Revista: CCCSS Contribuciones a las Ciencias Sociales
ISSN: 1988-7833


PERSPECTIVA DA CRISE ECONÔMICA E POLÍTICA NO BRASIL: REFLEXOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA COM FOCO NO SETOR DO COMÉRCIO

Autores e infomación del artículo

Meline Vitali Duminelli*

Tainara Silveira Redivo**

Cristina Keiko Yamaguchi***

Universidade do Extremo Sul Catarinense, Brasil

meline.vitalidu@gmail.com

RESUMO
A economia brasileira vem enfrentando períodos árduos nos últimos anos. Contudo desde 2014, os sintomas da crise econômica tornaram-se mais intensos, afetando a vida de todos os brasileiros. Sendo assim, esta pesquisa tem como objetivo analisar os indícios da crise brasileira por meio de levantamento do número de devedores no comércio, registrados no SPC e no CNDL. A metodologia utilizada é caracterizada como interdisciplinar, qualitativa, descritiva e aplicada, documental, bibliográfica e a coleta de dados a análise multivariada. Constatou-se um elevado número da população inadimplentes que não conseguem arcar com seus compromissos, impactando diretamente nas vendas do comércio nos municípios brasileiros. Esse índice de inadimplência é oriunda de uma política que investia no aquecimento econômico, com crédito facilitado a longo prazo. Porém, com a crise econômica e política do País, a realidade mudou, e a taxa de desemprego aumentou e o poder de compra dos brasileiros reduziu. O primeiro semestre de 2016, mostrou algumas mudanças, contudo insignificantes frente aos desafios a serem superados. Já no segundo semestre, diferentemente do primeiro, o País passa por mudanças, porém o ritmo da retomada é lento, e a saída dessa recessão será lenta e desafiador no dia-a-dia do brasileiro. Desse modo, sugere-se aplicar novos estudos que demonstrem possíveis ajustes que contribuíssem para a saída do país da atual crise econômica

PALAVRAS CHAVE: Crise econômica brasileira, Comércio brasileiro, Inadimplência.

PERSPECTIVE OF THE ECONOMIC AND POLITICAL CRISIS IN BRAZIL: REFLECTIONS FOR ECONOMIC DEVELOPMENT WITH FOCUS ON THE COMMERCE SECTOR

ABSTRACT
The Brazilian economy has been facing arduous periods in recent years. However, since 2014, the symptoms of the economic crisis have become more intense, affecting the life of all Brazilians. Thus, this research aims to analyze the evidence of the Brazilian crisis by raising the number of debtors in the commerce sector recorded by the SPC and CNDL. The methodology is characterized as interdisciplinary, qualitative, descriptive and applied, documentary, bibliographic and the data collection applied was multivariate analysis. A high number of defaulting customers who cannot afford their payments was found, impacting directly on retail sales in Brazilian municipalities. This default rate is derived from a policy of investing in the economic boom, which facilitated long-term loans. But with the country's economic and political crisis, the reality has changed, the unemployment rate increased and the spending power of Brazilians reduced. The first semester of 2016 showed some changes, however, these are insignificant compared to the challenges that lie ahead and must be overcome. In the second semester, unlike the first, the country undergoes changes, but the pace of recovery is slow, and the exit from this recession will be slow and challenging on the Brazilian day-to-day. Thus, it is suggested to conduct new studies showing possible adjustments that contribute to the resolution of the country's current economic crisis
KEYWORDS: Brazilian economic crisis; Brazilian commerce; Default



Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Meline Vitali Duminelli, Tainara Silveira Redivo y Cristina Keiko Yamaguchi (2016): “Perspectiva da crise econômica e política no Brasil: reflexos para o desenvolvimento da economia com foco no setor do comércio”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, (octubre-diciembre 2016). En línea:
http://www.eumed.net/rev/cccss/2016/04/comercio.html

