Juliana Cordeiro Modesto*
Rhaussely Waldecy Souza de Moraes**
Universidade Federal do Pará, Brasil
modestojuliana22@yahoo.com.brResumo
Este trabalho concebe a Passagem Pedreirinha, localizada no Bairro do Guamá – situado no Norte do Brasil em Belém do Pará, como um espaço de agregação antiviolência por meio da arte popular. O artigo tratará deste ambiente multifacetado de bairro mais populoso de Belém e também um dos mais violentos. A metodologia procedeu-se por revisão bibliográfica e entrevistas com as lideranças dos grupos culturais, tendo a finalidade de conhecer suas vivências e dificuldades enfrentadas em cada grupo. Evidenciamos que a Pedreirinha vivenciou e vivencia histórias de resistência e resiliência dos grupos artísticos e religiosos. Suas ações não demonstram comportamento de acomodação ou conformismo, pois presenciamos a mobilização para o autofinanciamento das atividades culturais que se tornaram “tradição” na rua. Elas partem de uma consciência cidadã presente nas narrativas que expressam resistência e insubmissão, pois enfrentam a não efetividade das políticas públicas, e assim, criam seus próprios instrumentos de proteção, configurando-se como elementos possíveis para redimensionar o seu olhar perante as situações adversas viveciadas na comunidade.
Palavras-chave: Resiliência, Cultura Popular, Comunidade.
Abstract
This article is regarding the street Passagem Pedreirinha in the Guamá neighborhood of Belém in the northern Brazilian state of Pará. Located in the most populated and most violent neighborhood of the city, Passagem Pedreirinha is conceived, in this article, as a multi-faceted space where popular art forms are utilized in anti-violence initiatives. The methods employed in this investigation involved an overview of pertinent bibliography as well as interviews with community leaders of the cultural expressions found in Passagem Pedreirinha to determine their experiences and the difficulties they face. The evidence found shows that the artistic and religious groups of Pedreirinha have a long history of resistance and resilience. These groups were found to be non-conformist vis à vis societal pressures and economically self-sufficient in their cultural activities which have become popular traditions. These traits stem from a civic consciousness that is present in the narratives of the community leaders that express resistance and indomitability in the face of the ineffectiveness of public policies, provoking the groups to create their own instruments of social protection in order to confront the adverse circumstances experienced by the community.
Keywords: Community, Resilience, Popular Culture
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Juliana Cordeiro Modesto y Rhaussely Waldecy Souza de Moraes (2016): “Passagem Pedreirinha: um ambiente de resiliência e, assim, de patrimônio cultural”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, (abril-junio 2016). En línea: http://www.eumed.net/rev/cccss/2016/02/comunidade.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/CCCSS-2016-02-comunidade
Guamá é vocábulo indígena que significa rio que chove. Está localizado na Região Sul da cidade de Belém, faz fronteira com os bairros de Canudos, São Braz, Terra Firme, Condor e Cremação. Exibe uma área urbana de 4.127,78 Km², sendo um dos onze bairros que compõe o Distrito Administrativo do Guamá (DAGUA)1 .
É considerado um bairro periférico, apesar de localizar-se próximo ao centro da cidade. Nele encontram-se alguns serviços públicos que subsidiam a Região Metropolitana de Belém, como: a Universidade Federal do Pará; o Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza que realiza diagnósticos e tratamentos de média e alta complexidade; o Hospital Pronto Socorro do Guamá; o Serviço de Atendimento ao Cidadão (SACI); um Posto de Saúde; uma Delegacia de Polícia; 14 escolas públicas; o Espaço Cultural Mestre Setenta (sede do D’AGUA); 3 creches; um hotel de categoria internacional; o Cemitério Santa Izabel; várias casas comerciais. Também no Guamá há a presença de instituições não governamentais e organizações culturais e comunitárias: o Lar Fabiano de Cristo - LFC, que recebe subsídios da Capemi (Caixa de Pecúlios dos Militares ou Caixa de Pecúlios, Pensões e Montepios – é através do recurso financeiro arrecadado por meio da folha de pagamento dos militares que as ações assistenciais são realizadas às famílias dos bairros Guamá e Terra Firme, no LFC); os centros comunitários; o Espaço Cultural Nossa Biblioteca; e as manifestações culturais e religiosas.
O Guamá possui também uma orla composta por dezenas de portos particulares que servem de entrada e saída de ribeirinhos que vêm de municípios próximos e utilizam esses espaços como entrepostos comerciais, onde são comercializadas mercadorias como madeira, farinha, frutas regionais e uma variedade de produtos (Dias Junior, 2009).
