Contribuciones a las Ciencias Sociales
Marzo 2013

A UTILIZAÇÃO DAS LAN HOUSES NA FORMAÇÃO DE UMA NOVA SOCIEDADE INCLUSIVA



Marcel de Almeida Fukayama (CV)
mfukayama@gmail.com
Laércio André Gassen Balsan (CV)
laerciobalsan@yahoo.com.br
Gilnei Luiz de Moura (CV)
mr.gmoura.ufsm@gmail.com
Faculdade de Informática e Administração Paulista
Universidade Federal de Santa Maria

RESUMO

O acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) é um direito básico do cidadão. Além disso, Castells (2003) ensina que a diferenciação entre os que têm e os que não têm Internet acrescenta uma divisão essencial às fontes já existentes de desigualdade e exclusão social. Com base nisso, este estudo teve por objetivo apresentar uma proposta para a disseminação e capacitação das TICs sob a óptica do processo de inclusão digital. Entre os objetivos específicos, busca-se debater as noções de ciberespaço e inclusão/exclusão digital; estudar a viabilidade do uso do segmento lan house na inclusão digital; e, apresentar um projeto de inclusão social por meio das lan houses. A partir da pesquisa de campo, elaborou-se uma proposta cuja missão foi incluir digitalmente crianças e adolescentes de baixa renda matriculados em escolas públicas. Por fim, verificou-se que as lan houses podem contribuir de modo eficaz, rápido e com baixo custo no processo da inclusão digital.

Palavras-chaves: Inclusão Digital; Lan Houses; Tecnologia da Informação e Comunicação.



Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
de Almeida Fukayama, M. y Gassen Balsan, L.: "A utilização das lan houses na formação de uma nova sociedade inclusiva", en Contribuciones a las Ciencias Sociales, Marzo 2013, www.eumed.net/rev/cccss/23/sociedade-inclusiva.html

1 INTRODUÇÃO

Com a globalização e a informatização ocorreu uma transformação do mundo, por meio da melhoria da capacidade produtiva e do potencial de comunicação (CASTELLS, 1942). As novas tecnologias, que se vê surgir todos os dias, alteram o estilo de vida dos indivíduos e, consequentemente, o comportamento dos mesmos. Hoje, termos como “casa digital”, “empresa digital”, “saúde digital”, “escola digital” e “governo digital” são comuns.  Segundo Lévy (1999), a partir da interconexão mundial dos computadores surgiu o ciberespaço como novo meio de comunicação.
Pode-se de certo modo afirmar que toda essa nova configuração na vida das pessoas é movida por uma necessidade básica do ser humano: a comunicação, que motivou e desencadeou o surgimento de grandes corporações e setores no governo, focados na melhoria e desenvolvimento de novas ferramentas. Atualmente, vive-se em uma sociedade da informação, com uma variedade nunca imaginada de soluções digitais, de modo que seu uso tem se tornado cada vez mais inevitável. Segundo Silveira (2005), a grande responsável por essas transformações comportamentais na sociedade é a revolução tecnológica ou informacional.
Para Dowbor (1994) não é preciso ser nenhum deslumbrado da eletrônica para constatar o movimento transformador que atinge hoje a informação, a comunicação e a própria educação.

A Internet encarna a presença da humanidade a ela própria, já que todas as culturas, todas as disciplinas, todas as paixões ai se entrelaçam. Já que tudo é possível, ela manifesta a conexão do homem com sua própria essência, que é a aspiração a liberdade (LÉVY, 1999: 12).

