Nataly Yolanda Capelari dos Santos *
José Carlos dos Santos **
UNIOESTE, Brasil
naty.ycs@gmail.comRESUMO: A literatura é um produto humano que carrega as mais diversas subjetividades e objetividades de seu autor, falando de si própria ao mesmo tempo em que fala do e sobre o mundo, implícita ou explicitamente. Por esse motivo, ela representa, também, um campo naturalmente interdisciplinar. Em uma obra literária podemos encontrar as mais variadas expressões sobre diversos assuntos e temas que envolvem o ser humano e os grupos sociais do qual fazem parte. A morte, por exemplo, única certeza absoluta dos seres humanos e tema de diversas pesquisas científicas e questioidntos individuais, torna-se o elemento chave de uma narrativa de José Saramago, publicada em 2005, chamada As intermitências da morte. Nesse romance, o escritor parte de uma visualização geral - histórica e social - da morte para afunilar nas relações da morte com o indivíduo. A morte, construída como personagem, decide entrar em greve, permitindo aos homens viver um de seus maiores desejos: a imortalidade, a qual, de um momento inicial de euforia e êxtase transforma-se na catástrofe e caos de um país onde ninguém mais morre e as instâncias sociais que têm por ofício cuidar dos doentes se veem superlotadas e sem condições de manterem o contingente de moribundos. Dentro da própria narrativa, o governo apresenta uma solução que se concentra na criação de um grupo interdisciplinar para buscar a solução do problema da imortalidade em um país monarquista não nomeado, quando a morte decide suspender suas atividades, contudo, o mesmo logo se dissolve. Embora haja essa dissolução, o diálogo entre as diferentes áreas em busca de uma solução para a questão acompanha a narrativa em grande parte. Nesse contexto, objetivamos apresentar um estudo interdisciplinar sobre a morte que suscitou com a leitura dAs intermitências da morte e o problema por ela exposto sobre a ausência da morte e sobre a vida. Para isto, partimos de um panorama sobre o início dos estudos interdisciplinares e seus objetivos (Raynaut; Veiga-Neto; Paviani) de modo a tornar clara a relação interdisciplinar existente entre a literatura, a morte e a sociedade como um todo. Em sequência abordaremos sobre as posições e compreensões do homem diante e sobre a morte (Morin; Ariès; Elias) e finalizaremos com a análise e paralelo/relação da/ com a narrativa. Em síntese, é imprescindível ressaltar que ao falar sobre a morte, a obra saramaguiana ultrapassa as fronteiras rígidas da ficção e passa a se relacionar com o homem real, estabelecendo no universo imaginário, representações e explicações sobre o tema da imortalidade e suas consequências para toda uma nação.
Palavras-chave: Literatura; Interdisciplinaridade; Morte; Vida; Personagem; Autor.
KEY-WORDS: Literature; Interdiscilinarity; Death; Life; Character; Author.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Nataly Yolanda Capelari dos Santos y José Carlos dos Santos (2018): “Literatura e interdisciplinaridade: um estudo sobre a morte”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, (enero-marzo 2018). En línea:
http://www.eumed.net/rev/cccss/2018/01/literatura-interdisciplinaridade.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/cccss1801literatura-interdisciplinaridade
INTRODUÇÃO
A morte, foco neste artigo e fato da natureza humana, é tratada e estudada por todas as áreas do conhecimento multi, inter e disciplinar, tornando-se tema da medicina, da antropologia, sociologia, história, literatura e, neste trabalho, de um romance saramaguiano. Portanto, considerando a literatura como um campo naturalmente interdisciplinar, produto da comunicação humana e forma de ser no mundo, estabeleceremos um estudo interdisciplinar da morte que parte da própria narrativa literária, mediante a apresentação da imortalidade.
Na narrativa, iniciamos a análise a partir da criação de um grupo interdisciplinar - por parte do governo - composto por instâncias filosóficas e teológicas discutem e procuram soluções para o desaparecimento da morte nesse país não nomeado, que vive sob a égide de uma rainha. Embora o grupo se dissipe tão logo se crie várias instâncias continuam a buscar a solução para a falta de morte. A interdisciplinaridade se extingue como grupo de personagens que compõem a narrativa, mas permanece em todo o romance na forma como o escritor organiza a linguagem, vozes e ações das personagens.
Embora o romance de Saramago parta de uma posição mais geral e a afunile para as relações do homem com a morte e da morte em si, enfocaremos apenas na relação interdisciplinar e global das consequências de uma possível mortalidade, visto que o espaço seria demasiadamente curto para continuar, o que proporemos em outro momento.
