Revista: CCCSS Contribuciones a las Ciencias Sociales
ISSN: 1988-7833

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EXPERIÊNCIA DE ÓCIO NO PROJETO FÁBRICA DE ARTES: UM DIÁLOGO ENTRE RELIGIÃO E ÓCIO

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1. INTRODUÇÃO

A concepção do ócio humanista proposta por Cuenca (2000), epistemologicamente pauta-se, sobretudo, na abordagem fenomenológica. Essa perspectiva possibilita um refletir mais dinâmico em relação à liberação de um tempo social para se vivenciar o ócio. Além de não compreender a temporalidade como fator limitante ou essencial, esse autor concebe o ócio como uma experiência humana envolvendo uma percepção subjetiva caracterizada pela satisfação, não obrigatoriedade e necessidade vital, com um fim em si mesmo – autotélico. Rhoden (2009) entende o ócio como um fenômeno psicossocial e de caráter psiquicamente dinâmico, enquanto que Monteagudo et al, (2013), destacam o duplo sentido atribuído ao ócio enquanto meio de potencialização de desenvolvimento e singularidade da expressão humana.
Ainda segundo Rhoden (2009), as experiências de ócio caracterizam-se pela identificação de pelo menos três de 11 atributos de interações psicodinâmicas e impactos desencadeados sobre as pessoas que passam por determinadas vivências, a saber: 1) percepção de liberdade; 2) motivação ou significado intrínseco (autotelismo); 3) desfrute ou estados afetivos positivos; 4) desenvolvimento humano; 5) sociabilidade ou encontro interpessoal; 6) descanso ou relaxamento; 7) ruptura ou evasão; 8) desafio; 9) implicação psicológica; 10) autoexpressão; e, finalmente, 11) os estados introspectivos: o encontro consigo, a com a natureza ou com a beleza (apreciação estética).
Um dos contextos sociais em que essas experiências podem ocorrer é no religioso. Segundo Maciel, Carvalho e Vieira Junior (2016) ainda é incipiente no Brasil trabalhos que investigam essa temática; pode-se citar, por exemplo, alguns ensaios (SILVA, 2013; GAROFALO NETO, 2011; GABRIEL; MARCELLINO, 2007; GONDIM, 1999) e trabalhos empíricos (COSTA, 2015, 2016; ROSCOCHE, 2015; OLIVEIRA; ROMERA; MARCELLINO, 2011; MESQUITA, 2007), que buscam compreender essa relação.
Em senso comum o que se percebe, pelo menos no Brasil, é um aumento dos chamados “ministérios1 ” que viabilizam vivências culturais em igrejas evangélicas, sobretudo, aos fiéis. Esses ministérios são conduzidos por pessoas denominados de líderes, que possuem, segundo eles, um “chamado ministerial”, isto é, Deus lhe deu determinadas competências e habilidades que devem ser colocadas em prática para o ensino da Palavra de Deus em diferentes situações, tanto liturgicamente, como no apoio às ações que são realizadas pela igreja. Esses líderes podem ser pessoas que possuem experiência prática em determinada vivência cultural, contudo, sem nenhuma formação profissional relacionada à mesma; mas, também há aqueles que detêm uma formação acadêmica específica, por exemplo, nas diferentes manifestações artísticas como danças, artes cênicas, música, canto.
Esses ministérios proporcionam atividades a diferentes faixas etárias, sexo e interesses culturais, atraindo pessoas tanto da própria denominação, quanto de outras, e até mesmo de religiões diferentes. As atividades desenvolvidas nos ministérios podem ter duplo objetivo, o ensino dos valores apregoados pela fé, e/ou promover vivências culturais. Como exemplo, podemos destacar ministérios como os “Atletas de Cristo”, Moto Clubes Gospel, “Corredores de Cristo”, grupos de teatro, dança e música – nas suas mais diversas modalidades, como balé, jazz, hip hop, street –, “Doutores da “Alegria” – fazem visitas de capelania a hospitais, asilos e creches –, festas gospel com DJ’s, dentre inúmeros outros.
