Daniel Vicente Da Silva Neto*
Elizabeth Amaral Pastich Gonçalves**
Eden Cavalcanti De Albuquerque Junior***
João Allyson Ribeiro De Carvalho****
Instituto de Tecnologia de Pernambuco y Universidade Federal de Pernambuco, Brasil
danielvsn@gmail.comRESUMO
  O presente artigo investigou  os limites e possibilidades para a inserção de ações efetivas em prol da coleta  seletiva no Município de Serra Talhada, Pernambuco, Brasil, baseando-se nos  fundamentos da Educação Ambiental (EA) e na articulação de diferentes setores  da sociedade. A pesquisa analisou como  a EA influenciou nos resultados iniciais do processo de implantação da coleta  seletiva em bairros do citado município. Em linhas gerais, o estudo visou  destacar metodologicamente como se desenvolveram as ações de mobilização social, em grupos específicos  da comunidade local. Os resultados permitiram dimensionar a relevância do  fortalecimento entre o modelo metodológico concebido e a valorização do  processo construtivo resultante de parcerias estabelecidas durante o processo  de implantação do sistema de coleta seletiva. Mais do que um debate  metodológico acerca das técnicas utilizadas a partir de relatos e experiências,  buscou-se demonstrar os resultados das intervenções e na implantação de um  processo de gestão de resíduos sólidos urbanos, como uma prática que pode ser  replicada e adaptada à realidade de outros municípios.
Palavras-chave: Educação Ambiental, Coleta seletiva, Mobilização social, Materiais recicláveis, Política Nacional de Resíduos Sólidos.
ENVIRONMENTAL EDUCATION: SOCIAL MOBILIZATION IN THE IMPLEMENTATION OF SELECTIVE COLLECTION IN THE CITY OF SERRA TALHADA, PERNAMBUCO, BRAZIL
ABSTRACT
  This article investigated the limits and  possibilities for the inclusion of effective action in favor of selective  collection in the city of Serra Talhada, Pernambuco, Brasil, based on the  fundamentals of environmental education (EE) and the articulation of different  sectors of society. The research examined how the EE influenced the initial  results of the selective collection deployment process in this municipality. In  general, the study aimed to highlight how methodologically it were developed  the actions of social mobilization in specific groups of the local community.  The results scale the importance of strengthening of the methodological model  designed and the appreciation of the resulting constructive process of  partnerships established during the process of implementation of the selective  collection system. More than a methodological debate about the techniques used  from reports and experiences, we sought to demonstrate the results of the  interventions and the implementation of a solid waste management process, as a  practice that can be replicated and adapted to the reality of other  municipalities.
Key-words: Environmental Education. Selective collect. Social mobilization. recyclables. National Solid Waste Policy.
EDUCACIÓN AMBIENTAL: MOVILIZACIÓN SOCIAL EN LA IMPLANTACIÓN DE COLECTA SELECTIVA EN LA CIUDAD DE SERRA TALHADA, PERNAMBUCO, BRASIL
RESUMEN
  El presente artículo investigó los límites  y posibilidades para la inserción de acciones efectivas para la colecta  selectiva en el municipio de Serra Talhada, Pernambuco, Brasil, basado en  fundamentos de educación ambiental (EA) y en la articulación de los diferentes  sectores de la sociedad. La investigación analiza como a EA influyó en los  resultados iniciales del proceso de implantación de la colecta selectiva en  barrios del citado municipio. En términos generales, el estudio pretende  resaltar metodológicamente como fueron desarrollados las acciones de  movilización desde la óptica cuali-cuantitativo, en grupos específicos de la  comunidad local. Los resultados permitirán dimensionar la relevancia del  fortalecimiento entre el modelo metodológico concebido y el proceso de  implantación del sistema de colecta selectiva. Más de que un debate metodológico  acerca de las técnicas utilizadas a partir de relatos y experiencias, se ha  buscado demostrar los resultados de las intervenciones en la implantación de un  proceso de gestión de residuos sólidos urbanos, como una práctica que puede ser  duplicada e adaptada a la realidad de otros municipios.
  Palabras  clave: Educación Ambiental. Colecta Selectiva.  Movilización Social. Materiales Reciclables. Política Nacional de Residuos  Sólida. 
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato: 
Daniel Vicente Da Silva Neto, Elizabeth Amaral Pastich Gonçalves, Eden Cavalcanti De Albuquerque Junior y João Allyson Ribeiro De Carvalho (2016): “Educação ambiental: mobilização social na implantação de coleta seletiva no município de Serra Talhada, Pernambuco, Brasil”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, (octubre-diciembre 2016). En línea: 
http://www.eumed.net/rev/cccss/2016/04/pernambuco.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/cccss201604pernambuco
1 INTRODUÇÃO
Ao logo da  história, a concepção de ‘lixo’ sempre esteve no cotidiano das sociedades  humanas. Sendo produto das relações de consumo dos recursos naturais. Porém,  vale destacar que o material residual produzido por nossos ancestrais tinha  característica biodegradável e, portanto, absorvido pelos processos naturais de  ciclagem das substâncias e pela ação de decomposição. Entretanto, na medida em que  os seres humanos foram desenvolvendo tecnologias de domesticação da natureza, transformando  matéria-prima em bens de consumo e, tornando-se gradualmente sedentários, surgiram  os primeiros aglomerados urbanos e, por conseguinte começaram a aparecer os primeiros  problemas relacionados à produção de resíduos sólidos.
Deste modo, desde  os tempos mais remotos até meados do século XVIII, quando foram fundadas as  primeiras indústrias nas principais cidades Europeias, o lixo era produzido em  pequena quantidade e constituído essencialmente de sobras de alimentos. Mas, a  partir da Revolução Industrial, nascida na Inglaterra e disseminada pelo planeta  até os dias atuais, as fábricas começaram a produzir bens de consumo em larga  escala e a introduzir novas embalagens no mercado, aumentando consideravelmente  a quantidade e a diversidade de tipos resíduos, cuja combinação de substâncias  os conferem características não-biodegradáveis. Assim, o homem passou a vivenciar  a era dos descartáveis, em que grande parte dos produtos é inutilizada e desprezada  com rapidez no meio ambiente.
Dias (2004)  argumenta em seu estudo a complexidade do atual relacionamento da humanidade  com a natureza. A ação antrópica nos ecossistemas culmina na forte pressão  exercida sobre os recursos naturais. Obviamente, estes recursos naturais  disponíveis devem ser utilizados de forma racional para não prejudicar, o meio  ambiente em sua totalidade. Nesse contexto, surge um sério problema que está no  cerne das discussões ambientais atuais: o gerenciamento dos resíduos sólidos  urbanos. Nesse sentido, é fundamental que seja implantado nas cidades um  sistema, no qual, os recicláveis sejam separados e coletados pelos responsáveis  de sua geração. Porém, é necessário garantir um processo de sensibilização para  a sociedade sobre a importância socioambiental da separação e destinação correta  dos resíduos sólidos.
Com esta  perspectiva, o presente estudo articulou três aspectos fundamentais para a minimização  da geração de resíduos sólidos: a Educação Ambiental (EA), a gestão correta dos  referidos resíduos sólidos e a implantação da coleta seletiva. É importante ressaltar  que o sucesso da implantação de coleta seletiva de resíduos sólidos exige novos  conhecimentos, que proporcione um olhar diferenciado, provocando a mudança de  postura da sociedade.
