José Geraldo de Rezende*
Leandro Benedini Brusadin**
Universidade Federal de Ouro Preto
jose.rezende21@yahoo.com.brResumo
O presente artigo pretende demonstrar a responsabilidade social das escolas de samba através de suas ações na comunidade. Estas ações contemplam acesso à diversas atividades culturais; de lazer; esportes; ensino básico, fundamental, médio e profissionalizante; acompanhamento médico, odontológico e psicológico; além de filantropia, e constituem um importante universo de possibilidades, sobretudo para pessoas de baixa renda e para o público infanto-juvenil, muitas vezes afastando-os das drogas e do crime. Tais atividades são realizadas na cidade de São Paulo durante o ano todo e despertam interesse das ciências sociais e humanas. Conclui-se que tais ações são pouco divulgadas pela grande mídia.
Palavras - chaves: escolas de samba, responsabilidade social, educação, São Paulo.
Abstract
This article aims to demonstrate the social responsibility of Samba schools through their actions within the community. Samba schools create access to a wide range of cultural activities including leisure, and sports, offer healthcare including medical, psychological and dental care, and offer wider education opportunities beyond elementary, high school and vocational studies. This widens the opportunities available for communities, notably for children, young people and those from low income backgrounds and provides a deterrent from the world of criminality and drug addiction. Samba school create such opportunities all year at São Paulo long and generate interest in social and human science. However these activities are rarely picked up and publicized by large corporates.
Key-words: Samba schools; Social responsibility; Educatio; São Paulo.
Para citar este artículo puede uitlizar el siguiente formato:
José Geraldo de Rezende y Leandro Benedini Brusadin (2015): “A Responsabilidade Social das Escolas de Samba Brasileiras e sua Ação na Comunidade Paulistana”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, n. 30 (octubre-diciembre 2015). En línea: http://www.eumed.net/rev/cccss/2015/04/samba.html
Introdução
As ações de uma escola de samba ultrapassam, em muito, o senso comum de que estas atuam apenas em função do desfile carnavalesco. Como instituições culturais e sem fins lucrativos as escolas de samba, como pode ser verificado no nome oficial de muitas - Grêmio Recreativo Escola de Samba (G.R.E.S.), Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba (G.R.C.E.S.) e Grêmio Recreativo Cultural e Social Escola de Samba (G.R.C.S.E.S.) são as denominações oficiais mais comuns - apresentam uma série de atividades relacionadas à cultura, educação, esportes, lazer e inclusão social para os residentes das comunidades próximas de sua sede, fatos pouco divulgados pela mídia. São oficinas culturais, aulas de música, dança, artes plásticas, teatro, cursos profissionalizantes, eventos em prol de comunidades carentes, arrecadação e distribuição de brinquedos no natal e dia das crianças, entre outras ações.
A intenção deste estudo é reassaltar esse lado menos conhecido das escolas de samba e que é executado o ano todo, contudo sem desconsiderar ou desprezar todo o valor artístico e cultural dos desfiles, afinal, pela característica de organização destas entidades, o desfile carnavalesco é sim o principal fator de organização da comunidade, diretores e torcida como defende Cristiana Tramonte em seu livro o samba conquista passagem: as estratégias e a ação educativa das escolas de samba (2001).
O G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira oferece ensino profissionalizante, com indicação para o mercado de trabalho. A mesma agremiação possui um premiado projeto olímpico. Todos estes processos contam com profissionais das áreas de Serviço Social, Pedagogia e Psicologia. Tubino e Dória (2006) afirmam
Escolas de samba só aparecem no Carnaval? Não, elas têm vida nos 365 dias do ano, trabalhando em projetos sociais, que são referência para as comunidades, pois fazem desde encaminhamento médico à qualificação profissional, de olho no amanhã de seus moradores da comunidade [sic]. Samba não se aprende na escola, mas as escolas de samba ensinam cidadania (TUBINO e DÓRIA, 2006. p.79).
A participação nestes projetos sociais não pressupõe que seus beneficiários possuam vínculos com agremiação: nem mesmo as oficinas de instrumentos musicais que compõem a bateria, não garante e muito menos obriga o aluno a participar da bateria oficial da escola, posteriormente. Desta forma as ações das escolas de samba possuem duas vertentes bem definidas: ações socioculturais e educativas não interferem na preparação do desfile e vice versa. O próprio calendário da escola de samba é planejado de tal forma que às vésperas do desfile, os projetos sociais estejam em recesso.
Analise de Tramonte (2001) sobre os processos pedagógicos das escolas de samba constatou seis subdivisões dos mesmos: Pedagogia da Ação Social; Pedagogia da Ação Política; Pedagogia dos Valores Éticos e Morais; Pedagogia da Ação Escolar; Pedagogia da Ação Cultural; e Pedagogia da Arte. A própria autora afirma que esta divisão é meramente teórica, e que tais pedagogias se inter-relacionam.
No decorrer deste artigo, será destacada esta vertente social das escolas de samba, sob óticas distintas. Vale a mesma ressalva feita por Tramonte (2001): tais ações na prática, se inter-relacionam.
