Meiri Onishi*
Giuliano Derrosso**
Centro Universitário Dinâmica das Cataratas, Brasil
meiri448@hotmail.comResumo: A pesquisa objetivou verificar a percepção dos acadêmicos do curso de Administração, sobre a profissão de administrador, frente a grande quantidade de cursos de Administração ofertados no Brasil. Para o desenvolvimento posterior do trabalho, investigou-se as instituições privadas no país, bem como para o embasamento teórico foram apresentadas discussões de autores sobre a Administração, Administração no Brasil, administrador, carreira e percepção. Para obtenção dos dados, foi aplicada a análise quantitativa, através de questionário e realizada pesquisa de campo em uma dada instituição privada que oferta o curso de Administração, aplicada somente para os acadêmicos de Administração, com um total de 272 questionários aplicados, compostos por 181 validados e 91 invalidados. Os resultados revelam que os acadêmicos afirmam saber o que faz um administrador, pretendem seguir carreira em empresa privada, acreditam estar aptos como profissionais após a graduação e também acreditam no sucesso profissional influenciado pela boa formação acadêmicas e experiências adquiridas. Por outro lado, esses discentes não pretendem atuar em ONG’s e dizem não possuir em sua grande maioria conhecimento sobre a Lei que regulamenta a profissão de administrador, percebe-se também que é despertado a necessidade de se fazer exame de proficiência, em vista de uma maior valorização profissional.
Palavras-chave: Percepção, Administração, Profissão de Administrador.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Meiri Onishi y Giuliano Derrosso (2016): “A percepção dos acadêmicos de institução particular sobre a profissão de administrador”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, (julio-septiembre 2016). En línea:
http://www.eumed.net/rev/cccss/2016/03/administracion.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/CCCSS-2016-03-administracion
1. Introdução
É indiscutível que o ato de administrar existe há muitos anos, sendo necessário para a organização e funcionamento de qualquer situação seja ela simples ou complexa. O Censo da Educação Superior 2013, divulgado pelo MEC - Ministério da Educação e pelo INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira registrou 7,3 milhões de estudantes matriculados em instituições de ensino superior. A quantidade de alunos em cursos de graduação no período de 2003 a 2013 aumentou 76,4%. Sendo o curso de Administração o mais procurado do Brasil com 800 mil estudantes, seguido por Direito 769 mil e Pedagogia com 614 mil. (PORTAL BRASIL, 2014).
Assim sendo, o presente trabalho tem a finalidade de identificar a percepção dos acadêmicos sobre a profissão de administrador e analisar as dificuldades encontradas para a definição desse profissional.
Diante desse processo depara-se com a problemática de saber:
Qual a percepção dos acadêmicos do curso de Administração de uma instituição privada sobre a profissão e carreira de administrador?
O objetivo geral tem o intuito de analisar a percepção dos acadêmicos de Administração de uma instituição privada sobre a profissão e a carreira de administrador.
Os objetivos específicos referem-se a:
1. Realizar uma revisão teórica sobre a carreira e profissão de administrador e seu papel no mercado de trabalho;
2. Verificar a percepção dos alunos de uma instituição privada, sobre a profissão de administrador;
3. Analisar os resultados compreendendo a percepção dos alunos sobre a profissão de administrador.
O presente trabalho buscou identificar a importância de entender sobre o conceito do profissional administrador, tendo como este item essencial, se não o mais importante para os acadêmicos de Administração, pois dependendo do grau de conhecimento que se tem, maior é o engajamento e dedicação para o aproveitamento do curso. Sobral & Peci (2008), diz que independentemente da área funcional de atuação, é importante entender a essência do administrador, sendo primordial conhecer quais papéis desempenha, quais aptidões, habilidades e competências.
A relevância do trabalho realizado deu-se a partir da dificuldade encontrada em entender o que é ser um profissional administrador, dada a sua ampla atuação acaba ocasionando tal questionamento. Desde essa indagação, surgiu também a dúvida em saber se os objetivos da Administração vão de encontro aos objetivos pessoais dos acadêmicos.
