Revista: CCCSS Contribuciones a las Ciencias Sociales
ISSN: 1988-7833


MOMENTOS DE SORVER O MATE: A PRÁTICA DO CHIMARRÃO COMO ELEMENTO DE UNIÃO COMUNAL ENTRE OS MORADORES DA COMUNIDADE RURAL LINHA CRICIUMAL, CÂNDIDO DE ABREU - PR

Autores e infomación del artículo

Juliano Strachulski

Universidade Estadual de Ponta Grossa, Brasil

julianomundogeo@gmail.com

Resumo

O consumo do chimarrão é uma característica cultural dos estados do sul do Brasil, em especial o meio rural, tornando-se uma tradição, ligada ao benefício à saúde, e, principalmente, um momento de estreitar as relações sociais. A partir deste pressuposto, o artigo teve como objetivo compreender a importância dos momentos de sorver o mate para os moradores da comunidade rural Linha Criciumal, Cândido de Abreu - PR. Utilizando as técnicas de observação participante e entrevistas informais, foi possível captar a realidade local. Desta forma, identificou-se que os momentos de sorver o mate (podem ser rodas de chimarrão ou não) constituem-se em práticas de aproximação entre as pessoas, sendo intrínseca uma mensagem de acolhimento, respeito e sociabilidade. É aonde se cria o “cimento” social, que possibilita a união entre os moradores da comunidade, podendo estar associado a outros momentos da vida das pessoas, como novenas, velórios, bailes e casamentos.

Palavras chave: Comunidade Linha Criciumal, erva-mate, chimarrão, união comunal.

MOMENTOS DE BEBER EL MATE: LA PRÁCTICA DEL CHIMARRÃO COMO ELEMENTO DE UNIÓN COMUNAL ENTRE LOS RESIDENTES DE LA COMUNIDAD RURAL LINHA CRICIUMAL, CÂNDIDO DE ABREU - PR

Resumen

El consumo de mate es una característica cultural de los estados del sur de Brasil, especialmente en las zonas rurales, convirtiéndose en una tradición, vinculada a beneficios para la salud, y, principalmente, un momento para estrechar las relaciones sociales. A partir de esta premisa, este artículo tuvo como objetivo comprender la importancia de los momentos de beber mate para los residentes de la comunidad rural Linha Criciumal, Cândido de Abreu - PR. Utilizando las técnicas de observación participante y las entrevistas informales, fue posible captar la realidad local. Por lo tanto, se encontró que los momentos de beber mate (pueden ser rodas de chimarrão o no) se constituyen en prácticas de aproximación entre las personas, estando intrínseca una mensaje de acogida, respeto y sociabilidad. Es donde se crea el "cemento" social, que permite la unión entre los residentes de la comunidad, pudiendo estar asociado con otros momentos de la vida de las personas, tales como novenas, funerales, bailes y bodas.

Palabras clave: Comunidad Linha Criciumal; yerba mate; mate; unión comunal.

MOMENTS OF DRINKING THE MATE: THE PRACTICE OF CHIMARRÃO AS COMMUNAL UNION ELEMENT BETWEEN THE RESIDENTS OF THE RURAL COMMUNITY LINHA CRICIUMAL, CÂNDIDO DE ABREU - PR

Abstract

The consumption of mate is a cultural feature of the southern states of Brazil, especially in the rural areas, making it a tradition, connected to benefit to health, and mainly, a moment of narrowing social relations. From this assumption, the article had the objective understand the importance of moments of drinking the mate to the residents of the rural community Linha Criciumal, Cândido de Abreu - PR. Using the techniques of participant observation and informal interviews it was possible capture the local reality. Thus, identified that the moments drinking the mate (can be wheels of chimarrão or not) constitute in practices of approach between people, being intrinsic a message of  greeting, respect and sociability. Is where if creates "cement" social, which enables the Union between residents of the community, can be associated with other moments of people's lives, such as novenas, funerals, dances and weddings.

Keywords: Community Linha Criciumal; erva-mate; chimarrão; communal union.



Para citar este artículo puede uitlizar el siguiente formato:

Juliano Strachulski (2016): “Momentos de sorver o mate: a prática do chimarrão como elemento de união comunal entre os moradores da comunidade rural Linha Criciumal, Cândido de Abreu - PR”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, (abril-junio 2016). En línea: http://www.eumed.net/rev/cccss/2016/02/chimarrao.html