Escola de samba e laços comunitários: reciprocidade e inclusão social
Criar possibilidades de convivência, de participação em atividades diversas, de acesso ao ensino e assistência social à comunidade são características comuns nas ações de uma escola de samba.
Tramonte (2001) defende as escolas de samba e o próprio samba como formas de resistência e de inserção da cultura negra afrodescendente na cultura brasileira. Segundo a autora, os negros, apesar de muitos obstáculos, conseguiram gradativamente inserir elementos desta cultura nas celebrações carnavalescas de origem europeia e demonstra como se deu inclusão dos escravos e negros libertos nesta festa popular, antes considerada uma festa da “elite branca. Ela apresenta a ação cultural das escolas de samba desta forma:
A escola de samba é uma ação cultural que processa e organiza as relações sociais, econômicas e políticas da parcela que aí convive no que convencionamos denominar de “Mundo do Samba”. Sua prática desencadeia um processo pedagógico fundamental para as populações que aí vivem, se organizam, criam, se relacionam, elaboram arte e realizam cultura (TRAMONTE, 2001. p. 8).
Esta ação social torna a ligação dos integrantes das comunidades com a escola de samba intensa, ultrapassando a relação de torcedor, pois quem acompanha a escola de maneira mais “íntima”, convive mais nos barracões arredores e/ou são beneficiados pelas suas práticas sociais assimila toda a proposta social que possuem atualmente as escolas de samba. Cria-se então uma relação recíproca de pertencimento: o cidadão passa a ser integrante da agremiação, passa a fazer parte dela, assim como a escola passa a ser parte de sua vida.
A interação entre membros de diferentes escolas de samba evidência esta questão: ao citar outras escolas os sambistas não usam a expressão “adversárias”, e sim “coirmãs”, afinal a disputa ocorre apenas quando pisam na avenida. Ali sim o integrante, como diz Tramonte (2001), “veste a camisa” da escola. Após o fim dos desfiles e apurações todos “vestem a camisa do samba”, unidos buscando junto aos órgãos públicos melhorias de infraestrutura para os locais do desfile e barracões maiores incentivos e apoio do Estado.
Como resultado desta união pode-se citar os sambódromos do Rio de Janeiro e de São Paulo. Em décadas passadas os desfiles aconteciam em avenidas, o que acarretava grande logística para a questão do trânsito durante o desfile. A cidade do samba, espaço onde os barracões das escolas de samba do grupo principal se reúnem e aberta à visitação turística, já consolidada no Rio de Janeiro e em fase final de construção em São Paulo 1 são outros exemplos das conquistas dos sambistas junto à órgãos públicos. Foi a importância cultural e a representação social destas instituições e do próprio evento paras as cidades, junto com a pressão das agremiações que permitiram a obtenção destas conquistas. (TRAMONTE, 2001).
Em 2014 sete das oito escolas de samba do grupo especial de Manaus em protesto contra o descaso do setor público com elas declaram todas as agremiações campeãs e queimaram as notas dos jurados no horário marcado para apuração. A única a discordar da decisão e não assinar o documento foi a Reino Unido da Liberdade 2. Este exemplo é emblemático: demonstra claramente que a competição é interessante, mas a valorização do samba vem em primeiro lugar.
A decisão da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro – LIESA – em consenso com as agremiações de não julgar G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio, G.R.E.S. Portela e G.R.E.S. União da Ilha do Governador em 2011 após um incêndio atingir seus barrocões na Cidade do Samba no Rio de Janeiro, cerca de um mês antes dos desfiles, não tendo tais escolas portanto, tempo de recuperar alegorias fantasias e adereços, é mais exemplo a ser citado mostrando a valorização do samba à frente da competição. Na ocasião as três escolas desfilaram, mas não foram atribuídas notas a elas. Entre as demais escolas, houve a disputa pelo título e o descenso para o grupo de acesso foi cancelado.
A união no mundo do samba ainda é expressa nos eventos com baterias, interpretes3 , compositores e alas de mais de uma agremiação ao longo do ano nas quadras. Até à escolha do samba enredo oficial, os cantores interpretam sambas concorrentes das eliminatórias em diversas escolas. Intérpretes dedicando-se a mais de uma escola de samba no mesmo ano, sendo estas de grupos (divisões) ou cidades diferentes, também são frequentes. Aniversários, homenagens à sambistas, inaugurações de projetos, novas alas, integram não só os gestores das instituições, mas também suas torcidas. Este clima de integração é absorvido pelas torcidas e dificilmente se vê brigas entre as mesmas durante os eventos ligado às escolas.