Esse capítulo serve de base para explanar as implicações do tema pesquisado e das informações coletadas acerca dos acadêmicos das instituições privadas e do profissional administrador no âmbito nacional, sendo esses dados demonstrados por gráficos. Nessas serão divulgadas as informações sobre matrículas, ingressos e concluintes e administradores no Brasil.
Conforme o INEP (2012/2013), no Brasil é ofertado mais de 30.000 cursos de graduação, no qual são subdivididos em área geral do curso de: Ciências sociais, negócios e direito; Educação; Saúde e bem-estar social; Engenharia, produção e construção; Ciências, matemática e computação; Agricultura e veterinária; Humanidades e artes e por fim serviços.
Os dados informados são referentes ao ano 2012 e 2013, pois não foram encontrados dados mais atuais do Censo Educação Superior divulgados pelo INEP até a data da execução do presente trabalho.
Conforme gráfico 1, observa-se que mesmo não possuindo considerável expressão visual, nota-se que houve uma pequena redução de instituições privadas no Brasil durante esse período.
Segundo o MEC, existem hoje no Brasil 1.554 cursos de Administração, e desse total, 672 (43,2%) obtiveram o conceito 3 no ENADE 2012, apresentando um nível intermediário. A princípio se fossem analisados os outros cursos de um modo geral, pode-se considerar que o curso de graduação de Administração ainda possui motivos para comemorar.
Ao observar o gráfico 2, percebe-se que o curso de Administração a distância vem crescendo no Paraná, e é mais facilmente constatado na cidade de Foz do Iguaçu que conforme o gráfico já adquiriu uma pequena vantagem sobre o curso presencial de Administração em Foz do Iguaçu.
Ao verificar o gráfico 3, nota-se que o ano de 2012 e 2013, a relação de matrículas para ingressos caem consideravelmente, e assim segue a redução não a maior, mas não menos importante da relação dos ingressos com os concluintes. De modo geral, as informações coletadas do curso de Administração bem como todos os outros cursos ofertados no Brasil seguem o mesmo padrão de redução de números de matrículas para ingressos e desses para concluintes.
Visto as condições de matrículas, ingressos e concluintes, não se pode deixar de citar o número de administradores do Brasil e do Paraná.
A tabela 1 representa a quantidade de administradores no Brasil por região, com total de pessoas físicas 360.942 e pessoas jurídicas de 38.231, atenta-se que no Estado de São Paulo o número de administradores pessoas físicas e jurídicas é de 64.150 e 7.820 respectivamente, e possui um maior destaque pela sua considerável diferença em relação as outras regiões, uma dessas causas prováveis pode estar relacionada ao número de habitantes e indústrias que ali estão instaladas. Conforme verificado na tabela, as pessoas físicas e jurídicas por região não seguem vinculadas, possuindo certo grau de diferença.
Quanto ao Estado do Paraná, ele se encontra na oitava posição de pessoas físicas com 17.406 e pessoas jurídicas na nona posição com 1.500 administradores. A região onde possui o menor índice de profissional pessoa física é o Acre com 1.540 e pessoa jurídica em Tocantins com 118. De acordo com o Conselho Federal de Administração essa relação é elaborada com administradores registrados no órgão, não necessariamente todos são cadastrados, em vista disso é provável considerar que esses dados podem ir muito além do que verificado, pois podem existir muito mais administradores informais pessoas físicas e jurídicas não cadastradas no CFA.
Através da fundamentação teórica buscou-se informações bibliográficas para a confirmação e ou para mais questionamento sobre o tema explorado no presente trabalho. Foram abordados os conceitos e a visão de autores sobre a Administração, administradores e suas implicações.
