Revista: CCCSS Contribuciones a las Ciencias Sociales
ISSN: 1988-7833


CAMPONESES, ESPAÇOS COLETIVOS E SOCIABILIDADES: APONTAMENTOS A PARTIR DE MONTE SIÃO, UMA COMUNIDADE AMAZÔNICA

Autores e infomación del artículo

Josiele Pantoja de Andrade*

Ruth Helena Cristo Almeida**

Osvaldo Ryohei Kato***

Lucilda Maria Sousa de Matos****

Universidade Federal Rural da Amazônia, Brasil

ruth.almeida@ufra.edu.br

Resumo: Este artigo trata das relações de sociabilidade presentes em sociedades camponesas, a partir de estudo de caso em Monte Sião, uma comunidade do munícipio de São Domingos do Capim, na Amazônia paraense, formada por oito grandes famílias camponesas, as quais desenvolvem atividades produtivas, como o extrativismo, a agricultura, o artesanato, a pesca e a caça, em três ecossistemas – terra, florestas e rio. A pesquisa foi realizada com 42 famílias e adotamos métodos como aplicação de questionários semiestruturados, entrevistas não diretivas e observações do cotidiano das famílias nos principais espaços coletivos da comunidade, a saber: igreja, associação (APEPA), campo de futebol e o rio Capim. Constatamos que a organização da vida social se dá em torno da igreja evangélica Assembleia de Deus, pois é a crença que regula os comportamentos sociais e culturais dos camponeses da comunidade. Os espaços coletivos como a igreja, associação, Rio Capim e campos de futebol foram identificados como estruturantes da vida social, aglutinadores de pessoas que comungam da mesma crença, do mesmo grupo, e estão relacionadas por laços de parentesco, vizinhança e amizade. Tais laços corroboram para a realização da sociabilidade camponesa.

Palavras-chave: Sociabilidade, Religião, Sociedade Camponesa, Laços de Parentesco, Laços de vizinhança.

Abstract: This article deals with the relations of sociability present in peasant societies, from case study in Monte Sião, a community on municipality of São Domingos do Capim, in Pará Amazonia, formed by eight large peasant families, which develop productive activities such as extractivism, agriculture, crafts, fishing and hunting in three ecosystems - land, forests and river. The survey was conducted with 42 families and we adopted methods like semi-structured questionnaires application, non-directive interviews and observations of families daily in the main collective spaces of the community, namely, church, association (APEPA), soccer field and the Capim river. We note that the organization of social life revolves around the Evangelical Church Assembly of God, it is the belief that regulates the social and cultural behavior of community peasants. The collective spaces such as the church, association, Capim river and soccer fields were identified as structuring of social life, binders of people who share the same belief, the same group, and are related by kinship, neighborhood and friendship. Such ties corroborate to realization of peasant sociability.

Key-words: Sociability – Religion – Peasant Society – Kinship Ties – Neighborly Ties.



Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Josiele Pantoja de Andrade, Ruth Helena Cristo Almeida, Osvaldo Ryohei Kato y Lucilda Maria Sousa de Matos (2017): “Camponeses, espaços coletivos e sociabilidades: apontamentos a partir de Monte Sião, uma comunidade amazônica”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, (enero-marzo 2017). En línea:
http://www.eumed.net/rev/cccss/2017/01/camponeses.html

http://hdl.handle.net/20.500.11763/cccss1701camponeses


Introdução

Para compreendermos o grupo social pesquisado, nos apoiamos no conceito de campesinato, pois partimos do entendimento de que há uma diversidade camponesa que se difere das outras sociedades pela forma como se relaciona com seu grupo social, por sua relação com a natureza e suas cosmologias. Por esses motivos, denominamos os atores sociais pesquisados como camponeses. Nesse sentido, para compreender o modo de vida das sociedades camponesas é necessário entendermos as relações sociais familiares e de vizinhança, o contexto histórico dessas sociedades, munidos também de aporte teórico de literaturas sobre campesinato.
Eric Wolf (1970, p. 10), um dos grandes teóricos do campesinato, demonstra que o “mundo camponês não é amorfo”, mas ordenado, “possuindo formas particulares de organização social”, as quais variam de um ambiente camponês para o outro. Desse modo, evidencia-se que generalizações não se adequam a todas as sociedades camponesas.
Estas sociedades tem uma organização social própria. Segundo Wanderley (2009, p. 160) os camponeses estão imersos em uma sociabilidade específica, que permite definir as sociedades rurais como “sociedades de interconhecimentos”, isto é, onde as relações sociais “ultrapassam os laços de família e parentesco”, no qual todos os membros do grupo estão envoltos em uma coletividade maior, que possibilita que todos se conheçam em profundidade.
Charles Wagley (1988), em seu estudo sobre a comunidade de Itá (nome fictício de uma aldeia real no baixo Amazonas) no Estado do Amazonas, assinala que as relações sociais das comunidades amazônicas são estabelecidas pela família e pelas relações de compadrio. Os compadres, nesse contexto, geralmente são amigos, parentes e vizinhos, que são escolhidos de acordo com interesses pessoais, assim, são estabelecidas relações de reciprocidade, onde um proporciona ao outro conforto financeiro e moral.
Pretendemos nesse artigo demonstrar quem são os camponeses de Monte Sião e como é formada a sociabilidade camponesa na comunidade, no contexto de espaços coletivos como igreja, associação, campo de futebol e o Rio Capim.

