Juliano Peransoni Pinheiro
Gilmar Jorge Wakulickz
Cristiane Kruger
Universidade Federal de Santa Maria, Brasil
juliano.gestao.adm@gmail.comResumo
As mudanças constantes no cenário mundial provocam reflexões sobre a importância da inovação e de novas formas de gestão, assim o cooperativismo aparece como uma forma a unir pessoas para atender as suas necessidades e paralelamente incentivar o desenvolvimento regional. Esse artigo visa demonstrar a parceria da Cooperativa Regional Agrária Mãe Terra (COPERTERRA) com a Universidade Federal de Santa Maria. A efetiva relação entre as duas organizações. Esse processo tornou-se um ponto fundamental para a geração de conhecimentos, colaborando no crescimento e no desenvolvimento da educação na UFSM. A cooperativa participa de projetos como o programa de alimentação escolar (PAA), sendo nesse processo uma das entidades beneficiadas a própria universidades que adquire uma parcela dos produtos. A relação possui uma grande relevância ao envolver vários cursos da UFSM tanto a nível técnico, de graduação e pós-graduação.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Juliano Peransoni Pinheiro, Gilmar Jorge Wakulickz y Cristiane Kruger (2016): “A relação bilateral entre a Coperterra e a UFSM”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, (octubre-diciembre 2016). En línea:
http://www.eumed.net/rev/cccss/2016/04/coperterra.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/cccss201604coperterra
1 INTRODUÇÃO
A economia social é representada pelo terceiro setor que engloba as organizações não governamentais, associações e cooperativas que desenvolvem um papel importante ao visarem o interesse coletivo, pois o “Estado não é o provedor único de bens e serviços destinados a um interesse coletivo”, além de não visarem lucro. (CAMARGO, 2001, p.19).
A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) no período compreendido entre os anos de 1992 e 2008 em parceria com a Cooperativa de produtores de leite de Santa Maria (Cooprol) e posteriormente de 2009 até 2014 com a Cooperativa Mãe Terra (COPERTERRA) concedendo o uso da usina escola de Laticínios. Durante a sua atividade a cooperativa possibilitou o treinamento e a aprendizagem de inúmeros acadêmicos, sendo o seu funcionamento importante para determinados cursos, ao ser uma forma de conciliação entre os estudos em sala de aula com a prática desses conhecimentos.
A usina escola foi administrada pela COPERTERRA a partir do ano de 2009 quando ganhou o processo licitatório, porém começou suas atividades práticas em 2010 finalizando suas atividades no ano de 2014 quando acabou o prazo contratual. Sua matriz localiza-se no município de Tupanciretã. O inicio da relação entre a cooperativa e a UFSM ocorreu em virtude da abertura de uma chamada pública para a concessão das atividades da usina de laticínios. A formalização do processo possibilitou a expansão e a criação da sua filial em Santa Maria.
A relação bilateral entre a COPERTERRA e a UFSM gerou uma nova perspectiva em nível acadêmico com a possibilidade de atividades práticas, oportunidade de trabalho e o desenvolvimento de estudos específicos de determinadas áreas do conhecimento, além de colaborar para o desenvolvimento social ao oportunizar aos produtores de leite, através da cooperativa, outra opção para a entrega da produção de leite.
Os associados da cooperativa são formados por pequenos produtores de leite e, em sua maior parte por assentados da reforma agrária que vislumbraram na universidade uma forma de agregar valor ao leite.
A marca que inicialmente apresentava a bandeira da economia solidária e da reforma agrária passou a somar-se com a marca da universidade gerando a marca “UNI/COPERTERRA”. Naquele momento, para o mercado isso poderia representar qualidade para o produto e paralelamente agregar maior valor aos mesmos, podendo também gerar efeito no processo de crescimento regional ao impactar em fatores como a manutenção dos jovens no campo, a inclusão social, o aumento da renda, e ainda, propiciar melhores condições de vida aos cooperados.
O presente artigo tem por objetivo apresentar a relação bilateral entre as duas organizações e o quão efetiva foi essa relação, além de, apresentar a contribuição da cooperativa na educação e na geração de conhecimentos e o retorno que a COPERTERRA e todos os seus colaboradores obtiveram com essa relação.
2 REVISÃO DE LITERATURA
O presente capítulo apresenta o surgimento do cooperativismo, a importância desse tipo de organização para a inserção dos pequenos produtores rurais na economia de mercado.