Por outro lado, segundo Silveira (2005), a ideia de que a distribuição desigual da tecnologia aumenta as desigualdades econômicas e sociais é cada vez mais aceita. Ainda, as políticas públicas dão ênfase na disponibilização dos aparatos tecnológicos, sem levar em conta os conhecimentos necessários para sua utilização.
Enquanto que para alguns, as novas tecnologias trazem grandes esperanças de um futuro melhor para a sociedade. Para outros, elas só fazem aumentar o abismo que separa as nações, bem como, a diferença entre os que detêm ou não o poder econômico para ter acesso a elas (SILVEIRA, 2005). Baseado nessa ideia, o autor salienta que a inclusão digital tem sido tratada pela mídia, políticos, propaganda de empresas da área de telecomunicações e informática e pela própria academia, como sendo essencial para a diminuição de desigualdades entre países e indivíduos de diferentes regiões de um mesmo país.
No Brasil, verifica-se a existência de muitas regiões isoladas, longe dos centros urbanos, onde é claro o retrocesso no desenvolvimento do homem, o que mostra que ações para inclusão, não só digital, como social, devem imediatamente ser aplicadas.
A pesquisa do CGI (2010) mostra que, dos 32% de domicílios brasileiros com computadores, apenas 24% tem suporte à internet. Ainda, o principal motivo para a falta de computadores nas casas é o “custo elevado/não tem como pagar”, motivo que volta a se repetir, quando questionados sobre o motivo pelo qual, os brasileiros não tem conexão à internet nos domicílios.
Nesse contexto, as empresas têm um papel fundamental no desenvolvimento de ferramentas para a inclusão digital. Ao lado do governo e do terceiro setor, podem contribuir para que a Tecnologia da Informação e Comunicação consiga se capilarizar de modo que haja a inclusão digital de diversos indivíduos. Uma oportunidade que se pode apresentar para contribuir na disseminação da Tecnologia da Informação e Comunicação são as Lan Houses, casas de computadores ligados à Internet.
Segundo o Ministério da Educação e Cultura, o Brasil tem hoje 57 milhões de crianças em idade escolar. Com 22 milhões no Ensino Fundamental e 35 milhões no Ensino Médio, a demanda não é absorvida pelo atual parque tecnológico das escolas, ou pela baixa oferta ou pela estrutura defasada e equipamentos obsoletos.
O problema brasileiro é destacado no Índice de Avanço Tecnológico, do Relatório Anual de Desenvolvimento Humano. O 43º lugar, no ranking de 72 países, mostra que a dificuldade no Brasil é a disseminação e absorção das TICs pela população, apesar do seu potencial tecnológico. Para amenizar e mudar esse cenário, diversas ações estão sendo feitas pelo Estado e órgãos não-governamentais. Infocentros, Telecentros, CEU – Centro Educacional Unificado são grandes exemplos. Porém apesar de estarem localizadas em áreas estratégicas, não conseguem atender à enorme demanda.
Já que o acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) é um direito básico de todo cidadão, pode-se dizer que, se não lhe é garantido o acesso às tecnologias bem como a qualificação necessária para seu uso, o Estado está ferindo um direito do cidadão e, por conseguinte a Constituição Federal brasileira.
Nesse sentido, surgem ações que possibilitam a inclusão digital, tanto por promoção do poder público (através de políticas públicas de inclusão) quanto por parte da iniciativa privada e de organizações não-governamentais (MORAES e SOARES, 2011).
Com base no exposto, e considerando os ensinamentos de Anjos e Ezequiel (2011), os quais reforçam que a capacidade de acumular, disseminar e utilizar o conhecimento e a informação de forma ampla e democrática é fator primordial para o sucesso das nações, é que surgiu este trabalho com o proposito de contribuir na disseminação e capacitação das Tecnologias de Informação e Comunicação, tendo as lan houses como ferramenta para a inclusão digital.
Para tanto, definiu-se o seguinte problema como norte orientador desta pesquisa: Qual a viabilidade das lan houses servirem como ferramentas de inclusão digital?
Fundado nessa problemática, o presente estudo teve por objetivo apresentar uma proposta para a disseminação e capacitação da tecnologia da informação e comunicação sob a óptica do processo de inclusão digital. Entre os objetivos específicos, busca-se debater as noções de ciberespaço e inclusão/exclusão digital; estudar a viabilidade do uso do segmento lan house na inclusão digital; buscar ferramentas para capacitação conforme necessidade do público; e, por fim, apresentar um projeto de inclusão social por meio das lan houses.
O estudo foi realizado no município de São Paulo, mais especificamente em uma região de baixa renda.
Esse estudo ganha relevância ao considerar que segundo Lévy (1993), nenhuma reflexão séria sobre a cultura contemporânea pode ignorar a enorme incidência das mídias eletrônicas.
Ainda, as pesquisas que trabalham com a Inclusão digital são fundamentais tanto à sociedade civil, quanto ao Estado e às organizações que o compõe. Uma vez que, a inclusão digital pode: melhorar o acesso à infra-estrutura de informática e comunicação, produzir e disseminar informação e conhecimento; elevar a capacidade de acesso; aumentar a confiança e a segurança no uso da tecnologia; criar, em todos os níveis, um ambiente que incentive a adoção da tecnologia; desenvolver e ampliar as aplicações da tecnologia; incentivar e respeitar a diversidade cultural; reconhecer o papel dos meios de comunicação; atender às dimensões éticas da sociedade da informação; diminuir as diferenças sociais e incentivar as cooperações internacionais e regionais.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Vida Digital

As constantes inovações trazem diversos benefícios ao dia-a-dia das pessoas. Nas últimas décadas, a tecnologia impactou de forma sensível na vida de cada um. Mudou, reinventou, recriou o conceito de produtos, serviços e as formas de viver das pessoas.
Vida Digital é mais que um conceito. Pode-se considerar uma arte de aliar a tecnologia ao cotidiano, desde o estudante com seu quadro interativo na escola; os enfermeiros com prontuários eletrônicos nos assistentes pessoais digitais (PDAs); toda a sua casa controlada por apenas um controle remoto; estar conectado constantemente; até os diversos serviços disponíveis para o cidadão por meio do governo eletrônico.
A tecnologia é hoje o que a energia elétrica foi para a Era Industrial e estará tão enraizada nos processos do dia-a-dia que não tornará a se pensar em um mundo sem tais avanços. Convergência, interatividade, entretenimento, longevidade, agilidade e facilidade, são algumas palavras sinônimas de vida digital.
Lévy (1999: 92) define o ciberespaço como “o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores”. Outra contribuição para a definição de ciberespaço vem de Silva e Tancmán (1999: 56), na qual os autores o definem como “uma dimensão da sociedade em rede, onde os fluxos definem novas formas de relações sociais”.
A influência da tecnologia na vida das pessoas é cada vez mais significativa.  As diversas soluções digitais que temos hoje, que vão desde o governo digital até a saúde digital, vêm para trazer melhorias no dia-a-dia das pessoas e, assim, aumentar a qualidade de vida. Benefícios esses que são revertidos para toda a sociedade.

