Revista: CCCSS Contribuciones a las Ciencias Sociales
ISSN: 1988-7833


A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE IMAGENS NO PROCESSO DE ENSINO/APREDIZAGEM DA GEOGRAFIA

Autores e infomación del artículo

Helena Paula de Barros Silva

Eunaany Braga

Edna Soares

Universidade de Pernambuco, Brasil

helena.silva@upe.br

RESUMO
Esta pesquisa aborda a importância da utilização de imagens no processo de ensino e aprendizagem da Geografia no Ensino Médio. Foi desenvolvida no 1º ano do Ensino Médio em um Colégio da Rede Pública Estadual da Cidade de Limoeiro, localizado no Agreste do Estado de Pernambuco-Brasil. Foi realizada em três etapas: na primeira, foram ministradas duas aulas sem a utilização de imagens, na segunda foram ministradas duas aulas com exposição de imagens (mapas, gráficos, figuras, desenhos, etc). Na última, foi aplicado um questionário para identificar a compreensão dos alunos a respeito das temáticas abordadas nas aulas. Foi constatado que a utilização da imagem no processo de ensino/aprendizagem da Geografia é um recurso positivo por trazer a visualização aos assuntos teóricos, por aproximar o conteúdo da realidade dos alunos, por tornar as aulas mais dinâmicas, e consequentemente chamar a atenção dos alunos ao que está sendo discutido em sala de aula. Assim como também constatamos que a utilização deste recurso precisa ser mais aprimorada, pois ainda existe muita dificuldade de trabalhá-la em sala de aula.
Palavras-chave: Imagens, Ensino, aprendizagem, Geografia, recursos didáticos

THE IMPORTANCE OF IMAGE USE IN THE GEOGRAPHY TEACHING / LEARNING PROCESS

Abstract
This research deals with the importance of using images in the process of teaching and learning Geography in High School. It was developed in the 1st year of High School in a College of the State Public Network of the City of Limoeiro, located in the Agreste of the State of Pernambuco-Brazil. It was carried out in three stages: in the first one, two classes were taught without the use of images, in the second two classes were given with exposure of images (maps, graphs, figures, drawings, etc). In the last one, a questionnaire was applied to identify the students' understanding of the topics addressed in the classes. It was verified that the use of the image in the process of teaching / learning of Geography is a positive resource for bringing the visualization to the theoretical subjects, to bring the content of the reality of the students, to make the classes more dynamic, and consequently to attract the attention of the students To what is being discussed in the classroom. As well as finding that the use of this resource needs to be improved, as there is still much difficulty in working it in the classroom.
Keywords: Images, Teaching; Learning, Geography, Didactic Resources


Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Helena Paula de Barros Silva, Eunaany Braga y Edna Soares (2017): “A importância da utilização de imagens no processo de ensino/apredizagem da geografia”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, (abril-junio 2017). En línea:
http://www.eumed.net/rev/cccss/2017/02/imagens-ensino-geografia.html

http://hdl.handle.net/20.500.11763/cccss1702imagens-ensino-geografia


INTRODUÇÃO

A imagem, recurso bastante difundido no nosso cotidiano, através de outdoors, mapas na estação de metrô, internet, campanhas publicitárias, jornais, livros, revistas, etc., tem na escola um papel muito importante visto sua facilidade de ser memorizada e de remeter a realidade e cotidiano dos alunos. Segundo Zatta; Aguiar (2009) a utilização da imagem em sala de aula é considerada como recurso didático facilitador do desenvolvimento do processo de ensino/aprendizagem, onde o professor é o mediador desse processo.
Sobre esta temática, Torres (2011) afirma que:
O professor como mediador da aprendizagem precisa incitar a criança, o adolescente a desenvolver a capacidade estética, explorando o universo infinito das imagens. Desta maneira, estará estimulando-os a adentrar no universo da visualidade e a fazer uso da “gramática visual”, possibilitando descobertas e experiências por meio da leitura de imagens (Torres, 2011, p.14).
Assim, a utilização desse recurso didático pode tornar uma aula muito mais dinâmica e atrativa ao aluno do que uma aula sem a utilização do mesmo. Partindo do pressuposto que a Geografia é uma ciência de porte observador analítico, de característica crítica e muito atuante nas dinâmicas do espaço e que tem a imagem como uma grande aliada para a observação do espaço Zatta; Aguiar (2009) sugerem que:
Conforme as Diretrizes Curriculares da Educação Básica, o objeto de estudo da Geografia, é o estudo do espaço geográfico, produzido e reproduzido continuamente pela sociedade, composto por fatos sociais, naturais, econômicos e culturais etc. Neste sentido estudar geografia, proporciona ter uma melhor compreensão do mundo, fazer relações entre o espaço local, regional e global, descobrir outras culturas, diversidades da natureza, modos de produção e outros eventos (Zatta; Aguiar, 2009, p.2).