2.1 A Doutrina Cooperativista
Desde o final do século XVIII e no início do século XIX, período no qual o conflito entre o capital e o trabalho atingiu o seu ápice, e as péssimas condições de vida da classe trabalhadora, fizeram com que homens como Robert Owen (1771-1858), Charles Fourier (1772-1837), Benjamin Burchez (1796-1865), Louis Blanc (1812-1882), entre outros, que compunham a corrente socialista utópico, viessem a propor um ideal alternativo ao individualismo (o cooperativismo) e uma organização alternativa à empresa capitalista (a cooperativa).
É a partir da visão e das ideias desses homens que a classe trabalhadora começa a se organizar e a reivindicar melhores condições. As primeiras experiências cooperativas, denominadas pré-cooperativas, fracassaram o seu intento. (PINHO, 1966).
Os princípios do cooperativismo surgiram baseados nas ideias inovadoras para a época de 27 tecelões e uma tecelã, assim, “a doutrina cooperativista surgiu em 1844, na Inglaterra, por meio do movimento de um grupo de tecelões que fundou uma cooperativa de consumo denominada Rochdale Society of Equitable Pioners, cujo objetivo era encontrar formas para melhorar sua situação econômica” Antonialli. (2000, p.138). Inicialmente os princípios geraram inúmeras críticas, porém aos poucos foi havendo uma aceitação como citado por Holyoake. (1861, p.95),
No início o cooperativismo enfrentou a resistência dos que julgavam uma aplicação dissimulada de ideias comunistas ou socialistas em uma organização de trabalhadores, agora os proprietários das fábricas preferem os operários cooperadores a todos os demais, pois seus hábitos de ajuda mútua, de prudência, de ordem, os colocam em situação superior à dos operários comuns.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) (2010, p.20) diz que,
“Cooperativa é uma associação de pessoas que se uniram voluntariamente para realizar um objetivo comum, através da formação de uma organização administrada e controlada democraticamente, realizando contribuições eqüitativas para o capital necessário e aceitando assumir de forma igualitária os riscos e benefícios do empreendimento no qual os sócios participam ativamente.”
Já, a Aliança Cooperativa Internacional (ACI) (2010) diz que “cooperativa é uma associação autônoma de pessoas, unidas voluntariamente, para atender as suas necessidades e as aspirações econômicas, sociais e culturais comuns através de uma empresa coletiva e democraticamente controlada”.
O contexto exemplificado pelas duas organizações, de grande importância no cenário internacional do cooperativismo, possibilitou uma análise social das cooperativas em relação a parte doutrinária e colaborativa que foca nos valores humanitários e na cooperação, pontos estes diferenciais em relação as demais organizações empresariais.
Com a ideia de ser uma alternativa ao modelo tradicional de organizações privadas que visam o lucro surgem as cooperativas, que diferem por seu caráter colaborativo e social, dando-se ênfase principalmente as cooperativas do ramo solidário.
A economia solidária apresenta uma ideia mais doutrinária voltada para a cooperação e na preocupação com as questões sociais. Sua participação econômica é pequena se comparado com as cooperativas tradicionais e as grandes empresas, mas seu papel social é peça fundamental para o crescimento e o desenvolvimento regional e a manutenção dos pequenos produtores no campo.
As cooperativas solidárias brasileiras estão em uma ascendente, Singer (2002) ressalta que a gestão de um modo de produção como alternativa ao capitalismo no Brasil ainda está no começo, porém já existe um grande avanço e que as suas dimensões ainda são modestas em relação ao tamanho do país e da população.
2.2 Economia Solidária
As cooperativas solidárias buscam preservar os princípios básicos do cooperativismo que são: adesão livre e voluntária; gestão democrática; participação econômica dos membros; autonomia e independência; educação, formação e informação; intercooperação e interesse pela comunidade. Analisando os princípios compreende-se intrinsecamente a valorização do lado humano em relação ao capital. Esse modelo cooperativo tem grande apelo por lutas sociais e políticas, como é o caso do Movimento dos Sem Terra (MST), sendo estes enquadrados como cooperativas de economia solidária Singer (2000).
Bialoskorski (2004) apresenta uma nova perspectiva em que existe uma diferenciação de economia solidária e economia social, na qual, a economia solidária apresentaria os aspectos econômicos, sociais e políticos, já a economia social “têm objetivo econômico e de desenvolvimento, desde que essas sejam de fins não lucrativos com características de distribuição de renda” (BIALOSKORSKI, 2004, p. 4).