http://hdl.handle.net/20.500.11763/CCCSS-2016-02-chimarrao


INTRODUÇÃO

O hábito de consumir o mate é antigo no sul do Brasil, sua origem esta atrelada aos indígenas Guarani. Este povo consumia a erva-mate, que para eles se chamava caiguá, onde caá significa erva, i é água e guá o recipiente para a água da erva. Segundo Linhares (2000), posteriormente o termo indígena foi substituído pelo termo mati pelos espanhóis.
            O indígenas utilizavam a erva-mate para revigorar o organismo e como forma de manter a disposição para as atividades do dia-a-dia. Na metade do século XVI os colonizadores espanhóis entram em contato com estes indígenas em Guaíra, no atual estado do Paraná. Observando como utilizavam a planta e seus efeitos positivos, os colonizadores apropriaram-se dela. Deste momento em diante, o consumo da infusão de água quente com erva-mate beneficiada (chimarrão) passou a ser considerado uma característica cultural desta região, se expandido por todo o sul do Brasil e países vizinhos como Uruguai, Paraguai e Argentina.
            Os estados do sul, em especial o meio rural de suas cidades (pois o mate está ligado a ideia de ruralidade), que tiveram um forte vínculo com o chimarrão e que o estenderam ao longo do tempo, possibilitaram que seu consumo se torna-se uma tradição e/ou um ritual, dependendo do contexto a que se encontra, pois persistiu ao longo dos séculos (MACIEL, 2007).
Com o passar do tempo, o consumo de chimarrão ganhou outras conotações além da ideia de ser uma bebida revigorante. O consumo diário de chimarrão pelos moradores das áreas rurais passou a ser sinônimo de hospitalidade, capaz de aproximar as pessoas, sendo importante na constituição de relações sociais. Os momentos de sorver o mate, que podem ser considerados como rodas de chimarrão ou não, ambientes agregadores, são um convite a troca de experiências, aproximação entre pessoas. Ao oferecer um mate se está aceitando uma pessoa, seja conhecida ou estranha  (LINHARES, 2000; THOMÉ, 2011; NOERNBERG, 2012).
            A partir dos pressupostos acima ressaltados acerca da importância da prática do chimarrão, considerado sinônimo de hospitalidade e união entre as pessoas, o objetivo deste estudo foi compreender a importância dos momentos de sorver o mate para os moradores da comunidade rural Linha Criciumal.
            Objetivando desenvolver a proposta de pesquisa o artigo foi estruturado em introdução, seguido de procedimentos metodológicos, que nortearam uma abordagem interpretativista de pesquisa qualitativa, possibilitada por um trabalho de campo de cunho participativo. Na sequência, desenvolve-se um referencial histórico acerca do descobrimento da erva-mate e da prática de consumo do chimarrão, contextualizando a problemática. O próximo tópico traz os resultados e discussões acerca da relação das pessoas com os momentos de sorver o mate e, por fim destacam-se as considerações finais, retomando os principais resultados e suas implicações para a pesquisa.

MATERIAIS E MÉTODOS

            O objetivo desse estudo, compreender a importância dos momentos de sorver o mate para os moradores da comunidade Linha Criciumal, foi alcançado por meio da utilização da pesquisa de campo e descritiva, entendida enquanto um estudo de caso, cujo delineamento proposto é qualitativo (GIL, 2008).
            Deste modo, inicialmente foi elaborado um histórico acerca da erva-mate e a prática de tomar chimarrão. Num segundo momento, a partir dos trabalhos de campo, utilizando-se da técnica de observação participante (GIL, 2008), buscou-se primeiramente observar e depois participar dos momentos de sorver o mate com as pessoas.
            Por meio da realização de entrevistas não estruturadas ou entrevistas informais (GIL, 2008) foi possível obter uma visão geral acerca do problema de pesquisa e compreender a relação do chimarrão com os moradores locais.  
            A realização de trabalhos de campo na comunidade Linha Criciumal ocorreu ao longo do mês de março de 2015, sendo que além das técnicas de pesquisa utilizadas, também se fez alguns registros fotográficos de momentos de sorver o mate (rodas de chimarrão ou não) quando permitido pelas pessoas.