Esta pesquisa teve como objetivo demonstrar a importância da imagem como recurso didático facilitador do processo de ensino/aprendizagem nas aulas da disciplina de Geografia, mostrando que a utilização da imagem permite adquirir melhor compreensão dos conteúdos geográficos. Além de possibilitar estudos comparativos entre diferentes lugares.
Assim, a pesquisa consistiu em ministrar quatro aulas com e sem a utilização de imagens relacionado à explanação do conteúdo “População” e na resolução de um questionário com alunos do 1º ano do Ensino Médio de um Colégio da Rede Pública de Ensino na cidade de Limoeiro – Pernambuco – Brasil. A temática “População” foi a trabalhada em sala, por ser o conteúdo programático ministrado no 1° Ano do Ensino Médio do Colégio na época da pesquisa.

2. A IMPORTÂNCIA DA IMAGEM COMO RECURSO DIDÁTICO

2.1. A importância da utilização de imagens no ensino-aprendizagem

            Analisando historicamente é possível notar que a imagem teve e ainda vem tendo um papel muito importante na história da humanidade, com grande influência na comunicação dos povos quando ainda não havia a escrita e quando grande parte da população se matinha analfabeta. Ramos (2007) apud Rodrigues (2008), relata essa influência:
A história da humanidade sempre foi marcada pela presença da imagem como um dos principais mecanismos de comunicação entre os homens, que a utilizaram na forma dos mais variados suportes e técnicas, tais como “madeira, pedras, argila, osso, couro, materiais orgânicos em geral, metais, papéis, acetatos, suportes digitais, [...] desenho, pintura, escultura, fotografia, cinema, televisão, web [...] (Ramos, 2007, p.1, apud, Rodrigues, 2008, p.68).
Brasil (2005) apud Rodrigues (2008) também relata a importância das imagens:
Como a ciência mostra 75% da percepção humana é visual. Depois vem a percepção auditiva (20%), enquanto outras modalidades somam juntas apenas 5% de nossa capacidade de perceber o mundo que nos cerca. (Brasil, 2005 apud Rodrigues, 2008, p.68).

            Martins (2010) se posiciona da seguinte forma a respeito do conceito de imagem:
O vocábulo imagem abrange muito mais do que os exemplos referidos. Definir esta palavra exige pensar, recorrer às nossas memórias e conhecimentos sobretudo de todos, implica conhecer o mundo e a aparente realidade que nos rodeia (Martins, 2010, p.3).

            Assim também, Rodrigues (2008), traz muito bem definido o conceito de imagem:
Imagem (do latim Imago) é uma representação visual, construída pelo homem, dos mais diversos tipos de objetos, seres e conceitos. Pode estar no campo do concreto, quando se manifesta por meio de suportes físicos palpáveis e visíveis, ou no campo do abstrato, por meio das imagens mentais dos indivíduos (Rodrigues, 2008, p. 68).
           
Tratando-se da imagem como suporte físico para sala de aula, podemos utilizá-la para fins didáticos, neste tipo de suporte temos vários tipos de imagem, as mais comuns utilizadas em sala de aula são vídeos, charges, fotografias, gifs, mapas, entre outras. No campo abstrato são as imagens que decorrem da interpretação de cada aluno, pois vêm do entendimento que a mente de cada um tem sobre o que se vê assim. Nesse contexto, Martins (2010) relata que:
Trata-se de uma comparação entre algo que existe e aquilo que a imagem representa. A imagem é um processo de expressão inesperado e criativo e até cognitivo, uma vez que a imagem (ou metáfora) estimula a imaginação e descoberta dos pontos comuns entre dois termos. Com isto, é possível afirmar que uma imagem é, em simultâneo, uma metáfora, porque aproxima duas coisas diferentes; e uma descrição, visto que revela uma visão do mundo, real ou não real, representável ou irrepresentável pela racionalidade (Martins, 2010, p.3).