A Economia solidária apresenta uma relação muito grande com os valores doutrinários, porém a importância de ter um retorno financeiro é importante para manter as cooperativas no mercado, que está cada vez mais competitivo. Nesse ponto a gestão acaba sendo peça fundamental para que a organização reduza as possibilidades de problemas econômicos e financeiros podendo continuar com a expansão das idéias cooperativista, para que, haja um maior controle e organização de todos os recursos.
No cooperativismo do ramo solidário os princípios doutrinários são colocados em práticas e usados como exemplo, tendo o fator social como destaque em todo o seu desenvolvimento, porém a importância do âmbito econômico é decisiva para fomentar e impulsionar as ações sociais. Nesse aspecto a gestão tornou-se muito importante para encarar a competitividade de mercado e apresentar ferramentas que servirão de suporte aos colaboradores, além de ser uma forma de apresentar confiabilidade aos associados.
A gestão é ponto fundamental no crescimento e desenvolvimento das organizações, como apresentado por Stoner. (1999, p.4) “a administração é o processo de planejar, organizar, liderar e controlar os esforços realizados pelos membros da organização e o uso de todos os outros recursos organizacionais para alcançar os objetivos estabelecidos” incluindo assim as cooperativas como um todo, que além de necessitarem de uma gestão estruturada possuem um papel diferenciado das demais ao estar enraizada em seus princípios a importância da cooperação e da união dos indivíduos que visam alcançar objetivos mútuos sempre de forma democrática e participativa, ponto estes, fundamentais para a compreensão de sua importância social.
A análise ambiental é fundamental nas cooperativas para a formalização de estratégias adequadas para atender aos seus objetivos, além de manter-se competitivo no mercado. Isso não se atem apenas as cooperativas, mas em todas as organizações, sendo dividida em “[...] diversos fatores e forças do ambiente, às relações entre eles ao longo do tempo e seus efeitos ou potenciais efeitos sobre a empresa, sendo baseada nas percepções das áreas em que as decisões estratégicas da empresa deverão ser tomadas” (OLIVEIRA, 2006, p. 93), dentre esses fatores está o aspecto político-legal que engloba a legislação e as políticas que possam interferir no âmbito das organizações, a partir disso compreende-se a necessidade de “articular os debates entre governo e as organizações da sociedade civil em torno da agricultura familiar e do desenvolvimento territorial” (ORTEGA, 2008, p.162) para que essas políticas e leis sejam favoráveis para a relação saudável e produtiva entre as universidades e as cooperativas e assim colaborar no desenvolvimento da educação.
2.3 Educação: Teoria e Prática
A educação possui dois vieses: o teórico e o prático, sendo importante que ambos sejam aplicados no processo educacional, assim Pura. (1989, p. 21) apresenta que a,
didática teórica é aquela desenvolvida nos programas da disciplina, segundo pressupostos científicos que visam à ação educativa [...] na busca de torná-los mais eficientes. Didática prática é aquela vivenciada [...] a partir do trabalho prático em sala de aula, dentro da organização escolar, em relação com as exigências sociais. Esta não tem por compromisso comprovar os elementos teóricos estudados em livros ou experimentados em laboratórios, mas tem em vista o aluno, seus interesses e necessidades práticas.
Para o aluno a vivência prática é uma experiência importante para a sua formação profissional, para a sua tomada de decisões, para a geração de novos conhecimentos e paralelamente irá gerar um efeito em cadeia.
As organizações como um todo demandam de profissionais capacitados, que tenham conhecimento teórico ou competência e apresentem o desenvolvimento de suas habilidades no âmbito prático. É nesse aspecto que a escola tem seu papel formador e colaborativo ressaltado por Drucker (1991) que no ambiente escolar possui como pontos fortes, a valorização de novos talentos e no suporte e instrução dos indivíduos para que possam crescer como profissionais e como humanos.
O Estado tem o dever intrínseco de apoio à educação, sendo a universidade uma extensão do Estado no aspecto educacional e a cooperativa a possui em seus princípios, conforme Silva, K. e Silva, J. (2010) “a educação deve se realizada pela gestão de parcerias entre escola e poder público”, ou seja, a parceria entre as duas organizações vislumbram o aspecto educação por estar em seus valores o que facilita as relações entre os envolvidos e a geração de novos conhecimentos.
A importância da educação para a sociedade é incontestável, assim Carrão (2009) apresenta que a universidade é reconhecida pelo corpo social como o ambiente de produção de ciência, conhecimento e tecnologia, que, inquestionavelmente, estão na raiz das mudanças sociais. Dentro das mudanças sociais estão a economia solidária e a doutrina cooperativista que irá colaborar para que todo esse processo de consolidação e geração de conhecimento tenham um anseio prático e um retorno às necessidades das pessoas.