Consideramos, inicialmente, que a natureza humana é interdisciplinar por si própria. Explicamos e confirmamos esta afirmação quando, nas mais simples ações diárias, aplicamos e utilizamos os mais diversificados conceitos e conhecimentos para concluir alguma tarefa seja ela considerada científica ou não. Da mesma forma, no momento em que tratamos a literatura como um campo interdisciplinar por natureza estamos tratando-a como resultado da produção e comunicação humana (a qual efetivamente ela é), por possui a capacidade de abordar os mais variados aspectos e acontecimentos da realidade de diferentes maneiras, mesmo que no entremeio da narrativa surjam e evidenciem-se características próprias e exclusivamente ficcionais, ou seja, mesmo que nas narrativas misturem-se aspectos da ficcionais e reais.
Nesse sentido, acreditamos ser importante estabelecer um panorama sobre o surgimento da interdisciplinaridade, como proposta de estudo e ensino revolucionária (devido ao caráter disciplinar vigente até então) no fim do século XX e seus objetivos, abordando sobre os diferentes modos de analisar determinados acontecimentos. Essa breve explanação se torna necessária para que o leitor compreenda as relações realizadas entre literatura e as mais diversas áreas, mediante uma metodologia interdisciplinar.
Em suma, o objetivo deste artigo é abordar a Literatura como um campo interdisciplinar por natureza e apresentar uma compreensão interdisciplinar da morte, iniciada dentro da própria narrativa literária, representando questioidntos e posicioidntos reais e atuais sobre o tema. Ao falar sobre a morte, a obra ultrapassa as fronteiras rígidas da ficção e passa a se relacionar com o homem real, estabelecendo no universo imaginário, representações e explicações sobre o tema da imortalidade e suas consequências para toda uma sociedade.
1. O SURGIMENTO DA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR
No século XX, no contexto do pós-guerra, em função da negatividade e descrença no modelo de ciência, surgem concepções de mundo que afirmavam que a realidade estava caótica, compartimentada, fragmentada e seria tarefa do indivíduo reordenar isso tudo. Seria desafio do próprio pensamento enquanto saber filosófico e científico, produzir o planejamento de um novo mundo. Tal proposta foi lembrada por Vera Portocarrero, ainda em meados dos anos 90, como a metáfora do tetraedro.
A autora partiu do princípio de que há uma dinâmica e possíveis interações das ciências, da filosofia em geral, da epistemologia em particular e da história das ciências, e que isto deveria consistir num dos mais importantes temas do debate intelectual contemporâneo. Segundo ela,
a imagem de um tetraedro proposta recentemente pelo filósofo francês Michel Paty é uma das possibilidades de expressá-las, acentuando que cada uma daquelas áreas de conhecimento, representada pelos vértices do tetraedro, se relaciona e se enriquece no contato com as outras, mas sempre de maneira peculiar e assimétrica. O tetraedro, eclético, preserva os espaços de cada disciplina e ressalta a riqueza de sua combinatória (PORTOCARRERO, 1994: 06).
A autora destaca a vitalidade destas interações mesmo em um campo de divergências1 . Mas é justamente a instabilidade que cria a sinergia relativamente harmônica em um campo de diversidades, e traduz, por sua vez, a complexidade dos fenômenos estudados, remetendo à disputa entre disciplinas e abordagens que resultam em sucessivos deslocamentos na filosofia do conhecimento, na epistemologia, na sociologia e na etnociência, com reflexo nas outras diversas áreas do saber.
A autora ressalta em seus estudos as contribuições de Thomas Kuhn. Nesta abordagem sobre literatura e história, suas contribuições são também significativas visto que, conforme destacou a autora, “Thomas Kuhn, se evidenciou a ruptura com a visão da ciência como sistema autônomo de produção de verdades” (p.07). Portocarrero destaca ainda que, a partir da produção de Kuhn, houve muitos outros desdobramentos importantes na história do pensamento rumo à adoção do tetraedro nas análises epistemológicas, poucos conhecidos nos curso de pós-graduação no Brasil dos anos 19902 . Uma rara visão de conjunto em que o tetraedro idealizado por Paty parece materializar-se.
O movimento interdisciplinar tem também fundamentos nos princípios do tetraedro e nas críticas de Thomas Kuhn. Tal fundamento tem raízes no conceito de crise da ciência moderna em abarcar todo o conhecimento existente e dele conter todo controle, e na proposição de uma busca fundada no diálogo entre disciplinas, num trabalho conjunto entre pesquisadores de diferentes áreas e numa compreensão e modo de transformação da realidade em sua totalidade.
Nas últimas décadas fica evidente que o modelo compartimentado não consegue mais explicar os problemas. Uma só disciplina ou forma de enxergar as coisas não consegue mais abarcar e tampouco explicar os acontecimentos atuais. O mundo se tornou tão complexo, tão fluído ou líquido-moderno, como aponta Bauman (2000), que não é mais possível se prender uma única forma fixa de compreensão e vivência social.