            Ribeiro (2009) aborda a importância das imagens para o processo de comunicação no início da formação de algumas sociedades:
As pinturas rupestres, mesmo antes de se ter sistematizado a escrita, foram uma forma de registrar e coletivizar o que se sentia e pensava em determinado contexto histórico. Com o desenvolvimento das sociedades mais complexas, as imagens passaram a ser utilizadas de forma mais ou menos sistematizada, comunicando a (e na) arte, na religião e, mesmo, como comunicação escrita: hieróglifos egípcios com os registros dos sacerdotes sobre os reinados dos faraós, bem como, com os Fenícios que a partir das imagens construíram um alfabeto possibilitando assim facilitar o processo de registro (Ribeiro, 2009, p.2).

            Neste sentido, Barbosa (2008) apud Torres (2011), trás uma característica interessante das imagens, que é a questão da durabilidade:
Há múltiplas definições de imagem. A imagem hoje é um componente central da comunicação. Com sua multiplicação e ampla difusão com sua repetitividade infinita, estes dispositivos fazem com que, por intermédio da sua materialidade, uma imagem prolongue a sua existência no tempo (Barbosa, 2008, apud Torres, 2011, p.13).

É nesse sentido que temos a imagem como importante recurso armazenador de informação e registro da história de sociedades “desconhecidas” (não vivenciadas), como o exemplo mencionado anteriormente, das sociedades e tribos que registravam suas atividades nas rochas. Além, também, de outros tipos de imagem que contribuem para o conhecimento e estudos de sociedades mais recentes, em relação as antes citadas, como, por exemplo, a imagem fotográfica que possibilita observar as formas e estruturas da sociedade do século XVIII, ou pinturas que trazem o estilo de vida da sociedade feudal. Esta característica de durabilidade possibilitou que estas informações pudessem chegar a épocas distantes daquele em que as imagens foram criadas, além de que, com ela é possível se ter um pensamento mais centrado, ou seja, possibilita uma melhor compreensão de como seria a dinâmica daquela época.
Rodrigues (2008) destaca o reconhecimento da imagem no século XX, como forma de informação e conhecimento:
O século XX foi marcado pelo desenvolvimento de tecnologia e ideais que levaram à maior compreensão da imagem e de sua importância não só como meio de comunicação, mas como auxiliar significativo para as tarefas de pesquisa e ensino. A imagem deixou de ser apenas arte e transformou-se em informação e conhecimento. Expandiram-se por meio de jornais, revistas científicas e de entretenimento, televisão e fotografia. As novas tecnologias computacionais desenvolveram maiores possibilidades de produção e uso de imagens, permitindo uma hipermediação com outros modos de comunicação (Rodrigues, 2008, p.69).