Localização e Caracterização da Área de Estudo

A pesquisa foi realizada na comunidade Monte Sião, localizada no município de São Domingos do Capim, na mesorregião do Nordeste Paraense, Microrregião do Guamá, com 01º 40’ 45’’ de latitude sul e 47º 46’ 17’’ de longitude oeste de Grenwich, com altitude de aproximadamente 22 metros. Os limites territoriais do município são: ao norte com o município de São Miguel do Guamá; a leste com os municípios de Irituia e Mãe do Rio; ao sul com o município de Aurora do Pará e; a oeste com o município de Tomé Açu, Bujaru e Concórdia do Pará, (Figura 1) (IDESP, 2011).

A comunidade Monte Sião limita-se com as fazendas do Mickey, fazenda Santa Fé, Fazenda do Paulinho e o pasto do Edson. Para chegar até a comunidade se dispõe de dois trajetos: um, saindo de barco da orla da cidade de São Domingos do Capim até a comunidade, com duração do percurso de aproximadamente 40 minutos e; o outro é pela PA- 127, entrando nos ramais de Urucuritéua e Monte Sião, levando em torno de cinco quilômetros para chegar à comunidade (Figura 2). Atualmente moram 42 famílias em Monte Sião, as quais residem em casas de madeira distribuídas em dois tipos de ecossistemas, as várzeas do rio Capim e áreas de terra firme.

Percursos Metodológicos

Para a realização dessa investigação, optamos pelo estudo de caso (BECKER, 1994), por considerarmos um método adequado para entender a formação da comunidade e os espaços que contribuem para a sociabilidade camponesa. Realizamos o estudo de caso com 42 famílias, para isto, utilizamos como métodos de pesquisa, a observação, entrevistas e os questionários.
Segundo Becker (1994), o principal método de investigação no estudo de caso é a observação participante, por possibilitar o acesso a uma gama de dados, de modo a podermos compreender as relações sociais nos espaços da igreja, associação, rio e a escola.
Para observarmos, norteamo-nos sobre três técnicas fortemente entrelaçadas: “perceber, memorizar e anotar”, conforme Beaud e Weber (2007). É importante saber que não se observa sem referência, assim como não existe observação sem anotação, porém, “a anotação não é um exercício de estilo, pois ela se prepara in situ e escreve-se às pressas para não se esquecer” (BEAUD; WEBER, 2007, p. 97- 98). Além das anotações das observações também foram capturados os registros fotográficos das interações e dos lugares visitados, uma vez, que o registro de imagens auxiliou no processo de memorização e interpretação posterior dos fatos sociais observados, pois, como defende Beaud e Weber (2007), todo material que auxilie na retomada da memória é útil ao pesquisador no momento de escrever. As observações foram realizadas nas casas dos camponeses, cultos, reunião da associação, reunião da igreja, nos banhos de rio e nos campos de futebol.
O uso da entrevista não diretiva foi priorizado por ser adequada aos objetivos da pesquisa, como maneira de aprendermos o histórico de formação da comunidade e as principais organizações sociais atuantes na mesma. Isso foi possível porque neste tipo de entrevista o pesquisador introduz o tema ao pesquisado como forma de provocar produções verbais do mesmo. O pesquisador eventualmente insere tópicos do seu interesse (MICHELAT, 1987).
A escolha desse método justificou-se por esse tipo de entrevista possibilitar ao interlocutor falar livremente com maior grau de liberdade, sem a utilização de um esquema completamente fechado de perguntas. Assim, a informação possibilitada por este tipo de entrevista “é considerada como correspondente a níveis mais profundos, isto é porque parece existir uma relação entre o grau de liberdade deixado ao entrevistado e o nível de profundidade das informações que pode fornecer” (MICHELAT, 1987, p.193).
As entrevistas foram negociadas com antecedência, respeitando o horário dos camponeses. As mesmas foram gravadas com a prévia autorização dos entrevistados/as, anotando apenas as informações as quais julgamos pertinente ao trabalho, visto que as anotações são tão importantes quanto à gravação.
As entrevistas foram direcionadas a diferentes membros da comunidade, representantes da associação, igreja evangélica Assembleia de Deus e pessoas pertencentes a religião católica, considerando também gênero e faixa etária.
A aplicação de questionários teve por objetivo traçar o perfil dos sujeitos sociais da pesquisa referentes à naturalidade, religião e atividades produtivas. Os dados obtidos foram analisados estatisticamente por meio de análise descritiva e avaliados a partir da análise qualitativa de pesquisa.
Os dados coletados foram reunidos, selecionados e dialogados com as teorias sociais pertinentes, para assim, buscar, da forma mais fiel possível, explicar cientificamente a realidade social observada.