A interdisciplinaridade nasce, então, como uma reposta, um modo de fazer as disciplinas dialogarem juntas e contribuírem para uma visão mais amplificadora e total do problema que se pretende solucionar – até então estudado disciplinarmente, de modo fragmentado e compartimentado por cada especialidade do conhecimento. Essa totalidade por ela pretendida, a nosso ver, não se refere a uma totalidade em si - visto que a mesma seria, de certa forma impossível, devido a quantidade de conhecimento existente atualmente -, mas a uma forma mais abrangente de conhecer que abarcaria muito mais que a disciplina em sua forma isolada. Portanto, um estudo sobre o processo de aquisição da linguagem, por exemplo, não levaria em consideração apenas a disciplina psicologia, mas contaria com informações e contribuições da linguística, da neurologia, da medicina, da sociologia e filosofia, as quais trabalhariam em conjunto buscando uma solução mais abrangente para o problema sem ignorar o que cada área já teria adquirido e formado em questões de conhecimento.
Como afirma Raynaut (2011), isso não significa que de deva desconsiderar a base específica que cada estudioso possui, pois a interdisciplinaridade só é atingida quando se tem bases sólidas e muito bem estabelecidas na área do conhecimento de cada sujeito, os quais sabem até onde podem chegar e o quanto compreendem, sob aquela ótica, a realidade na qual vivem.
Deste modo, ainda segundo o autor, não haveria “brigas” para saber qual disciplina detém a verdade, mas sim discussões e conversações onde cada uma, dentro de sua compreensão contribuiria com seus conhecimentos, o que também implica em compreender que não há uma disciplina mais importante que a outra. O diálogo entre as disciplinas revelariam outros saberes, num desejo de aprender continuamente com o outro o que ele tem a fornecer que a outra disciplina não consegue explicar sozinha.
Isso também implica em questões de atitude e não só epistemológicas, como aponta Veiga-Neto (1995), pois, por mais que as tentativas do ser interdisciplinar não demonstrem resultados imediatos, percebe-se que as tentativas estão acontecendo e servem para identificar falhas, o que está faltando no processo, permitindo a percepção que ainda há coisas a melhorar, saberes a integrar e problemas a considerar, o que evidencia, como explica o autor acima, que o processo não fica “do lado de fora das disciplinas”.
A necessidade volta-se em solucionar problemas e não adquirir apenas saberes isolados sem saber como aplicá-los, pois hoje “as disciplinas, numa visão aberta e sistêmica, em vez de sublinhar a autonomia do seu objeto de estudo, questionam seus limites e descobrem novos conhecimentos em suas fronteiras”(PAVIANI, 2007: 142).
Em suma, estas discussões remetem a pensar no papel do sujeito. A interdisciplinaridade remete a pensa-lo no intermeio de uma cultura dinâmica, que se modifica constantemente, na própria dinâmica do estar do universo. Ela instiga a pensar o próprio ser humano enquanto em transformação constante, na medida em que interfere e age sobre o mundo para compreendê-lo e sobreviver nele. Para tanto, as perguntas que nos movem são impulsionadas pela certeza de finitude da vida em algum momento, assim, a morte foi e ainda é o pano de fundo sobre o qual as seguintes questões se pautam: Para onde vamos? É o fim?
Tais dúvidas sobressaltam na medida em que verdades estabelecidas foram colocadas em dúvidas. Bauman (2007) resgata a ideia de que vivemos em uma ‘sociedade aberta’, a qual traz à nossa mente a experiência aterrorizante de uma população heterônoma, infeliz, vulnerável, confrontada e sobrepujada por forças que não controla e nem entende totalmente, estando exposta, assim, aos ‘golpes do destino’. Vale ressaltar que considerar ‘destino’ implica em encarar a imprevisibilidade da vida, na medida em que, ao longo de toda a história da humanidade, nenhum dos ambientes sociais jamais ofereceu um seguro infalível contra golpes do destino; verdadeiros sismos existenciais sempre estiveram presentes. A ciência moderna, a psicologia, filosofia etc. foram transmissoras de um saber da segurança.
Na sociedade, ‘aberta’, a estabilidade, não existe; o medo é reconhecido como um demônio e é alimentado tanto pela insegurança do presente, quanto pela incerteza do futuro, produzindo um profundo sentimento de impotência frente à percepção de que não estamos no controle, seja de modo individual ou coletivo. A morte é um destes temas que, para além das imagens mitológicas que reúne, simboliza a insegurança contemporânea. Talvez Tanatos, em uma roupagem pós-moderna, volta a viver como uma força intempestiva.
Ainda que numa liquidez, a morte é inerente à condição humana. Somos seres finitos, angustiados frente ao fato de que a vida nos escapa, apesar de todas as tentativas de controle como fuga a essa condição. De acordo com Simons (2006), a busca para o sentido da vida não é uma interrogação entre outras, mas é a interrogação por excelência, de onde emergem todas as outras porque implica a busca de si mesmo e de seu porvir.