O significado básico do ato de administrar para Kwasnicka (2012, p.20,21) é “um processo pelo qual o administrador cria, dirige, mantém, opera e controla uma organização”. Para a autora existe outro significado que complementa o primeiro que diz: “O campo da Administração é integrativo, por natureza, trazendo aspectos relevantes de outras disciplinas e, ao mesmo tempo, desenvolvendo seu próprio conjunto de conceitos”.
Não se pode deixar de citar uma breve relação histórica da origem da Administração. No século XIX e XX, com a expansão das fábricas e redução de lavouras os camponeses desprovidos de conhecimentos fabris, lotavam as fábricas, pagos por produtividade, para Bernardes e Marcondes (2003, p. 29), “especialistas desenvolveram métodos sob o nome de “Administração Científica” (que nada tinha de científico) ”.
Maximiano afirma que a base da Administração moderna é constituída por Fayol – organização da empresa e papel do dirigente, Ford – organização do processo produtivo principalmente por industrias automotivas, que se tornou universal e superam o tempo, e Taylor – eficiência do trabalho operacional. Sendo que Ford e Taylor se preocuparam na organização de baixo para cima e Fayol buscou a organização a partir dos níveis executivos. (MAXIMIANO, 2000, p. 59, 62)
Ao analisar algumas teorias pode-se dizer que nenhuma abordagem está completamente certa e nem totalmente errada, ou seja, a adequação das abordagens irá depender de cada situação e de cada organização e os conhecimentos das teorias podem ajudar a orientar na tomada de decisão. (WAGNER e HOLLENBECK, 2012, p. 52)
Henry Mintzberg apud Lacombe e Heilborn (2008, p. 51), enfatiza que estudos realizados mostraram que “na maioria dos casos, a atividade administrativa é caracterizada por: (a) variedade, fragmentação e brevidade; (b) grande quantidade de tarefas num ritmo desconexo”.
Os administradores do futuro também enfrentarão muitos dos problemas vividos no passado como: variações na economia, mudança constante no mercado, evolução tecnológica. (KWASNICKA, 2012)
No Brasil, percebe-se que existe uma cultura que apresenta traços peculiares que diferem de outras culturas. (SOBRAL E PECI, 2008, p. 17)
Não seria estranho identificar também que suas formas de administrar também fossem diferentes de outros. Segundo Barros e Prates apud Sobral e Peci (2008, p. 17), “pesquisadores desenvolveram um modelo de interpretação da cultura brasileira segundo quatro grandes subsistemas: o institucional, o pessoal, o dos líderes e o dos liderados”.
É preciso lembrar que o fato de termos práticas administrativas diferentes de outras culturas, muitas delas defendidas como as mais corretas, não significa que a prática brasileira esteja errada.
A globalização trouxe a abertura dos mercados e com ela os desafios da Administração, no qual houveram mudanças como: o aumento da concorrência, clientes mais exigentes, preocupação com a responsabilidade social e com a ética, e novas tecnologias que com a mesma rapidez em que surgem se tornam obsoletas.
Os administradores ou gestores são membros que tem como objetivo orientar as organizações, otimizando seus recursos para atingir seus objetivos. Objetivos esses que serão atingidos através de uma eficiente coordenação de um conjunto de pessoas. (SOBRAL E PECI, 2008)
O papel do administrador é obter resultados através dos conhecimentos de Administração e utilizar essas habilidades para liderar as pessoas que são necessárias para atingir seus objetivos. (LACOMBE E HEILBORN, 2008, p. 3)
Habilidade técnica é a experiência e conhecimento específico para a realização de uma atividade profissional. Habilidade humana é a capacidade de interação, compreensão, motivação e comunicação com as pessoas e por intermédio delas conseguir atingir objetivos comuns. Habilidade conceitual ou visão sistêmica é visualizar a organização como um todo, significa dizer que são várias partes interligadas e interdependentes que qualquer ação que ocorra dentro dela, afetará todas as partes. Essa habilidade abrange também a análise do ambiente externo como a política, economia e tecnologia. (ANDRADE E AMBONI, 2011; ROBBINS, JUDGE E SOBRAL, 2010)
A partir do momento em que as vantagens competitivas tradicionais como tecnologia e mão-de-obra barata, não são mais suficientes para fomentá-la, os profissionais e suas competências passam a destacar-se como diferenciação estratégica. (SANTA’ANNA, 2008)
Lacombe e Heilborn (2008, p.494), diz que “é preciso não só compreender as necessidades de mudanças como fazê-las acontecer [...] numa época em que a única certeza é a incerteza, a única fonte de vantagem competitiva duradoura é o conhecimento”.