Utilizar a imagem como recurso didático é uma estratégia adotada para aperfeiçoar tanto o ensino como aprendizagem. Segundo Belmiro (2000), a imagem do ponto de vista funcional, semiótico e cognitivo, tem o objetivo de compor um conjunto de reflexões cujo eixo é a relação ensino-aprendizagem.
Entretanto, nem sempre a imagem foi utilizada e bem aceita como recurso didático, na verdade, pode-se dizer que a imagem como recurso didático é algo bem atual, pois a escrita foi considerada por muito tempo como a melhor maneira de fixar os conteúdos e as ideias. Kenski (2004), traz sua contribuição para uma coletânea que trata sobre a didática:
O conhecimento centralizado na pessoa do professor era considerado como um “capital” profissional. Esse capital de saberes era um investimento que, na função docente, deveria ser transmitido, ser “socializado” às gerações mais novas e, consequentemente, mais ignorantes. A fruição do saber do mestre aos seus discípulos dava-se um processo de comunicação unidirecional, ou seja, o velho máster dixit – professor fala e os alunos escutam. A transmissão era basicamente oral e o que interessava era a reprodução fiel do texto – através da fala, da escrita, dos comportamentos explicitados socialmente [...]. Neste contexto, a aprendizagem através da imagem era secundária ou inexistente. O audiovisual limitava-se ao som da voz do professor e ao texto escrito na lousa ou no livro (Kenski, 2004, p.131).
            Nesse sentido, da perda do professor como único detentor do conhecimento, os avanços tecnológicos junto à explosão informacional, após o século XVIII em diante, a imagem, que também começou a ser considerada como recurso informacional, contribuiu de forma significativa para a perda da ideia do professor como centralizador do conhecimento. Pois, a imagem além de informativa tem de certa forma poder de chamar a atenção à leitura do texto ao qual acompanha. Conforme Zatta; Aguiar (2009) as imagens complementam informações e normalmente chamam mais a atenção do que o texto.
Porém, a metodologia nas aulas de voz do professor e escrita do livro ou no quadro, sem motivações, sem auxílio de outros recursos didáticos que possam trazer dinâmica e que consiga conquistar atenção dos alunos, não é algo extinto. Ainda, conforme Kenski (2004), não estamos muito longe desta realidade, assistindo aulas dos mais diversos níveis em diversos colégios, conseguimos encontrar dessas metodologias. Quanto a isso, Kenski (2004), destaca que:
Os próprios professores são formados tendo este tipo de ensino, aulas em que se privilegia a transmissão oral dos conhecimentos oriundos da pessoa do professor, copiados e reproduzidos pelos alunos. Tudo textual, sem imagens, sem outros apelos, sem outros recursos. Nesta realidade incluem-se as aulas em que se ensinam os usos de recursos audiovisuais no processo ensino-aprendizagem. Só texto e reprodução escrita. (Kenski, 2004, p.131-132).
            Entretanto, pode considerar-se que com a revolução informacional e a globalização, houve uma influência muito forte no modo de viver das pessoas, hoje as pessoas são obrigadas a inteirar-se das tecnologias e muitos profissionais já se inteiram dela e assim as ideias são disseminadas. Agora o professor pode procurar novos métodos mais atrativos de lecionar suas aulas e muitas vezes nem é necessário o uso das tecnologias nas aulas. Então, pode-se considerar que a metodologia de ensino melhorou muito em relação a tempos atrás e a imagem tem grande contribuição nesta melhora. E para continuar melhorando é necessária a capacitação dos profissionais que ainda se vêem impossibilitados de utilizar as novas tecnologias, além também do estimulo a busca de novas metodologias de ensino, nesse sentido entra a importância da formação continuada dos professores, o que é indispensável.
A importância da imagem está vinculada ao papel de recurso facilitador da aprendizagem, contribuindo para a construção da mesma, servindo tanto de acompanhamento de um determinado texto ou fala, ou até mesmo, informando algo por si própria. No entanto, é importante frisar que a imagem, quando não acompanhada de textos, pode gerar interpretações diferenciadas, deixando o leitor livre para identificar a mensagem, o que dependendo da intenção que o autor quer passar, pode prejudicar. Porém esse fator pode ser explorado de forma a contribuir na aprendizagem, conforme menciona Zatta; Aguiar (2009):
Nesse sentido, como observamos, uma simples fotografia ou uma imagem pode dar margens a várias interpretações, dependendo de quem olha e lhe atribui significado. Assim essa potencialidade da imagem deve ser amplamente explorada e valorizada na escola (Zatta; Aguiar., 2009 p.10).

Belmiro (2000) considera outras funções da imagem:
Tratada como ilustração, a imagem tem a importância de ajudar na visualização agradável da página. Se há textos muito longos, ela serve para quebrar o ritmo cansativo da leitura. Além disso, ela pode sugerir leituras, apoiá-las do ponto de vista do enredo, construir formas, personagens, cenários, enfim, compor, junto com o texto verbal, um horizonte de leitura (Belmiro, 2000, p. 23).

            Neste contexto, encontramos a imagem como incentivadora da leitura, tornando a leitura mais agradável menos cansativa no caso de textos longos, como traz Belmiro (2000).