Os textos literários tem frequentemente tematizado esta questão da busca de respostas sobre a verdade absoluta e científica, sobre a morte e possibilidade de trapaceá-la ou postergá-la. As produções retomam incessantemente deste tema proibido e assustador para a sociedade moderna e seu desejo de viver sempre mais, de ser imortal, mas também indica que o medo existe; que o futuro é incerto. Procuraremos indicar estes sentimentos no romance As intermitências da morte, de José Saramago.
2. UM ESTUDO INTERDISCIPLINAR DA MORTE EM AS INTERMITÊNCIAS DA MORTE
O romance em análise, As intermitências da morte foi publicado em Portugal no ano de 2005, por José Saramago e trata sobre as questões da morte. Contudo, estas são tratadas por seu inverso, sua antítese: a falta da morte ou a vida eterna. Nada é nomeado nessa história, seguindo o mesmo padrão de Ensaio sobre a cegueira e Ensaio sobre a lucidez. A cidade não tem nome, tampouco as personagens, as quais são descritas por características físicas, adereços que utilizam ou as profissões que possuem, permitindo que os acontecimentos expostos não se enquadrem apenas em um ambiente possível, mas em todos eles.
Um fato que chama muito atenção de qualquer leitor é que a narrativa parece apresentar seu clímax logo no início do enredo, descrevendo um acontecimento inusitado e um tanto absurdo. A frase demonstrada no excerto abaixo permite que o leitor saia da história comum, do era uma vez e perceba que o romance será diferenciado, trará algo que o surpreende e que ele não esperaria, ainda mais se se tratar de uma primeira leitura das obras saramaguianas:
No dia seguinte ninguém morreu. o facto, por absolutamente contrário às normas da vida, causou nos espíritos uma perturbação enorme, efeito em todos os aspectos justificado, basta que nos lembremos de que não havia notícia nos quarenta volumes da história universal, nem ao menos um caso para amostra, de ter alguma vez ocorrido fenómeno semelhante (SARAMAGO, 2005: 04).
A partir dessa exposição, a população daquele país não nomeado, sob o comando de uma monarquia, passaria a viver, primeiramente, o êxtase e o fascínio de uma vida sempiterna e, no decorrer dos meses, o caos e o desespero da inexistência libitina. Então, para resolver o problema que a possibilidade da vida eterna causa, um grupo interdisciplinar é formado e designado para encontrar explicações e soluções para a “greve da morte”.
José Saramago cria uma narrativa irônica e, embora trate de um assunto que se tornou tabu na atualidade e causa temor e aversão, devendo ser constantemente afastado e não pronunciado – a morte – trata-a com grande alegria e tranquilidade, demonstrando uma naturalidade que lhe é intrínseca e deve-se ao modo que compreende a morte enquanto indivíduo real, portanto uma forma que parece querer transpassar em sua literatura:
[As intermitências da morte] foi um livro escrito com alegria. Falar da morte e dizer que o fiz com alegria... É uma alegria que vem não só pelo tom irônico, sarcástico às vezes, divertido, mas também porque é como se me sentisse superior à morte dizendo-lhe “Estou a brincar contigo” (SARAMAGO, 2010: 315).
Essa ironia perpassa toda a obra e se concentra, principalmente, nas vozes do governo, das igrejas e das instâncias mercadológicas que se corrompem e, ao invés de se aterem à resolução do problema, preocupam-se com o lucro ou prejuízo de dinheiro ou mesmo de clientes.
A inversão de pontos de vista na obra além de ser um estilo do autor, de sua ironia, consiste em dialogar com o leitor. Não nomear é desteritorializar; não colocar tempo, igualmente, é uma forma de produzir efeitos de sem referências no leitor para permitir que este veja para além de suas convicções. Portanto, o autor fala da morte para falar da vida, descontextualiza para falar de contextos; atemporiza para falar de tempo.
O tema da morte também é retratado por outras áreas de conhecimento além da literatura. Brevemente, a seguir, registramos discussões que perpassaram pela história e sociologia, com intuito de ressaltar seu aspecto multidisciplinar enquanto objeto de pesquisa.
Como nosso ponto focal se inicia com a ruptura dos falecimentos humanos e perpassa o surgimento de um grupo interdisciplinar - suas relações e reações dentro da narrativa quando buscam a elucidação da falta de morte -, apontaremos nossas pesquisas sobre como a morte é compreendida e tratada no decorrer da história, pelos mais variados grupos do saber e culturas, traçando um paralelo com as exposições de alguns desses grupos na própria obra ao mesmo tempo em que construímos um estudo interdisciplinar sobre o tema e o aplicamos no romance.