Memórias do Lugar

Primeiros moradores daqui foi meu avô e a minha vó, Mariana Jacinta de Melo e Antônio da Conceição Tavares Pereira, minha mãe Ricardina Tavares faleceu ano passado [2014] com 111 anos (Nazaré Pereira, 74 anos).

A comunidade Monte Sião é formada por oito grandes famílias1 . As mais antigas do local são os Tavares, às quais logo depois se juntaram os Pereiras, os Garcias, os Ferreiras e os Batistas. Já nos anos de 1980 chegaram outras famílias, como os Azevedos, os Araújos e os Soares. Estas famílias foram casando entre si, formando novas gerações, com exceção da família Araújo, a qual seus filhos ainda são solteiros.
De acordo com as narrativas dos moradores da comunidade Monte Sião, provavelmente a família mais antiga no local a estabelecer sua residência na beira do rio Capim, em meados do início do século XX, foi a família Tavares: seu Antônio da Conceição Tavares e sua esposa dona Mariana Jacinta de  Melo. Seus filhos nasceram no local, Ricardina Tavares, José Tavares e Orminda Tavares. Dona Ricardina Tavares casou-se com um membro de outra família da comunidade, seu José Amadeu Pereira; sua irmã casou com um membro da família Ferreira, seu João Ferreira.
 Assim foram acontecendo os casamentos entre as famílias, e, de acordo com os interlocutores, os membros da comunidade são, na maioria, “parentes”, os quais levam em seus sobrenomes: Tavares Pereira, Tavares Ferreira, Pereira Garcia, Ferreira Garcia, Garcia Azevedo, Soares Azevedo, Pereira Soares, Pereira Batista.
Segundo Sabourin (2009), no geral os membros das comunidades camponesas são descendentes de um ancestral comum, formando laços estreitos de parentesco. Este autor, ao estudar a comunidade camponesa Lagoinha (Juazeiro, Bahia), no Nordeste brasileiro, evidenciou que a maioria dos seus moradores eram descendentes de um mesmo ancião fundador, como ocorre em Monte Sião em que a maior parte das famílias da comunidade são descende dos Tavares e dos Garcias.
Ainda sobre os estudos de famílias em sociedades camponesas, Comerford (2003), ao pesquisar sobre familiarização na região da Zona da Mata, constatou que as relações de parentesco estão vinculadas entre os que viviam na mesma localidade e a antiguidade da associação entre as famílias. As considerações feitas pelo autor sobre os termos família e parente, também podem exemplificar o que estes representam para os camponeses de Monte Sião.
Família é um termo ambíguo, por referir-se, dependendo do contexto: 1) à família nuclear (pai, mãe e filhos); 2) à família no sentido dos que tem o mesmo sobrenome, algo como uma família nome; 3) à família incluindo tanto os consanguíneos por lado paterno e materno, como os afins também por ambos os lados, dentro de limites flexíveis que abrangem apenas os mais próximos de cada lado (que grau de proximidade algo que só define em cada contexto), se aproximando da acepção de conjunto de parentes. Parente qualifica individualmente aqueles com quem se tem algum tipo de laço de parentesco por consanguinidade ou afinidade, pelo lado paterno ou materno, com um alcance mais amplo e flexível que família, já que dificilmente se diz de um parente considerado distante que “é da minha família”, apenas que “é meu parente” (COMERFORD, 2003, p. 35).

O termo “parente” é muito recorrente em Monte Sião. Este representa as relações de consanguinidade ou relações parentais, além de estar ligada a delimitação espacial da comunidade. É pelo “parentesco” que geralmente os grupos se constituem, mas, também, o parentesco em Monte Sião está ligado ao conflito, a questões de partilha de terras herdadas, o que se realiza em disputa, ruptura entre parentes, que tem a sua descendência num mesmo ancestral, demonstrando que o parentesco pode ser harmonioso ou não.
As gerações mais antigas de Monte Sião se deslocavam para a cidade de São Domingos do Capim por meio de pequenas canoas, não havia estradas. O local recebia a denominação de sítio 2 São João, em referência ao nome de uma das famílias do local, João Pereira. Nesse período cada família tinha um sítio com o respectivo nome de seu proprietário. As pessoas mais antigas foram registradas no cartório da cidade de São Domingos como nascidas nos sítios São João, sítio Tavares e outros.
Posteriormente, esse lugar também foi denominado sítio Nossa Senhora da Conceição, em decorrência do movimento católico existente naquele momento. Os moradores mais antigos, entre eles seu Quintino Ferreira Garcia, João Garcia, Francisca Garcia, José da Conceição e José Amadeu Pereira realizavam rezas aos domingos em devoção a Nossa Senhora da Conceição nas casas dos moradores. Esse grupo também realizava a festividade de Santa Maria. Depois da reza havia o leilão. Os donativos eram bananas, farinha, e animais como porco e galinhas.  Dona Francisca guarda na memória o tempo em que participou das festividades para a santa, “o papai quando fazia aquela reza, mandava fazer comida pra todo mundo, vinha gente daqui, das comunidades do centro, fazia aquilo bonito, tinha leilão com banana, farinha [...]” (Camponesa, 68 anos).
Conceição (2002), estudando o nordeste paraense demonstra a ação institucional da igreja católica sobre a ordem dos Barnabitas da prelazia de Bragança, que elaborou um plano dedicado à formação de professores e líderes pastorais para atuarem em áreas com população ribeirinha de municípios como Ourém, Irituia e São Domingos do Capim.
Nesse período, provavelmente final de 1970 ou início de 1980, de acordo com depoimentos de pessoas mais antigas do local, a denominação passou de sítio para comunidade. Os moradores começaram a denominar de comunidade Nossa Senhora da Conceição. Sabourin (2009) afirma que o termo comunidade tem influências recentes, provenientes da ação pastoral da igreja católica, por meio das “Comunidades Eclesiais de Base”. Para este autor, o entendimento sobre este termo é:
Comunidade é o termo mais utilizado. Em função de sua história, esta palavra, além de localidade e da proximidade, carrega noções de parentesco, espiritualidade (religiosa) e compartilhamentos de recursos, o que a aproxima do conceito de reciprocidade de forma singular (SABOURIN, 2009, p. 48).