2.2. A utilização das imagens no processo de ensino-aprendizagem da Geografia

Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN (Brasil, 2006) a Geografia compõe o currículo do Ensino Fundamental e Médio e deve preparar o aluno para localizar, compreender e atuar no mundo complexo, problematizar a realidade, formular proposições, reconhecer as dinâmicas existentes no espaço geográfico, pensar e atuar criticamente em sua realidade tendo em vista a sua transformação.
A inserção da imagem como recurso didático no processo de ensino/aprendizagem da Geografia, considerando esta uma ciência que requer o contato visual com as dinâmicas ocorridas no espaço, traz uma grande contribuição aos estudos desta área, visto que, nem todos os processos corridos na dinâmica espacial são possivelmente vistos com aulas de observação de campo — metodologia de ensino e aprendizagem muito comum e necessária aos estudos geográficos — a imagem é um veículo capaz de trazer essas dinâmicas ocultas a nossa visão. Principalmente tratando de alguns processos estudados pela geografia física.
No PCN, do Ensino Médio cita:
Geografia como ciência que estuda as formas, os processos, as dinâmicas dos fenômenos que se desenvolvem por meio das relações entre a sociedade e a natureza, constituindo o espaço geográfico (Brasil, 2006, p. 43).

Desta forma, a imagem torna-se indispensável para a formação da ideia de como ocorre tais processos, bem como contribui para melhor compreensão de processos visíveis, porém, distantes da realidade do aluno.
Tomando como exemplo o conteúdo que foi trabalhado, nesta pesquisa, na sala de aula do 1º Ano, no conteúdo “População”, algumas taxas dos fenômenos populacionais, são apresentados visivelmente através de dados expostos em gráficos e pirâmides, levando em consideração a cultura, economia, religião, costumes. Neste caso, para o aluno compreender as causas de uma taxa elevada, ou não (natalidade, mortalidade, densidade demográfica, entre outros), é necessário que haja a compreensão de outros fatores que influenciam estas taxas, porém, está é uma realidade distante dos alunos, quando se referem a outros lugares do mundo, ou até em seu próprio país.
 E este é um desafio para professor, fazer com que o aluno compreenda a dinâmica de lugares diferenciados do seu quando, muitas vezes, os alunos sentem dificuldades de compreender ainda a dinâmica de seu território, neste sentido, a imagem proporciona auxílio ao professor, sendo possíveis observações visuais daquele local, trazendo a ideia, mesmo que não seja de forma tão precisa, de como funciona as dinâmicas ali existentes. Portanto, a imagem é capaz trazer a realidade para as aulas, ainda desconhecida. Conforme, Zatta; Aguiar (2009):
O trabalho do professor de Geografia precisa ser ancorado com ampla variedade de materiais que possibilitem boas situações didáticas, possibilitando criar condições que permitam aos alunos progredir em suas aprendizagens sobre o mundo e suas vidas, nas diferentes paisagens que compõe esse mundo é a “meta” da das aulas de Geografia (Zatta; Aguiar, 2009, p.8).

            Cabe citar também que para esta identificação também é válido inserir as características da população, urbanização em que o ser humano está inserido. Afinal ao estudar uma imagem, deve-se também analisar a ação do ser humano na mesma.
Segundo Cavalcanti (2006):     
O movimento de renovação do ensino de Geografia apela para a incorporação de novas propostas teóricas e aspectos pedagógico-didáticos de ensino de geografia em sala de aula para que o ensino de Geografia contribua para a formação de cidadãos críticos e participantes. Bastaria que o professor se preocupasse em trabalhar em sala de aula com conteúdo crítico baseado em determinados fundamentos metodológicos dessa ciência (Cavalcanti, 2006, p.72).
Nesse contexto, Pontuschka et. al (2009) acrescenta que as imagens estão a invadir nossas casas, os painéis e outdoor, acompanhando-nos onde quer que estejamos: 
Às vezes elas são tantas e passam tão rapidamente diante de nossos olhos, que mal podemos vê-las e ter a oportunidade de selecioná-las com propriedade [...]. Mas, há necessidade de, geograficamente, pensar no sentido que tais representações têm para formação cultural de professores e alunos. É estranho que as escolas não promovam uma alfabetização relacionada a imagens e sons, assim como existe a alfabetização cartográfica, como forma de entendimento do mundo (Pontuschka, et. al, 2009, p. 278-279).