Até a publicação do ensaio de Edgar Morin, denominado O homem e a morte (1921-1997), os assuntos voltados especificamente para esta questão eram pouco ou nada abordados. O autor propõe uma ciência total da morte, ou seja, um estudo que permita “conhecer simultaneamente a morte através do homem e o homem através da morte” (MORIN, 1997, p. 20), partindo de uma antropologia genética da morte3 .
O ensaio se fixa em três pressupostos: a antropologia, a morte como um duplo e a morte-nascimento e são a partir desses eixos que se desenvolvem as crenças sobre a morte. Morin também aponta que a literatura e a filosofia nunca deixaram de tratar sobre este tema, ainda que o mesmo tenha sido abandonado em alguns períodos da história. Assim, partindo das relações globais do homem com a morte e o contrário, estabelece o estudo pioneiro que culmina em uma história e sociologia da morte, segundo o historiador Philippe Ariès (1975), e não mais em um tratamento exclusivamente discursivo.
Em História da morte no Ocidente, Ariès aborda o trabalho de Morin e afirma que seu estudo segue na mesma linha, contudo, atendo-se e situando as indagações e reações diante da morte em um contexto histórico, segundo “o desapossamento do moribundo, a recusa do luto e a invenção de um novo ritual fúnebre nos Estados Unidos” (ARIÈS, 2017: 213).
Em seu trabalho, o autor aborda como os diferentes grupos sociais ocidentais modificam sua visão do conceito de morte de acordo com as transformações no modo de vida e culturas deste mesmo grupo e nas relações de um indivíduo com o outro.
A obra é dividida em três momentos: 1- A morte domada – que concerne à morte tomada numa perspectiva sincrônica como um acontecimento natural, muito próximo aos indivíduos, no qual há a possibilidade de uma imortalidade; 2- A morte sob um ponto de vista diacrônico, considerando as modificações na forma de entendimento sobre a morte a partir do século XII, na Idade Média, que se traduz por um intenso apego às questões da vida; e 3- A morte interdita – abordando as atitudes contemporâneas sobre a morte, os ritos, o afastamento dos moribundos e a “proibição” da nomeação da morte.
Em contrapartida, Ariès tem seu estudo criticado por Norbert Elias, no sentido de considerar a postura do homem diante da morte na Idade Média de forma serena e calma. Como afirma Elias “embora seu livro seja rico em evidências históricas, sua seleção e interpretação dessas evidências deve ser examinada com muito cuidado” (idem, 2001: 04). Ainda como salienta o autor, é ingênuo e romântico pensar que a morte era mais pacífica no passado do que atualmente sem considerar que os grupos e a sociedade eram completamente diferentes do que são com todo desenvolvimento industrial, tecnológico e científico no fim do século XX.
Concordamos com Ariès quando critica um aspecto de Morin e consideramos a romanticidade presente no trabalho daquele e criticada por Elias. Entretanto, todos os três estudiosos chegam à conclusão que antigamente o trato do homem com a morte e diante dela era diferenciado. O envolvimento dos indivíduos com a extinção da vida era mais próximo e comum. Isso se devia ao fato de a expectativa de vida entre esses povos ser muito menor, havia diversos perigos, doenças eram menos controláveis e dificilmente se conhecia cura para as mesmas, além disso, a doutrina oficial pregava “o sentido da culpa e o medo da punição” (ELIAS, 2001: 05).
À medida que a sociedade e os próprios sujeitos se transformam, também a concepção de morte se modifica. O que para os primitivos e para o homem da Idade Média era natural e próximo a todos os integrantes de um grupo, inclusive crianças que brincavam e se divertiam nos funerais, possuindo completo acesso ao cadáver e proximidade com os sentimentos envoltos no morrer. Nas guerras, inclusive, a morte era considerada símbolo de heroísmo e honraria. Morrer no campo de batalha, protegendo os seus grupos era orgulhoso para os soldados e para a família destes.
Contudo, após a segunda metade do século XIX, início da Idade Moderna, essa concepção de morte se modifica e os indivíduos próximos ao moribundo passam a esconder dele a gravidade ou o tempo em que estes morrerão, com o objetivo de poupar o doente do sofrimento. Muda-se a sociedade, modificam-se as formas de morrer. Saímos da Idade Média para o surgimento da ciência, transformações e evoluções tecnológicas e descobrimentos que impactam enormemente a forma de o ser humano lidar com o mundo e consigo próprio.