A ERVA-MATE E A PRÁTICA DO CHIMARRÃO

A erva-mate (Ilex paraguariensis) é uma planta originária da América do Sul, possuindo sua ocorrência no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. No Brasil a região sul é onde se encontra a maior parte dos ervais, que dão origem a diversas bebidas típicas como o chimarrão.
O termo erva-mate é de origem indígena, sendo que “erva” deriva do termo Guarani “Caa”, que significa tanto mato como erva. Quanto à palavra “mate”, trata-se de um termo de origem indígena quíchua do termo “mati” ou “matty”, que significa cabaça, cuia, porongo, que veio a substituir o termo caiguá dos guaranis, onde caá significa erva, i é água e guá o recipiente para a água da erva. Segundo Linhares (2000) esta substituição de termos se deveu a preferência do termo mati pelos espanhóis.
A cultura de utilização da erva-mate é uma tradição dos indígenas Guarani, que habitavam as regiões compreendidas pelos rios Paraná, Paraguai e Uruguai, no início de sua civilização, sendo utilizada inicialmente pelos seus pajés e caciques, que acreditavam que esta planta possuía poderes sobrenaturais. A partir do contato dos indígenas com os colonizadores espanhóis, estes também passaram a fazer uso da erva-mate, evidenciando uma característica cultural marcante na região (BERKAI; BRAGA, 2000).
A primeira menção a respeito do consumo da erva-mate se refere ao general Irala que desbravava a região compreendida hoje pelo Paraguai e em 1554 chegou a Guaíra, no atual estado do Paraná. Este observou que os índios Guarani desta região eram mais fortes que os demais, observando que consumiam uma bebida denominada por eles como caá-y (água de erva saborosa), elaborada com a utilização das folhas de erva-mate. Tal bebida teria sido enviada para os indígenas pelo Deus Tupã. 
A forma de consumo da erva-mate pelos indígenas se fundava em torrar as folhas e quebrá-las, sendo colocadas em pequenos porongos com água morna, quase quente, sendo sorvida com um canudo de taquara (tacupi) em cuja base há fibras trançadas impedindo a ingestão de partículas das folhas (LESSA, 1986).
Nestes termos, se compreende que a tradição de tomar o chimarrão é antiga e remete á história da colonização espanhola, tendo em vista que os soldados do general Irala acabaram provando a erva-mate em forma de chá (chimarrão), para se curar de uma ressaca causada por ingestão de álcool, seguindo o que os indígenas faziam. Acabaram gostando e voltando a Assunção levaram boa quantidade de erva (LESSA, 1986).
Porém,houve tentativas de proibir o seu uso, pois durante a inquisição a igreja católica condenou a bebida de erva-mate, tendo em vista que os indígenas haviam lhe atribuído poderes sobrenaturais inerentes a deuses pagãos. Por este motivo, no início da colonização os jesuítas acabaram lhe atribuindo à alcunha de “erva do diabo” (COSTA, 1995). Outro motivo era que a coroa espanhola tinha interesse em extinguir os costumes dos povos indígenas e promover somente as culturas do tabaco e da cana-de-açúcar.
Apesar de ter sido proibida a erva-mate continuava sendo usada. Deste modo, os jesuítas perceberam que sua contrariedade em relação ao uso da erva-mate estaria ameaçando a inserção do indígena na sociedade não-indígena. Cientes da situação os jesuítas acabaram aceitando tal costume e começaram a cultivar a erva-mate junto aos indígenas (JUNGBLUT, 2008).
A tentativa de proibição não impediu que este hábito se difundisse, tendo em vista que os argentinos acabaram descobrindo o segredo dos jesuítas de como fazer germinar a semente da erva-mate e acabaram plantando seus ervais pelo território de Misiones. Além dos argentinos os bandeirantes brasileiros também atuaram como disseminadores da planta e de sua forma de ingestão, a partir da invasão das Missões do Guaíra em 1638.
Logo a erva-mate começou a se disseminar para as margens do rio da Prata, Buenos Aires, transpondo os Andes, chegando a Potosi. A partir de sua disseminação acabou enriquecendo muitas pessoas, inclusive os jesuítas que se estabeleceram no Guaíra, ao sul do Paranapanema e nos Sete Povos, à margem oriental do Uruguai, que acabaram inventando a caá-mini, pó grosso de erva-mate.
Esta forma de ingerir a erva-mate, adquirida dos indígenas, séculos a frente acabou sendo batizada de chimarrão pelos espanhóis (infusão de água quente com erva-mate beneficiada). Para Berkai e Braga (2000) o termo chimarrão é originário do espanhol cimarron que significa amargo, selvagem, sem dono. Para Lessa (1986, p. 57) “[...] a palavra chimarrão, foi também empregada pelos colonizadores do Prata, para designar aquela rude e amarga bebida dos nativos, tomada sem nenhum outro ingrediente que lhe suavizasse o gosto.”
O chimarrão pode ser considerado a forma de degustação da erva-mate mais disseminada, sendo o principal meio de consumo no Brasil, cujo preparo é feito em recipientes conhecidos como cuias, utilizando-se de chaleira com água quente e uma bomba para sugar o líquido (BERTÉ et al., 2006).
Sorver o chimarrão é uma prática cultural extremamente característica, em especial, para os moradores dos estados do sul do Brasil, podendo ser considerada uma tradição em que “o hábito de ‘matear’ é considerado sinônimo de hospitalidade, tradição e saúde. O destaque para esta bebida é justificável, pois o chimarrão faz parte da história, da economia, da política e da cultura local” (MACCARI JUNIOR, 2005, p. 1).
            O chimarrão acaba sendo mais que um costume, podendo ser considerado uma forma de união entre os habitantes do sul, uma tradição que se propaga ao longo do tempo de geração em geração, marcando a origem destes povos a qual pode ser narrada de forma literária por lendas como a que se segue,

