Contribuciones a las Ciencias Sociales
Noviembre 2013

RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: UMA AVALIAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS NA EMBRAPA, BRASIL



Jean Kleber de Sousa Silva (CV)
Rossicléa Ferreira Do Nascimento (CV)
Fabricio Quadros Borges (CV)
doctorborges@bol.com.br
Colegio de Universidade da Amazônia





Resumo: O estudo objetiva avaliar o desempenho do Núcleo de Responsabilidade Socioambiental da Embrapa Amazônia Oriental - NURES através da mensuração da percepção e participação dos colaboradores da Embrapa lotados em Belém, Pará, Brasil. A metodologia, de natureza descritiva e exploratória, utilizou questionários junto a 127 empregados. A investigação constatou que a participação dos empregados nas atividades do Núcleo de Responsabilidade Socioambiental da Embrapa Amazônia Oriental revelou-se pequena, o que não foi impeditivo para que o núcleo viesse a fazer parte do portfólio de ações positivas da empresa.
Palavras-chave: Responsabilidade Social Empresarial. NURES, Embrapa. Socioambiental.

Abstract: The study aims to evaluate the performance of the Center for Environmental Responsibility Embrapa Amazônia Oriental - nures by measuring the perception and involvement of employees Embrapa crowded in Belém, Pará, Brazil. The methodology is descriptive and exploratory, we used questionnaires to 127 employees. The research found that employee participation in the activities of the Center for Environmental Responsibility Embrapa Amazônia Oriental proved small, which was not impediment to the core were to be part of the portfolio of the company's positive actions.
Key words: Corporate Social Responsibility.  NURES. Embrapa. Social and environmental.


Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
de Sousa Silva, J., Ferreira do Nascimento, R. y Quadros Borges, F.: "Responsabilidade social empresarial: uma avaliação da participação dos funcionários na Embrapa, Brasil", en Contribuciones a las Ciencias Sociales, Noviembre 2013, www.eumed.net/rev/cccss/26/embrapa.html

