César Augusto Soares da Costa (CV) *
Quais os rumos que o professor universitário dever seguir para ter um bom desempenho na sala de aula? Que perspectivas incidem sobre o seu papel pedagógico? Onde se configuram as relevâncias práticas de sua função na Academia? Assim a publicação A Gestão da aula universitária na PUCRS, muito bem organizada pelas docentes, Marlene Grillo, Ana Lúcia Freitas, Rosa Maria Gessinger e Valderez Marina do Rosário teve princípio na experiência do trabalho de formação docente desenvolvido pela Pró-Reitoria de Graduação da Universidade. De maneira especial, o curso Docência na Educação Superior da PUCRS, realizado pela Coordenadoria de Ensino e Desenvolvimento Acadêmico, desde 2007, gerou a necessidade de sistematizar referenciais que contribuam para o aperfeiçoamento da docência universitária assim como para o desenvolvimento da identidade profissional docente na Faculdade. Tais questionamentos, assumidos pelos organizadores desta obra constituem uma entrada para o aprofundamento teórico da reflexão sobre a prática e expressam a intenção de destacar o valor do conhecimento pedagógico para a constituição do conhecimento profissional docente.
No primeiro capítulo, A Docência na Educação Superior da PUCRS, apresenta o histórico do trabalho de formação na PUCRS como ponto de partida para contextualizar a reflexão atual, enfatizando o valor da experiência que nela se inscreve. Em seguida, os outros capítulos são abordados por questionamentos que traduzem a intenção de pôr em diálogo o conhecimento pedagógico com a experiência profissional docente na Universidade. De modo breve, nesta resenha assinalamos os artigos que consideramos mais provocantes para a temática em questão abordada pela obra.
Em Por que o professor faz o que faz na sala de aula?, desenvolve a compreensão de que, entre outros elementos, a prática do professor resulta de seu entendimento acerca de como ocorrem as relações entre o ensinar e o aprender. Embora nem sempre consciente, o modo como o professor ensina é bastante revelador das concepções implícitas em sua prática. Como mobilizar o aluno para o aprender?, provocação que orienta a reflexão do quarto capítulo, traduz a intenção de problematizar a participação ativa tanto do professor quanto dos alunos na construção de uma “boa aula”, considerando a co-responsabilidade de ambos como sujeitos dos processos de ensinar e de aprender. Como a avaliação pode contribuir para a aprendizagem? é o tema que organiza o quinto capítulo, problematizando as relações entre ensino, aprendizagem e avaliação, tendo em vista a promoção da autonomia. As dimensões conceituais e operacionais da avaliação e a autoavaliação como metacognição são desafios que se apresentam à inovação da aula universitária e à alteração das relações professor-aluno-conhecimento.
Em A pesquisa em sala de aula é a reflexão inicial, justamente por considerar que a gestão da aula não é algo estático, nem se reduz à aplicação de procedimentos, mas requer a ação-reflexão contínua e vigilante sobre a complexidade das relações que se estabelecem entre as intenções docentes e as expectativas discentes, bem como ao que emerge nessa interação. Trata-se de compreender que a aula é, em si mesma, um processo dinâmico, em que professor, alunos e o próprio objeto de conhecimento implicam-se entre si, (trans)formando-se no percurso de ensinar e de aprender. Compreendida dessa forma, toda a ação docente pressupõe uma atitude investigativa a ser exercida na dinâmica da aula. As abordagens sobre a aula expositiva e a aula expositiva reinventada desafiam a atualização desse procedimento, à luz das compreensões atuais acerca das relações entre o ensinar e o aprender, bem como das peculiaridades que se apresentam ao cenário da aula de graduação hoje.
Os textos podem ser lidos isoladamente, mas precisam ser compreendidos no contexto da intencionalidade que os articula, qual seja, refletir sobre a qualidade da gestão da aula universitária. Direta ou indiretamente, cada um dos capítulos contém a contribuição da experiência e da reflexão com os professores da PUCRS, bem como as nossas próprias aprendizagens no processo de trabalho com a formação docente. A organização desta obra permite retomar conceitos, rever práticas e perceber as infinitas possibilidades de alteração da dinâmica da aula, considerando a intenção de que professor e alunos sejam sujeitos ativos no processo de conhecimento. Em geral, os textos desta publicação merecem devido respeito por se complementarem no esclarecimento de conceitos, bem como na apresentação de alternativas práticas propondo desafios não somente aos professores da PUCRS, como também de outras Universidades na qualificação de sua ação pedagógica.
* Sociólogo e Pesquisador. Mestre em Teologia/PUCRS, Bacharel em Ciências Sociais/UFPEL e em Teologia/UCPEL. Professor convidado no Complexo de Ensino Superior de Santa Catarina/CESUSC na cidade de Pelotas nos cursos de Pós-Graduação em Educação.
|
Los autores interesados deben enviar sus textos en formato DOC a: lisette@eumed.net junto a un resumen actualizado de su CV.
Director |
|