No entanto, Moreira (2004, p. 81) critica o uso do termo sociológico “comunidade”. Segundo a autora, este foi, “na nossa literatura sobre movimentos sociais, apropriado pela linguagem religiosa e tornou-se, de certa maneira, refém da igreja”. A autora apoia-se na obra de Wagley (1988), “Uma comunidade amazônica”, realizada nos anos de 1950, em que o autor já utilizava o termo para explicar agrupamentos de pessoas que viviam no mesmo local e compartilhavam saberes, educavam seus filhos e adoravam seus deuses.
Em Monte Sião, no entanto, a utilização do termo comunidade surge por meio da intervenção religiosa, aproximando-se, assim, a percepção dos camponeses locais ao conceito de Sabourin (2009). Todavia, pode-se apreender que em Monte Sião comunidade é também um espaço físico direcionado pela proximidade com o rio onde famílias residem. É um lugar onde as pessoas oram juntas, compartilham sentimentos, saberes e recursos comuns.
Nesse momento histórico em que viviam os camponeses, os quais faziam parte do movimento religioso católico, tiveram a ideia de construir uma escola para que seus filhos pudessem estudar, já que naquele tempo o único meio de transporte eram canoas a remo, o que aumentava a dificuldade de locomoção das crianças até a Sede do município.
Aqui não tinha como as crianças estudarem, se desemborrarem, aí nós fizemos um barracão, aí adoei a telha... Nós arrumemos a professora, ela mora do outro lado do rio, professora Anastácia, depois a Clementina da comunidade da Trindade (Camponês, 73 anos).

A escola foi construída em estrutura de madeira num terreno doado pelo seu Quintino Garcia, e recebeu o nome de Escola Nossa Senhora da Conceição, em decorrência da devoção que os moradores tinham a essa santa. Hébette et al. (2002) ao estudar o papel de estruturas familiares e de vizinhança na formação de novos espaços, como as comunidades, afirma que nas colonizações espontâneas pequenos agrupamentos se formam, onde são construídos sua escola, seu templo rústicos, construção para realizar reuniões, e as casas são sempre construídas próximo a uma fonte d´água, o que não diferiu na formação de Monte Sião.
Além da escola, os camponeses ligados ao movimento católico existente, pretendiam fundar uma capela na comunidade para realizar as celebrações católicas, mas segundo relatos de moradores, eles não conseguiram porque não havia união entre eles, alguns conflitos como desentendimentos “de boca” enfraqueceu o movimento católico. Associado a isso, ainda foi exposto por alguns entrevistados o “vício” do álcool que comprometia a dedicação à fé religiosa.
No geral, as famílias da comunidade eram adeptas do catolicismo. A primeira família evangélica da comunidade foi a do seu Domingos Ferreira. Ele casou-se com dona Izoca, que era moradora de outra comunidade e pertencia a religião evangélica Assembleia de Deus. Com sua chegada a Monte Sião, pessoas adeptas da religião evangélica começaram a visitá-la e realizar pequenos cultos, inicialmente em sua casa e depois nas casas de seus vizinhos. Aos poucos o movimento evangélico foi crescendo na comunidade e, parte das famílias, tornando-se adeptas da religião evangélica, em virtude de se sentirem melhor espiritualmente e no convívio com suas famílias, como relatou uma camponesa,
Eles acharam que a igreja evangélica seria o melhor pra eles, até porque eles deixaram muito dos vícios que estava matando eles, acharam que era melhor, até hoje deu certo e quase todas as famílias são evangélicas (Camponesa, 46 anos).