http://hdl.handle.net/20.500.11763/CCCSS-2016-04-comercio


1 INTRODUÇÃO

O aprofundamento da crise econômica vem ocorrendo desde as eleições de 2014. A falta de ações, liderança e acontecimentos econômicos no mundo fazem com que cada vez mais o País afundasse em problemas econômicos (ZOLDAN, 2016). Diante disso, a atual crise econômica brasileira está causando grandes períodos de recessão, acompanhados por uma grande aceleração inflacionária. Por mais que esta situação não seja uma das primeiras enfrentadas pelo país, o quadro apresentado é preocupante, principalmente pelo desaquecimento econômico que danifica a economia como um todo (DIESSE, 2016).  Sobre estes aspectos, o presente trabalho tem como objetivo analisar os indícios da crise brasileira por meio de dados de devedores do comercio, registrados no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e na Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
Para a concretização deste estudo, a pesquisa foi iniciada com a fundamentação teórica, com os principais e atuais dados econômicos do País dos últimos anos sobre os mais variados setores. Posteriormente foi definida a metodologia de pesquisa e por fim com esses aspectos definidos deu início a experiência de pesquisa, exposta na apresentação de dados, análise de dados e considerações finais.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Propondo-se a salientar os assuntos abordados nesse artigo e associar aos resultados encontrados, constitui-se a fundamentação teórica, expondo conceitos já elaborados por pesquisadores dos temas discutidos no estudo.

2.1 O CRÉDITO E O SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO (SPC)

A palavra crédito vem do latim, tendo como significado acreditar e confiar. Deste modo, o crédito trata do empréstimo realizado para quem geralmente está em situação deficitária. Sendo considerado um ato que envolve transferência de recursos, baseada na confiança naquele que toma emprestado por parte da emprestada (MENESES, 2014).
A importância do crédito e a situação econômica do país, torna relevante que as empresas alinhem suas políticas de crédito para beneficiarem a si mesma. O crédito não só influencia a economia, como estimula a cadeia produtiva e as transações de análise e concessão de crédito (JESUS, 2010). Garcia e Pereira (2010) definem a política de crédito como os prazos concedidos pela empresa, as condições de venda propostas, o meio de análise de crédito e a política de cobrança realizada.
O Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) constitui um banco de dados, que traz informações privadas do caráter público, por meio de um sistema de informação da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Este sistema é considerado o maior banco de dados da América Latina em informações de crédito sobre pessoas físicas e jurídicas (SPC BRASIL, 201-).
Estando a mais de 55 anos contribuindo para a economia brasileira, o SPC auxilia na concessão do crédito seguro às empresas de todos os segmentos e da economia, nas 27 unidades da Federação (SPC BRASIL, 201-).
O SPC Brasil tem como função contribuir para que as empresas não tenham prejuízo, promovendo ações de vendas e recuperação de créditos. A plataforma de dados do SPC carrega praticamente todos os Cadastro de Pessoa Física (CPF) do Brasil (SPC BRASIL, 201-).

2.2 ECONOMIA BRASILEIRA

Nos últimos anos, o Brasil vem enfrentando uma crise econômica, que está atingindo os mais diversos setores. O ano de 2014, deu início a propagação da crise, adquirindo forças com o passar dos meses. Desta forma, no ano de 2015 a situação não foi diferente (ZOLDAN, 2016). Conforme Dias (2010, p.3) as “Crises financeiras não são apenas resultados de comportamentos irracionais dos agentes, mas resultam da própria forma de operação dos mercados financeiros liberalizados e sem um sistema de regulação adequado.” Deste modo, diante de consequências trazidas das crises passadas, conciliadas com uma administração governamental fragilizada, acabou por comprometer a economia do país, acarretando em aumento de impostos, das taxas de juros, restrição de crédito, agravando o fluxo do ciclo econômico nacional (PIGNATA; CARVALHO, 2015).
O IBGE (2015) demonstra em seus dados, que o PIB no terceiro trimestre de 2015 teve uma queda de -1,7% na comparação com o segundo trimestre do ano de 2015, considerando que neste mesmo período a agropecuária recuou -2,4%, a indústria -1,3% e os serviços -1,0%. Comparando os índices do PIB no mesmo período de 2014, houve uma contração de -4,5%.
Na comparação do PIB do trimestre de 2014 contra o trimestre de 2015 dos setores econômicos do País, o mesmo apresentou índices positivos nas atividades de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana com crescimento de 1,1%. Nos serviços de administração, saúde e educação pública houve um aumento de 0,8% e na intermediação financeira houve um aumento de 0,3% (IBGE, 2015).
Sobre as contrações, a indústria de transformação apresentou uma retração de 3,1%, sendo a maior taxa de retração do trimestre de 2015 comparando ao trimestre de 2014. As demais atividades sofreram retração em relação ao trimestre imediatamente anterior: Comércio (-2,4%), Outros serviços (-1,8%), Transporte, Armazenagem e Correio (-1,5%), Serviços de Informação (-0,5%) e Atividades Imobiliárias (-0,1%), como demonstrado na figura 1 (IBGE, 2015).