Era sempre assim: a tribo de índios guarany derrubava um pedaço de mata, plantava a mandioca e o milho, mas depois de quatro ou cinco anos a terra se exauria e a tribo precisava emigrar a terra além.
Cansado de tais andanças, um velho índio, já mui velho, um dia recusou seguir adiante e prefere quedar-se na tapera. A mais jovem de suas filhas, a bela Jary ficou entre dois corações: seguir adiante, com os moços de sua tribo, ou ficar na solidão, prestando arrimo ao ancião até que a morte o levasse para a paz do Yvi-Marai. Apesar dos rogos dos moços, terminou permanecendo junto ao pai.
Essa atitude de amor mereceu ter recompensa. Um dia chegou um pajé desconhecido e perguntou à Jary o que é que ela queria para se sentir feliz. A moça nada pediu, mas o velho pai pediu, "que renovadas forças para poder seguir adiante e levar Jary ao encontro da tribo que lá se foi".
Entregou-lhe o pajé uma planta muito verde, perfumada de bondade, e ensinou que ele plantasse, colhesse, as folhas, secasse ao fogo, triturasse, botasse os pedacinhos num porongo, acrescenta-se água quente ou fria e sorvesse essa infusão, "terás nessa nova bebida uma nova companhia saudável mesmo nas horas tristonhas da mais cruel solidão". Dada a receita partiu.
Foi assim que nasceu e cresceu a caá-mini. Dela resultou a bebida caá-y que os brancos mais tarde adotaram o nome de chimarrão.
Sorvendo a verde seiva o ancião retemperou-se, ganhou força e pode empreender a longa viajada até o reencontro com seus. Foram recebidos com a maior alegria.
E a tribo toda adotou o costume de beber da verde erva, amarguentinha e gostosa que dava força e coragem e confortava amizade mesmo nas horas tristonhas da mais total solidão (GATTO, 1982, s/p).

Em alusão a representação narrada pela lenda, pode-se compreender que ao sorver o chimarrão de modo individual, solitário, o habitante sulista ainda assim encontra uma companhia, mas é em reuniões maiores que ocorre a forma mais tradicional de ingeri-lo. Estas reuniões são as “rodas” de chimarrão, ou momentos de sorver o mate em grupo, “que aproximam todos, conhecidos e estranhos, como se estivessem num clube. As conversas pululam e não há melhor pretexto não só para lembrar casos e histórias passadas como acertar ou encaminhar um negócio” (LINHARES, 2000).
Assim, uma roda de chimarrão ou um momento de sorver o mate em grupo, podem ser compreendidos enquanto atos de liberdade, de pessoas que se tratam como amigos. Representam democracia, pois tem sempre espaço para mais um. Repletos de falas e causos contados se tornam uma rica maneira de trocar experiências e conhecimentos.
            Nestes momentos, algumas especificidades devem ser observadas, o que vem a reforçar o sentimento de hospitalidade e identidade entre aqueles que saboreiam o mate, mas também de identificar aqueles que são de fora. Apesar de identificar aqueles de fora, a primeira coisa que se faz é oferecer uma cuia de chimarrão, pois o momento de sorver o mate representa acolhimento e integração (GAZETA GRUPO DE COMUNICAÇÕES, 1999).

O CHIMARRÃO COMO ELEMENTO DA CULTURA LOCAL E PRÁTICA DE UNIÃO COMUNAL

Na comunidade rural Linha Criciumal há várias práticas (imateriais) que reforçam o sentido de união entre as pessoas, sendo, portanto aspectos simbólicos, compreendidos como elementos de integração comunal: eventos religiosos, festas, trocas de dias de serviços, mutirões, encontros em bares e campo de futebol ao final de semana, e, em especial, as rodas de chimarrão. A aqui se buscou estudar as rodas de chimarrão, compreendendo-se que seja uma prática mais democrática e hospitaleira do que as demais.
Em Linha Criciumal o ato de sorver a infusão da erva-mate pode ser chamado de mate, o mais comum, no entanto, é utilizar a palavra chimarrão. Deste modo, chimarrão e mate passam a ser sinônimos, sendo que durante a pesquisa percebeu-se que as pessoas utilizavam a duas palavras para significar a mesma coisa.
A erva-mate (Ilex paraguariensis) contribuiu para a fixação de várias etnias de imigrantes, como italianos, poloneses, ucranianos, dentre outros, nos estados do sul ao final do século XIX, sendo que algumas famílias tinham como fonte secundária de renda a poda de erva-mate, adquirindo também o hábito de usar diariamente o chimarrão (COSTA, 1995).
Em relação à comunidade Linha Criciumal, localizada no município de Cândido de Abreu – PR (figura 1), compreende-se que a erva-mate, que proporciona a realização das rodas de chimarrão, chegou junto com os colonos eslavos e os “caboclos” que se estabeleceram na região do Distrito de Teresa Cristina a cerca de cem anos atrás, inclusive com algumas pessoas cultivando a árvore, segundo relatos do senhor C. F.