2.2 Inclusão digital

Contemporaneamente, a Internet possui um papel extremamente importante sob o ponto de vista das relações sociais, culturais, econômicas e comerciais, implicando em transformações inevitáveis no espaço geográfico. De fato, essa rede representa uma maior facilidade para a integração entre diferentes locais, ou seja, incrementa-se a possibilidade de interconexão entre distintas escalas, seja em âmbito local, regional ou global. Entretanto, nota-se que o acesso às plataformas de entrada à Internet (tal como os microcomputadores) ainda é bastante limitado, apesar do crescimento significativo do número de usuários de Internet nos últimos anos. Diante desse cenário, emerge uma nova forma de segregação e exclusão social: a digital. A exclusão digital consiste, portanto, em uma nova barreira socioeconômica promovida pela inacessibilidade às Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e ao ciberespaço (o espaço virtual representado pelo uso dessas novas tecnologias, principalmente aquelas conectadas a redes, como a Internet).
A partir de uma ideia inicial, a Internet é um meio que propicia contato e relacionamento de modo muito mais facilitado e rápido em comparação com outros meios de comunicação. Historicamente, a partir da criação de novos mecanismos de comunicação em massa, formaram-se grupos excluídos do processo de obtenção do acesso, como foi o caso do surgimento da televisão, do rádio, como lembra Lévy (1999).
Ainda segundo Moraes e Soares (2011), apesar das TICs estarem incorporadas ao cotidiano da sociedade, é quase impossível conceber, contemporaneamente, algumas atividades ou relações profissionais e sociais sem o auxílio dessas tecnologias. Contudo, no Brasil, a maior parte da população jamais teve contato com um computador (MORAES e SOARES, 2011).
O termo “exclusão digital” deriva-se do inglês “digital divide” e está relacionado às barreiras que não permitem o acesso ou tratamento das pessoas às tecnologias de informação, seja em função da falta de oportunidade ou pela falta de conhecimento sobre uso das TICs (LUCAS, 2002: 161). A mesma autora, ainda define mais especificamente o termo:

Por exclusão digital entende-se o surgimento de mais uma barreira socioeconômica entre indivíduos, famílias, empresas e regiões geográficas, a qual decorre tanto da desigualdade quanto ao acesso e uso das tecnologias da informação e comunicação, hoje simbolizadas na Internet (LUCAS, 2002: 161).

Como observa Manuel Castells, “a diferenciação entre os que têm e os que não têm Internet acrescenta uma divisão essencial às fontes já existentes de desigualdade e exclusão social” (CASTELLS, 2003: 203).
Assumpção (2001) define “inclusão digital” como:

(...) os esforços de fazer que as populações das sociedades contemporâneas possam obter os conhecimentos necessários para utilizar linguagens e capacidades dos recursos de TICs existentes e possam dispor de acesso regular aos equipamentos que possibilitam a existência destas tecnologias (ASSUMPÇÃO, 2001: 12).

As políticas públicas de inclusão digital, atualmente, já constituem um elemento importante no contexto da gestão territorial do Estado, as quais devem ser consideradas na pauta dos programas sociais em âmbito federal, estadual e municipal. A figura estatal se constitui em um dos principais agentes produtores do espaço, por meio de suas políticas territoriais. Pode-se depreender, portanto, a posição privilegiada desse ator sob o ponto de vista do planejamento e da execução de ações visando à democratização do acesso à Internet. No contexto da descentralização, da participação social e da sustentabilidade do desenvolvimento estatal, essa tendência pode ser percebida em muitas das iniciativas atuais de inclusão digital (MORAES; SOARES, 2011).
O Programa Computador para Todos, através da redução de impostos, vem estimulando a compra de computadores entre as camadas mais pobres da população. Contudo, apenas a redução do preço não cessa o problema, já que os custos para a manutenção da Internet ainda são altamente onerosos para muitas famílias e, em certos locais, a infraestrutura básica para a instalação de Internet ainda inexiste, até mesmo em alguns importantes centros urbanos brasileiros. Em escala nacional, o desafio de uma política de inclusão digital não é dificultado apenas pela extensão do território e pelas especificidades regionais brasileiras, mas pela necessidade de investimento em áreas essenciais, como na educação. Essa é um pré-requisito fundamental para um bom uso das inovações das TICs, principalmente quanto a seu potencial como mecanismo para a democracia eletrônica e para a sua utilização no ensino formal (MORAES; SOARES, 2011).
Embora apresente avanços nos últimos anos, o cenário atual ainda está bastante distante da idealizada universalização do acesso. Entre os problemas estruturais, destacamos, com base nos dados obtidos na pesquisa de Afonso (2007), os seguintes: indisponibilidade de estruturas mais avançadas de telecomunicações e Internet em 44% dos municípios brasileiros; baixa qualidade de conexão (principalmente no espaço rural); quantidade significativa de bairros que não dispõem de serviços de banda larga; baixa quantidade de computadores públicos gratuitos (como telecentros, bibliotecas ou escolas públicas); e, por fim, falta de condições financeiras de uma parte das famílias brasileiras (MORAES; SOARES, 2011).
Contudo, segundo o autor parece ser comum e central a constatação de que a distribuição desigual dos recursos tecnológicos aumenta as desigualdades econômicas e sociais. Para reforçar seu argumento o autor cita Castells (2003) segundo o qual ser excluído da rede de computadores é uma das formas mais danosas de exclusão em nossa economia e em nossa cultura.
Desde o final do século XIX, antes mesmo do desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação (TICs), pensadores já falavam nos processos de comunicação como estratégias de inserção do indivíduo na sociedade (SILVEIRA, 2005).
De mesma forma Carvalho (2009) reforça dizendo que o acesso à comunicação mediada por computador é condição para o exercício da cidadania.
Considerando que as atividades essenciais para a vida dos homens são cada vez mais mediadas tecnologicamente e a comunicação é tratada como um direito, Carvalho (2009) diz que são necessárias políticas públicas que diminuam as distâncias que separam os setores privilegiados da população. O autor chama a atenção para a necessidade de se articular a exclusão digital ao conjunto de políticas sociais de luta contra as desigualdades sociais.
No entanto, segundo Carvalho (2009), ao mesmo tempo em que ajudam a aumentar as distâncias sociais dentro e entre as nações, as novas TICs podem facilitar os setores menos favorecidos, pois possibilitam estratégias sociais e políticas públicas distributivas.