É nesse contexto,  que a Educação Ambiental se reveste como elemento essencial para implantação da  coleta seletiva solidária. Uma vez que, quando bem aplicada, pode-se atingir  todas as dimensões, sejam elas econômicas, políticas, sociais e ambientais.  Porém, para que a efetividade aconteça, é necessário incentivar as práticas de  EA de forma continuada, com ações bem planejadas que garantam a sensibilização  ambiental a partir da informação e formação, promovendo uma visão integrada de  todas as dimensões supracitadas.
Por conseguinte,  objetivou-se, realizar uma reflexão aprofundada acerca dos resíduos sólidos no  meio ambiente a partir de uma ação direta com o incentivo e participação efetiva  dos cidadãos para as práticas de separação correta de resíduos, buscando,  principalmente poupar os recursos naturais, racionalizando seu uso, de modo a aprimorar  o conhecimento sobre os resíduos sólidos e a importância de reciclá-los. Para  tanto, utilizou-se como pressuposto a Política Nacional de Resíduos Sólidos  (PNRS) por meio da Lei Federal 12.305, de agosto de 2010 (BRASIL, 2010) e seus  princípios aplicados ao Município de Serra Talhada, localizado na Região de  Desenvolvimento Sertão do Pajeú, no Estado de Pernambuco. Assim, foram  observadas as principais potencialidades locais, além da condição de cidade  polo em saúde, educação e comércio, tornando-a um diferencial da pesquisa  proposta face sua representatividade regional frente aos demais municípios.
Destacou-se,  também, para opção do local pesquisado, o fato de ser um dos municípios contemplados  pelo Projeto Recicla Pernambuco (RECICLA-PE) da Secretaria de Desenvolvimento  Econômico do Estado, executado pela Unidade do Programa Institucional de  Resíduos Sólidos (PRO-RS) do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP/OS).
Além de Serra  Talhada, o RECICLA-PE dedicou-se a implantar intervenções socioambientais de  coleta seletiva em municípios nas Regiões de Desenvolvimento da Mata Sul  (Sirinhaém, Rio Formoso, Tamandaré, Gameleira, Escada, Primavera, Ribeirão,  Amaraji, Cortês e Ribeirão), do Agreste Meridional (Garanhuns) e Sertão do  Moxotó (Arcoverde). Todas essas operações foram especificamente relacionadas à  gestão na área de resíduos sólidos, sendo oportunizada pelos potenciais  existentes em termos dos projetos elaborados e da infraestrutura física e  operacional implantada nas localidades, mas fortalecendo os pontos fracos  relacionados, com rebatimento direto nos problemas sociais, econômicos e  ambientais na decorrência da ausência de um modelo de gestão adequado e  consorciado dos resíduos sólidos nestas regiões do Estado.
2 MATERIAL  E MÉTODOS
  Este estudo foi desenvolvido  no município de Serra Talhada, cidade mais próspera do Sertão do Pajeú e polo  econômico dessa microrregião do estado de Pernambuco, Brasil (Figura 1). Com  uma população de 79.241 habitantes e um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)  de 0.682, a importante infraestrutura urbana do município de Serra Talhada o  coloca numa posição privilegiada: sendo um centro na área de comércio, lazer e  cultura da região. Serra Talhada tem o 3º maior PIB do Sertão de Pernambuco,  atrás apenas de Petrolândia e Petrolina. Segundo o Instituto Brasileiro de  Geografia e Estatística – IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do município em  2011 foi de R$ 882.200 milhões, enquanto o PIB per capita, ainda no mesmo ano,  foi de R$10.294,10 (IBGE, 2016).
De acordo com Alencar  (2014), a taxa média per capita de resíduos urbanos do município de Serra  Talhada, ou seja, a relação entre a quantidade de resíduos sólidos gerados  diariamente e o número de habitantes é de cerca de 1,32 kg/hab/dia, com um  potencial de produção de materiais recicláveis na ordem de 27,7% dos resíduos  gerados, considerando vidro, metal, papel/papelão e plástico.
  Para início das  investigações foram sugeridos e acordados, na primeira oficina de trabalho no  referido município, que contou com a presença de representantes da gestão  municipal, sociedade civil, empresários, catadores e entidades não governamentais,  que decidiram implantar a coleta seletiva inicialmente em dois bairros: AABB e  Centro Comercial. Destacam-se, entretanto, as parcerias firmadas tornaram-se  estratégicas para realização desse estudo. Intuições e grupos locais como:  Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Serra Talhada  (COOPECAMAREST); Clube dos Diretores Lojistas (CDL); Faculdade Integrada do  Sertão (FIS); Universidade Federal Rural de Pernambuco por meio da Unidade  Acadêmica de Serra Talhada (UFRPE/UAST); Instituto de Tecnologia de Pernambuco  por intermédio do Centro de Tecnológico do Pajeú (ITEP/CT-PAJEÚ); escolas  municipais; agentes de saúde e endemias; além da Prefeitura Municipal de Serra  Talhada.
  A articulação  entre diferentes instituições permitiu o desenvolvimento de uma pesquisa  direcionada ao cumprimento de metas e ações concretas de mobilização da  sociedade local. Inclusive por meio de agentes multiplicadores, definidos aqui  como coautores, baseando-se na justificativa da importância de separar resíduos  recicláveis dos não recicláveis para posteriormente serem entregues aos  catadores organizados da COOPECAMAREST. Porém, antecedendo ao trabalho de campo, fez-se uma breve revisão  literária sobre os conteúdos teóricos que evolviam a EA, coleta seletiva, resíduos  sólidos e temas relacionados. Portanto, fundamentou-se, então, com as  perspectivas de diversos autores e seus vários olhares sobre os temas  propostos, a importância das práticas de EA como fator determinante para a  mudança de hábitos da população em relação ao meio ambiente. 
  Na sequência, tendo como alicerce os conhecimentos adquiridos, reuniu-se  o conjunto de dados coletados durante o processo de mobilização social  realizadas entre os anos de 2014 e 2015, pautando-se em quatorze ciclos de  intervenção com: seis oficinas para professores, uma palestra com agentes de  saúde, cinco oficinas com estudantes e duas reuniões com voluntários e  catadores. Foi possível desenvolver nas oficinas a interpretação do esforço  desse trabalho por meio de gráficos que serviram para mesurar as respostas  relacionadas aos objetivos propostos, de onde foram extraídos os resultados do  processo de mobilização social para implantação da coleta seletiva. A figura 2  sintetiza o percurso metodológico utilizado.
Após a etapa das oficinas, foi possível estabelecer uma avaliação do papel e a influência que a EA exerce na  base do processo de mobilização social para implantação da coleta seletiva  solidária no município de Serra Talhada-PE. Logo, a elaboração do estudo  possibilitou, de forma específica, identificar o status dessa ação por meio de registros locais. Além de mensurar a  influência do conhecimento da EA na implantação da coleta seletiva solidária a  partir das amostragens resultantes das oficinas de EA quantitativamente e  qualitativamente, relacionando-as com temas ligados a gestão de resíduos sólidos.  E, por conseguinte, estabelecer a influência socioeconômica da coleta seletiva  para os catadores organizados da COOPECAMAREST.