1. INTRODUÇÃO

As políticas que visam mitigar os impactos negativos sofridos pelas “minorias” - as aspas se justificam pelos dados PNAD 2009 (IBGE) os quais mostram que mulheres e negros equivalem à metade da população brasileira – não apresentam, ainda, o volume necessário para que se atinja uma sociedade mais igualitária. Além disso, outros aspectos como desrespeito ao meio ambiente, concentração de renda, conduta aética e distanciamento da sociedade fazem com que as empresas não sejam vistas como socioambientalmente responsáveis. Porém a Responsabilidade Social Empresarial vem a cada dia ocupando mais espaço na sociedade, cresce gradativamente o número de organizações que implementam ações afirmativas para estabelecerem equidade de gênero, oportunidade para todas raças/etnias, acessibilidade aos portadores de necessidades especiais, democratização da gestão, envolvimento dos parceiros e respeito a legislação e ao meio ambiente.
Um exemplo disso é a Embrapa Amazônia Oriental, a qual não possuía nenhuma ação planejada e voltada à responsabilidade socioambiental empresarial, mas recentemente incorporou à estrutura o CLGA (Comitê Local de Gestão Ambiental) e o NURES (Núcleo de Responsabilidade Socioambiental) que em conjunto com outras ações gerenciais vem ajudando a estabelecer uma imagem positiva no tocante à conduta socioambiental dessa unidade da Embrapa.
Apesar do seu pouco tempo de existência o Núcleo de Responsabilidade Socioambiental da Embrapa Amazônia Oriental já faz parte do portfólio de ações sociais da empresa nacionalmente e já foi agraciado com algumas premiações importantes como o Prêmio Samuel Benchimol com o segundo lugar na categoria Natureza Social e o primeiro lugar na categoria Educação Ambiental do Prêmio CREA-PA Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
Contudo esse reconhecimento externo pode determinar que o NURES seja uma proposta vitoriosa? Como ele é visto pelo público interno da Embrapa Amazônia Oriental? Qual o grau de envolvimento dos empregados da empresa? Esses são alguns questionamentos que essa pesquisa se propõe a responder.
Justifica-se a pesquisa o fato de que após a Revolução industrial as empresas ocuparam lugar de destaque no contexto político-econômico mundial, no entanto deixaram para trás um significativo passivo socioambiental. Apesar de um grande número de organizações não ter agregado programas de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) por entenderem que essa é uma responsabilidade do Estado, as empresas e seus gestores vivem um novo momento quanto a sua interação com a sociedade, remetendo a um comprometimento e participação na construção do bem-estar de seus stakeholders.
A globalização é a realidade do século XXI e, impõe mudanças e transformações no mundo que por sua vez refletem em toda uma conjuntura econômica, política e social o que leva as empresas e seus gestores a reverem seus valores e comportamento com vistas a continuidade do planeta, ou seja, o  respeito ao meio ambiente e à sociedade para evitar possíveis catástrofes no futuro e garantir a sobrevivência da humanidade.
Para responder aos questionamentos acima propostos à investigação objetiva avaliar o desempenho do Núcleo de Responsabilidade Socioambiental da Embrapa Amazônia Oriental e, como objetivos específicos: identificar ações sociais individuais dos colaboradores que possam ser agregadas ao NURES; verificar o grau de comprometimento do nível estratégico da Embrapa Amazônia Oriental com a gestão responsável em âmbito social e ambiental; pesquisar o índice de desempenho das atividades desenvolvidas pelo projeto de responsabilidade socioambiental da Embrapa Amazônia Oriental - NURES; e Identificar meios de sensibilização dos colaboradores para prática de ações de cunho socioambiental. Visando atingir os objetivos propostos realizou-se uma pesquisa descritiva na qual foi levantada a opinião e analisada as atitudes dos clientes internos em relação ao foco do objeto a ser estudado, além de observação in loco das atividades desenvolvidas pelo NURES, utilizando como ferramentas: pesquisa bibliográfica, de campo e estudo de caso.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