Além de ser um veto cognitivo e um rompimento com a mais liberal das ideias de igualdade formal e de direito de oportunidade, a exclusão digital impede que se reduza a exclusão social, uma vez que as principais atividades econômicas, governamentais e boa parte da produção cultural da sociedade vão migrando para a rede, sendo praticadas e divulgadas por meio da comunicação informacional. Estar fora da rede é ficar fora dos principais fluxos de informação. Desconhecer seus procedimentos básicos é amargar a nova ignorância (SILVEIRA, 2005: 18).

Segundo Carvalho (2009) o conceito de inclusão digital apresentado pelo site do governo federal está associado aos conceitos de desenvolvimento social autossustentável e promoção da cidadania. Segundo o site todo cidadão brasileiro possui direito ao acesso à informação. O fato de se ter ou não dinheiro não pode ser um obstáculo. O site diz ainda que o combate à exclusão digital só será possível por meio de políticas públicas.
Contudo, passados nove anos do lançamento do Programa Sociedade da Informação, o Brasil continua avançando lentamente no que diz respeito à inclusão digital (CGI, 2006).
Carvalho (2009) enfatiza que apesar da ênfase no discurso da cidadania, as políticas de inclusão digital, em grande parte, tem dado mais importância à disponibilização às novas tecnologias e ao aprendizado básico do que à discussão sobre suas possibilidades de uso. Segundo o autor têm sido disponibilizados com velocidade crescente nas escolas públicas de todo o país diversas tecnologias, muitas vezes atendendo aos interesses das empresas. Mas a presença das tecnologias de informação e comunicação nas instituições de ensino não garante as mudanças nos processos de aprendizagem e socialização. O autor salienta que o mais importante a se considerar é a maneira como essas ferramentas são utilizadas, sendo fator primordial o desenvolvimento da autonomia, a capacidade de produção de conhecimento por parte dos alunos e o exercício da cidadania.
Nas últimas décadas, o abismo social criado nas camadas da sociedade brasileira despertou a atenção para iniciativas na tentativa de reverter esse quadro. Diversas ações, sendo do próprio governo ou da sociedade, foram instaladas e estão em práticas, plantando sementes que o país deve colher para as próximas gerações.
Um exemplo é o Acessa São Paulo, criado em julho de 2000, esse programa de inclusão digital do governo paulista, sob gestão da Imprensa Oficial e apoio da PRODESP – Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo com a parceria do LIDEC-USP – Laboratório de Inclusão Digital e Educação Comunitária da Escola do Futuro – é fundamental para o desenvolvimento de atividades integradas, como pesquisas e fomento de projetos comunitários com uso de Tecnologia da Informação de Comunicação. Com seis anos de existência, o programa Acessa SP coleciona números favoráveis. São mais de 800 mil pessoas cadastradas nos 386 postos e 3 mil computadores em funcionamento, dentro dos 299 municípios paulistas atendidos.
Outra ação desenvolvida pelo Estado são os Centros Educacionais Unificados (CEUs). Em funcionamento desde agosto de 2003, os 21 CEUs na capital paulista incluem creches, escolas de ensino infantil e fundamental, centros comunitários, culturais e esportivos e projetos de inclusão digital.
O objetivo do CEU é o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, o que desenvolve, por consequência, a comunidade local e amplia as experiências educacionais da região. Sob a ideia de transformar o centro em um ponto de encontro dos jovens, diariamente são realizadas diversas atividades que buscam o aperfeiçoamento e esclarecimento do público. Nos finais de semana, a família também é inserida nos programas, que visam colaborar para a formação do aluno e na convivência social.
Os Telecentros frutos do Plano de Inclusão Digital, desenvolvido pela prefeitura de São Paulo em 2001, cujas 100 unidades em funcionamento atendem 500 mil pessoas, monitoradas por orientadores treinados.
Com 20 computadores por unidade, 75% deles são destinados a cursos e programas especiais de desenvolvimento social e os outros 25% são destinados para o uso livre dos cidadãos.
Desde junho de 2001, início do projeto, mais de 90 mil pessoas se formaram e receberam certificados, sendo 50% jovens de até 20 anos.
Além desses, outro programa de democratização de acesso à Internet e Inclusão Digital, promovido pelo SESC, o Internet Livre está presente em 19 salas nas unidades da capital paulista e interior. São equipadas com computadores de última geração, Internet banda larga, telões de plasma, sistema de som e mobiliário inovador. Iniciado em maio de 2001, o objetivo era simplesmente atingir o público em geral com acesso à Internet. Posteriormente, alguns cursos de capacitação para monitores foram implementados e, hoje, o foco é casar as atividades culturais e educacionais das unidades com o centro tecnológico.
Ainda pode se citar o Intel Computer Clubhouse, criado em 1999 em parceria com o MIT – Massachusetts Institute of Technology, nos EUA, o Intel Computer Clubhouse é uma iniciativa inovadora que proporciona a jovens de comunidades carentes o acesso à rede mundial, equipamentos de alta tecnologia, softwares profissionais e à monitores especializados na capacitação de novas competências e habilidades para um futuro melhor e com mais oportunidades. A maior fabricante de chips do mundo destinou um orçamento de USD 32 milhões, o que possibilitou um rápido crescimento do projeto no mundo todo. Em cinco anos são mais de 100 unidades em funcionamento ao redor do mundo. No Brasil, a primeira unidade nasceu em 2002, no Instituto Dom Bosco, no bairro do Bom Retiro em São Paulo. Os jovens participantes aprendem se entretendo com arte digital, músicas e vídeos  de curta-metragem. Em 2004, o então CEO, Craig Barrett, inaugurou o segundo Intel Computer Clubhouse brasileiro em Osasco, no Estado de São Paulo. Desta vez, em parceria com a Fundação Bradesco. O objetivo é atender 350 jovens de 13 a 19 anos da comunidade local. Para a Intel, investir na juventude brasileira é ajudar a transformar em realidade a visão de inclusão digital do governo.
Apesar das diversas iniciativas, muitos entusiastas acreditam que diante da ineficácia dos governos, são as lan houses que promovem a verdadeira inclusão digital no Brasil, uma vez que os telecentros existem em pouca quantidade e estão atrelados às políticas de governo e não às políticas de Estado (CARVALHO, 2009).
Carvalho (2009) diz que o uso das novas TICs, incluindo as interações que ocorrem dentro das lan houses podem ser incorporadas nas políticas públicas. Contudo para o autor, o acesso livre da Web como a simples disponibilização dos equipamentos tecnológicos, não basta para a construção do senso crítico e de uma mentalidade cidadã. Mesmo assim, o autor salienta que o entretenimento, o jogo, a brincadeira não podem ser negados como formas válidas de utilização das tecnologias e como porta de entrada para a construção da cidadania. O acesso às novas tecnologias deve estar relacionado a uma capacidade crítica autônoma que contribua para a democratização da comunicação e para um maior poder de influência dos indivíduos nas decisões políticas. A comunicação, nessa perspectiva, é vista como um direito e, por isso, sua disseminação não pode ser conduzida somente pelo mercado (CARVALHO, 2009).