Um exemplo da interação das coirmãs é o apadrinhamento: escolas de samba mais novas possuem uma mais velha como madrinha. A madrinha, incentiva e apoia a sua afilhada sempre que esta ajuda se faz necessária e esteja ao seu alcance. Um caso notório é a da Portela que possui como afilhada a União da Ilha do Governador. A presença da Águia, símbolo da Portela, no escudo oficial da sua afilhada é explicado exatamente por esta relação. A escola insulana também homenageou sua madrinha no seu samba enredo de 1980, no qual um trecho dizia: “Obrigado madrinha Portela que me ajudou a caminhar. (Caminhei) E onde andei, pelos caminhos meu nome deixei” (SAMPAIO, 1979. [s.p.]). Já o G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro em 1972 fez um desfile inteiro para homenagear sua madrinha, a Mangueira.
É interessante a análise de Tramonte (2001) sobre as queixas ao final de uma apuração, após um resultado considerado injusto por alguma agremiação: tais críticas são direcionadas ao julgador, numa tentativa de preservar integrantes de outras escolas e manter a cordialidade, civilidade e o respeito no mundo do samba. De certa forma o jurado é uma figura alheia ao mundo do samba.
A reciprocidade da escola de samba com o integrante é aumentada pelas ações sociais, pelo lazer, e pelas possibilidades criadas por ser sócio de uma escola conforme relata Goldwasser (1975)
para os frequentadores, entretanto, a carteirinha de sócio da Escola de Samba de Mangueira traz uma série de vantagens adicionais: (...). Ela constitui um documento de identidade altamente valorizado para certas pessoas que a julgam capaz de lhes abrir passagem para meios sociais que de outra forma lhes estariam vendados. Assim, motivos diversos convergem para que se torne um título cobiçado de procedência social variada GOLDWASSER, 1975. p. 76).
Em outro trecho da obra a autora apresenta dois tipos de integrantes:
Há pessoas para quem o desfile representa uma experiência necessária a ser vivida pelo menos uma ou duas vezes na vida, ou uma curiosidade, e outras para as quais, mais do que isso, representa um ritual periódico e sagrado; há pessoas também para as quais a ida a uma Escola de Samba constitui uma alternativa apenas entre tantas outras para um divertimento, enquanto para outras significa uma verdadeira experiência de vida e solidariedade comunitária (GOLDWASSER, 1975. p. 69).
Tramonte (2001) também aborda a questão da sociabilidade que as escolas de samba oferecem:
a escola de samba oferece convívio social, respeitabilidade e um universo alternativo onde a reinvenção e inversão dos valores é norma: ali, os indivíduos excluídos na sociedade em geral encontrarão um ambiente onde poderão crescer como cidadãos e desenvolverem-se integralmente
(TRAMONTE, 2001. p. 129).
A Mangueira passou por dificuldade para finalizar alegorias, adereços e fantasias à tempo de desfilar em 2009 e 2010 4. Então a comunidade do Morro da Mangueira se mobilizou em uma maratona de trabalho de três turnos no barracão, e terminou os preparativos a tempo. Tal mobilização atesta o reconhecimento da população do Morro pelas ações desenvolvidas pelo Grêmio Recreativo em prol daquela.
Mas quais ações da Mangueira criaram uma relação tão íntima entre escola de samba e comunidade? Trata-se de toda a ação social que a verde e rosa desenvolve. A agremiação possui um belo trabalho com as crianças do morro e um premiado projeto olímpico. Tubino e Dória (2006) afirmam que a Mangueira foi a primeira escola de samba a obter o registro de assistência social.
Tal preocupação social iniciou-se, segundo Bittencourt em 1989, quando o então presidente Carlos Dória, “observando crianças e jovens brincando sob o Viaduto Cartola, disse: ‘a Mangueira não é só carnaval. Precisamos fazer alguma coisa para estes jovens’” (BITENCOURT, 2004, p. 8).
Reconhecida e elogiada por profissionais das ciências sociais e humanas e por prêmios, inclusive o de melhor Projeto Social da América do Sul pela rede britânica BBC - British Broadcasting Corporation - a atuação social da verde e rosa incluem
projetos sociais desenvolvidos em várias áreas como o Jornal A Voz do Morro, o Centro Integrado de Educação Pública Nação Mangueirense, o Posto de Saúde, o Centro Sociocultural da Mangueira, o Projeto de Resgate e Preservação da Memória da Mangueira, o G.R.C.5 Mangueira do Amanhã, o Projeto Vila Olímpica entre outros (Revista Mangueira 70 anos [1928-1998] apud REZENDE, 2002, p.6).
E de onde se origina essa preocupação das escolas de samba com a inclusão social? Ao analisar todo o contexto de perseguição aos sambistas nos primórdios da história deste estilo musical, por possuírem origem negra, e se disseminarem inicialmente nos morros e periferias das cidades e constituindo em sua maioria população de baixa renda, pode-se traçar um paralelo e considerar que a busca pela inclusão social das escolas de samba atualmente é, na verdade, uma continuidade da busca pela inclusão social e cidadania do povo pobre e do próprio samba: tendo este superado o preconceito e conquistado destaque no cenário cultural, as escolas de samba lutam agora para que seus protagonistas façam valer sua cultura, arte e estilo de vida e alcance a inclusão na sociedade.