A Teoria é importante para a solidificação de conhecimentos que darão suporte a prática propriamente dita, com a universidade desenvolvendo o aspecto teórico em sala de aula e pesquisas e a COPERTERRA possibilitando a vivência prática desses conhecimentos.
Teoria e prática são aspectos interacionados e são fundamentais para a experiência humana, definindo-se uma relação dinâmica. Para (SAVIANI. 2007. P108) “a prática é a razão de ser da teoria, o que significa que a teoria só se constituiu e se desenvolveu em função da prática que opera” (p. 108), ou seja, uma está diretamente ligada à outra e são fundamentais para todo o processo conjuntural de geração de conhecimentos.
Para Tseng (2004) a gestão do conhecimento engloba cinco passos que envolvem tanto a teoria quanto a prática para a sua real efetividade que são: identificar o conhecimento, criar novos conhecimentos, armazenar o conhecimento, compartilhar o conhecimento e usar o conhecimento. A prática por si só é apenas um ato isolado, mas quando transformado em teoria ela dissemina conhecimentos e agrega valor e a teoria por si só não tem valor se não for aplicada e disseminada.
Existe um paralelo entre a teoria e a prática que deve compreendida. Para (VÁSQUEZ. 1997, p.207) “uma teoria é prática na medida em que materializa, através de uma série de mediações, o que antes só existia idealmente, como conhecimento da realidade ou antecipação ideal de suas transformações”. Enquanto não aplicada às ações ela é teoria e após é prática.
Os estudos teóricos geralmente nascem para entender ou explicar uma questão prática, algo que esta acontecendo e precisa ser entendido, estudado, aprofundado. A cultura organizacional é uma delas. Vários "teóricos" estudam as diversas formas de cultura organizacional, suas implicações e características. A cultura já existia (em uma visão positiva) e precisava ser entendida, conhecida, explicada.
Por outro lado, quando as empresas tem problemas, recorrem a consultores, que recorrem a sua experiência e a literatura (livros), que por sua vez recorrem aos teóricos, aqueles que estudam em profundidade um tema ou fato e emprestam da suas teorias e pesquisas para que outros tenham o seu conhecimento.
É importante entender que existem duas visões, teoria e prática, que podem ter um relacionamento muito maior, oferecendo vantagens para as duas.
3 METODOLOGIA
Para a realização deste estudo foi realizada uma pesquisa bibliográfica com o objetivo de discorrer sobre os conceitos relacionados ao processo de teoria e prática em suas diversas aplicabilidades no meio acadêmico propiciando a geração de conhecimentos.
Foram aplicados questionário, formulário e entrevistas aos gestores da Cooperativa Mãe Terra (COPERTERRA) no município de Tupanciretã nos meses de setembro e outubro de 2014, de forma a compreender estrategicamente o contexto da criação da filial da cooperativa em Santa Maria. Também se procedeu à análise do vídeo desenvolvido no ano de dois mil e doze em parceria entre o estúdio 21, com a Pró-reitoria de extensão (PRE) e a comunicação social da UFSM, a qual, os presidentes que passaram pela COPERTERRA de dois mil e dois a dois mil e quatorze relatam as suas experiências, além de englobar o depoimento de outros agentes envolvidos diretamente ou indiretamente após a vinculação da cooperativa com a universidade.
Para essa pesquisa desenvolveu-se o levantamento dos dados disponíveis nos departamentos dos cursos que tiveram envolvimento com a cooperativa e a análise dos documentos formais disponibilizados pelo Departamento de Materiais e Patrimônio (DEMAPA) da UFSM.
4. A RELAÇÃO BILATERAL ENTRE A COPERTERRA E A UFSM
4.1 COPERTERRA e UFSM: origem da parceria
A UFSM é uma instituição de ensino publica criada em dezoito de março de mil novecentos e sessenta e um, sendo uma autarquia vinculada ao Ministério da Educação. A instituição possui nove unidades universitárias e três escolas de ensino médio e tecnológico. A UFSM localiza-se na cidade de Santa Maria que é considerada como cidade universitária e cidade cultura, reforçando a importância desta como referência no ensino, pesquisa e extensão.