A partir da Segunda Guerra Mundial, com a transformação das empresas, a Administração de Carreiras passa a ter uma maior importância. Ela foi influenciada pela Escola de Administração Científica e era uma atribuição particular das empresas. Durante anos a Administração de Carreiras sofre alterações e somente na década de 80 é estabelecida a sua prática nas empresas. (DUTRA, 2012)
Algumas constatações afirmam que existem disparidades nos valores de profissionais formados há mais tempo e os que são recém-formados. Profissionais mais experientes, possuem valores como o de interesse coletivo, ao passo que profissionais no início de carreira possuem interesses individuais. (REIS ET AL. 2010, p.50)
A redução da oferta de empregos, a complexidade das organizações e o aumento das exigências de mercado tem causado reflexo no comportamento das pessoas, que em consequência disso investem mais em sua formação e iniciam sua vida profissional mais tardiamente. (DUTRA, 2012, p. 40)
Segundo Robbins, Judge e Sobral (2010, p.159), “percepção pode ser definida como o processo pelo qual os indivíduos organizam e interpretam suas impressões sensoriais com a finalidade de dar sentido ao seu ambiente”. A percepção é a forma individual de como cada pessoa percebe ou interpreta situações.
Bergamini (2005, p. 323), conclui “que cada um de nós cria seu mundo próprio de realidade, e que esse mundo próprio da realidade, tal como o sentimos, inclui nossos medos e esperanças, nossas frustrações e aspirações, nossas ansiedades e a nossa própria fé”.
Os estudos de Likert sobre a percepção, explica que as pessoas podem observar coisas distintas em uma mesma imagem, ou seja, as diferenças de percepções irá variar conforme a interpretação de cada pessoa. (LACOMBE, 2012, p. 98)
Para melhorar ou reduzir os problemas de percepção é fundamental que haja uma atenção maior, uma periodicidade no grau de observação ao analisar mais profundamente o que deve ser observado e adquirir mais informações (conhecimento) sobre o assunto ou situação a ser percebida. (WAGNER E HOLLENBECK, 2012, p. 95, 96)
Os procedimentos metodológicos utilizados foram do tipo aplicada, pois a estrutura de todo o trabalho foi baseada em pesquisas descritas por autores que possuem conhecimentos específicos na área. A pesquisa teve a finalidade de verificar na prática, se algumas indagações propostas nos objetivos específicos possuíam ou não uma solução para o problema. Quanto ao problema, o trabalho foi baseado na pesquisa quantitativa, pois esta se enquadrou na forma que foram aplicados os dados através de questionários para acadêmicos de Administração de uma instituição privada.
No que se refere aos objetivos, é observado então, que o objeto dessa pesquisa foi de cunho exploratório e descritivo, dado que teve como propósito investigar elementos que ocorreram em certo tempo e espaço, na realidade de um determinado grupo de pessoas.
Os procedimentos possuem fundamento na pesquisa bibliográfica, em que a pesquisa bibliográfica é elaborada baseando-se em livros, artigos científicos, publicações periódicas. Sua principal vantagem é a maior quantidade e os meios de se obter fontes variadas de informações se comparado com aquela que poderia pesquisar diretamente. (GIL, 2002, p. 44-45)
Para a escolha da população foi utilizado a amostragem probabilística, em que a escolha dos pesquisados foi feita de forma aleatória, em uma instituição privada, com população total de 427 acadêmicos de Administração matriculados em 2015, sendo subdivididos em oito períodos, primeiro e terceiro período matutino 16 e 18 respectivamente, já no período noturno: primeiro período 82 alunos, segundo período 33, terceiro período 50, quarto período 34, quinto período 56, sexto período 33, sétimo período 61 e oitavo período 44 alunos, ministradas em quatro anos letivos.