“Pode chegar que aqui tem festa todo mês!”: as escolas de samba como ferramenta de lazer para a comunidade
O desfile das escolas de samba é ao mesmo tempo um grande evento cultural executado por diversos trabalhadores remunerados e voluntários, formados ou não, e uma forma de lazer para o público. Este lazer não é proporcionado apenas no desfile. Durante todo o ano ensaios e diversas ações culturais de um grêmio recreativo pode constituir uma das principais formas de lazer de uma comunidade, sobretudo em localidades de risco social. Goldwasser (1975) comentava acerca da Ala das Crianças da Mangueira:
As atividades “programadas” acabam por não diferir demasiadamente da recreação espontânea que os meninos arranjam por si mesmo, promovendo peladas na quadra sempre que a encontram franqueada a sua entrada, dessa forma, teoricamente a Escola se constitui a maior área livre à disposição das crianças em seu próprio ambiente, o que levou um informante, que foi um dos principais incentivadores da construção do Palácio do Samba, a argumentar: “O morro está assim de crianças. Ora, essas crianças vão fazer o primário, depois o ginásio, depois a Universidade6 ; e no diploma não diz se é branco, se é preto (sic 7) ou se é mulato. Por isso, as crianças precisam ter um lugar para ficar, um lugar para se orgulhar e é isso que a Mangueira é: a sala de visitas do Morro. Ali se encontra toda gente, tudo é povo, tudo é Brasil. Um ajuda o outro”. [grifo nosso] (GOLDWASSER, 1975. p 135-136).
A ultima sentença da citação acima mostra bem o espírito de união encontrado no Mundo do Samba, interrompido apenas durante a disputa entre as agremiações na avenida. Apresentações teatrais, festas de alas, festa de aniversários da escola, alas e sambistas, dia das crianças, feijoadas, shows de diversos gêneros musicais, ensaios, rodas de samba entre outras atividades constroem um universo de oportunidades de recreação e entretenimento ao qual a população das comunidades próximas aos barracões dificilmente teriam acesso de outra forma. Assim, a escola de samba torna-se um espaço de convívio intenso da comunidade podendo inclusive gerar discussões políticas e originar grupos políticos formais a partir de grupos informais que reconheçam problemas comuns. Como dizia o samba O Império do Divino do G.R.E.S. Império Serrano de 2006, usado para se referir às inúmeras festas religiosas do Brasil, mas que ilustra bem a temática de lazer nas escolas de samba aqui abordado e por isso utilizado no título deste tópico: “Pode chegar que aqui tem festa todo mês!” (CRUZ et al, 2005. [sp]).
Ressalta-se que este lazer não é tratado aqui como um lazer de caráter alienador, e sim como uma forma necessária para o ser humano, enquanto dotado de necessidades fisiológicas de divertimento, recreação e sociabilidade. Inclusive porque o lazer também pode ser utilizado para fins pedagógicos e sociais. Tramonte (2001) assinala a importância do lazer para a sociedade brasileira e afirma:
O lazer é uma forte aspiração brasileira porque permite estas articulações identitárias que não se configuram em nenhum outro nível de participação das classes populares. Assim é preciso “salvar o carnaval” e, para isso, todas as concessões são justificadas (TRAMONTE 2001, p. 119).
Nas oficinas de baterias mirins as aulas, muitas vezes, são vistas como lazer pelas crianças. Tocar instrumentos profissionais pode estar distante de sua realidade. Com toda a simbologia que uma bateria possui na concepção da criança, que pode não imaginar a responsabilidade de um ritmista, ela encara a aula como uma grande brincadeira, o que pode facilitar o aprendizado. Enquanto a criança se “distraí”, ela está recebendo educação e mantêm-se afastada de problemas sociais e da criminalidade.
Oficinas de teatro e circo desenvolvem habilidades motoras e artísticas nos beneficiários e estimulam a comunicação. A magia do picadeiro, o clima de alegria torna também esta oficina um espaço de lazer, estendido à população em eventuais apresentações abertas ao público.
O desfile carnavalesco é reconhecido no mundo inteiro como expressão da cultura e alegria brasileira. O contexto de lazer do período é confirmado pela concepção de feriado. Tal concepção é uma conquista da sociedade brasileira para ter este momento de lazer, afinal o feriado é lei apenas no estado do Rio de Janeiro e na Cidade de Recife, e nacionalmente existe em lei apenas para os servidores públicos, no entanto a maioria das empresas liberam seus funcionários o que é tratado por alguns especialistas em direito como "feriado de fato" conforme Alencar (2010) ou "feriado de direito" conforme Lima (2010).