Algumas famílias continuam sendo católicas e se deslocam para outras comunidades para participar das celebrações. A imagem de Nossa Senhora da Conceição foi doada por Dona Francisca, filha de seu Quintino Garcia, à comunidade do Prata, porque segundo ela, eram poucas pessoas que rezavam para santa em Monte Sião, e preferiu doar para outra comunidade, em que o movimento católico é predominante.
Em 1991 foi construída a primeira igreja Assembleia de Deus, ao lado da escola Nossa Senhora da Conceição. O terreno foi doado por seu Quintino que, nesse período, já havia se tornado evangélico. O trabalho de construção da igreja foi realizado pelos moradores que se reuniram em mutirões. Assim, criou-se a congregação evangélica que recebeu o nome de Monte Sião, por fazer referência a passagens bíblicas. Quem denominou o nome da congregação foi seu Raimundo Martinho Azevedo, coordenador da congregação juntamente com o Pastor José Gomes. A mesma denominação dada à congregação foi destinada também ao local que deixou de ser chamado sítio Nossa Senhora da Conceição e passou a ser chamado de Comunidade Monte Sião.
A comunidade camponesa existe em função do sentimento de pertencimento de um grupo, compartilhamento de saberes e de uma identidade coletiva. Aliás, a origem de uma comunidade pode estar diretamente ligada a valores simbólicos, como uma religião, a pessoas unidas pela mesma fé, que “rezam juntas” (SABOURIN, 2009). Em Monte Sião o quadro é parecido, “famílias que oram juntas”, trabalham para obra do senhor, uma relação de reciprocidade entre homens e Deus, a noção de obrigação em dar para Deus e este retribuir com suas “bênçãos”, são valores afetivos e espirituais.
As famílias mais antigas tinham como principal atividade econômica, para o sustendo de suas famílias, as roças de mandioca, milho e arroz, feitas em sistema de corte e queima.
Além das roças, as primeiras gerações praticavam e ainda praticam o extrativismo de espécies como a castanha do pará (Bertholletia excelsa Bonpl.), cacau (Theobroma cacao), açaí (Euterpe oleracea), entre outras; a caça de animais na floresta, como tatu (Cabassous unicinctus), veado (Mazama americana), paca (Agouti paca) e cutia (Dasyprocta primnolopha); a pesca e; a criação de galinhas caipiras e porcos. A criação de porcos acabou em decorrência de conflitos entre vizinhos, porque os animais eram criados soltos e invadiam as áreas de outros vizinhos, por isso os moradores se reuniram e decidiram não criar mais os porcos (CASTRO, 2006).
Algumas famílias também faziam paneiros, que eram comercializados na feira de São Domingos, cortavam folhas de bananeira para vender para os comerciantes de São Domingos, já que nesse período não havia sacolas plásticas, a mercadoria era embrulhada na folha de bananeira ou papel.
A seringa e a exploração madeireira também tiveram importante papel na economia camponesa até final de 1980. Os camponeses também investiram nos plantios de banana (Musa spp.), a qual era vendida na cidade de São Domingos e para marreteiros que vendiam na cidade de Belém, porém com a incidência da Sigatoka-Negra na bananeira, doença causada pelo fungo (Mycosphaerella fijiensís Var. difformis), a produção foi diminuindo (CASTRO, 2006).
O trabalho das roças de mandioca era realizado principalmente por meio de mutirões interfamiliares ou por meio da Companhia. Estudos de 1950, sobre práticas de ajuda mútua no meio rural, apontavam o mutirão como uma prática universal, muito recorrente nas sociedades rurais, acionado em diversas situações como mortes, doenças, partos, casamentos, batizados, acidentes de trabalho, produção agrícola (derrubadas, roçadas, encoivaramento, queimas, semeaduras, limpas, colheitas) e cobertura de casas (CALDEIRA, 1956).

A comunidade hoje

Nessa seção apresentaremos a comunidade hoje. Seus principais aspectos gerais: modo de vida dos camponeses, religião, festas e a sociabilidade.
Atualmente moram 47 famílias em Monte Sião, as quais residem em casas de madeira, cobertas de palha, de telhas de argila ou telhas de amianto e casas de alvenaria cobertas com telhas de argila ou amianto. As residências estão distribuídas em dois tipos de ecossistema, os de várzeas do rio Capim (74%) e áreas de terra firme, sendo 8% no início do Ramal Monte Sião e 18% no Centro3 , estrada do Urucurtéua, conforme Gráfico 1.

Quem são os Camponeses de Monte Sião?

As famílias de Monte Sião são predominantemente famílias nucleares, isto é, compostas de pai, mãe e filhos. A constituição de novas famílias na comunidade tem geralmente obedecido a regras, como morar com os pais, até o novo casal conseguir recursos para construir sua casa. O mesmo foi encontrado nas pesquisas de Canto (2007) e Moreira (2004). Um exemplo é a família do Seu Manoel Raulins, que o patriarca fez a partilha da terra em vida, aos seus filhos homens, o que tem garantido a continuidade do patrimônio familiar. Segundo Wolf (1970) o sistema de herança com partilha -vários herdeiros- tem como vantagem manter intacta a terra.
O campesinato de Monte Sião é consolidado, de acordo com os dados coletados em 2015, dos 38 entrevistados. 61% nasceram em Monte Sião e 39% em outras comunidades ou na sede municipal de São Domingos do Capim, ou seja, 100% nascidos em São Domingos do Capim.