A COPERTERRA foi criada em julho de dois mil e dois, com a participação de vinte e um assentados (as) de Tupanciretã. A sua criação deve-se a necessidade e demanda dos assentados da cidade de Tupanciretã, que necessitavam de uma alternativa mais viável para o escoamento da produção de leite. Os objetivos da cooperativa, em sua criação, era organizar e captar a produção do leite dos assentamentos da região central do Rio Grande do Sul, visando gerar maior retorno aos seus associados. Porém, não possuía, inicialmente, o processo de beneficiamento do leite e esta tarefa era repassada a terceiros.
Ao buscar a parceria com a UFSM possibilitou-se o desenvolvimento da educação, através, da troca e da construção do conhecimento, fundamental para o crescimento de um País, de um Estado, de uma região ou Município. Nesse aspecto a consolidação da parceria das duas organizações, a universidade conseguiu aprimorar-se no âmbito educacional ao atender o ensino a pesquisa e a extensão.
O Ensino ao disponibilizar aulas práticas e estágios, a pesquisa ao abrir espaço em diversos campos de estudo em toda a área de gestão e gerenciamento; de pesquisas ao abranger desde a qualidade do leite até de novas tecnologias para melhorar a eficiência dos processos, como na logística e na operação propriamente dita da indústria; a Extensão ao aproximar a Universidade dos produtores como na colaboração do departamento de Zootecnia ao criar projetos de extensão, dias de campo, cursos como o de manejo do leite e o melhoramento de pastagens.
A cooperativa surge por uma demanda dos assentados do Movimento dos Sem Terra (MST) em virtude da necessidade de uma indústria de processamento de leite para agregar valor ao produto, pois os produtores entregavam o leite in natura para usinas que pagavam um valor baixo, se levado em comparação o custo de oportunidade, caso a cooperativa desenvolvesse o processo de industrialização.
A criação da filial da cooperativa, em 2009, através de um processo licitatório para o uso da usina escola de laticínios da UFSM possibilitou que pequenos produtores da região tivessem uma nova alternativa para a entrega do leite. Com a parceria o leite poderia ser processado em diversos produtos lácteos
A usina escola de laticínios despertou grande interesse de muitas organizações, apesar disso, a COPERTERRA torna-se a primeira cooperativa da reforma agrária a realizar uma parceria com uma universidade federal. Esse ato reforça o crescimento e a importância que esse tipo de organização tem para a criação de um mercado social e sustentável e concomitantemente reforçarem a importância dessa relação no âmbito regional.
A cooperativa participou do PAA (Programa de alimentação escolar) que é um programa público que incentiva o crescimento da agricultura familiar e a participação das cooperativas de pequenos produtores.
O relato do presidente da cooperativa no ano de 2010 Antônio Carlos Conceição (2012, p .20) “A gente deseja construir uma parceria duradoura. O que nós queremos é preço bom tanto para os produtores quanto para os consumidores” esse fato reforça o comprometimento da COPERTERRA com os seus associados em buscar novas alternativas como o mercado institucional, via PAA. (MARRISON. 2012, pág:78) reforça que,
A participação da UFSM no PAA se dá de forma direta, pois além de ser a proprietária da usina de laticínios, esta também cede a profissional que é a responsável técnica da usina, que garante a qualidade dos produtos doados pelo Programa. Assim, oferece suporte tecnológico para a Cooperativa além de auxiliar no desenvolvimento da marca e de novos produtos.
A possibilidade de estudos e a práticas provavelmente não teria a mesma ênfase e estrutura como a encontrada na usina escola ao justamente estar dentro da própria universidade com o apoio dos professores e funcionários, além da importância de uma cooperativa solidária desenvolver o gerenciamento de todo o processo de beneficiamento.
Um fator importante com a parceria entre as organizações é a inserção de uma cooperativa oriunda da reforma agrária e proveniente da região central do Estado, o que fortalece os laços culturais e o desenvolvimento regional, uma vez que, a participação de uma empresa de caráter privado de outra região ou Estado não teria o mesmo papel cultural e social.
4.2 Resultados da parceria COPERTERRA e UFSM
Ao iniciar suas atividades junto ao campus da UFSM, a COPERTERRA percebeu a necessidade de reformular o setor já existente para adequar-se as novas normas sanitárias, além de, investir e reforçar a estrutura que já existia, uma vez que, a UFSM já tinha feito anteriormente uma parceria com a COOPROL (Cooperativa dos produtores de leite de Santa Maria).
Em termos de processo produtivo tem-se a partir da observação da realidade a necessidade da busca de tecnologias de ponta para a melhoria dos processos produtivos e do próprio produto, gerando ganhos tanto para a cooperativa quanto para os acadêmicos em termos de conhecimentos.