O lugar de maior movimento do Bairro direciona-se a Rua Barão de Igarapé Miri, ao qual se localiza uma feira livre que funciona diariamente e que movimenta um grande fluxo de pessoas principalmente pela parte da manhã. Às margens esquerda e direita da rua citada acima, existem dezenas de ruas, passagens, vilas e becos:
Nesses lugares, os moradores se desdobram no dia-a-dia, estabelecendo relações de convivência e vizinhança nos seus burburinhos cotidianos, compartilhando experiências diversas que o caracterizam como bairro popular de grande densidade populacional (Dias Junior, 2009, p: 42).
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas - IBGE (2010) é o mais populoso da cidade de Belém por possuir 94.610 habitantes. Como também, é considerado um dos mais violentos da cidade, de acordo com o Centro de Referência Especializado da Assistência Social – CREAS LA/PSC, registrando um dos maiores números de adolescentes em cumprimento de Medidas Socioeducativas de Liberdade Assistida – LA e de Prestação de Serviço à Comunidade – PSC, 187 casos são do Guamá e também de jovens envolvidos em conflitos e gangues de rua (Creas / Funpapa, 2008).
Situações como as destacadas acima (como também a ineficiência de acesso à saúde; a precaridade do saneamento básico; a evasão escolar; o alto índice de pessoas trabalhando na informalidade; o tráfico de drogas; alto índice de homicídios) são as que mais se destacam na mídia e não a riqueza das manifestações culturais existentes e luta de seus habitantes pela manutenção dos seus bois bumbás, cordões de pássaros, escolas de samba, cantigas de ladainhas, quadrilhas juninas, instituições religiosas, que se constituem em espaços de agregação de cultura antiviolência.
Segundo a Fundação Cultural de Belém - FUNBEL o bairro do Guamá apresenta registrados 34 grupos de expressão cultural 2, contando com 8 grupos de boi bumbá, 20 quadrilhas juninas, 2 grupos de pássaros, 2 blocos carnavalescos, 2 escolas de samba, que mobilizam a comunidade não apenas nos meses de festa (fevereiro e junho), mas durante o ano todo [...] Apesar da dimensão espacial do bairro existe nele um lugar que é considerado por muitos moradores como “termômetro cultural”. Este lugar é a Passagem Pedreirinha [...] que é famosa por abrigar várias manifestações culturais. (Dias Junior, 2009, p: 46)
Em entrevista, Kleber Oliveira – carnavalesco e griô3 , afirma que os moradores, como também, os artistas populares pertencentes ao bairro sentem-se descrentes do Poder Público no que diz respeito à efetivação de políticas públicas que beneficiem toda a população guamaense (Modesto, 2013). A estudiosa Heliana Evelin (2007) destaca que o Guamá possui uma população equivalente a médios municípios brasileiros, porém “é um dos bairros mais carentes em equipamentos culturais na cidade de Belém” (Evelin, 2007, p:16). Um dos aspectos observados no seu território é o carecimento de espaços de lazer, principalmente as praças, que são lugares privilegiados de socialização e recreação das crianças. “As praças possuem uma grande importância nos centros urbanos ao propiciar lazer, espaços para atividades culturais e esportivas e oportunidades para o sossego e contemplação paisagística.” (Alencar; Leão; Veríssimo, 2007). A pesquisa Belém Sustentável - 2007, realizada pelos autores citados acima, mostra que entre as capitais do Brasil com maior proporção de praças (em relação ao território e tamanho da população), destaca-se Porto Alegre com 539 praças somando cerca de quatro milhões de metros quadrados. Já a cidade de Belém abriga 207 praças com uma área de um milhão de metros quadrados. Ou seja, a pesquisa de 2007 mostra que um terço dos bairros, há seis anos, não possuíam praças, mas observamos que a realidade não mudou muito. É notório advertir o descaso do Poder Público referente à preservação das praças existentes na cidade de Belém, no que diz respeito ao lixo e a degradação dos espaços públicos e suas edificações. No Guamá existem três praças: a Praça Frei Daniel; a Praça Benedito Monteiro e a Praça Alacid Nunes, porém o que observamos é que o bairro possui 4.127,78 Km² e quase 100.000 habitantes e essas praças possuem espaço micro, desproporcional para o equivalente de pessoas que residem no bairro.
É neste espaço multifacetado, que apresenta vários aspectos positivos e negativos, que se localiza a Passagem Pedreirinha – objeto de análise deste artigo. Ou seja, para que houvesse uma melhor compreenssão do leitor sobre o lócus da pesquisa, se fez necessário apresentar aspectos gerais sobre o bairro do Guamá para assim adentrarmos no universo sociocultural da rua.