O que viria a ser Responsabilidade Social Empresarial tornou-se público a partir do julgamento da questão da responsabilidade e discricionariedade dos dirigentes de empresas abertas ocorrido em 1919, quando a Justiça Americana julgou o caso Dodge versus Ford. Estava em litígio o limite do poder de decisão de um executivo - Henry Ford, presidente e acionista majoritário – em detrimento aos demais acionistas. Ford, em 1916, decidiu não distribuir parte dos dividendos aos acionistas, direcionando tais recursos para investimentos na capacidade de produção, aumento de salários e fundo de reserva para a redução esperada de receitas devido ao corte nos preços dos carros. Os acionistas John e Horace Dodge obtiveram êxito junto a Suprema Corte de Michigan a qual alegou que a finalidade da corporação é beneficiar seus acionistas, cabendo aos dirigentes apenas proporcionar lucro e não a sua utilização para qualquer outro fim (ASHLEY et al., 2003).
Desde então vários embates foram travados ao que tange a discricionariedade dos dirigentes, a quem cabe a Responsabilidade Social, o papel do Estado e das empresas na sociedade e sua importância na construção de um mundo mais justo. Para o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social (2007) a “Responsabilidade Social Empresarial (RSE) implica práticas e engajamento da empresa com todos os públicos ligados a ela, a partir de um relacionamento ético e transparente”. Na percepção de Zenone (2006, p.7) a RSE está “ligada às obrigações legais e econômicas da empresa, mas também é necessário incorporar certas responsabilidades para com a sociedade de um modo geral”. Carroll (1979) apud Oliveira (2008, p.71) ressalta que a “responsabilidade social de uma empresa engloba as expectativas econômicas, legais, éticas e filantrópicas que uma sociedade tem das organizações em um determinado momento”. Já Machado Filho (2006) se vale da descrição utilizada pela Business Social Responsibility (BSR) a qual de forma ampla, expressa Responsabilidade Social Empresarial como sendo as “decisões de negócios tomadas com base em valores éticos que incorporam as dimensões legais, o respeito pelas pessoas, comunidades e meio ambiente”.
Dois aspectos dos conceitos descritos necessitam de um olhar mais meticuloso por se tratarem de questões fundamentais para a concepção de RSE, um deles é a ética, que pode ser vista como uma reflexão filosófica sobre a moral com influencia no comportamento humano no que tange as tomadas de decisão entre bem e mal, certo e errado, permitido e proibido. (ALENCASTRO, 2010, p.31)
A ética se mostra “extremamente necessária para regular e manter a vida humana em harmoniosa convivência” (TRASFERETTI, 2009). De nada vale primar pela qualidade dos bens e serviços gerados sem zelar pelo meio ambiente, nem tampouco cumprir a lei, mas fazer uso de poluentes e grande consumo de energia
Outro aspecto a se considerar é a ambiência necessária para a construção da Responsabilidade Social Empresarial que por se tratar de uma conceituação multi, inter e transdisciplinar pressupõem um contexto de Desenvolvimento Sustentável (DS). Em 1987 a Comissão Mundial da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), presidida por Gro Harlem Brundtland e Mansour Khalid, apresentou um documento chamado Our Common Future, mais conhecido por Relatório Brundtland o qual notabilizou o mais usual conceito de DS, o relatório expressa que "Desenvolvimento sustentável é desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades" (COSTA, 2008).
Apesar da similaridade entre os conceitos apresentados é evidente a inexistência de um pensar pacificado quanto ao papel das empresas na sociedade e o limite da autonomia dos gestores quanto à destinação / aplicação do lucro, o antagonismo entre as linhas de pensamentos defendidas pelos teóricos que abordam a RSE, dividem-se em visão clássica e visão contemporânea, onde a visão clássica ou dos stockholders a qual tem como principal defensor o prêmio Nobel em economia Milton Friedman, baseia-se na argumentação de que os gestores têm como missão o incremento do lucro e o aumento do valor da empresa, e ao torná-la mais eficiente garantirá sua função social e preservará o direito de propriedade aos sócios e acionistas, cabendo a esses decidirem, tendo como referencias seus próprios valores, se devem ou não desenvolver atividades de cunho social (MACHADO FILHO, 2006, p. 4). Ao olhar de Certo e Peter (1993) a visão clássica implica na não participação da empresa em atividades que vão além das responsabilidades relativas ao seu negócio, sendo sua responsabilidade na sociedade a geração de emprego e renda, e a satisfação das necessidades e desejos de seus clientes.
Em contraposição à visão clássica observa-se à visão contemporânea ou dos stakeholders, Machado Filho (2006) cita Edward Freeman como sendo o primeiro autor a discutir explicitamente essa linha de pensamento em seu artigo publicado em 1994: “The politics of stakeholder theory: some future directions”, propondo que a alocação de recursos organizacionais deve obrigatoriamente avaliar o impacto a todos os envolvidos seja dentro ou fora da organização. O autor propõe ainda a divisão dos grupos de interesse em: Stakeholders Primários (acionistas e credores) os quais são os que mais claramente detêm os direitos legais sobre os recursos organizacionais; e Stakeholders Secundários (comunidade, funcionários, consumidores, entre outros) cujos direitos nem sempre estão estabelecidos em lei, ou até mesmo baseados em critérios de legalidade ou preceitos éticos. Ao descreverem que as empresas “são vistas como importantes e influentes membros da sociedade, sendo responsáveis a manter e melhorar o bem-estar da sociedade como um todo” Certo e Peter (1993, p. 280) estabelecem uma síntese quanto à importância dessas no contexto social.
Mundialmente um grande número de organizações ainda não incluiu em seus portfólios programas de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) por entenderem que essa é uma responsabilidade do Estado. No Brasil o cenário chega a ser mais complexo, considerando que não há esse tipo de cultura por parte dos gestores das organizações nacionais.
Contudo, rupturas de paradigmas relacionados ao declínio dos países socialistas, o fim do Welfare State, o neoliberalismo e a globalização impuseram mudanças e transformações em todo o mundo, com reflexos contundentes na conjuntura econômica, política e social, levando as empresas e seus gestores a reverem seus valores e comportamento com vista a sua sobrevivência, exigindo que seja vivenciado um novo momento quanto a sua interação com o planeta e a sociedade. Remetendo ao engajamento de fato na construção do bem-estar de seus stakeholders, ao uso racional dos recursos naturais e a continuidade do planeta com respeito ao meio ambiente para evitar possíveis catástrofes no futuro da humanidade.