A COPERTERRA investiu na infraestrutura da usina escola de laticínios na aquisição de ativos como: aquisição de dois caminhões, um com capacidade de armazenamento de 5.000 litros e outro de 9.000 litros para a captação do leite, essa medida é fundamental para manter a qualidade na captação a matéria-prima. A cooperativa fez investimento na aquisição de iogurteira, envasilhadora e outros equipamentos para a realização das atividades de processamento e transformação do leite em diversos produtos como: leite integral, leite desnatado, iogurte, queijos, bebida láctea, sorvete, nata, doce de leite e achocolatado.
Inicialmente os produtos eram destinados principalmente aos dois pontos de vendas, um no centro de Santa Maria na antiga reitoria e o outro próximo da entrada do Campus da UFSM. Posteriormente a cooperativa participa do programa de aquisição de alimentos (PAA) possibilitando a entrega dos produtos para a própria Universidade como no Restaurante Universitário (RU) e para o Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM).
Com a consolidação do PAA em 2009 a COPERTERRA visou atender ao mercado institucional, sendo este responsável por uma boa parte de seu faturamento como indicado na figura abaixo:
A Figura 1 representa o demonstrativo anual da COPERTERRA durantes os anos de 2009 a 2012 e apresenta claramente as divisões e tendências no faturamento. É notório o crescimento e a amplificação de sua participação tanto no PAA quanto na participação no mercado como um todo.
Com a entrada da cooperativa no mercado institucional, em especial ao PAA, ela pôde reforçar o seu laço com a universidade e colaborar para a fidelização dos seus associados, uma vez que, seus compromissos poderiam ser saldados, ao manter uma distribuição regular de capital referente à entrega do leite dos produtores para com a cooperativa.
O mercado Institucional é uma grande oportunidade para as cooperativas, em especial as do ramo solidário, porém o programa possui algumas especificidades como a necessidade de constante entrega de produtos, conforme prazos e contratos estabelecidos, o que é um grande desafio.
Os dados apresentados na Figura 1 (coluna cinza) mostram que a cooperativa apresentou ganhos com o varejo representando uma alternativa para o escoamento da produção tornando ela mais independentes, entretanto, percebe-se que a marca UNI que diretamente ou indiretamente remete-se a universidade acaba sendo um fator favorável e um diferencial no momento da venda.
O contínuo processo de homogeneização da demanda é favorável à cooperativa a médio e longo prazo ao fortalecer a marca da cooperativa e futuramente conseguir uma independência, ao ponto de, optar por atender ao setor público ou ao setor privado, conforme as necessidades e os interesses da organização.
O leite ao ingressar na cooperativa era submetido a testes antes de entrar no setor produtivo melhorando a qualidade dos produtos, sendo necessário esse processo para que a cooperativa participasse do PAA e consecutivamente esse controle colaborou para atender aos clientes convencionais que adquiriam os produtos em seus pontos de distribuição.
O uso da logomarca UNI/COPERTERRA também era um grande agregador de valor ao aliar o nome da cooperativa à instituição de ensino, valorizando o produto e remetendo intrinsecamente qualidade a ele, pois a universidade é um pólo educacional na cidade de Santa Maria e sinônimo de excelência o que para uma cooperativa pequena de assentados foi uma grande conquista e uma forma alternativa para alcançar novos nichos de mercados. Um fator importante é o valor dos produtos, por serem mais baratos do que as marcas tradicionais e apresentarem produtos de qualidade, devidos ao processo organizado de fabricação.
As cooperativas possuem em seus princípios o apoio à educação, fato importante para uma instituição que visa a excelência como é a UFSM. Nesse âmbito a COPERTERRA possibilitou aos alunos desenvolverem estágios na organização em especial na área química alimentar como apresentado na tabela abaixo com os dados de 2012 a 2014.
A Tabela 1 apresenta os dados relativos a participação de alunos dos cursos de Engenharia Química e Tecnologia em Alimentos, a qual, analisando somente esses dois cursos, vinte e dois acadêmicos possibilitaram a vivência prática do que foi aprendido em sala de aula e por consequência possibilitou a geração de conhecimento e a capacitação de futuros profissionais. O ponto fundamental é que os alunos tinham dentro da própria universidade um local que estava disponível para estudos tanto teóricos como práticos.
A COPERTERRA possibilitava que acadêmicos de outros cursos como administração e Tecnologia em Gestão de Cooperativas efetuassem trabalhos, nesses respectivos casos, na área gerencial da cooperativa, portanto, não se limitava apenas a uma área, mas a diversos nichos que poderiam ser estudados.