A origem do nome da Passagem Pedreirinha se deu porque naquele local era uma pedreira. O primeiro nome da Passagem foi Pico da Pedra, depois a nomearam de Pedreirinha. Dona Elsa (responsável pela Festividade de São Pedro e São Paulo), em entrevista 4, diz que depois desse nome a renomearam, porém o nome não vingou.
A Passagem possui um espaço territorial de pouco mais de 400 metros de extensão. Atualmente, no seu pequeno território há a diversidade de cinco manifestações culturais e três manifestações religiosas: duas igrejas evangélicas (a Igreja Assembleia de Deus e a Igreja Assembleia do Avivamento Pentecostal – Brasa Viva); e o Terreiro de Mina Dois Irmãos que é o mais antigo da cidade de Belém - fundado no ano de 1890, tombado como Patrimônio Histórico do Estado do Pará no ano de 2010; a Associação Carnavalesca Bole-Bole; a Festividade de São Pedro e São Paulo; o Bloco Carnavalesco Mexe-Mexe; o Boi-Bumbá Malhadinho e o Grupo Folclórico Caldo de Turu. Vale ressaltar que nos deteremos a analisar, somente, as manifestações artísticas culturais, citadas acima, concebendo as intervenções culturais realizadas, pelo viés da arte popular, principalmente, como fator propiciador de resiliência (enfrentamento – superação – fortalecimento) no sujeito partícipe das atividades desenvolvidas em cada manifestação. Para compreender o conceito de resiliência, Ribeiro (2007) faz uma analogia com o semáforo, onde o sinal vermelho representa o enfrentamento da adversidade que nos faz parar por um momento; o sinal amarelo representa a superação e, o sinal verde, o fortalecimento, indicando que estamos prontos para novos desafios. O sinal amarelo é muito rápido, mas não podemos ignorá-lo e passarmos para mais uma etapa de nossas vidas, levando adversidades não resolvidas, que dificultarão etapas seguintes. Em síntese, no Serviço Social considera-se o conceito consolidado de resiliência como a capacidade que o indivíduo tem de enfrentar adversidades vivenciadas no dia-a-dia, superá-las, com o intuito de se fortalecer. Porém, é importante ressaltar que a resiliência nas pessoas deve diferenciar-se da resiliência de materiais principalmente por não estabelecer medidas, não podendo haver assim, um padrão ou uma fórmula de resiliência humana, nas ciências sociais e humanas. (Ribeiro, 2007, p: 21-22).
Podemos destacar como exemplo o Boi Malhadinho e a sua contribuição social para a comunidade do Bairro do Guamá, onde demonstra como essa brincadeira mantém a tradição de Boi Bumbá. Os brincates (Boi Bumbá) desempenham um papel muito importante dentro da cultura popular, através da educação musical com toadas, dança e contribuem para a continuidade da cultura pupular naquele território. (Moraes, 2012, p: 14).
A passagem Pedreirinha compreende uma série de atividades culturais [...] Trata-se de um lugar pacífico e democrático onde as pessoas sentam-se às suas portas para conversarem e trocarem informações em interação umas com as outras, diariamente, mas especialmente nos dias de eventos festivos, incluindo-se aí as relações de bem ou conflituosas. Mesmo com o enfrentamento de todos os tipos de problemas: perigos da violência urbana como em qualquer cidade; desigualdade social; falta de recursos para a promoção de atividades culturais; endividamentos para que isto seja possível, etc. (Ferreira, 2011, p: 01).
É denominada como a rua cultural do Guamá, sendo apontada por muitos como referência no bairro, pois seus moradores se mobilizam para realizar atividades culturais, recreativas e festividades, tendo a população guamaense oportunidade de participar e obter acesso a um espaço de sociabilidade, de alegria, de troca de experiências e de ludicidade que leva ao alcance da aprendizagem. Isto se dá através de fatores observados por Ferreira (2011), quando destaca haver “possibilidades de constatação de formas de sociabilidade inseridas nas manifestações e a ampliação das relações de interação” vivenciadas nas festividades, com os parentes, vizinhos, amigos que são convidados a participar dos eventos promovidos no local. (Ferreira, 2011, p: 02)
Desde quando eu cheguei à Pedreirinha, foi uma coisa que mudou totalmente a ‘nossa vida’ (minha e do meu marido Evaldo - falecido), porque em termos de cultura eu só tinha o carnaval e quando eu cheguei aqui começamos a nos envolver em muitas coisas, no boi, em quadrilhas, nas festas de São Pedro e São Paulo, no Bole – Bole, e com o Arraial do Pavulagem, passamos a ter um convívio maior com a cultura. Eu me envolvi muito e, se fosse pensar, talvez se eu não viesse morar aqui na Pedreirinha a minha vida hoje não estaria tão envolvida com cultura [...] acho que vivemos felizes aqui nesta rua. Tem muita gente que diz que nunca viu lugar como a Pedreirinha que é muito divertida, que eles veem as pessoas conversando na porta, se envolvendo uns com os outros; se tiver alguma festa todo mundo se ajuda, pode até ter aquela briguinha, mas quando é pra ajudar todo mundo se envolve, é difícil eu sair daqui, porque pra achar lugar como a Pedreirinha, esta difícil. Entrevistada Doralice Maciel, do Boi Malhadinho. (Modesto, 2013, p: 35).