Neste trabalho abordaremos somente as vivências no contexto religioso evangélico, relacionadas a duas manifestações artísticas, dança e coral. Incontestável é a abertura desse segmento social às manifestações culturais, o que tem possibilitado a criação de diversos projetos sociais. Todavia, segundo Prandi (2008) ao se tomar uma cultura como objeto de reflexão, é preciso considerar as pessoas nela envolvida, tendo em vista, as constantes interações promovidas entre as ações e simbolismos que a permeia. Ainda conforme o autor em tela, o que interessa nessa análise no caso da religião são os valores e normas praticadas. Portanto, é preciso ponderar que essa interação só faz sentido no contexto da conduta real das pessoas, e não podem ser desassociadas das ações que as orientam, podendo, assim, constituir novos padrões culturais, mas que também são históricos e concretos.
Enfim, não se pode ignorar que determinada religião intervém na visão de mundo, na adoção de hábitos, na formação de valores e de condutas (PAIVA et al. 2002). Essa alegação também é corroborada por Prandi (2008), ao afirmar que a religião não apenas é parte constitutiva da cultura, mas, também, abastece-a axiológica e normativamente, estabelecendo uma interação recíproca, dinâmica e transformadora com as distintas culturas.
Por meio de análises realizadas pela Psicologia da Religião, Silva (2008) destaca a relação entre as experiências religiosa e a estética, permeando complexos processos psicológicos que envolvem os sentidos, a cognição e o afeto, e dizem respeito à imediata apreensão respectivamente do objeto religioso e do objeto belo, em particular na obra de arte. Em outras palavras, essas experiências por meio da arte podem levar as pessoas a níveis de transcendência. Ainda segundo Silva (2008), a arte sendo foco de convergência de valores éticos, sociais e políticos, pode vincular-se à religião, à moral e à sociedade, como um todo, suscitando questões axiológicas, tanto no âmbito da vida coletiva como no da existência individual, seja esta a do artista que cria uma obra, seja a do contemplador que sente os seus efeitos.
Tendo em vista a temática apresentada, esta pesquisa foi desenvolvida no projeto denominado “Fábrica de Artes”, vinculado à Igreja Batista de Lagoinha em Belo Horizonte/Minas Gerais/Brasil. Este inaugurado em 2014, é um segmento do Ministério Diante do Trono, pertencente à mesma igreja. O projeto possui instalações que comportam um complexo de 70 salas, atendendo centenas de alunos de diferentes faixas etárias e de ambos os sexos, oferecendo vários tipos de cursos, como música, teatro, dança, artes plásticas, atendendo a membros da igreja, e também à comunidade em geral.
A proposta desse projeto é promover a valorização do ser humano, fomentando as boas práticas e disseminando os conceitos morais e éticos cristãos, contribuindo para a aquisição de conhecimento técnico, descoberta e/ou aprimoramento de talentos dos alunos, especialmente no que tange à competência e habilidade dentro da área de interesse individual. De forma complementar, busca fomentar o interesse e valorização pela arte na comunidade cristã. Considerando esses aspectos, o objetivo deste trabalho é compreender se a apropriação de vivências artísticas em um contexto religioso pode ser entendida enquanto experiências de ócio.