Na cooperativa era possível o desenvolvimento de aulas práticas como no caso do curso técnico em agroindústria. Esse curso especificamente deslocava aproximadamente de vinte e cinco a trinta alunos por semestre para aulas práticas na usina escola de laticínios para que eles tenham o conhecimento do processo de fabricação em escala industrial compreendendo fatores como: a importância da higiene, o processo de fabricação e as possíveis dificuldades no processo de fabricação.
Todo o leite recebido pela agroindústria deve ser inspecionado e no caso da usina escola eram realizados testes básicos como a análise de antibiótico, acidez e crioscopia. Muitas vezes os alunos acompanhavam juntamente com os professores os métodos aplicados na organização e posteriormente eram objetos de estudo e discussão em sala de aula.
Para os alunos da universidade a aproximação da prática é fundamental para a formação de um profissional mais preparado e qualificado que irá atender as demandas do mercado de trabalho, além de aumentar as chances de inserção dos alunos que concluem a sua formação em todos os níveis acadêmicos desde o técnico passando pelo superior até a pós-graduação.
Nesse âmbito realizou-se uma análise dos estudos acadêmicos na universidade relacionados à COPERTERRA como apresentado abaixo:
Quadro 2: trabalhos acadêmicos relacionados a COPERTERRA.
TÍTULO |
AUTOR(RES) |
ANO |
TIPO DE ARTIGO |
Política, Território, Poder e a Agroindustrialização em assentamentos de reforma agrária no Rio Grande do Sul |
Aline Weber Sulzbacher |
2015 |
Tese Doutorado |
Cooperativismo Agrícola: Esfera Pública, Participação e Sustentabilidade |
Nilson Binda |
2014 |
Tese Doutorado |
O Poder Da Rede Na Materialização De Programas De Desenvolvimento Rural: Território da Cidadania Região Central/RS |
Suelen De Leal Rodrigues |
2011 |
Tese |
O programa de aquisição de alimentos e a construção social de mercados: estudo de caso da COPERTERRA |
Marisson de Melo Marinho |
2014 |
Dissertação |
Possibilidades e limites do programa territórios da cidadania a partir da sua realização no território região central e no município de Santa Maria/RS |
Ananda De Carvalho |
2012 |
Dissertação |
As dimensões culturais da segurança alimentar: um estudo realizado entre famílias rurais gaúchas assentadas. |
Evander Eloí Krone |
2011 |
Monografia Especialização |
Acompanhamento da elaboração dos planos de recuperação dos assentamentos dos projetos de assentamentos do município de Tupanciretã/RS. |
Thais Michel |
2009 |
Monografia |
A apropriação do discurso da agroecologia pelo movimento dos trabalhadores rurais sem terra (MST) |
Sérgio Botton Barcellos |
2014 |
Artigo |
A inserção de produtores rurais assentados em mercados dinâmicos como alternativa de inovação |
Carla da Costa Sccott; Leoni Pentiado Godoy; Gustavo Fontinelli Rossés, Gabriel Velloso Ferreira, Marta Von Ende |
2013 |
Artigo |
Extensão universitária e reforma agrária no Brasil: as relações de parceria entre a UFSM e a COPERTERRA |
Eduardo Miotto Flech, José Marcos Froehlich, Luciano Mattana |
2013 |
Artigo |
Organização das famílias assentadas em Tupanciretã para efetivar a política pública do PNAE como estratégia para a transição agroecológica. |
Juliana Costa |
2013 |
Artigo |
Formação de preço de derivados de leite: um estudo de caso da usina escola de laticínios (UFSM), filial da Cooperterra. |
Géssica Mathias Diniz; Mygre Machado Lopes; Tatiane Pelegrini; Carine de Almeida Vieira; Fernanda Moro; Andrea Cristina Dörr |
2012 |
Artigo |
Redes cooperativas como estratégia de materialização do programa territórios da cidadania – região central – RS. |
Suelen De Leal Rodrigues |
2012 |
Artigo |
Possibilidade e limites do programa territórios da Cidadania a partir da sua realização no território região central e no município de Santa Maria/RS. |
Ananda de Carvalho |
2011 |
Artigo |
Processo de construção elaboração dos planos de desenvolvimento e recuperação dos assentamentos no estado do Rio Grande do Sul |
Vinicius Piccin Dalbianco; Andréia Nunes Sá Brito; Luiz Eduardo Abbady do Carmo; Alisson Vicente Zarnott; Jacir João Chies; Pedro Selvino Neumann |
2010 |
Artigo |
O número de artigos gerados e desenvolvidos sobre a cooperativa reafirma o comprometimento e a colaboração no processo de ensino, pesquisa e extensão na universidade. A variedade de assuntos reforça as diversas temáticas abordadas pelos diferentes cursos e por diferentes níveis de ensino, desde artigos até as dissertações de mestrado e teses de doutorado.