Outros índices significativos demonstrados pelo IBGE (2015), refere-se a contribuição dos componentes da demanda comparados entre o fim de 2014 e os três trimestres de 2015, além da queda do PIB de -1,7%, destaca-se a retração de -1,5% das despesas de consumo das famílias pelo terceiro trimestre seguido, o aumento das despesas de consumo do governo em 0,3% em relação ao trimestre imediatamente anterior. No que se refere ao setor externo, as exportações de bens e serviços tiveram queda de -1,8%, enquanto que as importações de bens e serviços recuaram 6,9% em relação ao segundo trimestre de 2015. Estes números são apresentados na figura 2 (IBGE, 2015).

Neste mesmo período, a produção industrial brasileira teve déficit de 5,9%. O setor de bens de capital caiu em 18%, ocasionando menores investimentos. E a produção de bens de consumo duráveis teve queda de 15,8%, alavancados principalmente pela redução de 16,1% da produção de automóveis (EPE, 2015).
Além destes, a taxa desligamentos aumentou assim como a taxa de admissões diminuiu significativamente no período de um ano. Como demonstrada na figura 3 (SPE, 2015).

A inflação foi outro índice que apresentou grandes alterações, se mantendo em alta durante todo o período, chegando até 10,5% em alguns momentos de 2015, preocupando ainda mais os economistas e brasileiros frente à situação enfrentada (CNI, 2015).
Em 2016, as retrações continuaram, o setor de serviços no mês de abril sofreu a retração de -4,6%, no volume de serviços prestados no Brasil na comparação com o mesmo mês do ano de 2015. O resultado por atividade econômica, demonstram retrações negativas em todos os segmentos (IBGE, 2016b).
Nos resultados regionais referente ao volume de serviços prestados, na comparação do mês de abril de 2016 com ano anterior, os estados de Rondônia, Tocantins e Roraima apresentaram índices positivos, contudo as maiores variações negativas de volume observadas foram na Amazônia, Amapá e Paraíba, como demonstrados na figura 4 (IBGE,2016b).

Tratando-se do comércio, o IBGE (2016b) analisou dez atividades e realizou a comparação entre abril de 2015 e abril 2016. Dos dez ramos de atividades pesquisados, oito deles apresentaram índices negativos. Este resultado foi agravado principalmente pelos números negativos dos hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com taxa de -4,4%. A segunda maior influência foi exercida pelos setores de combustíveis e lubrificantes, com -10,8%. Os outros artigos de uso pessoal e doméstico demonstraram -10,4% e os móveis e eletrodomésticos -10,1%. Esses três segmentos tiveram recuo de dois dígitos. Sendo que, o índice total das atividades todos comércio entre abril de 2016 contra abril de 2015 demonstraram um índice negativo de -6,7%.
Considerando os índices do comércio por região, sobre o mês imediatamente anterior ao mês de abril de 2016, os estados que apresentaram índices positivos foram Sergipe, Amapá e Paraná. Contudo, Minas Gerais ficou estável neste tipo de comparação, enquanto Rondônia, Bahia e Amazonas registraram os maiores índices negativos, como demonstrada na figura 5 (IBGE, 2016a).

Sendo assim, com tantas barreiras, os fatores estruturais implicam e limitam o crescimento da economia a curto e médio prazo, como os gargalos logísticos e a necessidade de maior qualificação da mão-de-obra e de maiores investimentos em inovação (EPE, 2015).
Para que esses fatores fossem revertidos, seria necessário reaquecer a economia do País, iniciando pelo corte de gastos supérfluos, para posteriormente tentar equilibrar as contas públicas. A melhoria da economia brasileira, será lenta e de longo prazo, sendo que os contribuintes não conseguem acompanhar a tributação alta, e consequentemente a atividade econômica despenca. Muitas empresas, já demitiram seus funcionários, e muitas outras já decretaram falência. Diante disso, o desemprego atingiu um dos maiores níveis histórico. O efeito da desaceleração econômica pode durar longo tempo, e acredita-se não haver crescimento na economia antes de 2018 (PIGNATA; CARVALHO, 2015).