3. METODOLOGIA

O local de estudo nesta investigação é a EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, criada em 26 de abril de 1973 e vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, tendo hoje como missão viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agricultura, em benefício da sociedade brasileira. Atua por meio de suas 45 Unidades de Pesquisa e Serviços, além de 15 Unidades Administrativas. Presente em quase todos os Estados da Federação desenvolve suas atividades nos mais diferentes biomas brasileiros. Ao longo de sua história fez grandes investimentos no treinamento de seu capital humano, a Embrapa possui hoje em seus quadros 8.944 empregados, dos quais 2.024 são pesquisadores - 21% com mestrado, 72% com doutorado e 7% com pós-doutorado. O orçamento da Empresa para 2010 é de  um bilhão e oitocentos e sessenta e três mil reais. A Embrapa Amazônia Oriental é uma das 45 Unidades de Pesquisa e Serviços da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, sua missão é “Viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agropecuária, agroindústria e floresta e contribuir para a conservação do capital natural da Amazônia Oriental em benefício da sociedade”. Possui 493 empregados e um estrutura técnico-administrativa de 12 laboratórios, 5 Núcleos de Apoio a Pesquisa (NAPT), 11 Campos Experimentai e 4 Núcleos Temáticos (NT), além de um forte aparato administrativo que garante um solido suporte a sua atuação na geração de tecnologias em consonância com as diferentes realidades socioambientais com as quais trabalha. Tem na construção de seu Plano Diretor o ápice da participação de seus clientes internos e externos, prestadores de serviços e fornecedores.
A pesquisa é descritiva, segundo Gil (2005, p 38) caracteriza-se em levantar as opiniões, atitudes e crenças de uma população sem interferência do pesquisador, no caso em tela apresentar respostas às questões relacionadas ao Núcleo de Responsabilidade Socioambiental da Embrapa Amazônia Oriental. A investigação de acordo com Lakatos e Marconi (2001, p35) é qualitativa e quantitativa pois se vale da opiniões dos funcionários e gestores Embrapa Amazônia Oriental e, sendo utilizados recursos estatísticos para a mensuração das opiniões, visando classificar e analisar os dados coletados, com auxilio do aplicativo  Microsoft Excel. A pesquisa é exploratória balizada no estudo de caso do Núcleo de Responsabilidade Socioambiental da Embrapa Amazônia Oriental que, segundo Vergara (2003, p 45)érealizada em área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado é o se aplica ao projeto objeto de estudo. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica fundamentada em publicações diversas, materializadas ou virtuais, posteriormente buscou-se realizar um levantamento que expusesse o pensar dos clientes internos quanto ao Núcleo de Responsabilidade Socioambiental da Embrapa Amazônia Oriental – NURES, o qual serviu de estudo de caso.
Para Vergara (2003), a amostra corresponde a uma parcela extraída do universo capaz de proporcionar informações relevantes sobre esse universo, dando embasamento aos resultados finais. O universo investigado é composto por 385 empregados da Embrapa Amazônia Oriental, lotados em Belém. O questionário (instrumento de coleta de dados) foi aplicado a 127 empregados estratificados por sexo e cargo, o erro amostral máximo estabelecido foi de 6% e grau de confiabilidade igual a 90%.
Para a coleta dos dados foi aplicado, por pesquisadores, um questionário contendo questões abertas e semi-abertas buscando identificar o nível de interação dos entrevistados com o objeto de estudo. O instrumento utilizado foi um questionário contendo vinte e três perguntas, abertas e semi-abertas, de múltiplas escolhas as quais buscaram traçar o perfil dos entrevistados e suas opiniões referentes ao NURES. No período de 09 a 13 de agosto de 2010, na sede da Embrapa Amazônia Oriental situada na travessa Dr. Enéas Pinheiro s/n, bairro do Marco em Belém-PA foi realizado o treinamento dos pesquisadores e a pesquisa de campo, com a aplicação do questionário.
Os dados obtidos por meio da aplicação dos questionários foram tabulados tendo como variável de controle a questão “Você conhece as ações desenvolvidas pelo Núcleo de Responsabilidade Socioambiental da Embrapa Amazônia Oriental – NURES?” possibilitando obter o ponto de vista tanto dos que conhecem o NURES, quanto dos que desconhecem o NURES. Para realizar essa tarefa foi utilizado um microcomputador contendo o pacote Office (Excel e Word). A fase redacional consistirá na construção de uma a monografia de conclusão de curso, apresentando a apuração dos dados da pesquisa sendo sua análise e interpretação realizada em caráter descritivo por meio de textos, tabelas, quadros e gráficos (LAKATOS e MARCONI, 2001, p.42).