2.3 Lan houses

A sigla LAN vem do inglês Local Area Network – Rede local de computadores. As lan houses, também conhecidas como internet-cafés, cybercafés ou gamecenters, são estabelecimentos que disponibilizam computadores ligados à rede mundial de computadores, a internet.
No começo da década de 90, jovens americanos se reuniam para conectar computadores em rede e jogarem entre si, nascendo assim as LAN Parties. Em meados da década, com o investimento maciço do governo sul-coreano em infra-estrutura tecnológica, o conceito desse tipo de entretenimento foi levado ao comércio, nascendo assim as LAN Houses, conhecidas como PC Bang na Coréia do Sul, onde há a incrível marca de 60 mil estabelecimentos em funcionamento.
No Brasil, as lan houses surgiram no final da década de 90, tendo os games como produto-alvo. Hoje, com a necessidade de conexão banda larga, agilidade nos trabalhos e baixo custo. O público alvo e nicho de mercado são profissionais liberais, estudantes e até mesmo a terceira idade.
Em 1997, com o boom do mercado virtual, já surgiam os primeiros cyber-cafés no Brasil, mas a ideia só cresceu tendo o game como base. O negócio virou febre e hoje muitas lojas se adequaram e especializaram-se em oferecer diversos serviços digitais, como escritório virtual com impressões, scanners e gravações de mídias. Segundo Moraes e Soares (2011) as lan houses são caracterizadas por serem estabelecimentos comerciais dotados de computadores conectados em rede que proporcionam acesso à Internet. Além disso, alguns desses estabelecimentos também oferecem outros tipos de serviços, como impressão, scanner, manutenção e conserto de máquinas, instalação de programas, entre outros.
Em janeiro de 2006, o então Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, sancionou a primeira lei do Brasil que regulamenta a atividade das lan houses no Estado, responsável por mais de 50% do mercado brasileiro, que tem 3 mil estabelecimentos.
O mercado brasileiro de lan houses, que já conta com parque estimado de 60 mil computadores, de acordo com associações regionais, mostra que muito além dos serviços disponibilizados, são verdadeiras vitrines para fabricantes de hardware e software, criando um conceito e formação de opinião em seus clientes potenciais e consumidores do mercado de desktops.
O mercado de computadores no Brasil reaqueceu no começo desta década. Com índices de crescimento entre 25% a 30% ao ano, o segmento despertou o interesse das grandes fabricantes de hardware e software e é destaque no atual cenário econômico-político internacional.
A profissionalização, o bom desenvolvimento do canal de vendas e distribuição, modelos de negócios diferenciados, a nacionalização de alguns produtos e leis de incentivos fiscais, assim como créditos populares, contribuíram para que o setor retomasse o mesmo caminho seguido por outros países como a Índia, Rússia e a China.
Para Barros (2008), as lan houses se configuram como um espaço de encontro, especialmente entre os jovens. Para a maior parte dos pais é melhor ver seus filhos nas lan houses, do que na rua. Ainda de acordo com a autora, muitos frequentadores, mesmo tendo computador em casa, preferem ir às lan houses. Eles preferem por que as máquinas são melhores do que as que eles têm em sua residência. Além disso, os jovens ressaltaram que na lan house além da interação online, também se interage ao vivo com os demais frequentadores. Nesse sentido, se de um lado o espaço da Internet proporciona a criação de vínculos virtuais, por outro, reforça o vínculo entre os pares que ali estão.
Segundo a autora, mesmo quando não têm computadores em suas casas, os pesquisados mostram uma familiaridade com certos aspectos da vida digital, especialmente devido à grande frequência nas lan houses.
Carvalho comenta sobre o crescimento das lan houses no Brasil:

(...) este crescimento da utilização das lan houses atualiza o debate sobre o papel do Estado e do mercado na disseminação das tecnologias. Aqui também encontramos posições extremas. De um lado, seguindo a linha das teorias críticas da comunicação, há os que negam as lan houses como espaço de inclusão digital, acreditando que só os telecentros públicos de acesso gratuito são efetivos, pois representam o uso “cidadão” das novas tecnologias de informação e comunicação. De outro lado, estão os entusiastas que decretam que, diante da ineficácia dos governos, são as lan houses que promovem a verdadeira inclusão digital no Brasil, uma vez que os telecentros existem em pouca quantidade e estão atrelados às políticas de governo e não às políticas de Estado (CARVALHO, 2009: 26).
 