Para o presente trabalho, o instrumento de coleta de dados utilizado na pesquisa foi o questionário, elaborado com trinta perguntas fechadas, separadas em quatro categorias: perfil; visão do curso de Administração; futuro profissional e mercado de trabalho; e carreira do profissional administrador. Quanto as respostas, foi utilizado a escala de 5 pontos de Likert, sendo as seguintes opções: definitivamente sim (1), provavelmente sim (2), indeciso (3), provavelmente não (4), definitivamente não (5).
Por fim para a análise dos dados foram utilizados dados estatísticos, em que após os dados coletados e tabulados, inicia-se a análise estatística, que é dividida em dois níveis: descrição dos dados e avaliação das generalizações.
Para a obtenção dos dados, o questionário foi aplicado em uma instituição privada para os acadêmicos do curso de Administração, e sendo aplicados um total de 272 questionários, destes, 91 questionários por apresentarem uma ou mais respostas sem classificação ou com rasuras, foram invalidados por possuírem escassez de informações para o estudo. Sendo aplicado para o período matutino 2º e 4º período, e noturno do 1º ao 8º período, nos meses de agosto e setembro de 2015.
No que diz respeito a visão sobre o curso de Administração, este por sua vez objetiva identificar a perspectiva dos acadêmicos acerca do curso com a profissão de administrador e suas áreas de atuação.
Ao identificar o nível de esclarecimento sobre o administrador, houve também a necessidade de averiguar quais afinidades estes possuem com o curso.
A pergunta do gráfico 5, possui mais de uma opção de resposta para serem avaliadas, conforme apresentado no gráfico.
Os acadêmicos apresentaram maior afinidade na área gerencial com 70% das respostas, seguidos por finanças, marketing e recursos humanos com 65%, 62% e 57% respectivamente.
Sobre as habilidades necessárias para cada área da Administração, Lacombe (2012), relata que as habilidades fundamentais mudam conforme o nível hierárquico que irá atuar, habilidades conceituais (alta direção), habilidades humanas e técnicas (gerencial, níveis abaixo da alta Administração).
Henry Mintzberg apud Lacombe e Heilborn (2008, p. 51), enfatiza que estudos realizados mostraram que “na maioria dos casos, a atividade administrativa é caracterizada por: (a) variedade, fragmentação e brevidade; (b) grande quantidade de tarefas num ritmo desconexo”.
Esse capítulo, teve o propósito de identificar as dificuldades e a predisposição dos discentes a respeito do profissional administrador e o mercado de trabalho.
Após o processo de industrialização, a demanda por administradores passou a ter maior significância e constatou-se a necessidade de criar a Lei 4.769/65 para atividades de Administração em qualquer de seus campos, e assim, estabelecendo também seu órgão fiscalizador. O gráfico 6, apresenta o resultado do questionamento sobre o conhecimento da Lei do exercício da profissão de administrador.
Observa-se que 84% dos respondentes, estão indecisos ou não tem conhecimento sobre a Lei e somente 16% responderam que possuem conhecimento sobre a Lei que regulamenta as funções e o exercício do profissional administrador. Diante disso, a inexistência de conhecimento da Lei pode estar relacionada a falta de meios de informação, e ou até mesmo falta de interesse do acadêmico, dentre outros motivos.
Para atingir os objetivos das organizações, se faz necessário um profissional competente e apto, levando isso em consideração, procurou-se ilustrar no gráfico 7, os acadêmicos que acreditam ou não a estarem aptos como profissional administrador após a graduação.