A participação de pessoas mais pobres e seus gastos com um desfile carnavalesco geram críticas. Tramonte faz menção a estas críticas e argumenta o motivo pelo qual elas são altamente discriminatórias
É frequente ouvir a censura por parte de pessoas “estranhas ao mundo do samba” ao gasto volumoso de recursos e tempo feito pelas classes populares em torno do desfile da escola de samba. (...) “São tão pobres. Deveriam preocupar-se com comprar comida e não fantasia. Carnaval não é prioridade”. “É uma alienação. Tanta gente passando fome e o pessoal gastando dinheiro com desfiles de escola de samba”. (...) Em primeiro lugar, deve-se considerar o fundamento autoritário e paternalista da visão de mundo que considera o lazer como “alienação”: autoritário porque ignora os processos culturais, sociais e educativos que perpassam pelos desfiles das escolas de samba (...); paternalista porque, em nome do “bem-estar” das classes populares, priva-lhes o lazer, um direito de cidadania (...). Reduzindo o ser humano das classes populares à sua sobrevivência como corpo físico, tolhe-se sua dimensão espiritual, cultural e social para reduzi-lo à condição de força de trabalho (TRAMONTE, 2001. p. 125-126).
Na música Comida o grupo Titãs também aborda a questão. Na música um grupo de pessoas que parece apenas sobreviver, sem acesso ao lazer e à cultura clama por outras fontes de satisfação fisiológica e psicológica. Confira um trecho da letra:
A gente não quer só comida
A gente quer comida diversão e arte
(...)
A gente não quer só comida
A gente quer bebida, diversão, balé
(..)
A gente não quer só comer
A gente quer comer e quer fazer amor
A gente não quer só comer
A gente quer prazer prá aliviar a dor...
A gente não quer só dinheiro
A gente quer dinheiro e felicidade
A gente não quer só dinheiro
A gente quer inteiro e não pela metade...
(ANTUNES, FROMER e BRITO, 1987, [s.p.])
Portanto, não se pode desprezar o direito e a necessidade de nenhum ser humano ao lazer. Sobretudo porque este lazer pode enriquecer a cultura, estimular a consciência e emancipação política enquanto diverte.
Muito mais que escola de samba: acesso ao ensino para a comunidade
Em suas ações pedagógicas, as escolas de samba oferecem cursos de alfabetização, noções de ecologia, noções de cidadania, qualificação profissional, práticas esportivas e até mesmo ensino superior e encaminhamento ao mercado de trabalho. Tais atividades educacionais acontecem nas sedes das escolas de samba ou em locais de empresas ou entidades parceiras. Desta forma a escola de samba se configura como importante local de educação para comunidades carentes.
Na Sociedade Rosas de Ouro e no Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Mocidade Alegre, verifica-se a preocupação com a educação e qualificação profissional em diferentes vertentes. Uma vertente é o fato de que qualquer projeto social tem como pré-requisito obrigatório a permanência, frequência e bom desempenho de seus beneficiários na rede regular de ensino nos casos em que a idade do mesmo justifique tal cobrança. Outra vertente, pelos projetos contemplarem aulas de português, redação, matemática, noções de cidadania e ecologia. E a terceira vertente, porque a maioria dos projetos é de qualificação ou aperfeiçoamento profissional8 .
A Mangueira se destaca quando o assunto é escola de samba e educação. A Verde e Rosa possui em sua sede uma escola de ensino fundamental, médio e profissionalizante com encaminhamento ao mercado de trabalho. É o CAMP 9 Mangueira – uma escola de cidadania. O CAMP Mangueira é parte do projeto sócio-educativo inserido no Programa Social da Mangueira, desenvolvido com crianças e adolescentes do morro, com o objetivo de dar uma opção de lazer e formação esportiva, educacional e profissional, para os mesmos que, considerando à realidade da comunidade e do tráfico de drogas que a circunda, estão em risco social. A escola é mantida e gerida pelo Palácio do Samba mais cerca de 150 empresas parceiras, com destaque para a Xerox do Brasil©. Os cursos são gratuitos e os jovens com idade entre 14 e 18 anos têm possibilidade de trabalhar nestes empresas (CASTRO, 2004).
Enquanto entidade sem fins lucrativos devidamente registrada no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) e validada pelo Cadastro Nacional da Aprendizagem pelo Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, o CAMP Mangueira possui toda habilitação legal para encaminhar e formar seus adolescentes na condição de aprendizes (CAMP MANGUEIRA, 2010. [s.p.]).
Castro (2004) faz uma análise dos resultados obtidos pelo CAMP Mangueira – uma escola de cidadania, por ocasião dos 15 anos do projeto com um livro homônimo à escola. Rezende (2010) comenta que a obra de Castro:
traz um breve histórico do CAMP e recolhe depoimentos dos diretores e ex-beneficiários destes projetos. Estes depoimentos atestam a ação emancipatória destas ações: trazem palavras de adolescentes, hoje com empregos consolidados em empresas estruturadas, com renda mensal garantida e imensamente gratos à Mangueira pela oportunidade que esta lhes proporcionou. Eram crianças em risco social, com o tráfico na porta de suas casas, muitas vezes sem perspectiva de futuro e, através desta oportunidade, puderam direcionar suas vidas para um caminho livre do crime, baseado na educação e cidadania. Outro fator trabalhado no texto é o quanto o CAMP Mangueira – uma escola de cidadania contribuiu para que a sociedade deixasse de ver os jovens moradores do Morro com preconceito (CASTRO, 2004 apud REZENDE, 2010. p. 7).