Sendo assim, este ambiente sociocultural “aponta a possibilidade de que os locais possam tornar-se sujeitos, portadores de recordação e possivelmente dotados de uma memória que ultrapassa amplamente a memória dos seres humanos”. (Assman, 2011, p: 317).
Podemos observar na narrativa do artista popular Kleber Oliveira 5, a possibilidade de ser a Pedreirinha um local de recordação, de evocação de memórias, de transmissão de saberes; de sociabilidade/reciprocidade, onde presenciamos a participação e/ou envolvimento dos artistas/brincantes em mais de uma manifestação cultural:
Desde quando eu cheguei à Pedreirinha em um momento muito especial, porque é a descoberta da cultura, a descoberta de uma boa música, foi um florescer de algo muito bonito que eu vivo até hoje. Eu digo, a Escola de Samba Bole-Bole foi profissão pra mim, foi pai, já o Malhadinho foi mãe, porque o Nazo, a Lima, o Ronaldo Silva, o Lúcio, tantas e tantas pessoas que passaram no Malhadinho [...] Perdiam seu tempo à noite nos chamando para escutar toada, nos ensinar a cantar, a tocar, ensinar a pesquisar o boi, nos mandavam fazer glossário, pesquisar no dicionário, ir para o Centur – Fundação Cultural do Estado do Pará, para conhecer tudo sobre o boi. (Modesto, 2013, p: 47)
Em 1984, adentrei no Bole-Bole moleque com oito anos de idade. Nós estávamos empolgados com a bateria, com aquilo tudo, queríamos nos envolver dentro do barracão 6. Então o Vetinho chamava a molecada toda e nos pagava um guaraná para juntarmos tampa de cerveja. Nós batíamos nas casas pedindo bola de natal e festão e aquilo nós amassávamos para fazer as purpurinas, porque não tinha dinheiro; o festão nós cortávamos miudinhos para jogar brilho no carro; e as fichas nós amassávamos para fazer os instrumentos, e tudo por refrigerante. Nos outros anos eu já comecei ir pra dentro do barracão, com o tio Wilson, o Sabá, o Vetinho, com os grandes carnavalescos, eu já passava o dia riscando no papelão, ia pra aula, voltava e ia riscar papelão pra eles recortarem, tomando refrigerante, sempre. Já no terceiro ano, eu fiquei mais dentro do barracão, comecei a colar, e dai por diante comecei a coordenar o barracão, porque já vinha há muito tempo participando das atividades e conhecia todo mundo. (Modesto, 2013, p: 50)
A pesquisa constatou que os sujeitos artistas expressam em suas memórias/lembranças, conexões com suas vivências, saberes e crenças, advindos do seu cotidiano na comunidade. Aos olhares de Joel Candau (2014) esse habitus (construído), depende em grande parte, da protomemória (memórias de lembranças), no qual alega que Pierre Bourdieu descreveu de maneira coerente “essa experiência muda do mundo como indo além daquele que procura o sentido prático”, as aprendizagens primárias, no ponto de vista corporal, são como lembrentes, ligações verbo-ação que fazem funcionar o corpo e linguagem como “depósitos de pensamentos diferenciados” [...] inclusos de maneira permanente, “maneira durável de se portar, falar, caminhar, e, para, além disso, sentir e pensar; saber herdado que jamais se separa do corpo que o carrega”. (Candau, 2014, p: 22).
Conhecer a realidade sociocultural e religiosa da Passagem Pedreirinha colocou em evidência que conformismo e lamentação não fazem parte do dicionário dos sujeitos artistas partícipes das atividades culturais. Pode-se afirmar que as ações realizadas por eles são fruto de um comportamento de consciência cidadã pelo viés da arte. Nas narrativas das lideranças depreende-se resistência e insubmissão, uma vez que, presenciando a não acessibilidade das políticas públicas em seu bairro, articulam-se e criam seus próprios instrumentos de proteção e cuidado, principalmente com as crianças.