É neste sentido que para o ensino da Geografia é preciso que o professor seja criador de seus métodos em sala de aula. E uma dessas formas que o professor pode ser criador, seria o auxílio da imagem como um recurso didático indispensável para a construção do conhecimento em sala de aula. Ensinar Geografia aponta para diversos caminhos, dentre eles, encontrar, a cada dia que passa novas ferramentas que sustentem nossos esforços. Dentre as possibilidades já existentes, uma alternativa para ser utilizada em sala de aula é a utilização de imagens para o estudo da Geografia, para a partir delas, desenvolver a construção do conhecimento.
O professor pode utilizar as imagens como recurso didático para construção do conhecimento em sala de aula. Propor atividades que utiliza como principal as imagens.
Cavalcanti (2006) faz uma breve reflexão sobre a metodologia de ensino:
A metodologia do Ensino da Geografia é um instrumento utilizado na construção da compreensão da produção organização do espaço geográfico, junto aos estudantes a partir do entendimento das mediações espaciais para fazê-los entenderem com integrantes do espaço, os profissionais precisam também se comprometer como tal no espaço social e, particularmente, no espaço da escola (Calvacanti, 2006 p.33/34).
Analisando a citação proposta por Cavalcante (2006) diz que a metodologia de ensino de Geografia é um instrumento utilizado na construção e compreensão do espaço. Sem sombra de dúvidas, que a metodologia no Ensino da Geografia é de suma importância, é através destes métodos que o professor emprega técnicas voltadas para a aprendizagem do aluno. O Ensino de Geografia através de aulas com inserção da imagem é mais eficaz e o rendimento escolar é melhor.
No trabalho pedagógico do professor, o desenvolvimento de algumas habilidades e competências pode auxiliá-lo. Em uma das sugestões de Pontuschka (2007) está o domínio das técnicas de Ensino da Geografia. Que cabe a cada professor moldar as técnicas e os métodos de ensino adquiridos ao longo de sua jornada acadêmica, na melhor “forma” de ensino para cada sala de aula, levando sempre em consideração, conforme já citado, a realidade de seus aprendizes.
O professor buscando a Imagem com recurso didático significa que o mesmo está moldando as técnicas e seus métodos para o ensino em sala de aula. Vieira (2008) menciona que a busca por metodologias que consigam levar o conteúdo ao estudante de maneira mais compreensível, seja através do uso do livro didático, das diversas tecnologias ou até mesmo da criatividade é que irá diferenciar um professor de qualidade.

3. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

Este trabalho teve sua pesquisa voltada para sala de aula, onde foram ministradas aulas de Geografia no 1º Ano do Ensino Médio em um Colégio da Rede Pública Estadual de Ensino, situado na Cidade de Limoeiro, Agreste do Estado de Pernambuco, Brasil. Foram ministradas cinco aulas em cada sala do 1° Ano do Colégio (1° Ano A; 1° Ano B e 1° Ano C - totalizando 15 aulas), abordando como conteúdo a temática “população”. A pesquisa foi realizada em três etapas: Na primeira, foram ministradas duas aulas, sem a utilização de imagens extras, onde apenas as imagens trabalhadas no livro didático foram utilizadas. Na segunda etapa, também foram ministradas duas aulas, entretanto, para estas foram utilizadas imagens extras trazidas pelo professor (revistas, recortes de jornais, imagens de internet, mapas).
Na terceira etapa da pesquisa, foi aplicado um questionário para verificação da aprendizagem dos alunos a respeito do conteúdo ministrado e, em adição, verificar a contribuição da utilização das imagens nesse processo. O questionário foi aplicado a 100% dos alunos matriculados no 1º Ano, o que corresponde a um total de 98 alunos, com faixa etária entre quinze e dezessete anos. A origem dos alunos é do próprio município, porém de locais distintos, apresentando um grande número de alunos morando na zona rural, e a minoria na zona urbana.