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este trabalho segue uma abordagem fenomenológica considerando a subjetividade e interpretação da percepção dos envolvidos na análise de determinado fenômeno em um contexto. Ademais, trata de um de um estudo de caso, do tipo descritivo-exploratório (TRIVIÑOS, 1987).
A definição do número de participantes da pesquisa – de ambos os sexos – ocorreu intencionalmente e conforme a proposta da técnica de saturação dos dados (STRAUSS; CORBIN, 2008). Para a coleta de informações foram adotadas duas estratégias, a observação não participante e um roteiro de entrevista semiestruturada, contendo dados sociodemográficos e questões abertas relacionadas às percepções quanto à vivência nas aulas. As entrevistas foram gravadas por meio de áudio e posteriormente transcritas na íntegra. Como método de interpretação dos dados foi utilizado a análise de conteúdo (BARDIN, 1977).
Para a realização desta pesquisa, foram considerados todos os procedimentos estabelecidos pelas recomendações éticas do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012), quanto à participação de seres humanos. O Projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Estado de Minas Gerais, sob o parecer, 1.468.050. Para garantir o anonimato dos participantes, os identificamos inicialmente pela letra P e um número, seguido entre parênteses pela idade e sexo, por exemplo, P5 (37F).

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para uma melhor compreensão do contexto estudado, apresentamos uma breve descrição do ministério Fábrica de Artes. Este possui uma sede própria, contando com dois pavimentos: 1º pavimento – é composto por um teatro para 400 pessoas; dois estúdios para artes plásticas; duas salas de ensaio para grupos vocais; três salas para ensaio de banda; três salas para musicalização infantil; quatro estúdios de 100m² cada – dança, grande coro, orquestra, e gravação); seis salas para estudo individual; 11 salas para instrumentos acústicos; 12 salas para instrumentos eletrônicos. 2º pavimento – apresenta um auditório; duas salas de dança; duas salas de aula para teatro; quatro salas de aula – matérias teóricas; 15 escritórios (administração, coordenadorias, salas de reuniões e secretaria). Oferece um atendimento de capelania para alunos e professores, ou seja, um acompanhamento pastoral para atender as pessoas que queiram um aconselhamento segundo o princípios adotados pela denominação a qual faz parte. À época da pesquisa o ministério atendia 323 alunos, estando em fase de expansão, conforme as informações fornecidas por uma das coordenadoras do ministério. As vivências escolhidas para serem investigadas foram: 1) Dança urbana – grupo formado por alunos com faixa etária a partir de 18 anos; 2) Coral adulto. Ambos os ministérios, permitem a participação de pessoas tanto do sexo masculino, quanto feminino.
O grupo de dança foi fundado em agosto de 2014, sendo dirigido pela mesma professora, que é membra da igreja, com formação em Engenharia de Produção. Embora não tenha formação na área da dança, atua há oito anos no “ministério principal” de dança da igreja, que tem a orientação de profissionais especialistas – graduação e pós-graduação – nessa área.  Os participantes do grupo, igualmente, são todos membros da igreja, sendo composto por um homem e 15 mulheres, como idade média de 20 anos – e idade compreendida entre 17 e 37 anos –, tendo um tempo médio de participação de 18 meses.
Os ensaios do grupo ocorrem aos sábados, no horário de 13:30 às 17:30 horas. Esse tempo é dividido em dois momentos distintos. O primeiro com duração de uma hora, caracterizado como “devocional”, isto é, um momento litúrgico, com o compartilhamento dos ensinamentos bíblicos, orações e das experiências que as pessoas tiveram ao longo da semana, seja, bons e/ou ruins. O segundo, com duração de três horas, consiste no ensino das técnicas de dança e/ou ensaio de coreografias a serem apresentadas nos cultos e/ou eventos específicos na própria igreja, ou em outras, como meio de evangelização pela dança.
O outro grupo analisado, Coral adulto, também foi fundado em agosto de 2014, sendo liderando desde o início, por dois professores regentes, ambos, membros da igreja. Um dos regentes possui formação em piano e canto, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, e música, pela Universidade Federal de Minas Gerais. O outro regente é bacharel em Publicidade e Propaganda, e também em Educação Musical, pela Universidade do Estado de Minas Gerais. O grupo é composto por 45 alunos, de ambos os sexos, com idade entre 17 e 56 anos; tendo em média 15 meses de participação. Identificou-se que o grupo possui alunos que são membros da igreja, bem como de outras denominações evangélicas, e não cristãos. Os ensaios ocorrem aos sábados, no período das 10:30 às 12:30 horas; adotando a mesma dinâmica do grupo de dança, isto é, um tempo dedicado ao “devocional” e outro à parte técnica e/ou ensaio das músicas que serão entoadas.
As vivências artísticas ofertadas nesse contexto podem ser relacionadas à dimensão criativa do ócio, como proposto por Cuenca (2000). Para o autor, essa dimensão atua como um momento da interação do ócio com a cultura, proporcionando uma formação, reflexão e crescimento pessoal criativo. Nas artes, segundo Cuenca (2000), se identifica a possibilidade de liberdade de ação e escolha, o autotelismo, promovendo a satisfação pela intencionalidade da ação ativa com a experiência. Portanto, trata de uma atitude consciente e protagonista, estando relacionada com a autorrealização, na aprendizagem e na formação da pessoa. Enfim, essas vivências são análogas à dimensão criativa e gratificante, possibilitando o desenvolvimento pessoal e sentimento de alegria.
Quanto a analise dos dados, apresentamos a priori, uma descrição das aulas observadas, que foram registradas em um diário de campo entre os meses de junho e setembro de 2016 (04/06; 25/06; 19/08; 23/09; 21/10), que ocorreu conforme a disponibilidade de uma das pesquisadoras e a realização dos ensaios aos sábados, em horários distintos. As observações foram interrompidas quando identificado que não agregariam novas informações à análise das aulas de acordo com o objetivo proposto. Participaram da pesquisa 10 pessoas, dois do sexo masculino e oito do sexo feminino, conforme os dados apresentados na Tabela 1.