  Durante o processo  de produção deste trabalho, de característica quali-quantitativa, adotaram-se procedimentos,  que contribuíram na interpretação e mensuração dos resultados finais. As  técnicas, precedentes empregadas consistiram em: pesquisa bibliográfica sobre o  tema, articulação e mobilização social para realização de palestras e oficinas  de trabalho para apresentação do Projeto de coleta seletiva para representantes  da gestão pública, instituições de ensino, ONGs, sociedade civil, empresários, e  representantes dos catadores.
  Na sequência, e  de forma complementar a estratégia de mobilização social, realizaram-se  práticas ambientais de visita a residências para a sensibilização nos bairros  AABB e Centro Comercial, onde foram implantadas as ações de separação de  resíduos orgânicos e inorgânicos (reciclável). Os levantamentos de aporte  teórico foram realizados nas instituições locais: Instituto de Tecnologia de  Pernambuco (ITEP); Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Universidade  Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP)  e; complementados em sites de artigos científicos acessados pela internet. Os conteúdos  obtidos subsidiaram a definição das etapas de pesquisa subsequentes.
  Em continuidade,  realizaram-se as primeiras articulações sociais para realização de oficinas de  trabalho com a gestão pública, instituições de ensino, Organizações Não  Governamentais - ONGs, sociedade civil e representante dos catadores, que  tiveram como principal finalidade discutir e demonstrar como seriam realizados  os trabalhos de coleta seletiva com participação dos catadores organizados da  COOPECAMAREST, apresentando detalhadamente a metodologia a ser empregada de  recolhimento dos materiais recicláveis pelos mesmos. Para avaliar grau de  conhecimento sobre o tema EA voltados a mobilização social na implantação da  coleta seletiva. Como já citado, os três principais públicos (professores;  agentes de saúde e endemias; estudantes voluntários) foram detalhadamente  descritos. 
  Os professores do  ensino fundamental da rede municipal de Serra Talhada (Grupo 1) foram  constituídos de trezentos inscritos em seis oficinas direcionadas às ações de  coleta seletiva e reciclagem. As atividades basearam-se no empoderamento dos  agentes na prática da EA, inclusive com sugestões de atividades lúdicas em sala  de aula voltadas a gestão de resíduos sólidos e assuntos afins. Nesse sentido,  buscou-se, também, a articulação de todos os componentes curriculares na  educação básica, de modo a perseguir a abordagem transdisciplinar. Dessa forma,  exemplos práticos foram sugeridos de como permear os conceitos abordados nessa  pesquisa no cotidiano da sala de aula. Sendo assim, destacou-se a questão do  equilíbrio ambiental e as boas práticas de gestão dos resíduos sólidos produzidos  pela sociedade, tendo como alicerce a redução do consumo, o reaproveitamento, a  coleta seletiva e reciclagem; 
  Os agentes de saúde e endemias (Grupo 2), desenvolvem  em sua prática atividades com as comunidades diretamente relacionadas com a  saúde pública, saneamento básico e com meio ambiente. Para tanto, foi solicitado  a Secretaria de Saúde municipal a participação dos referidos profissionais.  Para atendê-los, realizou-se uma palestra na Câmara de Vereadores do referido  município, que contou com a participação de 99 profissionais. O principal  objetivo do encontro foi apresentação do Projeto de coleta seletiva que teve como  eixo central a minimização das pragas urbanas, mostrando quais os tipos vetores  e doenças estão mais associados à disposição inadequada dos resíduos sólidos no  meio ambiente. O encontro foi importante para o estudo, uma vez que, os  profissionais supracitados têm uma rotina de trabalho muito próxima aos  moradores. O que pode configurar uma importante ferramenta aliada na adoção de  novas práticas desses habitantes em relação ao meio ambiente. 
  Os estudantes voluntários (Grupo 3), especialmente  recrutados para as visitas residenciais de informação a partir da  sensibilização dos moradores concernente a práticas corretas de coleta  seletiva. Para essa ação, foram mobilizados trinta estudantes, com faixa etária  entre 17 a 22 anos das seguintes instituições locais: Universidade Federal  Rural de Pernambuco da Unidade Acadêmica de Serra Talhada - UFRPE-UAST; cursos  técnicos do Centro Tecnológico do Pajeú do Instituto de Tecnologia de  Pernambuco – ITEP/CTPajeú e; Faculdade Integrada do Sertão – FIS. Os discentes participaram  de cinco oficinas de EA, que contou com a participação de alguns catadores.  Esses encontros contemplavam atividades teóricas e práticas, com destaque a  forma correta de separação e destinação de resíduos orgânicos e inorgânicos,  ressaltando a importância dessa ação para saúde pública, meio ambiente e  melhoria de renda dos catadores organizados da COOPECAMAREST.
  Contudo,  antecedendo a visita dos voluntários e catadores as residências e  estabelecimentos comerciais, moradores, empresários e lideranças locais foram  convidados a participar de duas reuniões de apresentação do projeto de coleta  seletiva, em espaços coletivos localizados nos próprios bairros. As estratégias  de comunicação utilizadas foram: carro de som; panfletos; cartazes e; spots  distribuídos nas emissoras de rádio local. Como fator predominante, destaca-se  o engajamento da sociedade serra-talhadense durante as oficinas, influenciando  diretamente os resultados satisfatórios iniciais do quantitativo de materiais  recicláveis recolhidos pelos catadores, mostrando que é possível a manutenção  desse processo em níveis sustentáveis. 
  No que se refere  à coleta seletiva nas residências pelos catadores organizados da COOPECAMAREST,  destaca-se o incentivo e engajamento na participação dos mesmos no processo de  informação para sensibilizar os moradores. Os referidos profissionais dispõem amplo  conhecimento popular e prático sobre os principais tipos de materiais  recicláveis a serem separados pela população, facilitando assim, o seu próprio  trabalho. Com o objetivo de avaliar o grau de conhecimento sobre os temas  descritos antes e após as reuniões e oficinas, foram aplicados questionários  estruturados com onze perguntas abertas direcionadas a cada público. As amostragens  percentuais de questionários distribuídos e respondidas pelos professores,  estudantes voluntários e agentes de saúde e endemias representaram 10%, 100% e  30% do total do grupo envolvido, respectivamente (Tabela 1). Destaca-se que as  questões abordadas têm relação direta com o tema EA e, essencialmente serviram  para relacionar conteúdos abordados com as atividades cotidianas das partes  envolvidas, no sentido de articular a teoria com a prática.
Tabela 1: Percentual de questionários respondidos por público alvo nas oficinas de EA
| Público alvo | Total de participantes inscritos | Amostragem da quantidade percentual de questionários respondidos por público | 
| Professores | 300 | 10% | 
| Estudantes voluntários | 30 | 100% | 
| Agentes de saúde e endemias | 99 | 30% | 
Para mensurar a técnica e aplicação dos questionários, empregou-se a técnica de Vasconcelos (2005), que considera a variedade de repostas dos grupos supracitados nos questionários com formato de perguntas abertas (subjetivas). Ou seja, aquelas em que a resposta é apresentada textualmente e de forma livre. Entretanto, esse formato foi adaptado à proposta de investigação. Deste modo, foram empregadas três escalas de indicadores de avaliação para as respostas: (1) “Satisfatória”, para aquelas nos quais os estudantes, professores e agentes de saúde mostraram um conhecimento e interesse bem definido sobre o assunto e (2) “Parcialmente Satisfatórias”, para as respostas cujo o conhecimento sobre os temas foi mediano ou razoável. Por fim, adotou-se o indicador (3) “Insatisfatória” quando apresentaram dificuldades em responder os questionamentos propostos. A estratégia de avaliação foi realizada em dois momentos, sempre precedendo os primeiros encontros por grupo e, ao final dos últimos encontros dos ciclos de oficinas e palestras. Assim, foi possível verificar a evolução do conhecimento dos entrevistados sobre EA, relacionando-a com a coleta seletiva e gestão de resíduos sólidos.