 

A tradição de tomar chimarrão é um elemento fortemente associado à cultura gaúcha, contudo, deve-se destacar que faz parte também dos outros estados da região sul em especial o Paraná, local onde foi descoberta a erva-mate pelos indígenas e apropriada pelos colonizadores. Portanto, tomar chimarrão pode ser considerado característica cultural de qualquer comunidade rural do sul do Brasil que teve algum vínculo com o mate, que o estendeu ao longo do tempo e que a ele atribui algum significado, transformando este momento em uma tradição,

[...] um conjunto de sistemas simbólicos que são passados de geração a geração e que tem um caráter repetitivo. A tradição deve ser considerada dinâmica e não estática, uma orientação para o passado e uma maneira de organizar o mundo para o tempo futuro. A tradição coordena a ação que organiza temporal e espacialmente as relações dentro da comunidade e é um elemento intrínseco e inseparável da mesma (LUVIZOTTO, 2010, p. 65).

Como aponta Maciel (2007, p. 45) o “chimarrão não é um traço de diferenciação social, ele é ligado à imagem de ruralidade e tradição [...]”. Portanto, o chimarrão é uma bebida diferenciada para os moradores dos estados do sul, podendo ser considerada como um costume, uma tradição, e/ou um ritual, considerando o contexto a que se encontra (MACIEL, 2007), pois persistiu ao longo do tempo. Assim,

“As explicações pela sobrevivência são sempre incompletas, pois os costumes não desaparecem ou sobrevivem sem razão. Quando sobrevivem, a causa está menos na viscosidade histórica do que na permanência de uma função que a análise do presente deve permitir desvendar” (LÉVI-STRAUSS, 2003, p. 14).

            Nesta comunidade a existência da prática de sorver o mate se deve pelo fato de ser uma tradição que normalmente é passada dos pais para os filhos, sendo que várias pessoas relataram que desde pequenos, as vezes até com menos de dez anos, aprenderam a sorver o mate com seus pais e pessoas mais velhas, além aprenderem o que de melhor ele tem, a capacidade de acolher o outro.
Assim como para outros estados do sul, o mate possui grande importância cultural e social para o Paraná, considerado como uma das características culturais do estado, além de a erva-mate, que dá origem ao chimarrão, ter feito parte de um dos ciclos econômicos mais importantes do estado. Portanto, compreende-se que tomar chimarrão é uma construção cultural própria das pessoas desta região, em especial da comunidade Linha Criciumal. Pois segundo o senhor C.F. tomar chimarrão se refere a “Amizade, costume, quinem nós vamos na novena do Bino. É tradição dos antigos!”. Neste caso ele compara a tradição de ir à novena com a de tomar chimarrão.
            Enquanto prática cultural local tomar chimarrão possui uma dimensão material proporcionada pelo contato entre pessoas, entre estas e o chimarrão e também uma dimensão não palpável, que é concebida enquanto uma criação de seu imaginário. Este, por sua vez, é constantemente alimentado pelo contato freqüente entre as pessoas a partir dos momentos de sorver o mate, que podem ser rodas de chimarrão ou não, e contar causos com o outro. Pois, nestes momentos “as pessoas contam causos, riem, falam muito, gesticulam. Então, não é comum estar em uma dessas rodas de forma calada, porque ela é praticamente um momento das trocas imbuídas de oralidade” (DURAYSKI, 2013, p. 35). As pessoas da comunidade descrevem estes momentos como,

 “É quando tem uma reunião de amigo, vizinho pra contar causo” (A. B.).
“Amizade, ora do bate-papo” (L. V. S).
“Sempre procuro um vizinho pra tomar chimarrão, tomo quando vem vizinho. Contar causo, passar o tempo” (S. A.).
“Tratar com desdém (tratar bem), prozear, contar causo, fazer amizade” (M. V.).

Desta forma, pode-se perceber que o chimarrão é elemento essencial da cultura local, tendo em vista que são as práticas cotidianas que reforçam determinados elementos da cultura local e explicitam sua singularidade.Completando o pensamento Verdum (2008, s/p) assevera que“ A cultura diz respeito às coisas do cotidiano, comuns, apreendidas na vida diária, na família, no trabalho e no ambiente local”.
Os elementos comuns a um grupo social como idéias, linguagem e formas de contato como os momentos de sorver chimarrão são criações sociais elaboradas a partir da experiência que além de reforçar a cultura local promovem a união entre os moradores. Nesta perspectiva, Nummer (2008, s/p) define cultura como,