As observações permitiram identificar a dinâmica realizada nas aulas, isto é, como era a relação interpessoal – entre os alunos e alunos, alunos e professores –, o envolvimento nas atividades realizadas, e uma percepção em como se dava a realização das vivências com a análise das entrevistas. Dito de outra forma, a realização desse procedimento foi importante para identificar in loco as características propostas pelos atributos das experiências de ócio associando com o relato dos alunos.
As aulas, em ambos os grupos analisados, eram realizadas em um ambiente com uma infraestrutura física adequada às suas especificidades. Os ensaios do Coral são conduzidos por dois professores – com formação em nível superior em música – em uma sala com isolamento acústico, possui um piano/teclado, microfones, uma espécie de palanque com degraus para o posicionamento dos alunos. Por sua vez, as aulas de dança ocorrem em uma ampla sala espelhada, com piso em madeira lisa. Para melhor entendimento da dinâmica nas aulas, descrevemos um ensaio em cada modalidade analisada.
A primeira observação do Coral ocorreu no dia 04/06/2016. Uma das pesquisadoras sempre chegava um pouco antes do horário das atividades para poder perceber a dinâmica da aula – antes, durante e depois. Antes do inicio das atividades, os alunos se acomodam pela sala e formam pequenos grupos para conversarem entre si. No horário marcado o professor inicia a aula; dá um bom dia, e diz que a turma irá ensaiar duas músicas para a audição na igreja.
Primeiramente, o professor começa um alongamento com os alunos de maneira bem descontraída; foram alongados os músculos do pescoço, ombros e mandíbula. Durante a atividade os alunos faziam piadas sobre algumas posições “engraçadas” realizadas, e, também, sobre a dor que sentiam ao fazerem os exercícios. Em seguida, o professor se posiciona ao teclado, e toca alguns acordes2 , alternando os tons entre crescente e decrescente; os alunos “soltam a voz” conforme as orientações. Posteriormente, esses acordes são tocados de maneira mais lenta, enquanto os alunos fazem som de “humm” para acompanhá-lo.
A próxima atividade, também segue os acordes tocados, os alunos vocalizam fazendo “mi, mi, mi”.  Ao observar o desempenho dos alunos, o professor dá um feedback corrigindo a respiração e a postura. A aula prossegue com a realização de várias técnicas vocais e a constante intervenção do professor fazendo as correções. Próximo de acabar o ensaio é feito um ensaio geral de uma música que será executada no culto da igreja. O professor ao perceber a desafinação de alguns alunos, enfatiza a repetição das notas musicais; quando é realizado corretamente, todos os alunos batem palma e comemoram. Terminado o tempo do ensaio algumas pessoas ficam conversando e outras saem da sala.
A aula de dança é conduzida por uma professora – que não possui formação na área, mas possui expertise enquanto dançarina, tendo também, realizado diversas capacitações – acontece das 13:30 às 16:30 horas. No começo da aula é feita as pessoas fazem uma roda, dando as mãos para realizar uma oração. Nesse dia em especifico, houve um ensaio final para uma apresentação naquela noite.
A professora coloca uma música e começa a executar movimentos gerais para fazer um aquecimento muscular, variando o ritmo e envolvendo os diferentes segmentos corporais. Algumas alunas se dispersam no alongamento, e começam a conversar; a professora chama a atenção da turma quanto à postura durante os exercícios.  Após esse período, as alunas se posicionam para começar o ensaio da coreografia. Enquanto a professora organiza o grupo, algumas alunas se distraem com brincadeiras e conversas paralelas.  Primeiramente é repassado os passos da coreografia sem a música; a professora posiciona cada integrante em sua posição e rever os movimentos programados, fazendo os devidos ajustes. Posteriormente a música é inserida para a execução de toda a coreografia. A professora repassa os movimentos e posições sem a música, buscando a melhor execução dos movimentos e sincronismo. Conversas e risos acontecem ao longo de todo o ensaio.
 Em síntese, embora inseridos em um contexto que requeria disciplina e acato as orientações dos professores, em ambos os grupos percebemos um ambiente descontraído, “leve”, ao mesmo tempo, de empenho e entrega às atividades propostas. A realização da parte litúrgica, oração e leitura da Bíblia, associada à parte técnica de cada modalidade analisada é uma dinâmica natural para os grupos.
Ao analisarmos as interações sociais, tanto por meio das observações, como também constatado nos depoimentos, identificamos existir o que os alunos denominaram como uma “grande família”. As pessoas, segundo os relatos, podiam contar com o apoio e a colaboração dos diferentes membros do grupo para ajudar nos ensaios, ou no dia a dia. Também percebemos um real interesse, espontaneidade e satisfação das pessoas ao realizar essas atividades em um contexto religioso, o qual não impôs nenhum tipo de restrições quanto à parte técnica e de convívio. Enfim, percebemos um ambiente “normal” de relacionamento e de aprendizagem.
Apresentada essas percepções iniciais, passamos à discussão das entrevistas realizadas. Para tanto, elegemos algumas categorias de análise conforme as perguntas que balizaram a temática. Em virtude da similaridade das respostas apresentadas pelos participantes, citaremos apenas os depoimentos de três membros de cada grupo investigado. O Quadro 1, demonstra os depoimentos dos alunos quanto ao interesse de participar dos ensaios.