3 RESULTADOS  E DISCUSSÃO
    Os  resultados do processo de mobilização social para implantação da coleta  seletiva, por meio da EA foram alcançados com a tabulação e interpretação de  questionários aplicados aos grupos sempre no início e final dos ciclos de atividades  realizados. O conjunto de dados obtidos oferece, acima de tudo, as informações  necessárias para demonstrar a importância do processo de mobilização social  realizado para eficácia da implantação da coleta seletiva no público alvo da  pesquisa. O cenário descrito representa o âmago da EA que defendo sobretudo a  necessidade de ação efetiva que ultrapasse o âmbito da teoria e possa refletir  em mudanças concretas de posturas. Os dados são apresentados separados em  grandes blocos, delimitados por áreas de interesse desse estudo.
3.1 Professores  da rede pública municipal
    O  primeiro grupo de informações refere-se aos professores da rede municipal de  ensino do Município de Serra Talhada-PE (Figura 3).
O  instrumento de investigação permitiu observar que 57% dos entrevistados  possuíam conhecimento satisfatório sobre o assunto. Porém, após o ciclo de  oficinas, notou-se um crescimento considerável sobre a temática. Isso se  refletiu em sala de aula, já que muitos educadores descreveram que se sentiram  estimulados em desenvolver em suas práticas pedagógicas, estratégias lúdicas, de  modo a permear os conceitos de EA no cotidiano de diversos componentes  curriculares. Essa informação confirmou-se em 84% das respostas subsequentes,  demonstrando, portanto, o crescimento significativo (Figura 3).
    O  resultado obtido reforça o que defende  Leff (2001), quando destaca que trabalhos de conscientização do indivíduo para  preservação e conservação do meio ambiente podem ser implantados no ambiente  escolar de forma interdisciplinar, fortalecendo a integração de todos os  assuntos e estimulando a análise crítica, reflexiva e coletiva acerca da EA. Complementando  essa perspectiva, Reigota (2004) afirma que EA precisa ser continuamente  permeada em todas as ações práticas do cotidiano do ambiente escolar, pois, só  assim, pode-se alcançar verdadeiramente a transdisciplinaridade, interdisciplinaridade,  multidisciplinaridade. 
    Como  elemento integrante do ciclo de oficinas de EA, o tema coleta seletiva foi  destaque na visão geral dos professores, pois 68% responderam satisfatoriamente  aos questionamentos iniciais. Contudo, os docentes, também, foram arguidos logo  após o término dos ciclos de oficinas sobre a importância do que é, de fato, a  coleta seletiva. Nesse aspecto, observou-se aumento considerável no  conhecimento. Apesar desses resultados, verificou-se, durante o monitoramento  das atividades em sala de aula, que ainda é necessário melhorar a didática do  corpo docente, quanto à maneira mais adequada de repassar o conhecimento adquirido  aos estudantes, buscando formas mais interativas e aprofundadas de trabalhar a  coleta seletiva. O que pode reverberar em melhores resultados e eficácia  pedagógica (Figura 4).
Outro  aspecto relevante foi o grau de conhecimento dos professores sobre resíduos  sólidos. Os resultados obtidos das informações coletadas nas oficinas de EA  avaliou o conhecimento bruto sobre o assunto, do total, 45% foram classificados  como insatisfatório dos participantes. Todavia, ao término dos ciclos de  oficinas, verificou-se aumento considerável na compreensão por parte dos  educadores sobre o assunto abordado. A evolução descrita tornou-se significativa,  graças à participação e interesse destes nas ações do projeto, que procuraram,  com recursos próprios, ampliar os seus conhecimentos sobre o assunto, para  deste modo, desenvolver, de maneira mais consistente, suas atividades com os  discentes. 
    É  importante pontuar que o fato dos docentes sinalizarem, durante o ciclo de  oficinas, a necessidade de aprimorar o conteúdo curricular nas escolas,  inserindo-se estratégias pedagógicas no contexto da EA transversal, dos temas de  coleta seletiva e de gestão dos resíduos sólidos. Muitos consideraram que a  inserção da problemática dos resíduos sólidos no cotidiano escolar é o  principal desafio a ser enfrentado. Uma vez que culturalmente a sociedade tende  a tratar desse assunto como algo desprezível, sem importância ou fora da  realidade. Sobretudo em locais afastados da capital, por exemplo. Muitos  destacaram que a realidade escolar, na qual estão inseridos, leva-os a abordar  esses temas superficialmente, em decorrência de um calendário escolar que não  permite aprofundar os conceitos de EA, como preceituam os Parâmetros Curriculares  Nacionais no Brasil - PCN’s para o ensino fundamental (BRASIL, 1998).
    Destarte,  Medina (2003) considera que os PCN’s são apenas instrumentos norteadores básicos.  Por isso, insuficientes para produzir mudanças profundas na educação  fundamental. Já que não existem fórmulas especiais, é imprescindível que se  construam modelos que se adequem a realidade local, para depois testá-los em  atividades vivenciais. Lembrando, também, que algumas estratégias já são conhecidas  da EA, como exemplo, o trabalho em equipe e a realização de projetos  ambientais. Em pesquisa sobre o tema, Oliveira, Obara e Rodrigues (2007)  destacam, que professores ao trabalhar os temas ligados à gestão dos resíduos  sólidos, geralmente enfatizam os processos de coleta seletiva e reciclagem como  a melhor solução para mitigar os problemas ambientais relacionados. Essa ação  mecanicista, e pouco aprofundada, tem influência negativa, pois muitos  docentes, de certa forma, deixam de refletir sobre o cerne dessas questões,  esquecendo outros pilares que sustentam o papel da EA em trabalhar as relações  de consumo/desperdício e da reutilização dos produtos, que precedem a questão  da reciclagem no princípio dos 3Rs (Redução, Reutilização e Reciclagem) lançados  na Agenda 21 brasileira.
    Em  consonância e complementando a afirmação supracitada, Alencar (2005) ressalta o  valor do processo de sensibilização da comunidade escolar, pois, iniciativas  com esse contexto, quando bem planejadas e aprofundadas em termos de conteúdo,  transcendem a sala de aula, podendo muitas vezes atingir tanto o bairro no qual  a escola está inserida, ou até mesmo comunidades mais afastadas, nas quais  residam estudantes, professores e funcionários da instituição de ensino,  colocando-os como potenciais multiplicadores de atividades relacionadas à EA no  cotidiano escolar.
