados utilizam-se apenas de materiais ou equipamentos para realizar a interpretação (VasconcelloS, 2006). Nota-se que os geoparques utilizam-se de ambos os tipos de meios interpretativos, sendo os mais desenvolvidos a sinalização, os guias/mapas, centro de visitantes e as palestras. Um dos meios de interpretação ambiental que é inexistente nesses geoparques são as trilhas autoguiadas, que poderiam ser desenvolvidasuma vez que permitem que as informações estejam sempre a disposição do visitante (Vasconcellos, 2006). A interpretação ambiental é um dos elementos chave do geoturismo e também na divulgação do patrimônio geológico para os visitantes e comunidades. É através da interpretação ambiental que o turista passará a relacionar-se com os aspectos geológicos, além da mera apreciação estética (Carcavilla et al., 2011).
            De acordo com os respondentes, nos geoparques existem projetos e programas que estão sendo desenvolvidos para subsidiar a consolidação do geoturismo, entre eles destacam-se: sinalização interpretativa, instalação de painéis interpretativos, criação de mapa geoturístico, criação de roteiros geoturísticos, implantação de geossítios, treinamento de guias, criação de geoprodutos, participação mais efetiva da comunidade, inclusão de roteiros na programação das escolas e universidades locais, capacitação, realização de eventos e feiras.
            Na visão de três gestores, o geoturismo é compreendido como aquele que está vinculado aos aspectos geológicos, buscando a valorização e preservação do patrimônio geológico. Já outro respondente mostrou-se de acordo com o conceito de geoturismo da National Geographic Society (NGS), ou seja, que além da geologia, inclui os aspectos referentes à cultura, o meio ambiente, os valores estéticos e o bem-estar dos seus residentes. Um dos gestores não respondeu a essa questão.

9. PARTICIPAÇÃO DAS COMUNIDADES NOS GEOPARQUES E O GEOTURISMO

            No que diz respeito a participação da comunidade, os cinco respondentes afirmaram que houve envolvimento desta na criação e ações iniciais relacionadas aos geoparques. Foi indicado que a participação das comunidades em quatro geoparques ocorreu por meio de parcerias com as prefeituras, divulgação do projeto, realização de palestras de sensibilização e contato com as associações e lideranças. Os fóruns de discussões receberam três indicações, enquanto a pesquisa social, a pesquisa de opinião, os cursos e as capacitações apareceram em apenas um geoparque cada (figura 05). Além dessas formas de participação, foi ressaltada a audiência pública para aprovar o decreto municipal no Geoparque Cachoeiras do Amazonas. No Ciclo do Ouro foi indicada a forma de parcerias com organizaçãoes não governamentais (ONGs).

            Apresentando uma proposta que se diferencia dos parques nacionais,  os geoparques  pretendem impulsionar o desenvolvimento sustentável e a geração de trabalho e renda para as comunidades (Brilha, 2005). Com base nas respostas obtidas é possível identificar que os itens capacitação e cursos foram ações recorrentes em apenas um geoparque cada. Dessa forma, pressupõe a necessidade de um maior desempenho dos representantes dos geoparques nesse quesito. De acordo com Moreira (2011), em relação ao geoturismo, a capacitação da população do entorno para atuar como condutores e para desenvolver atividades relacionadas à produção de artesanato são ações primordiais na etapa de planejamento. A postura dos condutores ou guias locais influencia diretamente na atitude que o visitante terá em relação ao ambiente (VASCONCELLOS, 2006).
            No que diz respeito às funções desempenhadas pela comunidade na operação das atividades turísticas, quatro respondentes afirmaram que são existentes no geoparque. Dentre as atividades desenvolvidas pelas populações teve maior destaque a condução de visitantes (3), seguida das funções relacionadas à limpeza, manutenção, serviços de transportes, venda de artesanato, serviços de hospedagem, voluntários, serviços de alimentação, atividades técnicas e de pesquisa, parcerias com as escolas/universidades e comerciantes, as quais foram indicadas duas vezes cada. A participação de membros da comunidade no grupo gestor e na administração da área apareceu em um único geoparque (figura 06). A respondente, representante do Geoparque Ciclo do Ouro, destacou a participação da comunidade no Conselho Municipal de Turismo - COMTUR que desenvolve ações relacionadas ao segmento ecoturismo no corredor serrano Cantareira- Mantiqueira.
        