As diferentes formas com que os grupos humanos organizam a vida social, utilizam e  transformam  os  elementos  do  meio  ambiente,  como  percebem  e  manifestam  suas relações  com  os  objetos  e  com  outras  pessoas.  Dito isso de outra forma, a cultura representa as variedades de modos de vida e seus processos de transformação envolvendo aspectos materiais e imateriais, palpáveis e impalpáveis de todas as concepções e práticas da vida social.
Também se faz importante destacar que a cultura não é algo constituído por uma ou outra pessoa, pois “A noção de cultura não considera indivíduos isolados ou as características pessoais que possam possuir, mas comunidades de pessoas que ocupam um espaço determinado, amplo e geralmente contínuo” (VERDUM, 2008, s/p).
As pessoas vão à casa de seu vizinho não somente para fazer uma cortesia, mas também porque possuem afeto por ele e este sentimento é retribuído não com palavras suaves e delicadas, pois certamente aqueles que se gostam já disseram isso um ao outro em algum momento, mas a partir de uma conversa, um “causo” regado a mate, podendo ser uma roda de chimarrão ou não.
Como infere uma moradora local(L. V. S.) em relação a este momento “É como se você desse hospedagem pra pessoa, é a mesma coisa que servir café. Eu só tomo chimarrão com quem eu sei que é chimarrãozeiro, mateiro. Não dá pra tomar chimarrão com qualquer pessoa”. Aqui se percebe que tomar chimarrão também é um ato de confiança no outro, mas que ajuda a reforçar os laços de união.
Esta capacidade do chimarrão de unir as pessoas e criar confiança no outro é comprovada em outros estudos como de Noernberg (2012, p. 21) para quem “O mate pode ser compreendido como “bebida da hospitalidade” ou como importante agenciador na constituição de relações sociais. Afinal, não é qualquer pessoa convidada a participar de uma “roda de chimarrão”(NOERNBERG, 2012).
O uso do chimarrão pode ser compreendido como algo do cotidiano nesta comunidade, sendo o momento onde se desenvolvem conversas e narrativas, pois o chimarrão é hora de contar causo, bater papo. Segundo Hartmann (2005, p. 229) as narrativas estão associadas à experiência, sendo que “(...) uma das principais maneiras que o ser humano teria de manifestar, comunicar e até mesmo compreender a experiência seria colocá-la sob a forma narrativa”. Nas rodas de chimarrão, as narrativas normalmente são aceitas na forma de brincadeira e também incredulidade. Dentre as histórias narradas se encontra a da “queda no rio” quando um dos integrantes da mateada conta um relato pessoal,

Eu era piá novo e tinha ido no rio. Quando tava voltando embora caí num poço, não tinha ninguém perto. Eu tava com um saco de peixe numa mão e um facão na otra. Mas você sabia nadar. Não, da onde. Mas como você saiu? Eu fui me mexendo e a água foi me levando, me levou pra cima três vezes e na terceira vez que ela me levou eu consegui sair do rio e levei o saco de peixe e o facão junto, só perdi um boné.[Risos].

As narrativas quando aparecem pretendem socializar momentos que não mais retornarão, mas também para tentar trazer ensinamentos de como é importante a união entre os vizinhos, tendo em vista que há vários relatos sobre um vizinho socorrendo o outro, os mutirões realizados para ajudar um vizinho na colheita do feijão quando este estava doente ou não tinha dinheiro pra pagar os “camaradas” e os bailes, onde todos se divertiam.
Tais narrativas acabam mostrando a importância da solidariedade e união entre os membros da comunidade, em especial quando o chimarrão está presente, pois faz parte de vários outros momentos da comunidade como aponta o senhor C. F.:“Faziam dia de guarda, casamento, novena, na hora do baile, faziam chimarrão”.
            Em relação à combinação do chimarrão com outros momentos de sociabilidade podemos destacar as novenas (visita da santinha), cuja combinação perdura até os tempos atuais. Ao final das novenas acabam ocorrendo às rodas de chimarrão (figura 2), que carregadas de conteúdo imaginário e religioso provindo das rezas das novenas, alimentam as crenças e superstições locais, sendo eventos que além de promover a união entre pessoas, possibilitam a disseminação de informações como crenças, narrativas e conhecimentos (CAVEDON et al., 2010). Acerca da importância dos momentos de sorver o mate, em especifico aqui a roda de chimarrão, um dos moradores relata: “Eu gosto destes tipos de conversas, faz vem. Tem coisas que a gente nem sabia, mas conversando descobre” (D.C.).
Estas trocas de informações e gentilezas acabam enriquecendo ainda mais a cultura local e acentuando a união entre os membros da comunidade, pois “Nessa ambientação profícua da troca, [...] fortalece-se a estrutura memorialística de um “entre-lugar” que se faz no contato com o outro, nos encontros cotidianos da comunhão maior do povo da região: a hora do chimarrão” (PACHECO, 2013, p. 120).

A união dos moradores representada pelos momentos de sorver o mate é visível, pois vários são os grupos de pessoas que participam, desde crianças até idosos, pessoas de religiões diferentes, homens e mulheres. Assim, este momento se apresenta como um cenário democrático, sendo que todos os participantes possuem voz ativa e são respeitados.
O parágrafo acima pode ser representado por um momento de sorver o mate (figura 3) que ocorreu em uma noite na propriedade de dona A. B. Na referida mateada havia pessoas de religiões e idades diferentes, inclusive de sexos opostos também, sendo que até uma criança participou.