Segundo CGI (2009) a maioria dos frequentadores de lan houses é formada por jovens de baixa renda e com pouca escolaridade. Sendo assim, segundo Moraes e Soares (2011), as lan houses possuem um importante papel nas comunidades de baixa renda, principalmente, em comunidades não providas de centros gratuitos. Os autores salientam que a “inclusão” promovida pelas mesmas é mais limitada a sites de relacionamento, comunicação e entretenimento que, apesar de importantes, não representam grande parte das potencialidades que podem ser promovidas pela Internet.
No contexto do acesso, os centros pagos apresentam papel representativo para aqueles que não dispõem de um computador na própria residência. Contudo, seria incoerência afirmar que todos os indivíduos que usufruem esses serviços estão incluídos digitalmente. O acesso é apenas o primeiro degrau dentro desse complexo processo (MORAES e SOARES, 2011). Para os autores, a efetiva inclusão se dá a partir do momento em que o usuário consegue utilizar as potencialidades do computador e da Internet de maneira ativa e crítica, julgando a procedência dos conteúdos aos quais tem acesso e utilizando essas ferramentas como uma ampliação da sua esfera de atuação na sociedade.

2.4 Empreendedorismo social

De acordo com Oliveira (2004) o empreendedorismo social surgiu do crescimento das organizações do terceiro setor, da diminuição do investimento público na questão social e da participação crescente das empresas no campo social.
Apesar de existir há muito tempo, a sua atual configuração é nova (OLIVEIRA, 2004). Silva e Martins (2010) corroboram que o seu significado possui raízes históricas, contudo cita Melo Neto e Froes (2002) que apontam a temática como nova ou em fase primária de construção teórica.
 Nesse contexto, o terceiro setor tem merecido atenção em virtude da proporção que ocupam na economia do país e da sua importância social no contexto de esfera pública (SILVA e MARTINS, 2010). Esse setor funciona como gerador de capital social e de ações eficazes de gestão ética e social (PINTO et. al, 2008), fortalecendo os laços de solidariedade (FONTES, 2000).
O empreendedorismo social, segundo Oliveira (2004), é uma ação voltada ao campo social cujo objetivo é elaborar uma alternativa de enfrentamento à determinada situação-problema. Para o autor, o empreendedorismo social é um novo paradigma de intervenção social, pois apresenta uma nova leitura da relação e integração entre os vários atores e segmentos da sociedade. Esse processo de gestão social apresenta uma cadeia sucessiva e ordenada de ações, que pode ser resumida em três fases: a) concepção da idéia; b) institucionalização e maturação da idéia; c) multiplicação da idéia (OLIVEIRA, 2004).
Segundo Pinto et. al (2008), o empreendedorismo social é compreendido como aquele que, mediante sua criatividade realiza uma ação inovadora a fim de solucionar problemas de cunho social trazendo benefícios para a sua comunidade. Tal processo, segundo Austin, Stevenson e Wei-Skillern (2006), está ligado às atividades empresariais preocupadas com o social.
Oliveira (2004) relata que, esse processo é indutor de auto-organização social, pois não é uma ação isolada. Ele necessita da articulação e participação da sociedade para se institucionalizar e apresentar resultados que atendam às reais necessidades da população. Além disso, não é privativo, pois a principal característica é a possibilidade de multiplicação da ideia/ação, as quais partem de ações locais para um impacto global.
Segundo o autor, enquanto que o empreendedorismo de negócios, além de ser uma prática individualizada que visa o lucro, o empreendedorismo social visa conquistas sociais inclusivas e apresenta compromisso com a coletividade. Para tanto, Bornstein (2005) ensina que o empreendedor social lança mão de meios técnicos administrativos.
Esses indivíduos são motivados por fatores que vão além do lucro, também são motivados a desenvolver atividades de cunho social (COHEN e WINN, 2007).
Para Silva e Martins (2010) o estudo do empreendedorismo social entra no campo da gestão participativa, revelando aspectos que questionam as relações sociais relativas à inclusão e exclusão.

Dentre todos os aspectos que envolvem a gestão social, um dos assuntos mais pertinentes é a inclusão digital. O acesso cotidiano às redes, aos equipamentos e ao domínio das habilidades relacionadas às tecnologias de informação e comunicação são, cada vez mais, requisitos indispensáveis à participação social, ao desenvolvimento das atividades econômicas e ao fortalecimento da cidadania. Princípios fundamentais como justiça social, igualdade de oportunidades e a própria democracia passam a ser influenciados pelo acesso às tecnologias de informação e comunicação. Afinal, estas se posicionam como um importante meio para se adquirir, interpretar, expressar, produzir e organizar o conhecimento, colocando-o a serviço de interesses e necessidades (PINTO et al. 2008: 4).

Para Freire (2006), a inclusão digital reduz a grande diferenciação entre os que têm acesso à informação e os que não a possuem. Tal diferenciação social aumenta ainda mais a miséria dificultando o desenvolvimento humano. Com base nisso, Pinto et. al (2008) ressalta a importância da disseminação de ações estratégicas de cunho sócio empreendedor em todas as regiões do país, a fim de se incrementarem os indicadores de integração e desenvolvimento humano, pois o empreendedorismo social se apresenta como uma alternativa de emancipação social frente a diversas ações de combate à pobreza e à exclusão.
No entanto, para sua efetividade o empreendedorismo social requer a capacidade coordenada de várias pessoas, e exige o redesenho de relações entre comunidade, governo e setor privado, dentro de um modelo de parcerias, tendo como principal objetivo retirar indivíduos da situação de risco social a fim de se atingir a plenitude da inclusão social (PINTO et. al, 2008).