Os acadêmicos que representam 80%, acreditam que após a graduação estarão aptos para atuar como profissional administrador, enquanto os indecisos e os que não acreditam estar aptos representam 20%. Os acadêmicos que acreditam estar aptos para atuar como profissional e que se sentem satisfeitos com o conteúdo programático representam 81% dos acadêmicos e desses os que optaram por ser um empreendedor administrador ou intraempreendedor são manifestados por 67%.
Existem constatações que afirmam que os valores profissionais dos recém-formados possuem interesses individuais, enquanto os profissionais experientes possuem valores de interesses coletivos. (REIS ET AL.,2010)
No interesse de divulgar a opinião sobre o tipo de empresa que os acadêmicos pretendem atuar foi elaborado o gráfico 8.
Observa-se no gráfico que os acadêmicos que pretendem atuar em empresa privada são expressos por 81%, seguidos por 56% que pretendem atuar em empresa pública e 48% na área de prestação de serviços. O dado que se apresentou com maior índice que optaram por indecisos e provavelmente/definitivamente não, foram para ONG’s, representados por 77% dos respondentes. Os dados evidenciam que as pessoas acreditam muito no setor privado, mas não possuem interesse em organizações não governamentais, isso pode estar relacionado a percepção de cada indivíduo, ao que conclui Bergamini (2005, p. 323), “que cada um de nós cria seu mundo próprio de realidade, e que esse mundo próprio da realidade, tal como o sentimos, inclui nossos medos e esperanças, nossas frustrações e aspirações, nossas ansiedades e a nossa própria fé”.
As chances de sucesso profissional e o exame de proficiência para o profissional administrador foram ilustradas no gráfico 9.
Com representatividade de 81%, os acadêmicos acreditam que possuem chance de sucesso profissional sendo um administrador, já os indecisos e os que não acreditam passam a representar 19%.
Algumas profissões já possuem como exigência para atuação no mercado o exame de proficiência, esse foi um dos motivos que estimulou a pergunta, e o outro motivo originou-se pelo fato de existirem mais de 1.500 cursos de Administração no Brasil, conforme dados do MEC.
Os acadêmicos que concordam em fazer um exame de proficiência para o profissional de Administração representam 67%, e não mais que 33% indecisos ou contrários ao exame. Verifica-se então, que é notável o interesse dos acadêmicos em fazer um exame de proficiência para melhorar a valorização e qualidade do profissional administrador.
Indecisos e insatisfeitos com as oportunidades candidato/vaga representam de 42%, entretanto, os que acham satisfatórias as oportunidades são evidenciadas por 58%. Os que acreditam ser satisfatórias as oportunidades e também responderam que uma boa formação acadêmica, experiências adquiridas e cursos de extensão podem influenciar o sucesso do administrador equivalem a 84%. Dos acadêmicos que concordam que as oportunidades para o administrador são satisfatórias, 70% também acreditam que as exigências do mercado vão de encontro com o aprendizado.
A redução da oferta de empregos, a complexidade das organizações e o aumento das exigências de mercado tem causado reflexo no comportamento das pessoas, que em consequência disso investem mais em sua formação e iniciam sua vida profissional mais tardiamente. (DUTRA, 2012, p. 40)
Nesse capítulo, buscou-se analisar que é igualmente importante saber quais concepções os alunos possuem sobre a carreira do profissional administrador.
Diante disso, foram demonstrados no gráfico 11 a percepção dos acadêmicos sobre a carreira do administrador e as concepções sobre a remuneração do administrador possuir média maior do que outras profissões.
Mostram-se concordar em definitivamente/provavelmente sim os que percebem positiva a carreira do administrador com 87% de aprovação, entretanto 13% não concordam ou estão indecisos. Verifica-se que os acadêmicos externam uma expectativa positiva sobre a carreira do administrador. Os acadêmicos que percebem ser boa a carreira do administrador e não considera ou estão indecisos quanto a comparação da remuneração de um administrador com outras profissões é expressa por 68% e somente 32% considera a remuneração do administrador com média maior que outras profissões.