Elaboração e organização das questões

Para a elaboração das questões foram utilizadas algumas imagens trabalhadas em sala durante as aulas. Além de questões que propunham verificar a aprendizagem do conteúdo utilizando as imagens, foram elaboradas questões que investigassem as opiniões dos alunos a respeito da utilização das mesmas.
O questionário foi composto por oito perguntas, estando elas organizadas em quatro blocos de duas questões cada. Nos primeiros três blocos, foram aplicadas questões sobre o conteúdo trabalhado pelo professor em sala: o primeiro foi densidade demográfica. O segundo trabalhou crescimento populacional e o terceiro trabalhou com o conceito de países populosos e povoados. Vale ressaltar que em cada bloco apenas uma questão era acompanhada por imagens (mapas e figuras) e que as temáticas questionadas foram realizadas com o mesmo grau de dificuldade para ambos os tipos que questões (com ou sem imagens).
No quarto bloco, foram elaboradas duas perguntas, questionado os sobre a utilização das imagens, levando em consideração sua motivação em aula e o entendimento sobre a mesma.
 4. RESULTADO E ANÁLISE DA PESQUISA
            Após a realização das quatro primeiras aulas em cada sala, foi aplicado um questionário com oito questões, divididas em quatro blocos de duas questões cada. Nos primeiros três blocos, as questões foram referentes ao conteúdo ministrado pelo professor. Das seis questões aplicadas, metade vinha acompanhada de alguma imagem. Após a aplicação dos questionários foi verificado que as questões que vinham acompanhadas por imagens tiveram um percentual maior de acerto conforme descrito a seguir.
            A primeira questão foi referente a ‘Densidade Demográfica”, sendo proposto aos alunos que mencionassem dois países com alta taxa de densidade demográfica. Os que responderam à questão somaram-se em 88%, o restante deixou a questão em branco. Dos que responderam, apenas 45% responderam de forma correta. Na segunda questão, foi utilizado o Mapa-Múndi (figura 1), o mesmo utilizado em aula pelo professor de Geografia, e perguntado aos alunos que citassem dois países com baixa taxa de densidade demográfica. Também somaram 88% oss alunos que responderam a essa questão. Porem a média de acerto foi de 87%.    
A forma de avaliação que presenciamos atualmente pede muita interpretação, ou seja, necessita que os alunos pensem sobre o assunto proposto e que estejam capacitados a interpretar gráficos, tabelas, mapas, imagens. O resultado da questão 2 indicou que a interpretação de mapas deve ser mais trabalhada em sala de aula, uma vez que mesmo com a resposta exposta na própria figura da questão, 22% dos alunos erraram. O que pode ser explicado pela incapacidade de ler e interpretar mapas, ou talvez por não saber o nome do país ilustrado no mapa.

A terceira questão foi referente a temática “Crescimento Demográfico”. Nesta, foi solicitado aos alunos que citassem dois estados brasileiros com baixa taxa de natalidade. Nesta questão 90% dos alunos responderam, o restante deixou a questão em branco. Dos que responderam, apenas 13% acertaram a questão. Na quarta questão, foi utilizado a figura 2, apresentando as pirâmides etárias dos estados brasileiros, nela foi perguntado aos alunos o nome de dois estados com elevada taxa de natalidade. Nesta, 98% responderam e 90% foi a taxa de acerto da questão.
            Os resultados obtidos nas questões 3 e 4, corroboraram com a ideia que as imagens auxiliam na fixação e entendimento dos conteúdos tanto pelos alunos como pelos os professores que são os mediadores do processo de leitura, interpretação e crítica das imagens.
Nas questões 5 e 6 foi analisada a temática “Países Populosos e Povoados”. Na questão 5 foi perguntado aos alunos o nome de três países populosos, 98% dos responderam à questão, e 55% acertaram. Na questão 6, foi utilizada a figura 3 que trouxe um mapa-múndi, com indicação da população total dos países. Nesta questão 100% dos alunos responderam e 94% dos alunos acertaram.