Há ainda as ações voltadas ao esporte, dentre eles o Projeto Olímpico da Mangueira no qual se desenvolvem aulas de atletismo, basquete, futebol, futsal, ginástica rítmica desportiva, ginástica localizada, hidroginástica, natação adulta e infantil e tai-chi-chuan. Tais atividade são realizadas na Vila Olímpica da Mangueira: uma área de 35 mil m² com campo de futebol society, pista de atletismo, quadra poliesportiva e piscina semiolímpica. (MANGUEIRA, 2010). Conforme avaliações realizadas pela própria Mangueira e por estudos referentes ao projeto, os objetivos estão sendo alcançados e até mesmo ultrapassados visto que atletas do projeto olímpico conquistam medalhas em torneios estaduais e nacionais.
Rezende (2002) aponta a vertente de inclusão social do projeto olímpico da Mangueira: “Apresenta também o esporte como uma alternativa de socialização do morador de favela e dos bairros populares sendo igualmente o grande responsável pela receptividade do projetojunto ao público infanto-juvenil”. (REZENDE, 2002. p. 2). O esporte é visto como forma de educação, já que os praticantes entram na competição com regras estabelecidas que visam assegurar a igualdade de condições inicias entre os adversários. Esta igualdade, muitas vezes não é alcançada pelo indivíduo na sociedade na qual as discriminações por etnia, classe social, dentre outras determinam a possibilidade de cada um em conseguir, por exemplo, uma vaga de emprego e o acesso a uma educação de melhor qualidade.
Através do esporte e do respeito às suas regras e ao próximo, pode-se alcançar um processo de pacificação e emancipação do cidadão além de elevação de sua autoestima. Espera-se que o mesmo tome consciência de que, assim como no esporte, no qual suas habilidades e atitudes, aliadas ao respeito aos outros e às regras o conduz a alcançar o objetivo do jogo, assim também na vida suas atitudes de respeito às pessoas e aos valores humanos, certamente contribuirão para que sua realidade de vida se transforme para melhor. Assim o estímulo à educação trabalhado no projeto permite imaginar um interesse pelos estudos e um futuro livre das mazelas da vida criminal.
Projetos Sociais nas escolas de samba
Entre as ações sócio-pedagógicas das escolas de samba voltadas para a comunidade há também os projetos sociais. Este tópico procura apresentar de modo geral um cenário da realidade destes projetos. No entanto de acordo com a agremiação este cenário muda, devido às condições financeiras, número e formação dos profissionais envolvidos, infra-estrutura, localização de suas sedes e tempo de execução destes projetos em cada instituição.
Aulas e oficinas ligadas à dança, arte, educação, ecologia, esportes, noções de cidadania, música, teatro, qualificação e aperfeiçoamento profissional são as atividades mais frequentes nestes projetos sociais. Alguns destes temas estão associados às habilidades desenvolvidas pelos profissionais (ainda que sejam voluntários e/ou sem formação específica) das escolas de samba para colocá-la na avenida. Para estes projetos, de um modo geral,os próprios colaboradores da escola são os responsáveis pelas oficinas e aulas. As demais oficinas são realizadas em parceria com empresas e Organizações Não Governamentais - ONGs - ou com o poder publico. Neste caso há contratação de professores, que pode ser voluntário, das áreas do curso a ser oferecido. A sede da agremiação é o lugar mais comum de execução das aulas, mas eventualmente, ocorrerem em escolas, centros comunitários, centros culturais, entre outros.
A tabela 1 apresenta uma lista de projetos sociais desenvolvidos em diferentes escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo durante o ano de 2010.
Os beneficiários mais comuns destas ações são o público infanto-juvenil. As verbas para a execução dos projetos são a soma de recursos provenientes da própria instituição, doações de materiais por empresas e comunidade, possíveis recursos advindos de leis de incentivo à cultura e ajuda de custo – geralmente em forma de vale refeição e vale transporte - – fornecida pelo poder público. Os recursos são suficientes somente para os projetos, até porque as escolas de samba são entidades sem fins lucrativos.
A burocracia envolvendo o projeto se relaciona mais com o registro das ações executadas e a frequência dos beneficiários – também usada para a liberação e repasse dos vales refeição e transporte e confecção do certificado dos concluintes, o que mostra a responsabilidade na prestação de contas e controle de repasse de recursos. Basicamente basta o interesse, a inscrição, a frequência e para alunos com idade escolar, a comprovação de matrícula e frequência ao ensino regular. A ausência de grandes barreiras para participação nos projetos acentua o compromisso das escolas de samba com a inclusão social dos seus membros.