Em síntese, podemos identificar algumas vivências que conduziram as pessoas a participarem de suas respectivas atividades: experiencias individuais prévias, influencia familiar com a arte, forma de relaxamento e descontração, melhoria da técnica. Essas características se assemelham com as experiências de ócio. Para Francileudo (2013) uma experiência de ócio deve ser compreendida enquanto uma perspectiva psicológica que proporcione um desenvolvimento pessoal, indo além do simples relaxamento, prazer, preenchimento do tempo ou fuga. Rhoden (2009) entende o ócio como vivência que não se encontra na atividade, mas, sim, na subjetividade. Monteagudo et al. (2013) relatam que é a subjetividade que aproxima as pessoas do ócio, pois apresenta uma materialidade na forma de ser e de estar no mundo conforme as circunstâncias envolvidas. Portanto, trata de uma disposição desejável, que possibilita o espírito de curiosidade e interesse, funcionando como agente catalisador entre o comportamento e a ação vivenciada.
Ademais, o ócio enquanto prática social centrada na subjetividade e conhecimento cotidiano da pessoa, não se apresenta de forma linear e causal, mas está imbricado de maneira dinâmica e complexa com os demais fenômenos sociais, independente dos tempos sociais. Dessa forma, as justificativas apresentadas por ambos os grupos, podem ser agrupadas, grosso modo, em duas  categorias, motivação e satisfação.
Segundo Monteagudo et al. (2013) a motivação é uma construção dinâmica que pode experimentar mudanças causadas por fatores externos e internos. No caso do ócio autotélico, o que Cuenca denomina como o verdadeiro ócio, a motivação intrínseca é o fator preponderante. Esse atributo está diretamente relacionado com a percepção da liberdade na escolha da vivência, em outras palavras, a pessoa sente-se livre do sentimento de obrigação ao fazê-la, estabelcendo um vínculo afetivo peculiar.
No entendimento de Cuenca (2008) as experiências de ócio nos situam num âmbito que não está dominado pelo dever ou pela obrigação, mas pelas ações com finalidade em si mesmas e por si mesmas; em outras palavras, não se visa obter alguma recompensa material ou psicológica ao realizá-las, isso porque, essas experiências, por si só, são é a própria recompensa, logo o seu benefício sempre será a autossatisfação.
Uma proposta bastante interessante para se compreender o significado de uma experiência é discutida por Larrosa (2002, p. 25) ao relatar que “A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca. A cada dia se passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece”. Percebe-se claramente a distinção entre ter uma experiência significativa, e uma mera vivência,  destituída de qualquer representatividade afetiva para a pessoa. Para esse autor as vivências “são vazias”, sem sentido, profundidade; enquanto que as experiências se destacam pela relevância significativa quanto ao aspecto de “destruição” do que éramos, ou seja, na capacidade de ressignificação promovida por ela. Assim, ao passar ativamente pela experiência, sairemos dela de maneira diferente, transformados, trazendo novos sentimentos representativos ao nosso ser. Larrosa denomina esse processo de “sujeito da experiência”.
Esse sujeito é afetado pelos sentimentos advindos da experiência, sendo marcado, deixando vestígios e alguns efeitos. Isso só será possível se a pessoa estiver aberta a se entregar integralmente à experiência. Entende-se, portanto, que a experiência precisa nos acrescentar algo, nos transformar e/ou completar.
Essas experiências proporcionam gozo, paz interior, esperança e sentido na vida. Ocorre quando a pessoa pode entregar-se completamente à manifestação dos suas emoções, de sua personalidade, de deixar fluir do seu interior toda a capacidade criadora e criativa de seu ser; muitas vezes, ignorando até mesmo as circunstâncias sociais e pessoais negativas, que se está vivendo.
É nesse instante que se expressa naturalmente o ser no mundo. É encontrar um alento para a alma, energizando-se do sentido da vida, podendo inclusive “contaminar”, isto é, influenciar positivamente quem está ao seu lado. Enfim, é por meio dessas experiências que a pessoa encontra-se consigo e com o mundo, transbordando sua afetividade, sendo transformado e transformando o mundo ao seu redor. Essas experiências são totalmente destituídas de qualquer tipo de interesse, isto é, não são utilitárias, não tem um “para que”, mas um “por que”. Esse “por que”, simplesmente está relacionado ao bem-estar que é produzido pela vivência dessa experiência.
A satisfação, outro atributo essencial ao ócio, é responsável pela sensação subjetiva de alegria, bem-estar e felicidade que é atribuída e entendida normalmente como resultado da ação de ócio realizada (MONTEAGUDO et al. 2013). Esses autores diferenciam prazer de satisfação. O ócio se distingue do simples entretenimento ou diversão – embora, estes sejam totalmente lícitos em suas vivências – pelo grau de envolvimento positivo, com o esforço, empenho e a constância com que pessoa se envolve em uma vivência.
Dessa forma, a vivência de um ócio maduro e psicologicamente mais complexo, atua como fator de desenvolvimento pessoal, pois exige “[...] introspeção, reflexão, ação empenhada, consistência, formação em termos de aquisição de competências e habilidades” (MONTEAGUDO et al. 2013, p. 163). Assim, há um manifestar potencializador promovido pela vivência do ócio, que gera o desenvolvimento humano.
O sentimento de satisfação segundo Francileudo (2013), não se caracteriza somente pelo prazer, consiste também na descoberta do próprio “eu interior”, podendo ser inclusive transcendental – ocorrer em momentos de meditação, oração, reflexão –, ou nas capacidades adquiridas. Assim, a descoberta do ser, de acordo com Rhoden (2005), é um fator decisivo na interpretação da vivência, isso porque a experiência de satisfação depende do quanto a pessoa se identifica com o que está fazendo. Também, segundo essa autora, é importante que a pessoa seja capacitada o suficiente para executar tal tarefa para não se frustrar com possíveis resultados negativos.
Quanto à temporalidade envolvida ao sentimento da satisfação no ócio, Monteagudo et al. (2013) entendem que a mesma pode estar permeada em distintos momentos, antes, durante e o depois de vivenciá-la. A satisfação que antecede o momento do ócio, ou seja, a sua preparação, envolve uma antecipação cognitiva, que se traduz na criação de expectativas em torno dele. Por sua vez, durante ou após a sua vivência, o ócio produz sentimentos que o acompanham, permanecendo associados às recordações alegres do mesmo que se dará na memória. Importante ressaltar que cada experiência satisfatória é única, e jamais se repetirá novamente, mesmo que realizada a mesma atividade; por isso, denota um caráter enobrecedor para a formação humana (LARROSA, 2002).
A segunda pergunta, como demonstrada no Quadro 2, objetivou investigar a motivação atual dos alunos de ambos os cursos na realização da atividade escolhida.  