Sabemos que o patrimônio é “fruto de um novo momento internacional7 , gerenciado pelo movimento atual da globalização econômica e cultural, onde a afirmação e reforço das identidades culturais e das heranças históricas fazem-se cada vez mais presentes. Em sua obra: As Raízes do Futuro – no tópico sobre patrimônio e globalização, Hugues de Varine (2013) denuncia a ideia ilusória de seu crescimento aparentemente eterno e considerado como indispensável. Para o autor, “a globalização e o crescimento são fundamentalmente alienantes”. Por isso que se faz importante que a comunidade tenha reconhecimento do seu patrimônio local, para valorizar assim a sua originalidade e ao mesmo tempo respeitar a dos outros. (Varine, 2013, p: 232).
Para Evelin (2013) “a cultura está em pauta como um dos grandes desafios da humanidade”. (Evelin, 2013, p: 197). Porém, “muitos homens e mulheres não acreditam no advento de uma sociedade onde os bens econômicos e culturais sejam equitativamente distribuídos”. Alerta, que “uma das características das ciências hoje é a de ‘não compreender’ que cresce o número de indivíduos que, sem o advento de teorias, sabem que lhes cabe cumprir seu destino histórico e cultural ante a sociedade”. O exemplo das manifestações culturais da Passagem Pedreirinha, nos mostra que grupos menos favorecidos, “querem e precisam ser ouvidos”, pois possuem direitos constitucionais 8, que assegura seu pleno exercício de cidadania. (Evelin, 2013, p: 58-59).
REFERÊNCIAS
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EVELIN, Heliana.(2007). Luamim: arte, ciência e protagonismo social. . In: EVELIN, Heliana; et al (Orgs). Serviço Social e Resiliência na Ótica dos Direitos Humanos. Belém: EDUFPA.
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MODESTO, Juliana Cordeiro. (2013). Cultura Popular no Guamá: memória e representação do patrimônio cultural da Rua Pedreirinha em Belém do Pará. (Trabalho de Conclusão de Curso) apresentado a Faculdade de Serviço Social – UFPA, Belém.
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* Bacharel em Serviço Social – Universidade Federal do Pará (UFPA)/ Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural – UFPEL. Email: modestojuliana22@yahoo.com.br Currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4412260P5
** Bacharel em Serviço Social – Universidade Federal do Pará (UFPA)/ Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural – UFPEL. Email: modestojuliana22@yahoo.com.br Currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4412260P5
1 Os distritos administrativos são divisões políticas e administrativas do Município de Belém e foram definidos conforme a Lei 7.682, publicado no Diário Oficial do Município, em 12 de Janeiro de 1994 sendo o DAGUA o 8º Distrito Administrativo de Belém, composto pelos bairros da Terra Firme, Condor, parte do Jurunas, Batista Campos, Cidade Velha, Cremação, Guamá, Canudos, São Braz, Marco, Curió-Utinga. (Anuário Estatístico do Município de Belém - 2006 apud Dias Junior, 2009, p: 39).
2 É importante referendar que estão colocados aqui apenas os grupos e entidades culturais registrados na FUNBEL, muitos outros se manifestam pelo bairro sem CNPJ ou registro na Fundação Cultural de Belém. (Dias Junior, 2009, p: 46).
3 O griô é um mestre das artes, da cura e dos ofícios tradicionais, um líder religioso de tradição oral, um brincante, um cantador, um tocador de instrumentos tradicionais, contador de histórias, um poeta popular, que, através de uma pedagogia que valoriza o poder da palavra, da oralidade, da vivência e da corporeidade, se torna a biblioteca e a memória viva de seu povo. Em sua caminhada no mundo ele transmite saberes e fazeres de geração em geração, fortalecendo a ancestralidade e a identidade de sua família ancestral e da comunidade. (Ação Griô Nacional, 2011).
4 Modesto, 2013.
5 Modesto, 2013.
6 É o local nomeado pela escola de samba do Bole-Bole, onde realizam a produção das fantasias, adereços, como também, os ensaios da bateria e dos sambistas.
7 (Albernaz; Santos, 2013, p.150)
8 A proteção dos bens intangíveis está prevista na Constituição de 1988, que considera “o patrimônio cultural brasileiros bens de natureza material e imaterial”. (Souza Filho, 1997, p.32 apud Santos, 1982).
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