Nesta data dona A. B. relatou que várias pessoas ao longo do dia haviam vindo visitá-la e que todos foram recebidos com chimarrão, pois em sua visão “que bom que vem bastante gente aqui, é porque são bem recebido, lugar que não é bem recebido não vai ninguém”,sendo que as visitas “sempre foram um capítulo social de nossa vida social” (DAMATTA, 1997, p. 48). Assim, o acolhimento aos seus certamente é proporcionado pelo chimarrão, pois “Chimarrão quer dizer hospedar o outro, fazer amizade” (M. V.). Desta forma, pode-se compreender a importância do mate em unir as pessoas, sendo que,

Tomar chimarrão é, para os mateadores, um gesto de hospitalidade, amizade e aproximação entre as pessoas. Cevar o mate é aproximar as pessoas em uma roda de chimarrão, fazê-las conversar entre si e envolve-las em uma micro comunidade ao redor de uma cuia e de uma chaleira (THOMÉ, 2011, p. 58).

Como se percebe na figura 3 a roda de chimarrão não se constitui, enquanto tal, em um formato circular, pois segundo dona A. B. “Não precisa ser círculo, 4, 5 6 pessoa já é roda”, tendo em vista que em cada lugar os momentos de sorver o mate possuem suas especificidades. Aqui a roda de chimarrão não significa uma grande quantidade de pessoas dispostas circularmente, mas sim um número baixo de pessoas dispostas de forma irregular, mas que podem dialogar entre si independente do local em que estejam..
Nestes termos, se pode compreender que “uma roda de chimarrão é uma reunião de um grupo de pessoas que partilham a mesma cuia tomando juntos um chimarrão. É um momento de pausa e de relaxamento. O ambiente da roda é, em geral, de convivialidade e camaradagem” (MACIEL, 2007. p. 50). Este pensamento é corroborado pela fala de uma moradora do local que entende que este é um momento de “Visitar o vizinho, por exemplo, quando a gente briga aqui em casa toma chimarrão com o vizinho pra se distrair. Chimarrão é um agrado pro vizinho” (S. A.).
Desta forma, o chimarrão pode estar relacionado com o desejo de paz e tranqüilidade, buscando aliviar as tensões, tornando-se “a quintessência que representa a melhor solução, ou o melhor acompanhamento, para determinados estados de espírito, tarefas ou programas” (DURAYSKI; FONSECA, 2014, p. 10).
            Os momentos de sorver o mate também são uma forma de colocar as conversas em dia e discutir assuntos referentes a coisas que já aconteceram, mas também assuntos da atualidade, podendo um vizinho que está passando por dificuldades dizer ao seu e este poder ajudá-lo, mediante a hospitalidade e acolhimento gerados pela roda de chimarrão. Isto é corroborado pelo fato de que há algum tempo atrás um morador estava de cama e as pessoas que iam lhe visitar e participar da mateada acabaram ajudando na colheita de sua lavoura de feijão. Assim, através de uma mateada se pode combinar uma troca de dias de serviço na lavoura ou a contratação de uma pessoa para arrancar os pés de feijão e/ou tirar o milho ou, como visto, ajudar um enfermo.
            De acordo ao já explicitado por Maciel (2007), a roda de chimarrão ou momento de sorver o mate se caracteriza por um ritual especial, envolvendo uma situação em que há troca e sociabilidade, ajudando a reforçar o momento de compartilhamento e solidariedade, que ajudam a construir o “cimento” social, tendo em vista que um ritual pode envolver o outro, podendo ser um conjunto de pessoas ou até mesmo uma prática solidária (ROOK, 1985). De acordo com Rook (1985, p.83) ritual é,

Um tipo de atividade expressiva, simbólica, construída de múltiplos comportamentos que ocorrem em uma sequência fixa e episódica e que tendem a ser repetidos com o passar do tempo. O comportamento ritual é dramaticamente roteirizado e é realizado com formalidade, seriedade e intensidade internas.

O chimarrão pode ser considerado um ritual, tendo em vista que é constituído da repetição de vários gestos simbólicos impregnados de intencionalidade, como pode ser visto na fala de dona A. B. que toma chimarrão “Todo dia de cedo e a tarde é sagrado”.Trata-se de um momento que contempla todo o ritual empregado de forma tradicional na hora de sorver o chimarrão. “Como a hora do almôsso e do jantar, existe também a horinha do chimarrão’ (SILVA, apud THOMÉ, 2011, p. 26).
Além de saciar a sede e manter uma tradição o chimarrão exprime a vontade de se estar próximo de seu vizinho e compartilhar sucessos, dificuldades, histórias e conhecimentos. Desta forma, através de uma comida comum a muitos “[...] comungamos uns com os outros num ato festivo e certamente sagrado. Ato que celebra as nossas relações mais que as nossas individualidades” (DAMATTA, 1991, p. 62). Desta forma,

“Oferecer um chimarrão significa aceitação de alguém, é a intimidade partilhada pelo uso da mesma bomba por todos os que desfrutam da bebida assim sorvida de modo comunal, ritual exercitado mediante longas conversas e brincadeiras, símbolo de união” (CAVEDON et al, 2010, p. 165).