Rezende (2002) analisa as mudanças ocorridas no referente às entidades responsáveis pelas políticas públicas no Brasil e na cidade do Rio de Janeiro no século XX, onde o tráfico de drogas se impôs como poder paralelo e cita as escolas de samba entre as novas responsáveis pelas políticas sociais
Surgem a partir do final dos anos 80 entidades que tentam responder à situação de exclusão e violência imposta às populações pobres. São organizações não governamentais, religiosas, de entretenimento que atuam nas favelas e no (sic) bairros populares. A presença dessas novas entidades e a expansão das atribuições das antigas muda o cenário político da cidade. Na busca da integração social e da inclusão dos setores desfavorecidos, desenvolvem programas e projetos apoiados por diferentes parceiros — empresas, organismos internacionais, o próprio Estado etc. As escolas de samba, organizações que praticamente atravessaram o século XX, podem ser incluídas entre tais entidades, apoiadas pelo Estado e pela sociedade civil que desenvolvem projetos voltados para os setores populares, condição que favorece seu ingresso no campo das políticas sociais. Nesse novo contexto, o bairro e a favela são tomados como referência para a construção dos sujeitos sociais; o Estado deixa de ser o único responsável pelas políticas sociais, e se apresenta, por vezes, como um dos parceiros desses novos atores sociais. Em luta pelo reconhecimento da cidadania plena de seu público-alvo, as entidades não excluem uma perspectiva universalista de justiça social, e reivindicam a garantia dos direitos à cidadania de todo cidadão brasileiro. [grifo nosso] (REZENDE, 2002. p. 1).
A burocracia para a admissão dos beneficiários são mínimas, mas isso não significa amadorismo no desenvolvimento dos projetos. Eles são elaborados e acompanhados por profissionais de diversas áreas como pedagogia, psicologia, serviço social, além dos professores específicos de acordo com o área de ensino. Os certificados possuem validade pelo Ministério de Educação (MEC) e pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e, portanto, são reconhecidos pelas empresas do setor.
Trabalhar diretamente com a comunidade estimula a conscientização dos beneficiários dos projetos sociais sobre a realidade brasileira. Isto é enfatizado pelas diretoras de projetos sociais. Por exemplo, uma oficina de cabeleireiro em uma escola de samba, faz seus beneficiários se relacionarem com pessoas carentes e com equipamentos simples, criando assim um cenário consideravelmente diferente de uma escola de cabeleireiros das grandes empresas de cosméticos que possuem equipamentos sofisticados e atendem nos treinamentos pessoas de maior poder aquisitivo.
O convívio de diferentes classes sociais no mesmo projeto é muito importante para a conscientização sobre a realidade brasileira por parte dos seus integrantes. Segundo Érica Ferreira, coordenadora de projetos sócio culturais da Mocidade Alegre, lá convivem desde crianças com dificuldade para custear o transporte, até crianças que são levadas por motoristas particulares (FERREIRA, 2010). O vale alimentação, porém, é dado a todos os participantes. Sendo assim, uma criança com maior poder aquisitivo, pode considerar o lanche muito simples inicialmente e depois percebe que, para outras crianças aquele alimento é fundamental para a permanência nas aulas, e talvez uma das poucas refeições, senão a única, dele durante o dia.
Já Vanessa Dias de Oliveira, diretora de projetos sociais da Sociedade Rosas de Ouro afirma durante uma palestra de abertura a uma turma de projetos sociais na instituição: “Há casos em que pessoa recebe o kit do lanche 10 e coloca na mochila. Não porque não quer ou não gosta do lanche, mas por que na sua casa ficaram duas, três bocas famintas, esperando por aquele alimento, um dos poucos no dia” (OLIVEIRA, 2010. [s.p.]).
Os resultados dos projetos sociais das escolas de samba são de grande valor para a sociedade: muitas vezes o participante consegue através do certificado, uma primeira oportunidade de emprego, melhorando a condição financeira pessoal e de sua família. A educação e as noções de cidadania proporcionam mais que o aprendizado técnico-profissional: valoriza a auto-estima do aluno, emancipa-o, torna-o um cidadão mais consciente de sua realidade e de quais atitudes pode tomar para mudá-la sem subverter a ordem (REZENDE, 2010).
Considerações Finais
É notório a responsabilidade social das escolas de samba. Conforme a análise de Ferreira (2011) "Hoje as Escolas de Samba não são só Escolas de Samba, são casas de promoção social cidadã.¨(FERREIRA, 2011). Tais agremiações oferecem um universo de interações sociais à comunidades que vivem próximas às sedes, em sua maioria pessoas de baixo poder aquisitivo, com atividades que propagam os conceitos de respeito ao próximo, cidadania e ecologia; oferecem apoio pedagógico e psicológico; capacitam para o mercado de trabalho; oferecem lazer a uma população que muitas vezes não possui outra forma de recreação.
Promovem uma ampla política de assistência social emancipadora, que permite ao beneficiário após o projeto buscar transformar sua realidade de vida utilizando o aprendizado técnico-profissional e os valores de cidadania e respeito ao semelhante e ao meio ambiente transmitido em tais ações, ultrapassando muito o mero assistencialismo, muito comum no Brasil e usado inclusive para compra de votos. Estimula a autoestima e considera o ser humano como um todo, com suas necessidades fisiológicas, sociais, psicológicas e de recreação.