Dutra (2012), ressalta que é um fator importante estimular as pessoas para planejar suas carreiras e que esse planejamento faz com que pensem em seu desenvolvimento a partir delas próprias.
Já na área da percepção profissional, esta irá depender essencialmente de uma motivação consciente do mercado de trabalho e ainda uma real identificação ou afinidade com a futura profissão. (SANTOS E CASSUNDÉ, 2010)
No gráfico 12, são apresentados se os acadêmicos consideram que um administrador possui mais chances de sucesso profissional que outras profissões.
Os acadêmicos não acreditam ou estão indecisos em relação a ter mais chances de sucesso profissional que outras profissões com 59%, já aqueles que acreditam que um administrador possui mais chances de sucesso profissional que outras profissões representam 41%, dentre esses respondentes 57% estão indecisos ou não concordam que a remuneração do administrador seja na média maior que as outras profissões.
Como diz Lacombe e Heilborn (2008, p. 494), “é preciso não só compreender as necessidades de mudanças como fazê-las acontecer [...] numa época em que a única certeza é a incerteza, a única fonte de vantagem competitiva duradoura é o conhecimento”.
Não se pode afirmar que o administrador tenha mais ou menos chances de sucesso que outro profissional, como descrita por Silva (2012) que “o administrador igualmente como outros profissionais devem ter um curso superior, provido de conhecimentos essenciais decorrente de um extenso tempo adquirido no meio acadêmico”.
Este estudo teve por objetivo analisar a percepção de acadêmicos de uma dada instituição privada sobre a profissão de administrador, partindo do pressuposto, que é de suma importância entender o que faz o profissional administrador, pois as “coisas” passam a ter sentido a partir do processo de significação, tornando assim, os objetivos mais claros na absorção do conhecimento, podendo assim, nos guiar para o desenvolvimento de um profissional mais confiante e apto para o mercado.
Os dados da pesquisa apontam que os acadêmicos sabem o que faz o administrador, pretendem seguir carreira em empresa privada, possuem maior afinidade gerencial, acreditam estar aptos como profissional após a graduação e também acreditam no sucesso profissional influenciado pela boa formação acadêmica e experiências adquiridas. Mas por outro lado, a maioria desses discentes não possuem conhecimento da Lei que regulamenta a profissão de administrador, percebe-se também que é despertado a necessidade de se fazer exame de proficiência. Já os itens que se apresentaram pessimistas foram: dar continuidade ao(s) negócio(s) da família, não possuir afinidade na área de materiais, não pretendem atuar em ONG’s (77%), mais de 40% se apresentam insatisfeitos quanto as oportunidades (candidato/vaga), e mais de 50% não acredita ter mais chances de sucesso profissional que outras profissões.
Conclui-se com o trabalho, que grande parte dos acadêmicos se apresentam otimistas e acreditam na profissão de administrador, mesmo assim percebem a necessidade de maior valorização profissional perante o mercado de trabalho e a sociedade. Essas evidências são restritas a população em que se aplicou a pesquisa, podendo haver, se caso aplicado novamente, respostas diferentes em outras amostras. É também possível, que o trabalho possa contribuir para melhorar o processo de aprendizagem, tanto para os gestores do curso de Administração, quanto para a instituição de ensino superior, visto que trouxe a perspectiva dos alunos no que se refere a profissão de administrador.
Dessa forma, sugere-se investigar por qual motivo os acadêmicos da instituição privada se apresentam otimistas quanto ao profissional administrador. Uma outra sugestão, seria investigar junto aos empresários, o que seria um profissional administrador ideal, quais competências, conhecimentos que se esperam de um profissional recém-formado.
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** Doutorando em Sociedade, Cultura e Fronteiras (UNIOESTE), Mestre em Administração (UEM), graduado em Psicologia. Professor dos cursos de graduação e pós-graduação do Centro Universitário Dinâmica das Cataratas (UDC).
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