Essa dinâmica de reforçar os conhecimentos teóricos em sala de aula com a realização de artigos colabora para a difusão do conhecimento e apropriação dos mesmos por várias pessoas. Essa experiência é invariavelmente determinante para que haja maior efetividade na mensuração dessa bilateralidade entre as duas organizações e entre os indivíduos envolvidos no processo.
A variedade de estudos é muito grande, sendo uma quantidade muito significativa relacionada às áreas das ciências sociais e rurais, a partir, de efetivação dos projetos de extensão criados ou vivenciados tanto na UFSM, quanto nas demais universidades.
Abaixo alguns projetos criados pela universidade e por outras organizações com o intuito de abranger diversos fatores relacionados à cooperativa, sendo apresentado na tabela abaixo:
Na quadro 3 os projetos englobam desde a relação ao ambiente acadêmico com a cooperativa até as diretrizes governamentais que visam o fortalecimento da estrutura dos assentados que são os principais cooperados e beneficiados com o crescimento da COPERTERRA.
Os projetos acadêmicos buscam amplificar a pesquisa e aliar o ensino, a pesquisa e a extensão para a geração e a disseminação de novos conhecimentos, sendo que os projetos acadêmicos acima há um envolvimento entre a universidade e COPERTERRA que é uma cooperativa do ramo solidário advinda de um processo de reforma agrária.
O gerente financeiro da COPERTERRA Vilmar Gomes salienta que o conhecimento agregado durante a parceria com a UFSM servirá para o desenvolvimento de todo o processo da nova usina de laticínios da cooperativa em Tupanciretã, ou seja, a cooperativa é beneficiada com a assimilação dos conhecimentos repassados pela universidade ultrapassando o âmbito prático-institucional (pesquisa, extensão acadêmica) para um caráter mais estratégico e gerencial (prática na cooperativa) e com grande aplicabilidade nas suas ações estratégicas futuras.
Para a COPERTERRA muito desses conhecimentos eram repassados para os produtores com palestras e eventos com orientações e participações de alunos e professores desde o manejo no campo até as questões econômicas e sociais, afinal a educação só é válida quando o conhecimento é repassado a todos os envolvidos para que haja discussões e debates, se chegue aos objetivos vislumbrados por todas as partes e a um crescimento conjuntural gerando novos conhecimentos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cooperação e a articulação visando o benefício mútuo dos indivíduos é uma marca do cooperativismo, nesse aspecto a criação da filial da COPERTERRA em Santa Maria possibilitou a aproximação aos aspectos doutrinários do cooperativismo com a geração de conhecimento, através dos valores intrínsecos da universidade.
A relação bilateral colaborou para a geração e a troca de conhecimentos proporcionando aos alunos, pesquisadores e professores um ambiente aberto, com grande viabilidade para o desenvolvimento de pesquisas, além de propiciar o desenvolvimento de aulas práticas que agregam valor a educação da universidade e abrem à oportunidade de absorção de uma mão de obra especializada por parte da cooperativa.
A parceria com a universidade colaborou para o crescimento da cooperativa que estava em crescimento e necessitava de um apoio de uma organização como a UFSM que é bem valorizada em toda a região central do Rio Grande do Sul e possui um tradição como fomentadora de conhecimento.
A COPERTERRA absorvia as necessidades de seus associados e posteriormente repassava esses conhecimentos aos produtores como nas questões gerenciais e de manejo no campo.
A aproximação entre as duas organizações gerou ganhos para ambos os lados, aliando e gerando conhecimentos e paralelamente desempenham um grande papel social como uma alternativa para os produtores de leite de Santa Maria e como fomento para a prática dos alunos da universidade assimilando o ensino, a pesquisa e extensão.
O número e a variedade de estudos relacionados à cooperativa são perceptíveis e reforçam a importância dessa relação entre essas duas organizações, paralelamente, apresentar quantitativamente o quão produtivo em termos acadêmicos foi para a universidade e qualitativamente por abordar desde projetos até a monografias de doutorado.
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