Buscam dar melhores condições à crianças e adolescentes carentes auxiliando-os no presente através das aulas, esportes e oficinas, afastando da criminalidade, das drogas e alçando-os à um futuro com condições de vida mais dignas através da educação. Permite acesso às formas de conhecimento sociocultural muitas vezes deficitário na escola regular; garante a frequência ao ensino regular com acompanhamento pedagógico e reforço, caso necessário; passa a eles valores como respeito, cooperação, cidadania e ética. E capacita-os para o mercado de trabalho.
Utilizam o samba para conquistas sociais em prol do samba e da comunidade, deixando de lado, inclusive a sadia competição, quando necessário. Promove a valorização da cultura afro de tal maneira a valorizar seus integrantes e almejando que os mesmos alcancem também prestígio dentro de uma sociedade infelizmente muito discriminatória.
Apesar de executarem políticas sociais tão efetivas, as escolas de samba ainda são vistas por grande parte da população como instituições que funcionam apenas para o desfile de carnaval. Constata-se então que não há divulgação destas ações sociais desenvolvidas no Mundo do Samba pela grande mídia.
As ações pedagógicas desenvolvidas nas escolas de samba buscam trabalhar as causas e não as consequências da marginalização, desemprego e violência. Estas práticas devem ser cada vez mais objeto de estudos das ciências sociais e humanas, já que seus resultados a longo prazo, beneficiam toda a sociedade, ainda mais considerando a profunda crise na capacidade de gestão pública para sanar os problemas sociais cada dia maiores, instituições como as escolas de samba tendem a serem cada vez mais importantes nas políticas públicas.
Referências Bibliográficas
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* Bacharel em Turismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Pesquisador de Iniciação Científica do Programa de Iniciação Científica Voluntária da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFOP. E-mail: jose.rezende21@yahoo.com.br
** Professor Adjunto do Departamento de Turismo da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Bacharel em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica (PUC – Campinas) em 2001, Mestre em Hospitalidade pela Universidade Anhembi-Morumbi (UAM) em 2005, Doutor em História pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Franca em 2011. Pós-Doutorando na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP). E-mail: leandro@turismo.ufop.br
1 Em São Paulo o nome do projeto varia conforme a fonte pesquisada. Encontram-se “Fábrica de Sonhos”, "Fábrica dos Sonhos" e "Fábrica do Samba". Segundo matéria realizada em dezembro de 2014 pelo site da Sociedade dos Amantes do Samba Paulista - SASP - a obra deve ser liberada para as escolas de samba em outubro de 2016. Cf. LAMIM, Leandro. Fábrica de Sonhos continua em obras para carnaval 2016. In: PORTAL SASP. Disponível em: http://www.sasp.com.br/a_noticia.asp?rg_noticia=2805#.VWOwNNW5dcu>. Acesso em 23 de Maio de 2015.
2 Cf. SOUZA, Marina. Em decisão inédita todas as oito escolas são declaradas campeãs em Manaus. In: G1 CARNAVAL. Disponível em: <http://g1.globo.com/am/amazonas/carnaval/2014/noticia/2014/03/todas-oito-escolas-sao-declaradas-campeas-do-carnaval-de-manaus.html>. Acesso em 23 de Março de 2015.
3 O termo “puxador” de samba enredo, comumente utilizado pela mídia não é muito bem aceito pelos sambistas. Dizia o saudoso Jamelão, da Mangueira: “Puxador é puxador de corda, puxador de fumo, puxa-saco. Puxador de samba não. Eu sou cantor!”. Cf. RJTV. Morre Jamelão. Disponível em <http://rjtv.globo.com/Jornalismo/RJTV/0,,MUL601376-9097,00-MORRE+JAMELAO.html>. Acesso em 17 de novembro de 2010.
4 Confira uma notícia sobre o atraso na preparação do desfile de 2009: SOBRAL e AZEVEDO. Mutirão na Mangueira para vencer o atraso. Jornal O dia on line. Disponível em http://odia.terra.com.br/carnaval/htm/mutirao_na_mangueira_para_vencer_atraso_230450.asp>. Acesso em 23 de Setembro de 2010.
5 G.R.C. Sigla para Grêmio Recreativo Cultural.
6 Hoje a própria Escola de Samba de Mangueira oferece esta oportunidade, através de seu projeto de educação, como veremos adiante, no tópico Muito mais que escola de samba: acesso ao ensino para a comunidade.
7 O que o depoente denominou preto, usando uma expressão popular hoje evitada academicamente, se refere à etnia negra.
8 Informações obtidas no trabalho de campo realizado na sedes do G.R.C.E.S. Mocidade Alegre e da Sociedade Rosas de Ouro, entre dezembro de 2008 e junho de 2011.
9 Sigla para Círculo de Amigos do Menino Patrulheiro.
10 O Kit lanche observado no trabalho de campo na Rosas de Ouro era composto de: um pacote de biscoito recheado; um pacote de bicoito tipo Salpet; um suco de frutas 200 ml; e um achocolatado 200 ml. Segundo a mesma Vanessa Dias, o lanche é fornecido pela prefeitura da cidade de São Paulo e passa pelo aval de nutricionistas.
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