4. DISCUSSÃO E RESULTADOS

A população pesquisada é composta pelos empregados lotados em Belém (385 empregados). Foram aplicados 127 questionários a empregados escolhidos aleatoriamente estratificados por cargo e sexo, estabelecendo um erro amostral de 6% (seis por cento) e um nível de confiança de 90% (noventa por cento).
A pergunta “Você conhece as ações desenvolvidas pelo Núcleo de Responsabilidade Socioambiental da Embrapa Amazônia Oriental – NURES?” foi estabelecida como variável. O resultado das respostas a essa questão mostraram que praticamente metade (46%) dos empregados da Embrapa Amazônia Oriental desconhece as ações do Núcleo de Responsabilidade Socioambiental da Embrapa Amazônia Oriental, enquanto que 54% disseram conhecer as ações desenvolvidas pelo NURES.

Quando questionados se sabem o que é responsabilidade social 93% daqueles que conhecem as ações do NURES responderam que “Sim”, já dos que não conhecem o NURES 85% disseram saber o que é responsabilidade social (Gráfico 2). Esses números refletem a disseminação da RS como importante fator de incorporação das organizações como parte da sociedade em que estão instaladas, alimentando um círculo virtuoso no qual a conscientização dos cidadãos exige que as empresas deem respostas às demandas sociais e as organizações investem nesse processo como diferencial.

Ter compreensão do que seja responsabilidade social e seus desdobramentos positivos para toda a sociedade, incluindo aí as organizações, não necessariamente reflete no aumento da participação dos indivíduos em ações mitigadoras dos problemas socioambiental que existe ao seu redor.
Os números traduzidos no Gráfico 3 apontam para uma situação de quase total inversão dos percentuais ao mesmo tempo em que se observou uma resposta positivas quanto ao conhecimento sobre o que é responsabilidade social, 93% entre os que conhecem as ações do NURES e 85% entre os que desconhecem. Foi detectado pela pesquisa que somente 16% e 10%, respectivamente, realizam alguma atividade relacionada à ação social. Sendo a doação de roupas e alimentos a mais forte ação desenvolvida individualmente, contudo houve entrevistados que disseram disponibilizar parte de seu tempo livre para ministrar aulas em comunidades carentes.