    A  necessidade de aperfeiçoamento e fortalecimento de atividades em EA foi  ratificada quando os educadores tinham o interesse em manter as atividades  relacionadas ao projeto, pois segundo eles, existe certa carência nas ações  relacionadas aos temas abordados. Os mesmos ainda afirmaram que as oficinas repercutiram  em produtividade, já que poderão colocar em prática as atividades sugeridas.  Fato que encoraja aos educadores na elaboração de novas atividades relacionadas  ao tema na escola. Desse modo, pode-se indicar que os docentes vislumbraram a  possibilidade de ministrarem aulas de forma interativa e prática, tornando a  abordagem da temática ambiental no ambiente escolar mais agradável para o corpo  docente e discente. Tal atitude possibilitará, também, maior liberdade para  trabalhar esses temas em todos os componentes curriculares, permitindo assim,  uma reflexão mais aprofundada sobre o comportamento dos alunos diante da EA,  coleta seletiva e resíduos sólidos.
3.2 Agentes  de saúde e endemias
    Quanto  ao grupo de agentes de saúde e endemias que participaram de oficinas que  antecederam das ações de mobilização, a abordagem do tema EA foi direcionada de  modo a contextualizar com o cenário cotidiano dos profissionais. Porém,  esperava-se, que o perfil profissional e sua correlação com o tema abordado  refletissem positivamente nas respostas durante coleta e tabulação dos dados. 
    Vale  salientar a realização de visitas de monitoramento em residências já é uma  atribuição desses profissionais, o que teoricamente facilitaria o repasse das  informações sobre os problemas de saúde relacionados a falta de EA. Sendo  assim, na avaliação inicial, os participantes demonstraram um conhecimento  satisfatório, em torno de 55% sobre a EA. Resultado que melhorou  significantemente ao final do evento, passando para 87%. Pôde-se observar com  isso, que a maior parte dos profissionais defende a necessidade de uma aprendizagem  mais detalhada sobre o conteúdo, para consequentemente, obterem melhores  resultados no cotidiano do seu trabalho de campo (Figura 5).
No tocante  ao tema ‘coleta seletiva’, os agentes de saúde e endemias já demostravam o conhecimento  prático necessário para informar a população como a correta separação de  materiais recicláveis. Além de alternativas de como esses objetos descartados  no meio ambiente podem interferir na proliferação de vetores de doenças.  Todavia, ao término das oficinas de EA, foi possível identificar no processo de  avaliação um aprofundamento, na compreensão sobre os temas trabalhados. O que  propiciou significando aumento na qualidade das informações repassadas por  eles. Portanto, acredita-se que essa atividade direcionada colaborou com  estrutura didática de repasse de informações de modo a facilitar o procedimento  de comunicação e esclarecimentos fornecidos aos moradores. Sobretudo no que se  refere aos serviços de saúde ambiental e sanitária, e suas ações preventivas.  Assim sendo, os agentes apresentaram em suas respostas finais, um resultado satisfatório  sobre a formação realizada. 
    Com relação  ao tema ‘resíduos sólidos’, o mesmo também foi trabalhado nas oficinas de EA e  foram observados avanços, uma vez que, os mesmos já possuem conhecimento  prático sobre os problemas do acúmulo de resíduos, principalmente no que  concerne à disposição incorreta em terrenos expostos no meio ambiente, que acumulam  água das chuvas. É sabido que as consequências negativas dessa atitude podem,  por exemplo, de flagrar a proliferação das pragas urbanas, como vetores de  arboviroses. Assim, percebeu-se que o conhecimento transmitido aos moradores é  baseado em situações vivenciadas no cotidiano do profissional em questão.  Sendo assim, considera-se que as informações  sobre os impactos decorrentes da gestão inadequada dos resíduos sólidos somados  ao conhecimento prévio dos profissionais são fundamentais para a eficácia da  implantação de coleta seletiva no município de Serra Talhada – PE. 
    Os referidos  profissionais também reivindicaram durante as palestras a necessidade de mais  investimentos em formação continuada pautada nos pressupostos da EA. Os mesmos  alertaram que a ausência de conhecimento prévio nessa área, pode repercutir em equívocos  no repasse das informações à população. Nota-se, que os encontros presenciais  realizados com o público alvo foram vistos de forma positiva pelos mesmos, já  que esclareceu dúvidas de como EA direcionada à coleta seletiva de resíduos  sólidos pode influenciar decisivamente nos resultados dos seus trabalhos. O que  culminou no consenso de como a EA pode ser o elemento fundamental para  desempenho de suas atribuições nas diversas comunidades do município. 
3.3 Estudantes  voluntários
                O grupo de  estudantes voluntários das instituições de nível superior e técnico já  apresentava certo conhecimento sobre EA, pois maior parte deles realizam cursos  que abordam a temática. Merece destaque numa interpretação crítica que muitos realizaram  sobre o sobre papel da EA na gestão de resíduos sólidos e como praticá-la em  ações de coleta seletiva. Já que apenas a dimensão teórica não é suficiente  para produzir mudanças efetivas na prática. O interesse demonstrado contribuiu  para aprimorar o conhecimento sobre o tema, correlacionando-os com seus  respectivos cursos. Observou-se, então, que ocorreu um aumento satisfatório do  conhecimento dos mesmos após as oficinas, como se observa na Figura 6.
Dias (2004) lembra que a EA, foi definida na Conferência das Nações  Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, denominada Eco-92 como uma  educação crítica da realidade, objetivando o fortalecimento da cidadania para a  população em geral, e não para um grupo restrito. Isso se consolida com a  possibilidade de cada cidadão ser portador de direitos e deveres e, por conseguinte,  ser ator corresponsável na defesa da qualidade de vida.  Assim sendo, fica evidente que é necessário  estabelecer uma educação crítica e inovadora, nas condições de formalidade (nas  instituições de ensino) e informalidade (fora das instituições de ensino). Para  Leff (2004) não é possível solucionar os crescentes e complexos problemas  ambientais e reverter suas causas principais sem que ocorra uma mudança radical  nos sistemas de conhecimento, dos valores e dos comportamentos motivados pela  dinâmica de racionalidade existente, baseada no aspecto econômico do  desenvolvimento. Para tanto, a faixa etária cumpre seu papel  de cidadania.
    No tema  coleta seletiva, antes das oficinas os estudantes mostraram em sua maioria  conhecimento em cerca de 70%. Vale ressaltar que durante o debate se remetia  com frequência aos conceitos de EA, proporcionando, assim, uma solidificação  nos debates durante as oficinas realizadas. Os resultados obtidos foram  classificados como satisfatórios, pois ainda receberam incremento, passando ao  índice de 94% depois das oficinas. O que pode ser visto como reflexo positivo  no trabalho realizado pelos voluntários na campanha de ação nas residências e  sensibilização da população sobre a importância da separação correta dos  resíduos orgânicos dos inorgânicos para doação à coleta seletiva.
                Entretanto, sobre  conteúdo, resíduos sólidos, a abordagem com os alunos voluntários, teve um  enfoque maior na questão da ausência de gestão e sobre o conjunto de impactos  ambientais que os mesmos podem deflagrar no meio ambiente. Percebeu-se que o  conhecimento sobre esse tema variou de acordo com área de estudo de cada  estudante, interferindo nos resultados, dos quais 45% foram classificados como  insatisfatório. Porém, ao término do trabalho realizado, observou-se que os  mesmos nivelaram mais o seu conhecimento sobre a gestão dos resíduos sólidos  recicláveis e não recicláveis, colaborando com o repasse do conhecimento  adquirido para a prática da campanha de sensibilização da população.