3 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

Para a concretização dessa pesquisa, torna-se necessário a aplicação dos procedimentos metodológicos afim de chegar ao objetivo proposto. A pesquisa, conforme Andrade (2006, p.121) é “um conjunto de procedimentos sistemáticos, baseados no raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para problemas propostos, mediante a utilização de métodos científicos”.
Diante disto, trata-se de trabalho interdisciplinar, pois aborda temas de diferentes campo da ciência, proporcionando maior convicção aos dados apresentados. Com relação ao tipo de pesquisa, é caracterizada como aplicada, pois objetiva levar o conhecimento por meio do estudo para a aplicação na prática, por meio do método dedutivo. O método dedutivo de acordo com Prodanov e Freitas (2013), é a análise geral, com foco em um objetivo particular, explicando o conteúdo das premissas. Além destes, a pesquisa possui caráter qualitativo, segundo Minayo (1995, p. 21-22):

A pesquisa qualitativa resposta a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja, ela trabalha com o universo dos significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

Quanto aos fins de investigação, a pesquisa será descritiva e explicativa e quanto aos meios de investigação é considerada documental e bibliográfica, sendo que os instrumentos de pesquisa e coleta de dados foram baseados pela análise variada.

4 APRESENTAÇÃO DE DADOS

O estudo tem como foco a análise dos acontecimentos econômicos no comércio do País em meio à crise econômica. Desse modo, os dados foram levantados no CNDL e SPC Brasil. Os mesmos disponibilizaram os índices referente à porcentagem de devedores e dívidas registradas. As informações ressaltam os números sobre as quatro regiões do País, vale salientar que os índices da região sudeste, conforme o CNDL/SPC BRASIL (2016), não são apresentados em razão da Lei Estadual nº 16.569, que dificulta a negativação dos consumidores de São Paulo. O quadro 1, demonstra o resumo da variação mensal e anual sobre os devedores registrados no SPC Brasil, com dados totais e de cada região.

Referente à avaliação mensal, quatro dos cinco números apresentados na comparação de maio 2016 com relação a abril de 2016, foram negativos representando indícios de melhora na economia. Já se tratando da variação anual, todos os números apresentados foram positivos e bastante significativos. Sobre a perspectiva das quatro regiões, em abril de 2016 teve o maior aumento no número de devedores com 5,80% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Já sobre os índices de cada região, o Nordeste apresentou o maior aumento sobre o período estudado em comparação com os anos anteriores, e o Sul apresentou os menores índices de aumento sobre os devedores do estado.
Destacando que os devedores são os números de pessoas inadimplentes registradas na base de dados do SPC nacional. O quadro 2 demonstra o resumo das dívidas dos devedores registrados no SPC, ou seja, um devedor pode ter mais de uma dívida e estas são contadas individualmente.

As dívidas partiram da mesma perspectiva dos devedores, poucas melhoras na comparação mês a mês e números significativos na comparação anual. Destacando que na comparação anual entre maio de 2015 com o ano anterior, os índices demonstraram aumentos mais significativos em relação a abril e maio de 2016.

5 ANÁLISE DE DADOS

O crédito está ligado diretamente com o setor de comércio. Para a realização da venda é necessário a aprovação do crédito, e exige que a pessoa física ou jurídica esteja adimplente e sem restrições no SPC. O crédito é importante para economia, pois, se o crédito não for liberado, são desencadeados diversos problemas no movimento da economia. Deste modo, Jesus (2010) corrobora afirmando que o crédito não só influencia na economia como estimula a cadeia produtiva e as transações de análise e concessão de crédito. De modo geral, o crédito é ponto de partida para venda.
A crise econômica acontece por diversas falhas, sendo necessário realizar movimentos na economia, como destaca Pignata e Carvalho (2015), visto que, o aumento de impostos, taxa de juros, restrição de crédito, agrava o fluxo do ciclo econômico nacional. Desse modo, salienta-se que na economia, uma falha leva a outra, e em se tratando da não liberação do crédito, dificulta as vendas, reduz a produção nas indústrias e consequentemente gera o desemprego.
Levando em consideração o número de inadimplentes das quatro regiões apresentadas no estudo, o número de devedores de maio de 2015 em relação a maio de 2014, houve um aumento no número de devedores na proporção de 5,60% e 5,80% em abril de 2016 e 4,26% em maio de 2016. Estes indícios caracterizaram o aumento no número de pessoas inadimplentes no país, que de acordo com o CNDL e SPC BRASIL (2016), no final de maio de 2016, representavam 59,25 milhões de pessoas físicas negativadas, representando 39,91% da população brasileira. A figura 6 demonstra os devedores em relação aos quatro estados brasileiros:

A partir do mapa, verifica-se a região com maior concentração de inadimplentes por região. O nordeste caracterizado como a terceira maior região do país, consta até o final de maio de 2016, com 16,34 milhões de pessoas inadimplentes o que corresponde a 41,59% da população da região (CNDL/ SPC BRASIL, 2016). Na região nordeste o alto número de inadimplentes, ocorrem na seguinte proporção: um aumento de 6,57% em maio de 2015; 7,64% em abril de 2016 e 6,75% em maio de 2016. Sendo que, no mesmo período os números de dívidas aumentaram nas mesmas proporções que o número de devedores.
O IBGE (2016a) registrou a queda nas vendas de -6,7% no comércio, no comparativo de abril de 2016 com o mesmo mês do ano de 2015. Neste mesmo período o número de inadimplentes aumentou em 5,80% e o número de dívidas aumentou 6,09%, comprovando indícios da retração causada pela crise.
De acordo com o IBGE (2016a), no mês de abril de 2016 em comparação ao mês anterior, a região sul obteve um aumento nos devedores em 1,74% e 1,66% nas dívidas. Nesse mesmo período, o volume de vendas do varejo aumentou com relação ao mês anterior em 1,3% no estado do Paraná; aumento de 0,7% no estado do Rio grande do Sul e um déficit de -1,1% no estado de Santa Catarina.
Comparando as vendas do varejo entre março e abril de 2016, nos 27 estados pesquisados, 17 apresentaram índices positivos, 09 apresentaram índices negativos e um estado ficou estável em relação as vendas deste período (IBGE, 2016a).
Como as vendas está diretamente relacionadas ao crédito, ou seja, quanto mais as pessoas forem inadimplentes, menos pessoas realizarão compras, dificultando assim as vendas. Além disso, as pessoas que ainda possuem o poder de compra sentem-se inseguras frente à perspectiva da crise e se retraem e evitam gastar. Isso se comprova com a pesquisa do IBGE (2016a), realizada em dez ramos com atividade no comércio, comparando o volume de vendas entre março e abril de 2016, mostra que os hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo tiveram retração. Destaca-se também, os combustíveis e lubrificantes, artigos de uso pessoal e doméstico, os móveis e eletrodomésticos que marcaram quedas de mais de 10% nas vendas no período analisado.
Diante desses fatos, a crise econômica ainda está presente no país e em meio a tantas dificuldades, a sua saída será bastante delicada, assim como destacam os autores Pignata e Carvalho (2015), quando afirmam que o desaquecimento econômico pode continuar intenso até meados do ano de 2018.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse estudo buscou analisar os indícios da crise brasileira por meio do levantamento de dados do número de devedores do comercio, registrados no SPC e no CNDL. Diante disso, foi constatado um crescente índice de pessoas inadimplentes e o volume de dívidas atreladas a essas pessoas. Percebeu-se também, que não foi somente um motivo que acarretou a crise na economia brasileira, pois, os diferentes setores da economia mostraram sinais de desestabilização, bem como o desequilíbrio das finanças do povo brasileiro, impactando diretamente nas vendas no comércio dos municípios brasileiros.
Atualmente, praticamente a metade da população brasileira não consegue arcar com seus compromissos referentes às suas compras. Esse índice de inadimplência é oriunda de uma política que investia no aquecimento econômico, com crédito facilitado a longo prazo. Porém, com a crise econômica e política do País, a realidade econômica mudou, e a taxa de desemprego aumentou e o poder de compra dos brasileiros reduziu.
O País terá grandes desafios para voltar aos seus índices positivos de anos anteriores. O primeiro semestre de 2016, mostrou algumas perspectivas de mudança, contudo insignificativas frente aos grandes desafios a serem superados. Já no segundo semestre, o País passa por mudanças, porém o ritmo da retomada é lento, fazendo com que a saída dessa recessão seja lenta e desafiador no dia-a-dia do brasileiro. Desse modo, sugere-se aplicar novos estudos que demonstrem possíveis ajustes que contribuíssem para a saída do País da atual crise econômica.

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* Graduada em Administração de Empresas pela Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. Pós Graduanda em Gestão Estratégica de Pessoas com foco em coatch pela UNESC. E-mail: meline.vitalidu@gmail.com.

** Graduada em Administração de Empresas pela Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. Graduanda em Ciências Contábeis pela UNESC. E-mail: tainarasredivo@gmail.com.

*** Doutora em Engenharia e Gestão do Conhecimento - EGC pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Professora do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Desenvolvimento Socioeconômico (PPGDS), modalidade mestrado, na Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC. E-mail: criskyamaguchi@gmail.com


Recibido: 17/10/2016 Aceptado: 27/10/2016 Publicado: Octubre de 2016

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