Os moradores de Monte Sião tem sua reprodução social baseada no extrativismo vegetal, agricultura, caça, pesca e criação de pequenos animais (Figura 3). Por serem um grupo que desenvolve diversas atividades, optamos pela denominação de camponês como categoria social. Para isso, nos baseamos nas considerações de Moreira e Hébette (2009 p.187) que entendem o campesinato amazônico como “um modo de vida específico” marcado principalmente pela relação direta com a natureza – “base de sua produção material e reprodução social” -, e por sua organização social fundamentada nas relações familiares, de parentesco e vizinhança. E, é representado por grupos diversos - agricultores, pescadores e extrativistas vegetais - que desenvolvem diferentes atividades, tais como: agricultura, criação animal, pesca e diferentes formas de extrativismo.
Os interlocutores da pesquisa identificam como profissão a atividade de maior importância no sustento familiar: 87% consideram-se agricultores, 5% doméstica, 3% estudante, 3% contador e 2% artesão, conforme Gráfico 03. A maioria dos chefes de família são “polivalentes”, desempenhando tanto a agricultura, como o extrativismo animal e vegetal (FRAXE, 2000; WITKOSKI, 2007).

Espaços de sociabilidade

Na comunidade existe uma Associação dos Pequenos Produtores Rurais Extrativistas e Pescadores Artesanais– APEPA, uma igreja Assembleia de Deus e, ao lado, a escola Nossa Senhora da Conceição em alvenaria (Figura 4), a qual oferta as séries iniciais do ensino fundamental (primeiro ao quarto ano) em dois turnos (matutino e vespertino). As aulas são ministradas por professores da cidade de São Domingos do Capim. As séries correspondentes ao segundo ciclo do ensino fundamental (quinto ao nono ano) e o ensino médio são oferecidas na sede municipal.

A comunidade dispõe de energia elétrica e tabernas (Figura 4), como são conhecidos os locais de venda de alimentos industrializados e produtos de higiene. São duas tabernas que funcionam no anexo da casa dos camponeses. Outros produtos como carnes bovinas e de aves, e utensílios domésticos como pratos e panelas, móveis e roupas são comprados nas cidades de São Domingos do Capim ou Castanhal.
Os campos de futebol são localizados nos quintais das casas, onde são colocadas traves feitas em madeira e rede para os adolescentes jogarem futebol e vôlei. É durante as partidas de futebol que os adolescentes conversam, predominantemente, sobre as relações amorosas, o namorado ou namorada nova de “fulano”, quem tocou melhor na banda. São conversas carregadas de risos, algumas com certa disputa, de qual o discurso que se sobressai melhor. Tais encontros para o jogos se realizam mais do que espaço de lazer e entretenimento, são espaços de sociabilidade (GUERRA, no prelo). Outro espaço de conversa e lazer é o Rio Capim, onde as crianças disputam “quem nada mais rápido”, brincam, dialogam e sentem prazer por estarem juntas, compartilhando palavras, risos e brincadeiras (Figura 5).
Comerford (2003) ao estudar localidades da Zona da mata onde vivem os sitiantes ou meeiros, constatou em sua pesquisa de campo, que a sociabilidade nessas localidades rurais é marcada por um caráter agonístico. Ela está presente nas conversações e brincadeiras, no futebol, na conversa entre vizinhos e nas festas. Em qualquer dessas situações há as conversas, algumas vezes com os discursos onde cada um quer ter uma visibilidade maior, as brincadeiras, às vezes, lúdicas outras em tom mais sério. Esses momentos de sociabilidade são formados, geralmente, por pessoas que se conhecem e compartilham certo nível de intimidade.
O rio Capim também é o lugar onde as mulheres, jovens e crianças desenvolvem atividades domésticas, como lavar roupas, panelas, captar água para beber e preparar alimentos. É nele que os moradores tomam banho. Esses momentos em que as famílias desenvolvem suas atividades, se realizam como espaço de sociabilidade, pois se reúnem para conversar da vida, dão risadas, contam piadas, ou seja, o trabalho não está dissociado da vida social. Isso corrobora com as considerações de Brandão (2007) a cerca do trabalho:
Assim, podemos dividir as ações humanas, quaisquer que elas sejam, em atos práticos, de que o trabalho produtivo- aquele que visa a alguma transformação da natureza e à produção de bens úteis aos homens- é o melhor exemplo, e em gestos simbólicos. Eles envolvem ações individuais, realizadas em família, em outros pequenos grupos, como uma equipe de amigos ou vizinhos, ou em uma comunidade maior, tal como acontece com os atos práticos do trabalho. Mas a diferença está em que através de gestos simbólicos não se visa a um “resultado produtivo”, material, mas a uma troca, a uma intercomunicação entre pessoas, ou entre pessoas e seres naturais ou seres sobrenaturais em que elas crêem, através de palavras, de condutas regidas por saberes e preceitos. Gestos vividos entre preces, cantos, danças, pequenas dramatizações, jogos, brincadeiras, festejos, ritos, rituais, celebrações, enfim (BRANDÃO, 2007, p. 44-45).