    Consideram-se  esperados os resultados iniciais insatisfatórios dos professores e estudantes  voluntários sobre o tema resíduos sólidos, uma vez que a Lei Federal n.º  12.305, que trata do tema, data-se apenas do ano de 2010 (BRASIL, 2010). O que  contribui para que alguns de seus conceitos e normas fossem desconhecidos por  maior parte da população. Excetuando-se os profissionais que de alguma forma  lidam diretamente com o tema em questão, como no caso dos agentes de saúde e  endemias. Retornado ao tema EA, alguns estudantes que antes divergiam nos  conceitos sobre o tema, passaram a compreendê-lo de forma mais satisfatória,  apresentando maior convergência nas informações apresentadas. Contudo, é  preciso salientar que, parte dos estudantes mostrou-se preocupados com a  continuidade da coleta seletiva no município, uma vez que, essas ações  supracitadas serão de responsabilidade exclusiva do poder público de Serra  Talhada.
    Confirmando  as informações supracitadas, Monteiro et al. (2001) afirmam que as ações de implantação  da coleta seletiva precisam ser concebidas como um processo contínuo que deve  ser ampliada gradativamente. O primeiro passo, diz respeito à realização da  importância das campanhas informativas de conscientização junto à população,  convencendo-a da relevância da reciclagem e orientando-a para que separe corretamente  resíduos residenciais que serão entregues aos catadores vinculados a uma  cooperativa ou associação local. Dando prosseguimento, os discentes também questionaram  sobre o processo de coleta seletiva em suas respectivas instituições. Muitos se  sentiram estimulados a multiplicar esses conhecimentos adquiridos, aos seus  colegas de turma. Os mesmos ainda indagaram por que os seus estabelecimentos de  ensino não realizavam a coleta seletiva e não produziam uma campanha de  separação dos resíduos sólidos de forma efetiva. 
3.4 Alunos  voluntários e os catadores da Coopecamarest
    Outro  componente essencial para execução dessa pesquisa, considerado parte integrante  da capacitação dos estudantes voluntários foi norteada através da convivência  prática dos mesmos no trabalho cotidiano dos catadores da Cooperativa de  Catadores de Materiais Recicláveis de Serra Talhada - COOPECAMAREST nas ruas do  município, durante a fase de implantação da coleta seletiva porta a porta. Essa  ação contribuiu para o fortalecendo do vínculo de ambas as partes. O que  contribui para desmistificar prováveis preconceitos que possam existir em  relação ao profissional que em algumas situações é compreendido erroneamente e marginalizado  pela sociedade. Sendo assim, percebe-se que o fortalecimento dessa articulação  demonstrou a necessidade de continuidade das ações com participação de  voluntários junto aos catadores de materiais recicláveis, objetivando aumentar  a visibilidade social desse último. 
    Alencar  (1995) destaca que ações de mobilização para coleta seletiva e reciclagem podem  garantir, na dimensão social, ganhos gigantescos. Como consequência disso,  tem-se o aumento na geração de empregos diretos nas cooperativas de reciclagem,  fortalecendo, assim, a união de catadores e incentivando a mobilização  comunitária para o exercício da cidadania, em busca de solução de seus próprios  problemas ambientais. Esses fundamentos podem ser o diferencial para a efetiva  mobilização da sociedade em prol dos conceitos de sustentabilidade ambiental.  Fato tangível a partir de pequenas ações que se fortalecem na medida em que a  mobilização se polariza a partir da coletividade. Sobretudo quando a  mobilização popular se articula para empoderadamente exigir a ação do poder  público.
3.5 Resultados  efetivos na coleta seletiva
    O reflexo  positivo dos resultados das ações realizadas de janeiro a junho de 2014, após a  sequência de palestras e oficinas de EA que precederam a mobilização social  para separação correta dos resíduos orgânicos e inorgânicos, com todos os  grupos citados foi traduzida na ampliação gradativa na arrecadação financeira  da venda de materiais recicláveis recolhidos pelos catadores da COOPECAMAREST  nos meses de junho a setembro do mesmo ano, exceto os meses de outubro e novembro.  O reflexo disso foi diretamente proporcional à elevação dos lucros. A Tabela 2  ilustra a diversidade de materiais coletados e os valores detalhados obtidos do  mês de setembro de 2014.
Tabela 2: Arrecadação em reais da COOPECAMAREST no mês de setembro de 2014
| MATERIAL | QUANTIDADE | UNIDADE | VALOR UNITÁRIO (R$) | VALOR (R$) | |
| Papelão | 6.621 | kg | 0,20 | 1.324,20 | |
| Papelão | 4.060,50 | kg | 0,20 | 812,10 | |
| Plástico transparente | 2.664,40 | kg | 0,60 | 1.598,64 | |
| Pet diversas | 164 | kg | 1,00 | 164,00 | |
| Ferro | 1050 | kg | 0,17 | 178,50 | |
| Plástico de cadeiras | 50 | kg | 0,80 | 40,00 | |
| Chaparia | 36 | kg | 2,00 | 72,00 | |
| Cobre | 25,500 | kg | 8,50 | 216,75 | |
| Bateria de carro | 3 | kg | 1,00 | 3,00 | |
| Latinha de alumínio | 25 | kg | 2,00 | 50,00 | |
| Motor | 1 | Unidades | 3,00 | 3,00 | |
| Melissa | 110 | kg | 0,70 | 77,00 | |
| Garrafinha de água sanitária | 100 | Unidade | 0,10 | 10,00 | |
| Objeto de melissa | 1 | Unidade | 2,00 | 2,00 | |
| Quadro de bicicleta | Unidade | 8,00 | 8,00 | ||
| Latas grande tinta | 01 | Unidade | 1,00 | 1,00 | |
| 
 | 
 | Total R$ 4.560,19 | |||
Fonte: COOPECAMAREST, 2014.
Deve-se destacar  que parte da arrecadação se deve à crescente adesão dos grandes geradores  (empresas privadas da região), que passaram a doar materiais recicláveis a  cooperativa em significativa quantidade após o processo de mobilização. Essa  doação ocorria tanto na coleta com carroça no centro comercial (bairro onde se  concentra maior parte das empresas). Porém, muitas vezes os empresários transportaram  para o galpão de triagem sem custo algum para COOPECAMAREST. Deve-se destacar também  a qualidade do material doado, que normalmente era superior ao da coleta na  rua, pois não ficava contaminado com outros resíduos, agregando valor aos  recicláveis.
  A Tabela 2  apresenta a diversidade de materiais coletados nos bairros AABB e Centro. Destaca-se,  nesse caso, a predominância de vários tipos de plásticos e papelão.  Porém, apresentam destaques negativos, como o  vidro, pouco coletado, devido principalmente ao preço muito baixo, situação essa  agravada pela distância das indústrias recicladoras, não compensando, portanto,  a sua coleta. Além de baterias de carro, item que não deveria fazer parte dessa  lista, pois podem representar risco à saúde dos catadores. Já que apresentam em  sua composição chumbo, ácido sulfúrico e demais elementos químicos nocivos. Nesse  caso, fabricantes, importadores e comerciantes de baterias automotivas são  obrigados a implantar sistemas de logística reversa que tratem do descarte de  produtos perigosos à saúde de maneira ambientalmente correta. Destinando tais  materiais de acordo com os preceitos da Política Nacional de Resíduos Sólidos,  Lei Federal 12.305/2010 (BRASIL, 2010).