Como afirmado ao longo deste trabalho o momento de união proporcionado pelo mate não necessariamente tem que ser uma roda de chimarrão, e mesmo assim não deixa de ter a mesma importância.  
Desta forma, participou-se de um momento de sorver o chimarrão na casa de dona L. V. S., composto somente por três pessoas,contando com a presença do pesquisador a dona da casa e sua mãe a senhora M. V. (figura 4). Contudo, apesar de não haver uma roda este momento possui a mesma importância, tendo em vista que em qualquer ocasião “[...] o mate, quer no núcleo familiar, ou entre amigos, desempenha a função de agregador, harmonizando através do calor humano esta simbiose afetiva, pelo clima de respeito que floresce por entre os mates conversados” (FAGUNDES, 1983, p. 34).

Portanto, tomar chimarrão “é o momento da ‘prosa’ correr solta, momento de expressão maior da confraternização, do encontro favorável às trocas, ao compartilhamento das experiências de vida” (PACHECO, 2013, p. 120). São nestes momentos que também ocorrem as trocas e transmissões de conhecimentos adquiridos com a experiência, principalmente aqueles relacionados à utilização de plantas medicinais, em especial aquelas que vão junto ao mate, como destacado pelos moradores,

“Coloca iendro (pra gases), maçanilha (ajuda acalmar, dá um gosto melhor) e cidreira” (S. A.);
“Limpa as tripas, os rins, pedra nos rins” (C. F.);
“Maçanilha, alecrim, capim limão, casca de laranja” (A. B.).

Os momentos de sorver o mate estão relacionados ao respeito e admiração que se tem pelo próximo, compartilhando-se dificuldades, sucessos, conhecimentos, contando causos sobre trabalho, lazer, crenças, em que várias reações se apresentam, como incredulidade, diversão, curiosidade, dentre outras sensações. Portanto, as rodas de chimarrão ajudam a fortalecer os laços de união entre os membros da comunidade, sendo que o chimarrão é uma boa e hospitaleira desculpa para visitar o vizinho, seja por algum evento que irá ocorrer, par discutir sobre a lavoura, para visitar enfermos ou simplesmente pelo fato de poder falar com o seu.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Este estudo teve o objetivo de compreender a importância dos momentos de sorver o mate para os moradores da comunidade Linha Criciumal. Neste sentido, foi possível verificar que o ato de sorver o mate constitui-se num momento de aproximação entre as pessoas no qual está intrínseca uma mensagem de acolhimento, respeito e união entre os membros.
            Os momentos de sorver o mate não são compreendidos em todas as situações como rodas de chimarrão. Para os moradores locais este momento não necessariamente precisa ser um círculo em que a cuia vai passando de mão em mão, mas de uma reunião de vizinhos, em que há um em pé, outro sentado, no chão, outro sentado no banco, um na cadeira. O momento de se sorver o mate não deve ser considerado como algo permeado de regras, como ter que roncar a bomba, não mexer nela ou algo do gênero. Pelo contrário, cada um puxa o assunto que quiser, toma o mate da forma que entender, se tiver entupida a bomba muda de posição.
            Como narrado pelos moradores, o chimarrão esta presente na vida das pessoas e em vários momentos, como velórios, casamentos, novenas e bailes. As novenas foram um evento em que se pode observar os homens sorvendo o mate em forma de uma roda de chimarrão e conversando sobre vários assuntos, como política, o trabalho na lavoura (cultivo de milho e/ou feijão), dentre outros. Contudo, o mais comum é sorver o mate com um, dois ou três vizinhos, ou até mesmo sozinhos.
            Os momentos de tomar o mate se tornam espaços de compartilhamento: de narrativas, emoções, dificuldades, enfim, momentos que ajudam a criar o “cimento” social, que possibilita a união entre moradores de uma comunidade.
            Este momento pode ser considerado como algo mais democrático que a própria política com suas eleições. Pois, cada um defende seu posicionamento acerca de qualquer assunto e mesmo que uma pessoa não concorde com a opinião da outra há o respeito com o que o outro diz, pois, sorver o mate é a hora de acolher o outro.
            Ao que se percebe é que de tão hospitaleiro que é o momento de sorver o mate que até mesmo quem não gosta do chimarrão, e se encontra ali (pode ser ou não uma roda de chimarrão), acaba aderindo, não por insistência do outro, mas porque ele quer se sentir parte daquele momento, poder compartilhar o mate e o que a partir dele se origina e não somente ser um espectador individualista.

REFERÊNCIAS

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Recibido: 04/02/2016 Aceptado: 25/04/2016 Publicado: Abril de 2016

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