Para os que conhecem as ações desenvolvidas pelo Núcleo de Responsabilidade Social da Embrapa Amazônia Oriental e não pratica nenhuma ação de cunho social a falta de tempo foi a principal justificativa para não fazê-la, atingindo um percentual de 67%. Doze por cento (12%) alegaram falta de informação, dezoito por cento (18%) desinteresse e quatro por cento (4%) outros motivos, como a falta de oportunidade (Gráfico 4).
Quantos aos que desconhecem as ações desenvolvidas pelo NURES e que também não praticam nenhuma ação de cunho social a falta de tempo foi, igualmente, a justificativa que apresentou o maior índice (49%) para não realizar essas ações, sendo seguida de desinteresse (23%), falta de informação (21%) e outros motivos com 8%, entre esses que optaram por exteriorizar diretamente os seus motivos, destaca-se um questionário que trousse a seguinte resposta: “é somente caridade, recuso-me a fazer caridade”.

Como foi mostrado anteriormente 54% dos trabalhadores da Embrapa Amazônia Oriental, lotados em Belém, afirmaram conhecer as ações de responsabilidade socioambiental desenvolvidas pelo NURES, contudo esse percentual não reflete o índice de empregados que realizam ou realizaram alguma atividade no núcleo seja com formador, aluno ou como apoiador, o qual soma 28% (Gráfico 5). Esse número ainda é pouco expressivo, principalmente quando se pensa o impacto positivo que a Responsabilidade Social Empresarial tem acrescentando na marca das empresas que desenvolvem políticas sérias nesse aspecto, fidelizando clientes e avançando sobre novos mercados.
Quando perguntados “Por que você não participa/colabora com alguma das ações desenvolvidas pelo NURES?” (Gráfico6) as respostas concentraram-se maciçamente nos itens “falta de informação” com 43% e “falta de tempo” 41%, ficando desinteresse e outros motivos com 8%.
A mesma pergunta feita aos 46,45% dos entrevistados que disseram não conhecer as ações do NURES, e a resposta predominante foi desinformação com 68%, sendo seguida por “falta de tempo” e “falta de interesse”, ambas com 15% e por último com 2% “outros motivos”.
A princípio, problemas relacionados à comunicação podem aparecer como um dos motivos para o distanciamento dos 78% de trabalhadores que não participam / desenvolvem nenhuma atividade junto ao NURES e para a aparente dificuldade de internalizar uma cultura voltada para a prática voluntária de ações de cunho social.

Há praticamente uma unanimidade entre os que afirmam conhecer as ações do Núcleo de Responsabilidade Social da Embrapa Amazônia Oriental quanto à importância para a sociedade das ações desenvolvidas pelo NURES, 99% responderam ser importante para a sociedade (Gráfico 7).
Os questionários aplicados aos trabalhadores da Embrapa em Belém traziam a relação das sete principais atividades desenvolvidas pelo NURES, dando conhecimento para aqueles que não dispunham de informações sobre o núcleo. Dessa forma pode-se apresentar a eles a pergunta referente à importância das ações do NURES para a sociedade, ao serem indagados somente 12% disseram não ver essa importância, já 88% afirmaram ser importante para a sociedade tais ações.

Outra questão que direcionou para resposta quase unânime foi sobre a possibilidade de melhorias das ações realizadas pelo NURES (Gráfico 8), 96% dos que conhecem e 95% dos que desconhecem as ações do NURES disseram que a elas podem ser melhoradas.
O Gráfico 9 expressa os percentuais referentes as alternativas que deveriam ser adotadas para motivar os clientes internos da Embrapa Amazônia Oriental a adotarem uma postura mais participativa nas ações do NURES.
A alternativa “inclusão como atividade do SAAD-RH” foi mais bem aceita pelo conjunto de empregados que desconhecem as atividades do NURES, perfazendo 17% dos respondentes, enquanto que entre os que conhecem o NURES somente 7% entendem que a inclusão no sistema venha a incentivar a participação. A escolha que obteve maior índice nos dois grupamentos foi a que consiste na necessidade de haver uma maior divulgação do NURES, sendo a opção de 29% dos que conhecem o NURES e 34% dos que desconhecem.
As alternativas “organização de eventos relativos à responsabilidade social” e “campanha permanente de voluntariado” obtiveram respectivamente 28% e 25% dos que conhecem o NURES e 20% e 19% entre os que não conhecem. De maneira mais ampla pode-se afirmar que as três opções mais mencionadas nas pesquisas refletem a necessidade de uma política de comunicação mais eficaz e efetiva em relação ao Núcleo de Responsabilidade Social da Embrapa Amazônia Oriental, haja vista que somando as respostas dessas alternativas obteve-se o expressivo valor de 83% do agrupamento “conhecem o NURES” e 73% dos que o desconhecem.