  Por fim, os  dados obtidos nos bairros citados contemplados com a mobilização social em cada  residência para implantação da coleta seletiva, permitiram uma leitura de  variação bimestral do percentual de arrecadação financeira da coleta seletiva  no período de junho a novembro de 2014, como mostra a Figura 7.
Parte dos  valores arrecadados foi destinado às despesas fixas e/ou variáveis da  cooperativa e, de acordo com a COOPECAMAREST, realizaram-se deduções para  formação de fundo fixo que variavam entre 10% e 15%. Os demais recursos serviram  para pagar as cotas dos catadores de modo a garantir a proporcionalidade das  horas trabalhadas individualmente. No entanto, convém registrar que houve uma  retração dos valores arrecadados durante os meses de outubro e novembro de 2014.  Essa situação foi motivada por brigas internas e desentendimentos entre os  catadores, causados principalmente pela desconfiança na divisão dos valores  arrecadados com a venda de material e na distribuição das funções de catação na  rua e triagem no galpão, que acabou por consequência desmobilizando parte a  coleta seletiva nos bairros.
  A realidade  dos catadores descrita nesse estudo não é exclusiva da COOPECAMREST. Isso  comprova as reais dificuldades existentes para fortalecer as cooperativas como  lugares efetivos de trabalho coletivo. É preciso considerar, ainda, que desentendimentos  criam obstáculos para atender satisfatoriamente as suas reivindicações mais  básicas, pois acaba interferindo na organização com rebatimento direto na  mobilização dessa classe profissional. Assim sendo, observou-se, um profundo  desconhecimento dos princípios do cooperativismo. Essa situação pode ser  consequência de problemas sociais estruturais no Brasil, agravando-se quando se  trata da realidade vivenciada pelos catadores: a maioria à margem da sociedade,  oriundos de lixões onde a individualidade por coletar materiais era sempre a  prioridade. Inclusive com altos índices de problemas com entorpecentes, consumo  de drogas ilícitas, alcoolismo, etc.
  Para quebra  desse paradigma socioeconômico, aos quais os catadores estão inseridos, faz-se  necessário uma assistência intensiva por meio de capacitações nas mais diversas  áreas, continuamente, inserido e permeando, de forma gradativa e prática, de  forma transversal os princípios básicos do cooperativismo. Pereira Neto (2011,  p.93) ratifica a necessidade urgente de ações que qualifiquem os catadores  destacando:
Para que boas práticas sejam adotadas pelas cooperativas de catadores nas etapas da gestão de resíduos sólidos, que passarão a ser, ou já são em alguns municípios, de sua responsabilidade, a capacitação dos catadores passa a ser uma necessidade. Capacitá-los para a realização de suas atividades é outra exigência evidente, inclusive para tratar de aspectos de saúde e de segurança de trabalho, que são, atualmente, um dos pontos frágeis na operação das cooperativas. (Pereira Neto, 2011, p. 93).
Em  documento sobre economia solidária, a Central Única dos Trabalhadores (CUT, 1999),  afirma que o principal desafio do cooperativismo, independente da classe profissional,  é o de permear seus os princípios, que deve ser norteado pela gestão  democrática, por intermédio da transparência, da repartição dos ganhos, da  limitação da acumulação, do estabelecimento do direito de voto por sócio e não  por quotas de capital, entre outros. Apesar desses obstáculos, o Movimento  Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis – MNCR, que surgiu em meados de  1999 tem obtido avanços históricos que trarão, com o tempo, mudanças  substanciais nas condições socioeconômicas desses profissionais. O maior  exemplo disso está contido na própria PNRS e na sua regulamentação, como relata  Pereira Neto (2011, p. 91), pois a mesma criou várias oportunidades para os  catadores organizados. 
  Nesse  contexto, a PNRS reforça o viés social da reciclagem com estímulo a  participação dos catadores organizados. Assim, é importante ressaltar a  parceria com essa força de trabalho de baixa renda, pode ser contratada pelos  municípios com dispensa de licitação pública, passando a ser critério de  prioridade para acesso a recursos da União. É preciso lembrar que, atualmente  as cooperativas processam uma pequena parte do total de materiais encaminhados  para reciclagem no Brasil. Com as diretrizes da legislação vigente, a tendência  é que ocorra uma inversão nesse quadro (CEMPRE, 2013). Contudo, ainda existe  muita resistência e falta de apoio, principalmente por parte das prefeituras de  médio e pequeno porte, em contratar o trabalho das cooperativas de catadores,  alegando muitas vezes, a falta de recursos financeiros ou até mesmo  desorganização dos catadores como o principal obstáculo. Besen (2011, p. 87)  cita quais são os indicadores que mais afetaram negativamente e positivamente a  sustentabilidade das organizações de catadores:
A inexistência de convênios firmados com as prefeituras; falta de área própria e de equipamentos/veículos próprios e baixa capacidade das organizações de proporcionarem benefícios aos seus membros. Os indicadores que afetaram positivamente a pontuação foram: situação de regularização das organizações, existência de cursos de capacitação e o fato de seus membros trabalharem mais de 6 horas (BESEN, 2011, p. 87).
Para que avanços nesse sentido ocorram, é preciso, antes de tudo,  entender a coleta seletiva, como uma ação solidária, que é definida pelo  Decreto Federal nº 5.940/2006 como “a coleta dos  recicláveis descartados, separados na fonte geradora, para destinação às  associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis” (BRASIL,  2006). Nesse mesmo contexto, a coleta  seletiva solidária pode ser compreendida de forma estratégica, pois é necessário  construir uma cultura institucional voltada para um novo modelo de gestão dos  resíduos, na esfera da administração pública. Seja na esfera federal, estadual  ou municipal, direta e indireta (BRASIL, 2006).
  Finalmente,  trabalhar com oficinas de EA com os mais diversos públicos para subsidiar  políticas públicas voltadas à implantação da coleta seletiva de resíduos  sólidos, contribui com a mobilização social, pois insere e difunde  positivamente todos os atores sociais nos debates sobre o tema em questão  (Figura 8). Essas ações promovem principalmente, um novo senso crítico de  avaliação na qualidade das condições ambientais e sua reação com a gestão dos  resíduos e à coleta seletiva com inclusão dos catadores organizados. Um  processo de mudanças de práticas das sociedades humanas em relação ao meio  ambiente que envolve diversos setores numa complexa trama que pode ser  deflagrada a partir da informação do cidadão e seu empoderamento na definição  de direitos e deveres de cada munícipe.
  Essa  perspectiva de responsabilidade a partir da formação cidadã com as oficinas  reveste-se de significativa relevância, já que pode modificar decisivamente as  práticas de cada habitante em relação à sua interação com o meio ambiente.  Todos os atores envolvidos na pesquisa que participaram dos encontros e  oficinas foram unânimes quando reconheciam a necessidade de ação efetiva por  parte do poder público e também da sociedade. Fato reverberado em diversos  momentos nas culminâncias das oficinas. O que indica o papel efetivo desses  encontros de formação que objetivam além de informar, desenvolver em cada  participante a sensibilização para as questões ambientais, instigando-os a  romper com a passividade de acompanhar inerte às modificações do ambiente e  possibilitar mobilizações com resultados concretos, conforme visualiza-se no  diagrama da Figura 8.