Por meio dos depoimentos podemos destacar os atributos de socialização e desenvolvimento humano. Cuenca (2008) compreende o ócio como uma experiência para além de facilitar as relações sociais, mas, também, contribui para a identificação com o outro. Assim, essas experiências resgatam o sentimento de humanização tão esquecido ultimanente. Conforme relatado por Francileudo (2013), para ser humanista o ócio deve necessariamente proporcionar uma experiencia enriquecedora que esteja diretamente vinculada com os valores tão caros ao ser humano.
Cuenca (2000, 2003, 2008) defende a ideia de que a experiência de ócio na perspectiva humanista existe em ambientes onde há o relaxamento, e onde a pessoa esteja fora da estrita regulamentação da rotina cotidiana. Ela é uma experiência gratificante pautada pela existência de experiências com sentido, na incorporação de um tempo para recordar os sentimentos e que permite, também, reviver experiências passadas satisfatórias.  
Por sua vez, a contribuição do ócio para o desenvolvimento humano ocorre a partir do momento que as vivências requerem um grau de complexidade psicológica, promovendo transformações pessoais. Rhoden (2008) destaca que o desenvolvimento pessoal no âmbito psicológico conduz ao aprimoramento da capacidade de autoconhecimento, por meio da introspecção, do processo psicológico (cognitivo, emocional ou espiritual), do aprender a parar, escutar, meditar, contemplar. Enfim, para essa autora, o ócio contribui para a construção da estruturação da personalidade.
Seguindo essa mesma perspectiva, para Monteagudo et al. (2013) o ócio é entendido como fator de desenvolvimento humano e exige da pessoa que o vivencia alguns sentimentos como “[...] introspeção, reflexão, ação empenhada, consistência, formação em termos de aquisição de competências e habilidades”. Ainda conforme os autores em tela, “[...] o ócio tem em resposta às necessidades inatas que o ser humano tem de mudar, crescer, melhorar e superar. O ócio imprime sentido à vida através da sua capacidade de nos fazer sentir vivos, pessoas de valor, em estado de progresso permanente”.
O Quadro 3,  apresenta as respostas referentes à terceira pergunta, que teve como objetivo identificar se existe uma interferência da religião atividades culturais.

Em geral, percebemos que os participantes do Coral tiveram uma maior influência religiosa-familiar para escolher a vivência do Coral; enquanto que na dança, houve uma menor influência desse aspecto. Assim, o Coral por ser uma tradição litúrgica no meio religioso pode ter exercido uma maior influência nas escolhas dos seus praticantes. Por sua vez, a inserção da dança como parte litúrgica, nas igrejas evangélicas no Brasil, é algo mais recente, a partir do final dos anos de 1990.
Outra pergunta realizada, como demonstrada no Quadro 4,  objetivou identificar o motivo pela escolha de participar dos ensaios na Fabrica de Artes, ou seja, em um contexto religioso.