Também na Literatura, no movimento romântico surgido nesse período, a morte assumiu seu status de desejo, ambição e exaltação. Um exemplo pode ser visto no romantismo de segunda fase no Brasil, marcado pelo mal do século, em que a morte era tratada abertamente e desejada por poetas como Alvares de Azevedo. Além disso, salienta Rosenfeld,
O subjetivismo radical derrama-se incontido, como já se viu na auto-expressão do artista. O ímpeto irracional, o gênio original e a exaltação dionisíaca sobrepõem-se à contenção, à disciplina apolínea da época anterior [o classicismo]. Prepondera o elemento noturno, algo de selvagem e também de patológico, uma inclinação profunda para o mórbido, a ponto de Goethe ter defendido o Classicismo como aquilo que é sadio e ter visto no Romantismo a encarnação do doentio (ROSENFELD, 2002: 268).
Já no século XX a morte é esvaziada de seu sentido. A exaltação torna-se recusa, passasse a morrer longe de casa, longe das crianças, as quais não podem mais se divertir ou fazer gracejos durante o rito e, a própria família, se afasta de todos os processos que envolvem a morte do moribundo, delegando-os às funerárias e empresas de seguros de vida.
Nisso a medicina traz grandes contribuições, já que a partir dela pensa-se na saúde como antítese da morte. Para tratar sobre isso, nos referimos ao próprio símbolo da medicina: um bastão com uma serpente. Como discorre Rezende (2009: 19-20), esse bastão representa “a árvore da vida, com o seu ciclo de morte e renascimento” e a serpente em torno do bastão “símbolo do Bem e do Mal, portanto da saúde e da doença; símbolo do poder de rejuvenescimento, pela troca periódica da pele; ser ctônico, elo entre o mundo visível e o invisível”.
O autor salienta ainda que a medicina surgiu na Grécia, por meio de Hipócrates que transmitia seus conhecimentos à sombra de um Plátano, criando um juramento para aqueles que fossem exercer a profissão. Contudo, ele aponta que no século XX, o “progresso científico e o avanço tecnológico da medicina, aliados à evolução do pensamento e dos costumes, trouxeram novos conceitos e novos aspectos relativos à ética médica” (REZENDE, 2009: 45), fazendo com que o juramento do filósofo fosse questionado e, a partir de então, modificado.
Os surtos epidêmicos como a peste negra e varíola que dizimaram populações inteiras contribuíram para a mudança e temor em relação à morte. O que anteriormente era considerado um acontecimento natural, nesses períodos representava uma calamidade devido à grande quantidade de mortos. Além disso, a gripe espanhola surgida após a primeira Guerra Mundial (matando cerca de 20 milhões de pessoas) unidas às duas Grandes Guerras Mundiais, o horror dos campos de concentrações e sumiços de pessoas nas ditaduras militares pelo mundo colaboraram ainda mais para essa mudança: a morte é afastada das discussões sociais. Procura-se a todo modo, formas de superá-la, de adiá-la ou, simplesmente, não tocar em seu nome. Até mesmo os rituais sofrem modificações e algumas culturas começam a cremar seus mortos, de modo que nada reste deles. A morte torna-se inominável:
Tudo de passa como se nem eu nem os que me são caros não fossêmos mais mortais. Tecnicamente, admitimos que podemos morrer, fazemos seguros de vida para preservar os nossos da miséria. Mas, realmente, no fundo de nós mesmos, sentimo-nos não mortais (ARIES, 2017: 98).
Como aponta também, Elias (2001), as atitudes que hoje se demonstram acerca da morte não são estáticas e tampouco acidentais, mas resultado de particularidades da sociedade em determinados estágios do desenvolvimento. Hoje os pais inventam palavras sedosas para falar aos filhos sobre a morte de um parente, de modo que morte não seja mencionada e tampouco o processo de envelhecimento, embora o respeito, atenção e cuidados aos idosos tenha adquirido espaço que antes não possuía.
Além disso, os grandes avanços na medicina permitiram uma melhor qualidade de vida e consequente prolongamento dela, o que não era possível nas condições sociais da Idade Média, por exemplo. Em suma, “nunca antes as pessoas morreram tão silenciosa e higienicamente como hoje nessas sociedades, e nunca em condições tão propícias à solidão” (ELIAS, 2001, parte 6).
Este breve histórico sobre as sociedades e o tema remete a compreendermos que há uma territorialidade e espacialidade quando ele é tratado. Tema sempre presente e diferentemente abordado pelos rituais e pelas formas epistêmicas de confrontá-lo. As narrativas literárias se incluem nestas práticas territorializadas e epistêmicas a cerca da morte. É neste sentido que o texto de José Saramago, mesmo quando a “ignorando” faz sobre ela severa reflexão.
Embora a maior parte da sociedade contemporânea afaste a morte e a trate como um tabu, Saramago traz a discussão à tona com uma carga admirável de ironia, já que a morte decide suspender suas atividades. Essa ruptura com a “normalidade” desencadeia uma série de acontecimentos que, além de demonstrar a preocupação na busca de uma solução para o problema, evidencia, também, o pior dos lados dos seres humanos e das instâncias sociais detentoras do poder de falar sobre a morte ou determinar entre quem vive e quem morre.