CONSIDERAÇÕES  FINAIS
  O conjunto de informações apresentadas no presente estudo demonstra  que a EA é peça chave no processo de conscientização, sensibilização e  mobilização social para implantação da coleta seletiva. Analisaram-se os dados  produzidos antes e após os ciclos de palestras de EA direcionadas a coleta  seletiva e gestão de resíduos sólidos. Assim, as evidências sinalizaram para um  norteamento com nível satisfatório de contextualização da EA para os temas  ligados à Política Nacional de Resíduos Sólidos, apontando nesse período uma  evolução na qualificação desses conhecimentos para professores, agentes de  saúde e endemias e estudantes voluntários.
  Todavia, em virtude da realidade local, torna-se evidente que o  poder público municipal, precisa instituir mecanismos que possibilitem uma  continuidade das ações de EA, possibilitando a melhor gestão dos resíduos  gerados, ressaltando, principalmente, a importância de questões fundamentais  como a coleta seletiva de resíduos sólidos e reciclagem. Com estímulo em ações  educacionais preventivas baseadas no princípio dos 3R’s (Reduzir, Reutilizar e  Reciclar). 
  Foi possível constatar que os professores, agentes de saúde e  endemias reconhecem a EA como elemento transformador de atitudes, fundamental  para o processo de implantação da coleta seletiva. Identificar essa concepção  nesses profissionais é decisivamente um fator positivo. As ações desenvolvidas  contribuíram ainda mais para fortalecer esse entendimento. Porém,  preventivamente, para os agentes de saúde e endemias, recomenda-se mais  investimentos do poder público em capacitações direcionadas a área de EA, uma  vez que a fragilidade de informação nessa temática pode provocar equívocos no  repasse das informações à população sobre as ações propostas. Por conseguinte,  o aumento nesse conhecimento pode ser o elemento diferencial na percepção dos  mesmos de que os resíduos, quando mal geridos, tornam-se um problema para a  saúde e o meio ambiente. 
  Durante as oficinas de EA para os professores percebeu-se a  necessidade de estimular, no ambiente escolar, ações práticas de mobilização, como  já ocorre em muitas residências. As ações educativas podem contribuir para  aumentar a coleta seletiva solidária, onde os resíduos já são separados na  fonte geradora, para só depois serem destinados às associações e cooperativas  de catadores de materiais recicláveis. Entretanto, para o êxito coleta seletiva  solidária na escola é importante o envolvimento de toda comunidade escolar.  Convém destacar que as escolas possuem características diferentes de outras  instituições, pois há uma alternância de horário de professores e estudantes,  que obedecem a uma divisão dos turnos. Além disso, alguns professores lotados  na escola não se encontram presentes todos os dias da semana. Logo, estratégias  de comunicação, que objetivem uniformizar hegemonicamente as informações e  divulgar a implantação da coleta seletiva, por meio de informativos como:  cartazes, murais, jornais, redes sociais, representantes de turma, dentre  outros, devem ser utilizadas, juntamente a campanhas de sensibilização que  ocorram periodicamente.
  Outra questão didática importante, que pode facilitar a  implantação da coleta seletiva em espaços como a escola, residências, instituições  públicas e privadas, é a adaptação das lixeiras já existentes, diferenciando-as  com etiquetas de identificação, em “Não Reciclável” e “Reciclável”. Não sendo,  portanto, necessário separar resíduos em diferentes recipientes coloridos. É essencial, como complemento, que ocorra a  implantação da coleta seletiva solidária nos órgãos e entidades da  administração pública direta e indireta tendo como base na Política Nacional de  Resíduos Sólidos, como recomenda a Lei da Política Nacional dos Resíduos  Sólidos. 
  Nesse contexto, percebe-se que simples medidas como separar na  fonte geradora resíduos inorgânicos de orgânicos, podem prevenir muitos  problemas ambientais com rebatimentos diretos na saúde da população. Fato que  pode transformar a realidade socioeconômica dos catadores organizados. Uma vez  que, o material reciclável separado na origem facilita as condições de segurança  de trabalho e agrega valor na qualidade do material coletado para sua  comercialização. 
  Ressalta-se, que as ações de EA voltadas à gestão domiciliar de  resíduos sólidos nos bairros da AABB e Centro, são apenas um recorte  experimental que pode ser replicado e adaptado em outras localidades,  respeitando-se as peculiaridades de cada região. Deste modo, espera-se a  continuidade e a potencialização desse processo, pois o município de Serra  Talhada produz em média 3.193,23 toneladas mensais de resíduos sólidos, onde  27,73%, ou seja, 885,48 toneladas constituem-se de materiais recicláveis que  podem ser revertidos para coleta seletiva solidária (ITEP, 2014).
  Essa condição, deve servir de estímulo  para que soluções adequadas de coleta seletiva se desenvolvam, ressaltando a  necessidade de conciliar o desenvolvimento socioeconômico, a preservação da  qualidade ambiental, com promoção da inclusão social. Dessa forma, torna-se  indispensável o processo de organização de democratização do conhecimento, de  forma que despertem o interesse, garantindo a participação e o apoio dos vários  atores sociais envolvidos. Sendo assim, o Poder Público  precisa efetivamente “assumir” a coleta seletiva como uma política pública  permanente, como investimento da EA como ação continuada nas escolas,  comunidades e nas suas repartições. 
  Por fim, este estudo constituiu apenas numa contribuição para o  conhecimento da EA como agente transformador da mudança de hábitos da sociedade  perante a coleta seletiva. Dada a importância do tema, considera-se que há um  longo caminho para ser percorrido no campo da investigação nesta área. Portanto,  é campo fértil de trabalho para outros pesquisadores. Finalmente, espera-se,  que com a soma dessas informações sirvam como modelo para outras pesquisas  semelhantes que possam agregar outros instrumentos de estratégias em prol da  sustentabilidade em territórios municipais do semiárido de Pernambuco.
  A partir das considerações finais, recomenda-se a necessidade de assegurar  o bom funcionamento de ações práticas de logística reversa, no sentido de prevenir  riscos para saúde humana e de contaminação ao meio ambiente. Logo, a  articulação planejada de todas as situações práticas, descritas neste estudo,  poderá garantir procedimentos atitudinais de coleta seletiva salutar para os  catadores organizados. Só assim, atingir-se-á um nível de sensibilização da  sociedade próxima do ideal, que se expressará na mudança de comportamento com ações  práticas mais sustentáveis na gestão de resíduos sólidos.
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** Doutora em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos. Profa. Adjunta da Universidade Federal de Pernambuco. E-mail: bethpastich@yahoo.com.br.
*** Doutor em Engenharia Química. Prof. Permanente do Programa de Pós-graduação em Tecnologia Ambiental. ITEP. Av. Prof. Luís Freire, 700 - Cidade Universitária, Recife - PE CEP 50740-540. E-mail: eden@itep.br.
**** Doutor em Geografia. Prof. Permanente do Programa de Pós-graduação em Tecnologia Ambiental. ITEP. E-mail: allysondecarvalho@gmail.com.
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