A utilização de recursos didáticos em sala de aula, neste caso, as imagens, apresentou-se extremamente necessário, uma vez que estas oferecem a visualização de realidades distantes e desconhecidas. Entretanto faz-se necessário que além da associação das imagens com os conteúdos, o professor trabalhe com os alunos, formas de interpretação, para que haja uma melhoria no processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos.
            Nas três salas do 1° ano do Ensino Médio, onde foi realizada a pesquisa, foi observado um maior interesse dos alunos, a partir da terceira aula, onde foram levadas imagens diferentes das trazidas no livro didático. O que pode ser corroborado com as respostas obtidas nos questionários, especificamente as questões do quarto bloco.
            Na questão 7 foi perguntado aos alunos se uma aula com a utilização de imagens chama atenção para os conteúdos que estão sendo ministrados. Nessa questão 88% dos alunos responderam que a utilização de imagens facilita no processo de aprendizagem. E as causas dessa melhoria apontada por alguns alunos, são:
“Por trazer a lembrança o que não conseguimos lembrar”
“Ajuda a compreender melhor o assunto”
“Por poder visualizar os elementos comentados na aula”
“Ajuda na interpretação do assunto abordado”.
Pode-se verificar que respostas como “trazer a lembrança” e “ajudar na interpretação”, indicam o fator visual como de extrema importância para o entendimento dos conteúdos abordados pelo professor. Nesse contexto, Kenski (2004) afirma que a leitura e interpretação de imagens entra nesse processo como ferramenta de grande importância, visto que o mundo em que o aluno vive e o que lhe atrai a atenção é um mundo cheio de cores.
            Na segunda questão foi perguntado aos alunos se a utilização de imagens extras na sala (recortes de jornais, revistas, imagens de internet, mapas, etc) torna a aula mais interessante? Para essa questão 94% responderam que sim, onde os comentários mais comuns foram:       
“É possível adquirir mais informações”
“Ajuda a prender a atenção na aula”
“Ajuda na aprendizagem, pois aprendemos com mais clareza”
“Motiva o aluno a se interessar e consequentemente a prestar atenção nas aulas”
“Nos leva a lugares que nunca vemos e que não conhecemos”
“Deixa a aula mais dinâmica e fixa melhor a atenção dos alunos”
Sobre os 6%, que responderam que não, a maioria afirmou que a utilização de imagens torna a aula cansativa.
Considerando a opinião desses 6%, aula se torna cansativa quando não há o estimulo deste aluno para trabalhar com a imagem, ou pode-se levar em consideração a força de vontade do aluno em aprender, pois, a escola e os professores têm o papel de disponibilizar os recursos e de mediar o processo de aprendizagem, porém a decisão de que irá atuar nesse processo é do aluno. Portanto, se não há interesse do aluno em aprender, mesmo que haja todo o estímulo e mobilização da escola junto aos professores para que haja a construção desse processo, a aprendizagem não irá acontecer e todo e qualquer método de ensino será inválido. Belmiro (2000) afirma que esses problemas vêem da incapacidade do professor de relacionar o texto do livro à imagem, tornando-a inútil. Consequência da incapacidade de leitura de imagens. Fato que provém da formação profissional de muitos professores.

5. CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS

Com a realização desta pesquisa, foi verificado a importância da utilização da imagem como recurso didático para o ensino-aprendizagem da Geografia, considerando que esta é uma ciência que requer análises do espaço, sendo este possível, principalmente, por sensores visuais, pois é através da visualização que é possível obter percepções da dinâmica do espaço e de suas modificações. Nesse sentido, a imagem se encaixa como recurso possibilitador desta visualização, seja ela através de fotos, mapas, desenhos, entre outros.
A imagem é considerada um recurso positivo na sala de aula por facilitar a fixação do conteúdo, por trazer a visualização aos assuntos teóricos, por aproximar o conteúdo da realidade dos alunos, por tornar as aulas mais dinâmicas, e consequentemente chamar a atenção dos alunos ao que está sendo discutido em sala de aula. Entretanto, o sucesso deste recurso irá variar de acordo com a metodologia de ensino do professor que, conforme foi comentado ao longo de todo o trabalho é o agente mediador da aprendizagem. Portanto, esse processo dependerá de como o professor abordará a utilização deste recurso. Assim, também constatamos que a utilização deste recurso precisa ser mais aprimorada.
As pesquisas relacionadas a utilização das imagens não cessam por aqui, propomos que haja a continuidade deste estudo, com novas investigação sobre a temática com novos métodos e técnicas para que este recurso pode ser explorado de maneira a se tornar mais eficaz e, consequentemente, importante para o processo de ensino-aprendizagem da Geografia.

6. REFERÊNCIAS

BELMIRO, C. A. (2014): “A imagem e suas formas de visualidade nos livros didáticos de Português”. Revista Educação & Sociedade, N. 72, Agosto/:2014. pp. 11-31.  
BRASIL. Secretária de educação Básica. (1996) “PCN: Ciências humanas e suas tecnologias”. MEC / SEB, Brasília. Vol. 3.
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Recibido: 21/06/2017 Aceptado: 27/06/2017 Publicado: Junio de 2017

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