As reuniões da igreja, o final dos cultos e as reuniões da associação, também são momentos de encontro das famílias camponesas para conversar sobre o que aconteceu durante a semana, falar sobre a venda do açaí, a produção da farinha, as máquinas que deram problema (roçadeira, motosserras). As mulheres, especificamente, falam umas com as outras sobre os bordados, dos novos panos de prato, cortinas e novas aquisições de roupa para os filhos.
A maioria das famílias camponesas de Monte Sião são evangélicas da Assembleia de Deus, apenas 19% são católicas e 5% não tem religião, conforme Gráfico 4. As famílias evangélicas, na grande maioria, dividem seu tempo entre o trabalho agrícola, a casa e trabalhos e festejos da igreja, os quais são precedidos de muito trabalho. Além de participarem dos cultos pelo menos uma vez por semana. A participação do grupo familiar nas atividades produtivas é tão importante quanto a participação nas atividades da igreja.
A vida social da maioria dos camponeses de Monte Sião é desenvolvida em torno da igreja Assembleia de Deus. Os encontros na igreja para os cultos, reuniões e ensaios dos músicos e cantores, acabam por se realizar como um encontro de fé e um momento de sociabilidade, pois as pessoas conversam sobre diversos temas da vida cotidiana. É também a crença que regula os comportamentos sociais e culturais dos camponeses da comunidade (GUERRA, no prelo; MOREIRA, 2003; SABOURIN, 2009; FRAXE, 2000). A igreja é a principal organização social em Monte Sião, é a partir dela que são organizados diversos mutirões e festividades evangélicas.

Essa instituição religiosa tem uma banda musical formada por jovens moradores da comunidade, os quais tocam teclado, bateria, violão, guitarra, além de alguns desenvolverem o canto. Os instrumentos foram comprados pelos fiéis da igreja que realizaram eventos, chamados de promoção para arrecadar recursos para comprá-los. Os jovens aprenderam sozinhos ou pela observação a tocar os instrumentos. A banda se apresenta em cultos da igreja que acontecem todos os domingos, quartas e sextas na comunidade, além de se apresentarem em outras localidades.
Há também o grupo dos jovens, os quais se reúnem para formar o coral de jovens; grupo de mulheres do círculo de oração, no qual as mulheres se reúnem para orar, cantar na igreja, desenvolver atividades de limpeza da parte interna da igreja e do barracão e fazer as comidas nas festas. Durante esses encontros nasce a sociabilidade, (Figura 6). Segundo Simmel (1983), a sociabilidade é o sentimento das pessoas estarem se relacionando com outras pessoas e sentirem prazer com esse relacionamento, uma interação lúdica entre os indivíduos, algo que é feito com prazer. A sociação é baseada em interesses e necessidades específicas que contribuem para formação de associações construídas entre os indivíduos. Portanto, “além de seus conteúdos específicos, todas estas sociações também se caracterizam, precisamente, por um sentimento, entre seus membros, de estarem sociados, e pela satisfação derivada disso” (SIMMEL, 1983, p. 169).
As festas realizadas na comunidade são organizadas pela igreja Assembleia de Deus. Entre as principais festividades que acontecem anualmente, estão: Festa das crianças, Festa dos jovens, Festa do círculo de oração e o Festival do açaí. Esses encontros são momentos de sociabilidade não apenas entre as famílias da comunidade, mas também com pessoas de outras comunidades. É um momento de rever parentes e amigos que vêm a Monte Sião participar das festas. Assim, a religião evangélica em Monte Sião é um elemento estruturante da vida social da comunidade, de seus hábitos, costumes e práticas (GUERRA, no prelo).

Além da igreja, há outra instituição dentro da comunidade, a APEPA, criada em 2000 com o objetivo de combater a pesca predatória que estava começando a ser praticada por pessoas externas a comunidade e ameaçava a segurança alimentar dos camponeses de Monte Sião.
Desde sua fundação até 2015 só houve dois presidentes, sempre alternando o mandato como presidente ou vice-presidente. As eleições ocorrem a cada dois anos. Cada sócio da APEPA paga uma taxa mensal no valor de cinco reais, o que permite à associação pagar os impostos, como o CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas). Os sócios da APEPA pertencem a Monte Sião e comunidades do entorno. Das famílias de Monte Sião, apenas 21% tem algum membro sócio da APEPA, 79% não são associados à APEPA, conforme Gráfico 5. A maioria dos sócios possuem relações parentais com o presidente ou com a secretária, conforme constatamos durante a participação nas reuniões da Associação.

A associação tem o papel de articular-se com instituições externas, como as Secretarias de Agricultura, Estadual e Municipal, Universidades, Empresas de pesquisa e extensão, para buscar parcerias. Durante sua atuação foram inseridos alguns projetos, cursos de capacitação e dia de campo.
As reuniões, que acontecem nas primeiras sextas-feiras de cada mês, iniciam com a oração do “pai nosso”, seguida pelos informes e, logo depois, pela pauta da reunião. Durante as reuniões do mês de abril e julho de 2015 o principal encaminhamento foi sobre o programa “Minha casa, minha vida” do governo federal, que os associados estão tentando acessar.
Antes e depois das reuniões, havia as rodas de conversa informal de diversos grupos ou de um só grupo, sobre temas da vida cotidiana, os plantios, o preço do açaí, a situação política eleitoral do país.