A morte, então, primeiramente rejeitada e abominada por cortar os fios que conduzem a vida e impossibilitar uma vivência maior, passa a ser adorada pelas pessoas da cidade quando deixa de ceifar a existência de todos por vários meses. Contudo, é importante ressaltar que os cidadãos a veneram por ter cessado suas atividades e permitir a imortalidade. Saramago cria em nosso imaginário uma situação da qual nós, seres humanos, possuímos grande curiosidade e gostaríamos de viver: a vida sempiterna.
A relação com elementos de nossa realidade é constante. A morte que é vista e considerada fora do comum apenas quando envolve grandes quantidades de seres humanos, como uma tragédia de avião ou uma guerra, passa a preocupar por não mais existir para nenhum ser humano: “É natural, o costume é morrer, e morrer só se torna alarmante quando as mortes se multiplicam, uma guerra, uma epidemia, por exemplo. Isto é, quando saem da rotina” (SARAMAGO, 2005: 10). Ainda assim, embora todos saibamos que seja algo natural não deixamos de evita-la e buscar posterga-la através dos mais variados modos: exercícios, alimentação, monitoramento da saúde etc.
As duas entidades que surgem com maior preocupação sobre a interrupção do fim são a igreja e o governo. Escárnio ou não, todos sabemos que essas duas instâncias são rivais desde o início dos tempos atinente à detenção do poder. Os debates são frequentes para decidir o que cada um fará com a situação como que numa espécie de jogo para identificar o vencedor:
Que irá fazer a igreja se nunca mais ninguém morrer, Nunca mais é demasiado tempo, mesmo tratando-se da morte, senhor primeiro-ministro, Creio que não me respondeu, eminência, Devolvo-lhe a pergunta, que vai fazer o estado se nunca mais ninguém morrer, o estado tentará sobreviver, ainda que eu muito duvide de que o venha a conseguir, mas a igreja, A igreja, senhor primeiro-ministro, habituou-se de tal maneira às respostas eternas que não posso imaginá-la a dar outras, Ainda que a realidade as contradiga, Desde o princípio que nós não temos feito outra cousa que contradizer a realidade (SARAMAGO, 2005: 13-4).
Devido às constantes reclamações, no romance, realizadas pelas funerárias que perderam sua matéria-prima, além dos hospitais e asilos, com excedentes dela e superlotando os espaços, é que o governo designa um grupo interdisciplinar para resolver a situação. Entretanto, na narrativa, esse encontro não corre muito bem. Oito pessoas, dentre elas, protestantes, católicos, filósofos pessimistas e otimistas debateram acerca de um futuro sem morte, discutindo suas convicções a partir de seus pressupostos, contudo sem chegar a um consenso, além do reconhecimento da catástrofe que estaria por vir, levando à extinção da comissão logo após o primeiro encontro:
Que pensam então fazer, perguntou o pessimista mais idoso, além de propor a extinção imediata da comissão (...) Por nossa parte, igreja católica, apostólica e romana, organizaremos uma campanha nacional de orações para rogar a deus que providencie o regresso da morte o mais rapidamente possível a fim de poupar a pobre humanidade aos piores horrores (...) Nós faremos o mesmo, refiro-me às orações, claro está, não aos rosários, sorriu o protestante (...) E nós, perguntou um dos filósofos optimistas (...) Para começar, levantar a sessão, respondeu o mais velho, E depois, Continuar a filosofar, já que nascemos para isso, e ainda que seja sobre o vazio, Para quê, Para quê, não sei, Então porquê, Porque a filosofia precisa tanto da morte como as religiões, se filosofamos é por saber que morreremos, monsieur de montaigne já tinha dito que filosofar é aprender a morrer. (SARAMAGO, 2005: 30).
A comissão se extingue tão logo quanto se cria, pois nenhum dos integrantes consegue aceitar e renunciar às certezas de sua área. Esta citação da obra de Saramago é importante para discutirmos o tema da interdisciplinaridade. O autor parecer colocar em xeque a indisponibilidade de se perder o controle sobre seus determinados campos de saber, embora, “democraticamente” possam se interessar pela solução do mesmo problema: a morte.
Segundo, Flickinger (2011), uma relação interdisciplinar se desintegra porque o espaço inesperado que poderia surgir a partir de uma discussão assim representa uma ameaça às estruturas de cada disciplina e a legitimação dos interesses das mesmas. Portanto, para não perdê-las, torna-se mais cômodo continuar disciplinarmente, apontando o resultado para sua área sem considerar o conhecimento proposto e defendido pela outra em um debate, por exemplo.