Em geral os principais motivos apresentados pelos depoentes para participar das vivências culturais na Fábrica de Artes, estão relacionados com a identificação religiosa, isto é, vinculado com a possibilidade de compartilhar e expressar fé com outras pessoas, o reconhecimento da capacitação técnica dos professores, a disponibilidade dos horários.  Portanto, há múltiplos fatores que interferem na escolha para a realização das vivências nesse espaço, não se limitando, tão somente, aos aspectos religiosos.
Todavia, pelo menos quanto ao grupo do Coral, por ser composto em sua maioria por pessoas de maior idade e tempo de conversão – termo usado para definir quando a pessoa aceitou a Jesus Cristo como Senhor e Salvador de sua vida –, estar em um ambiente com pessoas que compartilham a mesma convicção de fé, é um fator diferencial para participar dos ensaios; enquanto que no grupo de dança, formado em sua maioria por jovens, o que pode denotar em valores geracionais distintos, porém, não contraditórios, o aspecto religioso não foi tão preponderante para essa escolha. Entretanto, as pessoas de forma geral estão abertas a realizar essas vivências em um ambiente não religioso. Assim, podemos inferir a ausência de um sectarismo quanto à participação dessas pessoas em um ambiente secular.
Ademais, é importante observar que um sistema de signos demonstra uma pluralidade de crenças, existindo, então, de maneira mútua uma relação indestrutível com a religião. Assim, a compreensão dos motivos pela escolha de um local para a realização de uma vivência artística não pode ser simplista e reducionista, a ponto de desconsiderar as especificidades de cada denominação e contexto social que as pessoas estão inseridas. Portanto, a opção pela vivência de uma modalidade artística por pessoas de determinada religião deve ser analisado sob à luz de suas crenças e condições as quais são realizadas.
Retomando o pensamento de Prandi (2008), é importante ressaltar a influência da inter-relação dos valores culturais e religiosos na constituição de uma sociedade. O autor entende que há uma inter-relação entre ambos fenômenos, ou seja, refletindo, assim, em uma (re)construção dos signos e das relações estabelecidas nessa complexa e dinâmica rede social.
Por fim, perguntamos às pessoas se as vivências das modalidades artísticas em questão poderiam contribuir para a sua formação humana. O Quadro 5, apresenta alguns apontamentos feitos pelos entrevistados.

De forma unânime os alunos reconhecem a contribuição das vivências artísticas no contexto religioso como um importante meio de desenvolvimento para a formação humana quanto aos aspectos éticos e educativos, portanto, podendo ser caracterizadas como experiências de ócio. Para Cuenca (2008, p. 53) o ócio é entendido “[...] como experiência humana, se separa do mero passar o momento, transformando-se numa vivência integral, relacionada com o sentido da vida e com os valores de cada um, coerente com todos eles”. Enfim, essas experiências são carregadas de subjetividade e intencionalidade que permitem um desenvolvimento pessoal e social, estabelecendo relacionamentos construtivos ao ser humano, contribuindo para dar sentido à vida.
Autores como Rhoden (2009) e Francileudo (2013), apontam o ócio como um momento que pode benefiar o homem em diversos aspectos, como a autodescoberta, a qualidade de vida, o desenvolvimento psicológico e social. Assim, o ócio pode contribuir para formar a pessoa, por meio da autorrealização, expressar os sentimentos e saber lidar consigo mesmo e com os outros.
Nesse sentido, Cuenca (2008) afirma que é necessario promover uma educação para o ócio, pois tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento humano. Csikszentmihalyi (2001) citado por Cuenca (2008), declara que quando a pessoa participa harmoniosamente com o meio social e cultural, consegue desenvolver seu potencial humano, único, aumentando assim, sua complexidade psicológica.
Retomando as reflexões feitas por Larrosa quanto à significação das experiências na vida do ser humano.  Uma proposta bastante interessante para se compreender o significado de uma experiência como promotora do desenvolvimento humano é discutida por Larrosa (2002, p. 25) ao relatar que ela “[...] é em primeiro lugar um encontro ou uma relação com algo que se experimenta, que se prova”. Ainda para esse autor, “A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca. A cada dia se passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece” (LARROSA, 2002, p. 25). Percebe-se claramente a distinção entre se ter uma experiência significativa e uma mera vivência3 destituída de qualquer representatividade afetiva para a pessoa. Em outras palavras, essas são vivências vazias, sem sentido.
Esse autor também destaca a relevância da experiência significativa quanto ao aspecto de “destruição” do que éramos, ou seja, na capacidade de ressignificação promovida por ela; isto é, ao passar ativamente pela experiência, sairemos dela de maneira diferente, transformados, trazendo novos sentimentos representativos ao nosso ser. Como resultado desse processo, Larrosa, denomina de “sujeito da experiência”.
Esse sujeito seria afetado pelos sentimentos advindos da experiência, sendo marcado, deixando vestígios e alguns efeitos significativos na construção do seu ser. Isso só será possível, segundo Larrosa, se a pessoa estiver aberta a se entregar integralmente. Esse autor denomina essa circunstância como “um espaço onde têm lugar os acontecimentos”. Complementado o seu pensamento a esse respeito, Larrosa declara:
[...] o sujeito da experiência se define não por sua atividade, mas por sua passividade, por sua receptividade, por sua disponibilidade, por sua abertura. Trata-se, porém, de uma passividade anterior à oposição entre ativo e passivo, de uma passividade feita de paixão, de padecimento, de paciência, de atenção, como uma receptividade primeira, como uma disponibilidade fundamental, como uma abertura essencial (LARROSA, 2002, p. 24).