O questionário respondido pelos empregados da Embrapa Amazônia Oriental possibilitou que as atividades desenvolvidas pelo NURES fossem hierarquizadas tanto pelos que já as conheciam, como por aqueles que foram “apresentados” ao NURES por essa pesquisa. Para os dois seguimentos o aproveitamento de resíduos orgânicos por meio de compostagem é a atividade mais importante desenvolvida pelo Núcleo de Responsabilidade Socioambiental da Embrapa Amazônia Oriental.
Para aqueles que conhecem o NURES a ordem de importância de suas atividades é a seguinte: Aproveitamento de resíduos orgânicos – compostagem;
Reciclagem de resíduo de papel e confecção de kit para evento; Reciclagem óleo de cozinha usado, para a fabricação de sabão caseiro; Produção de hortaliças e plantas condimentares para consumo ou venda; Tecnologias da Embrapa para o preparo de área e conservação do solo; Produção plantas medicinais para fabricação de medicamentos naturais; e Criação de abelhas sem ferrão para comercialização de mel e ninho de abelha. Para os empregados neófitos em relação ao Núcleo de Responsabilidade Socioambiental da Embrapa Amazônia Oriental, é: Aproveitamento de resíduos orgânicos – compostagem; Produção plantas medicinais para fabricação de medicamentos naturais; Tecnologias da Embrapa para o preparo de área e conservação do solo; Produção de hortaliças e plantas condimentares para consumo ou venda; Reciclagem de resíduo de papel e confecção de kit para evento; Criação de abelhas sem ferrão para comercialização de mel e ninho de abelha; Reciclagem óleo de cozinha usado, para a fabricação de sabão caseiro.
Os entrevistados foram instados a darem uma nota variando de 1 a 10 para o conjunto do NURES, entre os que declaram conhecer as ações desenvolvidas pelo Núcleo de Responsabilidade Socioambiental da Embrapa Amazônia Oriental obteve-se como média a nota 7,3 e 8,0 de moda. Quando questionados se concordavam ou não com a afirmação “A EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL estabelece mecanismos de diálogo com os setores da empresa e pratica uma gestão de transparência de estratégias e resultados” 57% dos que conhecem o NURES respondeu que concordam contra 43% que discordam. Já entre os entrevistados que afirmaram não conhecer o NURES os números foram 63% concordam e 47% discordam (Gráfico 10).

Ao serem perguntados sua posição em relação à afirmação “O compromisso com o desenvolvimento sustentável está formalmente inserido na estratégia da EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL” 70% tanto os que conhecem as ações desenvolvidas pelo NURES quanto os que não conhecem disseram concordar e 30% discorda (Gráfico 11).
O Gráfico 12 mostra que houve certo equilíbrio quando questionados sobre a afirmação “A EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL possui um bom diálogo com seus clientes, fornecedores e empregados” os grupos “conhecem o NURES” e “desconhecem o NURES” mantiveram proximidade nos percentuais dos que concordam com a afirmação, 57% e 56% respectivamente. Certamente ocorreu também entre os que discordam 43% e 44%.

Para maioria dos entrevistados (69% dos que conhecem e 65% dos que não conhecem as atividades desenvolvidas pelo NURES) a Embrapa Amazônia Oriental é comprometida com a gestão responsável em termos sociais e ambientais (Gráfico 13).