Assim, uma relação interdisciplinar pressupõe
a disposição dos participantes de aceitar o vir ao encontro do outro, ou seja, de se abrir em direção a interesses e questioidntos que não encontram respaldo e menos ainda base legítima no próprio horizonte temático. Tomar o outro a sério significa, antes de tudo, entregar-se à perspectiva por ele defendida, a fim de compreender o porquê dessa sua concepção e avaliá-la quanto à sua autenticidade. Somente assim parece ser possível evitar o julgamento precoce e aquela postura dominadora que iria impedir qualquer diálogo interdisciplinar verdadeiro (FLICKINGER, 2001: 129).
Embora o grupo interdisciplinar citado e formado na narrativa se dissolva, o tratamento dado a todo o romance é interdisciplinar, pois Saramago consegue juntar e estabelecer relações lógicas e discussões, a partir de pontos de vistas de cada área do conhecimento com argumentos convincentes sobre a morte. Nas intermitências da morte, a medicina expõe suas preocupações e busca soluções pela representação dos hospitais, médicos e casas de asilo; a teologia nas vozes da igreja católica e protestante; os filósofos pelo espírito que paira nas águas, pelos aprendizes e por seus integrantes mais velhos; o governo o faz pelo discurso e ações de políticos e ministros que falam em nome da matriarca do país.
O tetraedro apontado por Portocarrero, a partir de Paty e Khun, também aponta para esta questão da produção de um saber sobre a naturalização da morte e, na expectativa de rompê-lo, se faz necessário olhar a partir de muitas outras perspectivas.
A morte é tratada pelo escritor, segundo vários focos de compreensão e exposição. Primeiramente de modo mais geral, envolvendo as relações sociais, direcionando para as relações pessoais dos sujeitos com os moribundos e da morte como personagem com ela própria, de modo que, mesmo sendo ossos e capuz é mais viva que o violoncelista quando a encontra. Assim, a morte fantasmagórica dá lugar a uma morte mais humana, mais aceitável, reconfigurando seu significado inicial e transformando-se em um ser vivo, uma mulher.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A literatura permite, assim, uma leitura da realidade que jamais seria possível sem a projeção e representação desse real que é modificado dentro da ficção. Na ausência de conceitos ou explicações para determinados acontecimentos, as narrativas se utilizam de analogias, alegorias e metáforas para explicarem aquilo que até então não se tinha uma explicação, ou ainda, para expor de modo mais completo e coeso aquilo que na realidade é tido como impossível e inquestionável.
Saramago permite que o leitor descubra o que é e como é ser imortal dentro de sua narrativa, desejo que os seres humanos possuem em seu âmago. Ele quer discutir a construção deste desejo e a partir de quais parâmetros ou instituições. Pela personagem da morte, evidencia o quão corrupto e ao mesmo tempo quão magnífico é o ser humano e, pelas vozes das instituições que se apresentam no romance, consegue demonstrar as possíveis consequências de uma vida sempiterna para os indivíduos. O escritor apresenta, assim, uma visão da morte mediante o trato com a vida e a imortalidade, visão esta que representa muito bem nossos desejos e nossas considerações sobre a morte, a iniciar pelo temor e afastamento e seu possível desejo quando verificado que uma vida sem saúde não seria vida e, tal qual o violoncelista, podemos ser mortos em vida ou mortos-vivos.
Relacionando, pois, diversas áreas do conhecimento como história, antropologia, sociologia, filosofia, teologia e cultura, a literatura dAs intermitências da morte trata inter, multi e transdisciplinarmente sobre a morte de uma forma diferenciada, irônica e nada assustadora. Pelo contrário, o assustador no romance não é o esqueleto envolto em lençóis com sua foice, mas a possibilidade de viver em um mundo no qual esse esqueleto, que é a morte, não existisse. José Saramago evidencia a necessidade da morte como pressuposto para a vida, já que, em um espaço onde todos fossem eternos não haveria necessidade de novas vidas, de nascimentos, portanto de transformações e evoluções. Embora a morte seja dolorida por envolver o apagamento da individualidade de um ente querido ela é necessária e imprescindível para que novos pensamentos, novas ações e principalmente, transformações ocorram.
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*Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Cultura e Fronteiras, linha de pesquisa: Linguagem, Cultura e Identidade pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE. Bolsista CAPES/DS. Especialista em Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e Literatura pela Faculdade Educacional da Lapa - FAEL. Graduada em Letras com Habilitações em Língua Portuguesa e em Língua Inglesa e Respectivas Literaturas pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, campus Foz do Iguaçu. Laureada pela mesma instituição e curso em 2012. Pesquisadora bolsista pelo PIBIC (financiamento PRPPG-UNIOESTE) de 2011 a 2012 com o projeto intitulado "Ensaio sobre a Lucidez: a sociedade para Saramago". Pesquisadora nas áreas de Literatura, Letras e Linguística