Entende-se, portanto, que a experiência precisa nos acrescentar algo, nos transformar e/ou completar. Assim, conforme Larrosa, ela deve ser fruto de uma paixão, como proposto pelo filósofo Espinosa:
Se a experiência é o que nos acontece, e se o sujeito da experiência é um território de passagem, então a experiência é uma paixão. Não se pode captar a experiência a partir de uma lógica da ação, a partir de uma reflexão do sujeito sobre si mesmo enquanto sujeito agente, a partir de uma teoria das condições de possibilidade da ação, mas a partir de uma lógica da paixão, uma reflexão do sujeito sobre si mesmo enquanto sujeito passional (LARROSA, 2002, p.26).

Tendo em vista essa proposta, Larrosa entende a experiência como paixão, primeiramente a partir de uma liberdade de escolha, mas que ao mesmo tempo é paradoxal, pois cria uma dependência, um vínculo, uma “escravidão”. Dessa forma, o sujeito apaixonado, conforme o autor, não possui o objeto, mas é possuído por ele.
Enfim, essas experiências proporcionam satisfação, paz interior, esperança e sentido na vida da pessoa. É quando ela pode entregar-se completamente à manifestação dos suas emoções, de sua personalidade, deixar fluir do seu interior toda a capacidade criadora e criativa de seu ser; muitas vezes, ignorando até mesmo as circunstâncias sociais e pessoais negativas, que se está vivendo.
É nesse instante que se expressa naturalmente o ser no mundo; é encontrar um alento para a alma, energizando-se do sentido da vida, podendo inclusive “contaminar”, isto é, influenciar positivamente quem está ao seu lado. Enfim, é por meio dessas experiências que a pessoa encontra-se consigo e com o mundo, transbordando sua afetividade, sendo transformado e transformando o mundo ao seu redor. Importante ressaltar que cada experiência é única e jamais se repetirá novamente, mesmo que realizada a mesma atividade; por isso, do seu caráter enobrecedor para a formação humana (LARROSA, 2002).
Essas experiências são totalmente destituídas de qualquer tipo de interesse, isto é, não são funcionalistas, não tem um “para que”, mas um “por que”. Esse “por que”, simplesmente está relacionado ao bem-estar que é produzido pela vivência dessa experiência. Considerando essa perspectiva essa realidade também pode ocorrer no contexto religioso por meio das distintas manifestações artísticas que são oferecidas por algumas denominações.
Entendemos assim como Garafalo-Neto (2011), que a diversão é uma criação divina, portanto, legítima de ser vivenciada, inclusivo no contexto religioso. As vivências artísticas nesse cenário representam uma apropriação cultural e também uma possibilidade de experiências enriquecedoras para o ser humano. A presença da ludicidade, da descontração e descompromisso, contrasta com a dedicação e seriedade ao fazer as atividades propostas durante os ensaios.
Todavia, os aspectos eclesiásticos e/ou litúrgicos não atuaram como fatores limitadores às vivências analisadas, pelo contrário, até as potencializaram, criando um ambiente saudável e a adoção de um compromisso com o que era realizada, contudo, sem criar um sentimento de obrigatoriedade ou de profanação. Por fim, os dados demonstram que a realização das vivências artísticas no contexto religioso pode assumir harmoniosamente um duplo papel: o de desenvolvimento humano, e também, como meio litúrgico/ evangelização, segundo a percepção dos participantes da pesquisa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo tem como objetivo compreender se a apropriação das vivências artísticas em um contexto religioso poderia ser entendida enquanto experiência de ócio. Essa realidade foi identificada na proposta do ministério Fabrica de Artes. Este além de promover a possibilidade de diferentes vivências artísticas como meio educativo e de experiências de ócio, também apresenta como proposta pedagógica a formação de valores, princípios éticos, contribuindo, assim, com o desenvolvimento pessoal dos envolvidos no ministério.
Os dados apontados pela pesquisa permitiram identificar que as vivências analisadas apresentam características semelhantes às experiêncais de ócio, conforme os atributos que balisam a sua vivência, como: motivação intrínseca, percepção de liberdade, descanso ou relaxamento, sociabilidade e desafio, e desenvolvimento humano. Assim, o contexto religioso não interferiu como fator limitador dessas vivências, pelo contrário, potencializou os diferentes benefícios que se pode ter por meio das mesmas.
 A partir da identificação dessa realidade corroboramos à ideia de Francileudo (2013) quanto ao incentivo de uma formação e “educação para o ócio”, ou seja, promover ações que busquem conscientizar o reconhecimento das experiências significativas em diferentes contextos sociais, para além da necessidade das vivências no tempo livre e, sobretudo, focadas no divertimento. Essas experiências podem ocorrer inclusive no contexto religioso por meio, por exemplo, da vivências das diferentes manifestações artítiscas que podem ser oferecidas em algumas denominações protestantes.

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Recibido: 23/06/2017 Aceptado: 05/07/2017 Publicado: Julio de 2017

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