No aspecto Educação Ambiental, conforme mostra o Gráfico 14, aproximadamente dois terços dos entrevistados disseram concordar com a afirmação “A EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL desenvolve ações de educação ambiental e treinamento de empregados sobre essa temática”.
Sua distribuição apresenta-se: Entre os conhecem o NURES 62% concordam e 38% discordam, já para os que não conhecem as ações do NURES 59% afirmaram concordar enquanto que 41% entendem que a gestão não desenvolve ações de educação ambiental e treinamento de empregados sobre essa temática.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A aplicação do instrumento de coleta de dados e seu processamento propiciaram a geração de informações consistentes, as quais depois de analisada possibilitaram a formulação de um conjunto de conclusões quanto à avaliação do Núcleo de Responsabilidade Socioambiental da Embrapa Amazônia Oriental, respondendo ao questionamento da pesquisa, bem como aos objetivos estabelecidos nesta.
O primeiro aspecto observado refere-se ao grau de desempenho das atividades desenvolvidas pelo Núcleo de Responsabilidade Socioambiental da Embrapa Amazônia Oriental – NURES, apesar do pouco tempo de existência o núcleo já é percebido institucionalmente funcionando como benchmarking para outras Unidades da Embrapa. No segundo semestre de 2010 o NURES foi contemplado com três importantes premiações: os segundos lugares nos Prêmios Banco da Amazônia de Empreendedorismo Consciente e no 7º Prêmio Professor Samuel Benchimol na categoria Natureza Social; além do primeiro lugar na categoria Educação Ambiental do Prêmio CREA Pará de Meio Ambiente e Recursos Hídricos 2010.
Ao idealizar a pesquisa pressupunha-se que se evidenciaria essa baixa participação dos colaboradores nas ações do NURES, dessa forma foi incluída no instrumento de coletas de dados uma questão relativa ao motivo da não participação. A maioria, tanto dos que dizem conhecer quanto dos que não conhecem o NURES, 43% e 68% respectivamente, afirmaram falta de informação a respeito. A segunda justificativa mais dada foi à falta de tempo 41% dos que conhecem as ações do NURES e 15% dos que desconhecem. Logo, um pouco mais de 80% dos clientes internos não colaboram com o NURES por situações alheias a sua vontade, podendo ser trabalhada uma maneira de aglutinar mais voluntários a essas atividades. Haja vista que entre 10% e 16% dos entrevistados disseram realizar alguma atividade relacionada à ação social, sendo a doação de roupas e alimentos a mais forte ação desenvolvida individualmente, contudo houve entrevistados que disseram disponibilizar parte de seu tempo livre para ministrar aulas em comunidades carentes.
Ainda analisando os resultados relativos ao que levaria os colaboradores a se engajarem nas atividades desenvolvidas pelo NURES, os aspectos relacionados à comunicação mostraram-se como principais entraves para a internalização do NURES na Embrapa Amazônia Oriental. Nos dois seguimentos analisados na pesquisa o índice de empregados que apontaram a necessidade de uma maior divulgação das ações e resultados, organização periódica de eventos relacionados ao tema e a criação de campanha permanente de voluntariado, ficou entorno de 75%.
Somente a existência do Núcleo de Responsabilidade Socioambiental da Embrapa Amazônia Oriental – NURES não é determinante para qualificar a Embrapa no Estado do Pará como sendo uma organização responsável em aspectos social e ambiental. Em muitos aspectos ainda precisam ser melhorados, entretanto depõem em seu favor os fatos de seu negocio ser desenvolver soluções para agronegócio que possam gerar desenvolvimento de forma sustentável calcado na valorização seus colaboradores, gerando em seu capital humano a sensação de pertencimento, seja possibilitando ganhos, melhores condições de trabalho ou ações participativas, e a implantação de um Conselho Assessor Externo composto por entidades que representam a complexidade existente na sociedade.

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