            É de grande importância que a população, além de atuar em diversas funções no geoparque, também participe no processo de planejamento e desenvolvimento da proposta e na oferta de produtos e serviços turísticos. De acordo com os resultados alcançados, a participação da comunidade no grupo gestor e na administração é ainda incipiente nos geoparques. No processo de planejamento é essencial que a comunidade sinta-se integrada para que conheça e valorize as ações do geoparque e como consequência, a geodiversidade, o patrimônio geológico, a biodiversidade, o patrimônio cultural, etc. Somente três gestores mencionaram o número de pessoas da comunidade envolvidas nessas funções, sendo que o Geopark Araripe apresenta a maior quantidade (45), seguida do Cachoeiras do Amazonas (10) e do Ciclo do Ouro (5). O Geoparque Bodoquena - Pantanal não soube informar a quantidade de envolvidos. De forma geral, apesar de ser considerado baixo o número de pessoas da comunidade envolvidas com o turismo atualmente nesses geoparques, destaca-se que o Cachoeiras do Amazonas, o Bodoquena- Pantanal e o Ciclo do Ouro encontram-se em fase de implantação da proposta. 
            Em relação a forma como ocorre ou ocorrerá a participação da comunidade no desenvolvimento do geoturismo nos geoparques, as respostas foram: o treinamento de guias, o envolvimento de escolas com as atividades lúdicas, o oferecimento de produtos e serviços, o resgate das tradições locais, a formação e capacitação de profissionais, a formação de mão de obra voltada aos geoprodutos e o desenvolvimento de roteiros para escolas das comunidades.
            No que se refere à contribuição do geoturismo no desenvolvimento socioeconômico local, sob a visão dos respondentes, de forma geral, foi identificado que esse segmento pode trazer recursos financeiros (3), qualificação da oferta turística (2), aumento do tempo de permanência dos turistas na região (2), valorização de produtos locais (2), valorização da cultura local (1), apropriação do legado geológico, arqueológico, histórico e cultural pela comunidade (1) e envolvimento da comunidade (1). Portanto, os gestores dos geoparques pesquisados visualizam tanto os benefícios econômicos, quanto sociais e ambientais, atrelados ao desenvolvimento do geoturismo nesses territórios. Na visão dos respondentes, essa modalidade de turismo poderá contribuir para a proteção do patrimônio geológico e da geodiversidade nos geoparques da seguinte forma: divulgação do patrimônio geológico (2), sensibilização dos visitantes para o valor do patrimônio geológico (1), desenvolvimento de projetos educativos (1), aporte de recursos financeiros (1) e a preservação do patrimônio geológico por meio de atividades sustentáveis (1).

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

            O presente trabalho analisou o desenvolvimento do geoturismo em cinco geoparques brasileiros. Observou-se que o geoturismo nos geoparques é um segmento ainda pouco realizado, prevalecendo outras modalidades turísticas como o ecoturismo, o turismo pedagógico, o turismo cultural, o turismo de aventura e o turismo científico. Nenhum geoparque apresentou um plano para o desenvolvimento do geoturismo, no entanto, verificou-se que algumas iniciativas importantes já estão sendo planejadas e realizadas como: o envolvimento das comunidades nas discussões, a capacitação dos condutores locais, a realização de oficinas, a construção de meios de comunicação (website), a instalação de equipamentos e serviços turísticos, bem como de meios de interpretação ambiental.
            O Geopark Araripe apresentou melhores condições atuais para desenvolver o geoturismo, mas cabe ressaltar que os outros pesquisados como o Bodoquena- Pantanal, o Cachoeiras do Amazonas e o Quadrilátero Ferrífero, mesmo estando em fase de implantação, e sem integrar a RGG, já possuem iniciativas em relação ao geoturismo. Esses estão localizados em regiões onde o turismo já é uma atividade socioeconômica expressiva, apresentando a existência prévia de uma infraestrutura turística significativa, oportunizando assim o processo de planejamento e gestão do geoturismo.
            Baseado nas respostas dos gestores e coordenadores quanto ao número de pessoas envolvidas com essa atividade e nas funções desempenhadas por elas, não se pode afirmar uma relação direta entre geoturismo e desenvolvimento socioeconômico local. Isso evidencia a necessidade de uma maior participação das empresas locais e de uma melhor preparação e inserção das comunidades para que possam participar e usufruir dos benefícios socioeconômicos do geoturismo.
            É necessário esclarecer ainda que, mesmo aqueles geoparques que não possuem o apoio da UNESCO e não integram a RGG, precisam zelar pelas responsabilidades sociais e ambientais, incentivando o desenvolvimento sustentável nas regiões onde se inserem.  Primeiramente, parece ser importante consolidar os geoparques em seus territórios, possuindo um reconhecimento no âmbito local/regional e fazendo do geoturismo uma estratégia de geoconservação, para posteriormente, aspirar a um reconhecimento internacional. O apoio financeiro e técnico para a consolidação das propostas também é de extrema importância, bem como a participação de todos os atores sociais envolvidos, incluindo as empresas e órgãos ligados ao turismo na região.
            Sugere-se que sejam realizados estudos com as comunidades locais, a fim de identificar sua visão em relação à implantação dos geoparques. Também se percebe a importância de realizar diagnósticos e inventários turísticos nessas áreas para obter informações referentes à oferta turística disponível. A partir disso, pode-se avaliar a qualidade dos meios interpretativos, da infraestrutura e dos serviços turísticos oferecidos nos geoparques. Sendo o geoturismo um novo segmento, estudos sobre a demanda e o perfil dos geoturistas são essenciais. Os temas geoturismo e geoparques necessitam de aprofundamento teórico, principalmente no Brasil, de forma a contribuir com a efetivação das propostas e sua relação com o desenvolvimento socioeconômico local.

REFERÊNCIAS
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1 Observação: Em setembro de 2013 outro geoparque da América Latina vem a integrar a RGG (Geopark Grutas Del Palacio no Uruguai)

2 Tradução própria

3 Tradução própria

4 “Ocorrência de um ou mais elementos da geodiversidade (aflorantes, seja pelo resultado da ação de processos naturais,bem como devido à intervenção humana) bem delimitado geograficamente e que apresente valor singular do ponto de vista científico, pedagógico, cultural, turístico, ou outro” (Brilha, 2005:p.32).

5 GEOPARK ARARIPE. Recuperado em 18 de agosto de 2013 de <http://geoparkararipe.org.br/>.

6 IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Recuperado em 4 de agosto de 2013 de <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel. php?codmun=130353>.

7  GEOPARK QUADRILÁTERO FERRIFERO. Recuperado em 20 de julho de 2013 de <http://www.geoparkquadrilatero.org>.


Recibido: 30/11/2015 Aceptado: 20/12/2015 Publicado: Diciembre de 2015

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