3 Metodologia

A pesquisa realizada foi do tipo exploratória, com coleta de dados de natureza qualitativa e quantitativa, caracterizando-se como um estudo de caso.
De acordo com Gil (2010) e Lazzarini (1995), a pesquisa exploratória proporciona uma maior familiaridade com o problema a fim de torná-lo mais claro e compreensível. Também serve para explorar problemas pouco conhecidos, permitindo assim uma maior flexibilidade em seu planejamento.
No que se refere à estratégia de pesquisa, utilizou-se o estudo de caso, o qual, de acordo com Gil (2010), permite uma análise profunda e exaustiva de determinado fato ou fenômeno. Ainda, o estudo de caso, no entendimento de Yin (2010), objetiva a investigação de um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto de vida real, especialmente quando não se consegue estabelecer claramente os limites entre o fenômeno e o contexto.
O presente trabalho foi estruturado em 4 etapas. Inicialmente, realizou-se uma revisão bibliográfica visando à construção do referencial teórico que legitimasse os conceitos utilizados no trabalho, tendo como foco a discussão sobre ciberespaço, inclusão/exclusão digital, bem como sobre alternativas que minimizem os efeitos implicados por esse fenômeno. Em um segundo momento, realizou-se a busca por dados secundários. Essa etapa permitiu uma melhor compreensão da realidade da área de estudo.
Atendendo a um dos princípios de coleta de dados de Yin (2010), utilizaram-se múltiplas fontes de evidências. Nesse sentido, os dados foram obtidos através de entrevistas e observação simples. Para Marconi e Lakatos (2005), a entrevista tem como objetivo principal adquirir informações sobre determinado assunto ou tema e permite a obtenção não apenas de dados quantitativos, mas também uma visão com maior profundidade do objeto em estudo. As entrevistas tiveram como base um roteiro de questionário semiestruturado, modelo esse em que o entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer direção que considere adequada (MARCONI e LAKATOS, 2005).
Para coleta dos dados foram entrevistados profissionais do segmento de lan houses, educadores, parceiros e crianças.
Na etapa seguinte, foram desenvolvidas atividades em uma lan house utilizando um software de capacitação. Essas atividades foram construídas com base nos dados levantados na etapa anterior e com base na grade curricular de uma instituição de ensino. Tal instituição foi escolhida por estar localizada em uma região de baixa renda, com o objetivo de atender um estrato das crianças pobres brasileiras que estão cursando o ensino formal de educação. Ainda, para a viabilização do estudo, escolheu-se uma lan house que constantemente busca diferenciais competitivos. Além disso, ela é líder no segmento e é reconhecida pelas principais mídias do setor. Somado a isso, a lan house escolhida está preocupada com as questões sociais e mantém parcerias com empresas líderes em seus respectivos mercados, tais como: Electronic Arts, Intel, ATI, Microsoft, Samsung, Nestlé, Caixa, Net e Intel.
Posteriormente, na última etapa, já na Instituição educacional foram desenvolvidas outras atividades que relacionavam o que foi trabalhado e aprendido na lan house. Sendo assim, para mensurar a performance das crianças atendidas durante essa pesquisa, o software de capacitação, distribuído pelo fornecedor parceiro, avaliou tanto a agilidade no desenvolvimento das atividades, quanto o resultando e o nível de dificuldade empregada nas tarefas. Ao término das atividades, o software emitiu um relatório com o desempenho obtido pelos sujeitos a fim de avaliação disciplinar e arquivamento.

4 APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA

A partir da pesquisa de campo, elaborou-se a proposta aqui apresentada cuja missão é incluir digitalmente crianças e adolescentes matriculados em escolas públicas. Como objetivos da proposta definiu-se:

            - Mostrar uma saída viável para inclusão digital no Brasil;
            - Unir instituições educacionais e lan houses;
            - Criar responsabilidade social;
            - Usar adequadamente um segmento ainda embrionário;
            - mudar rótulo de casa de jogos eletrônicos para centros de conveniência e inclusão digital;

Os valores abaixo devem ser seguidos para dar sustentação à missão e aos objetivos determinados:

  • Conhecimento;
  • Aprendizado;
  • Ética;
  • Igualdade;
  • Desenvolvimento socioeconômico;

-  Responsabilidade Social.

Primeiramente, prospectando uma instituição educacional. O projeto é formalizado através de um acordo por meio de autorizações dos pais das crianças obedecendo às leis federais e subsidiariamente as leis de cada estado.
No segundo passo, já durante o projeto, são disponibilizados computadores em horários ociosos para as atividades propostas. Para auxiliar as crianças, atendentes são alocados para dar-lhes suporte em parceria com um monitor, o qual é cedido pelo fornecedor do software. As lan houses participantes do projeto também se comprometem em cobrir os custos de operação, como limpeza e manutenção dos equipamentos e dispositivos.
Os deslocamentos das crianças da instituição educacional para a lan house e, posteriormente, a volta são realizados por um veículo especializado em transporte escolar, custeado pelo patrocinador do projeto.
Tão importante quanto incluir esta proposta na grade curricular de ensino, as instituições educacionais atuam para que o projeto não cresça de modo desordenado e sem fim pedagógico. Para que isso ocorra, é necessário que haja acompanhamento por parte de educadores durante a ação e a aplicação do conteúdo durante as atividades escolares ao decorrer do ano letivo e, desse modo, analisar se o projeto está correspondendo com as expectativas propostas para o desenvolvimento das crianças.
A associação a um fornecedor de software contribui de forma significativa na redução do custo da operação, mantendo assim, a viabilidade do projeto. Outro ponto a ser destacado é que as lan houses e as Instituições Educacionais têm objetos sociais e ramo de atuação diferenciados, o que raramente engloba o desenvolvimento de ferramentas tecnológicas para o auxílio do ensino e aprendizado.
Para atender essa carência, a parceria com um fornecedor de software para capacitação, além de contribuir na avaliação do projeto, abre o leque de possibilidades e oportunidades do uso casado da tecnologia da informação na educação e formação das crianças.
Além disso, é necessária a busca de um patrocinador. Sabe-se que o Empreendedorismo Social ganha espaço e visibilidade cada vez maior por se tratar de uma profissionalização da responsabilidade social e, consequentemente, maior eficácia e prospecção de recursos.
Ainda, as lan houses podem atuar como showroom de fabricantes de hardware e software, com intenção de exposição da marca, bem como se promover como uma empresa sócio responsável, o que facilita a obtenção de patrocinadores.
O patrocínio, na proposta aqui estudada, é revertido ao custeio do transporte fretado das instituições educacionais às lan houses, o que demonstra que a finalidade do projeto não é a exploração comercial e, sim, mostrar como as lan houses podem atuar em parceria com instituições para uma sociedade melhor.
 A análise do ambiente interno é necessária para que sejam identificadas as forças e fraquezas internas diante das oportunidades e ameaças do mercado e, com isso, utilizar como pontos de trabalho e exploração para o sucesso do empreendimento. Para isso, é necessário que as capacidades, competências e recursos estejam alinhados aos Fatores Críticos de Sucesso1 da organização.
Pode se identificar como pontos fracos da proposta:

  • Necessidade de boa estrutura para atendimento adequado das crianças;
  • Pouca experiência das lan houses na área social.

Como pontos fortes:

  • Projeto inovador para lan houses na área de Inclusão Digital;
  • Custo baixo de operação e transporte;
  • Estrutura já desenvolvida, sem necessidade de investimentos.
  • Inclusão Digital em pauta no país, bem como responsabilidade social;
  • Crescimento sócio-econômico do país, criando demanda;
  • Indústria do terceiro setor em forte crescimento.

Para definição da estratégia, posicionamento e atuação da proposta aqui apresentada, deve-se levantar algumas questões essenciais:

  • Qual o diferencial competitivo;
  • Como obter esse diferencial;
  • Qual o foco da proposta.

Há três tipos genéricos de visão para formação da estratégia:

  • Liderança total em custos;
  • Diferenciação;
  • Foco.

Partindo desse pensamento, pode-se colocar como estratégias desta proposta o ponto forte do baixo custo comparado aos projetos similares.
O baixo custo de operação possibilita ampliar a atuação e replicação do modelo de modo rápido e sustentado. Além disso, facilita a busca de outros estabelecimentos para sediar as atividades e a prospecção de potenciais patrocinadores e parceiros para esta proposta.

5 CONCLUSÃO

O objetivo desta proposta foi o de apresentar uma solução para a disseminação e capacitação da tecnologia da informação e comunicação, a fim de garantir a inclusão social às crianças e adolescentes desfavorecidos economicamente. O Brasil é um país de proporções continentais e de uma riqueza natural muito acima da média. A desigualdade social e a má distribuição de renda ocorrem há séculos, e estão gerando consequências cada vez mais preocupantes. Uma das consequências principais é o abismo criado entre gerações e classes sociais. Um país de contrastes pode ser uma das melhores definições para o Brasil, o qual terá um largo caminho na redução da desigualdade social e melhor distribuição de renda. A iniciativa privada, impulsionada pela necessidade de criar demanda, tem investido e investirá ainda mais na disseminação da tecnologia. Tal fato, pode aumentar ainda mais a discrepância econômica e social.
No entanto, a profissionalização do setor de lan houses, a nível nacional, é questão de tempo, uma vez que o segmento ainda está por alcançar seu ciclo de maturidade. A alta demanda por acesso à tecnologia no país aponta uma oportunidade única para esse se expandir de forma exponencial pelo território nacional, o que amplia em proporções extensas a possibilidade desta proposta atender milhares de pessoas no Brasil, consolidando categoricamente o setor como a principal ferramenta para inclusão digital.
Um setor carente de regulamentação e rotulado de “fliperama moderno”, as lan houses ofertam acesso a uma quantidade imensurável de informação e possibilitam mais um tipo de comunicação e de baixo custo, por meio de mensageiros instantâneos, VoIP (ligação de voz sobre IP), e-mails, sms, multimídias, entre outros.
Somado a isso, o atual número de lan houses à disposição da sociedade, possibilita a criação de um programa de inclusão digital eficaz, de rápida capilarização e custo baixo. Partindo-se do pressuposto que apenas 10% das 3 mil lojas no Brasil participem do projeto e que cada uma atenda a 40 crianças por mês, teremos um montante de 12 mil jovens assistidos por mês, um número significativo e com perspectivas de crescimento pouco visto na área do Empreendedorismo Social.
Além de benefícios para o setor, como a regulamentação e reconhecimento por parte de sindicatos, órgãos governamentais e melhor imagem da categoria para o consumidor, as lan houses podem mostrar como os governos municipais, estaduais e federais podem atuar em parceria com a iniciativa privada em prol da redução drástica da desigualdade social e a sonhada democratização da informação e comunicação.
Apesar de ser simples, necessita da participação intensiva e forte envolvimento de agentes como proprietários dos estabelecimentos, educadores das instituições educacionais e parceiros da indústria de tecnologia e comunicação.
De acordo com os objetivos específicos determinados no início desta proposta, pode-se dizer que não só mostrou-se a viabilidade do setor de lan houses no auxílio à inclusão digital, como também as ferramentas adequadas. Portanto, com um custo baixo, pode-se concluir que esta proposta é de enorme valia podendo contribuir para a solução da inclusão digital no país.
 

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1 Habilidades e os recursos que a empresa precisa necessariamente ter para vencer.