Considerações Finais
Os camponeses de Monte Sião mantêm uma relação direta com a terra, para cultivar, criar pequenos animais, estabelecer suas residências, locomover na comunidade; com as florestas para praticar o extrativismo e a caça de animais e; com os rios como meio de locomoção e de pescaria. São suas atividades agrícolas e não agrícolas  responsáveis as pela reprodução social. Além disso, essa reprodução não é apenas física, mas social; existe também, uma reprodução da vida social desses camponeses.
A religião, a Associação, o campo de futebol e o rio são elementos estruturantes da vida social camponesa, são lugares aglutinadores, que se realizam em momentos de prazer de estar com o outro, ou seja, da sociabilidade camponesa. Assim, identificamos alguns apontamentos sobre as formas de sociabilidade desses camponeses:

  • A religiosidade, representada nesse estudo pela igreja Assembleia de Deus, é o elemento principal na constituição das relações sociais, do convívio entre pessoas que compartilham da mesma fé. A igreja representa a principal organização social da comunidade, ela aglutina pessoas, ligadas por laços de parentesco, amizade, vizinhança, e são esses laços que contribuem para as pessoas sentirem prazer de estar juntas e assim estabelecer a sociabilidade;
  •  A APEPA é um lugar de encontro dos sócios, que se reúnem com interesses específicos, mas neste espaço de reunião também se realiza a sociabilidade.
  • Além dessas duas instituições – igreja e APEPA - que corroboram para que origine a sociabilidade segundo Simmel (1983), do prazer de estar com o outro, encontramos o campo de futebol, espaço importante dentro de uma comunidade, para acontecer conversas e brincadeiras. Outro espaço é o rio lugar de trabalho e brincadeira, de criança, jovem e adulto, que se encontram para desenvolver atividades laborais e prazerosas.

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* Josiele Pantoja de Andrade: Engenheira Agrônoma pela Universidade Federal Rural da Amazônia (2013) e Mestre em Agriculturas Familiares e Desenvolvimento Sustentável (2016) pelo Programa de Pós-Graduação em Agriculturas Amazônicas do Núcleo de Ciências Agrárias e Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Pará e Embrapa Amazônia Oriental. Minhas atividades de pesquisa são voltadas à Agricultura Familiar com experiência nas áreas de Sociologia Rural e Agroecologia, atuando principalmente nos seguintes temas: formas de ajuda mútua, campesinato, extensão rural, organização social e divisão social do trabalho.

** Ruth Helena Cristo Almeida: Bacharel e Licenciada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Pará - UFPA (2002), Mestre em Sociologia Geral pela UFPA (2005) e Doutora em Ciências Agrárias pela Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA (2013). Atualmente é professora da Universidade Federal Rural da Amaz. Possui experiência nas áreas de Sociologia, com ênfase em questões socioambientais, atuando principalmente nos seguintes temas: relações de gênero, agricultura familiar, relação empresas e comunidades, mapeamento participativo de recursos naturais, unidades de conservação e conflitos sociais.

*** Osvaldo Ryohei Kato: Possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal Rural da Amazônia (1978), mestrado em Agronomia (Fitotecnia) pela Universidade Federal de Lavras(1987) e doutorado em Agricultura Tropical pela Universitat Goettingen (1998). Atualmente é Pesquisador A da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Professor orientador em prog. pós-graduação da Universidade Federal do Pará e Professor Orientador de Prog. Pós-Graduação da Universidade Federal Rural da Amazônia. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Ciência do Solo. Atuando principalmente nos seguintes temas: Slash-and-burn, Slash-and-mulch, Fire-free land preparation, Nitrogen dynamics, Eastern Amazon e Crop perfomance.

**** Lucilda Maria Sousa de Matos: Graduada em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Pará (1991). Especialização em Administração de Bibliotecas pela Universidade Federal do Pará (1995). Mestre em Agricultura Familiar e Desenvolvimento Sustentável pela Universidade Federal do Pará (2005). Atualmente é assistente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa. Tem experiência na área de Ciência da Informação, com ênfase em técnicas de recuperação de informação. Atua nos seguintes temas: gestão e melhoria de processos, gestão do conhecimento, divulgação da ciência, comunicação da ciência, estudo de usuário.

1 Família é um termo local designado para um grupo de pessoas ligados por relações de parentesco, o qual incluem duas a três gerações.

2 Sítio é um espaço onde se encontram espécies florestais e não florestais nativas ou plantadas. É também o local onde a família constrói a casa para morar.

3 Centro é denominado pelas famílias como local de terra firme, utilizado também para plantio das roças de mandioca e produção de farinha, o centro corresponde a estrada do Tóio ou ramal Urucuritéua.


Recibido: 21/02/2017 Aceptado: 09/03/2017 Publicado: Marzo de 2017

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