Enio Sousa Sieburger
Leonardo Betemps Kontz
Odilon Leston Júnior
Universidade Federal de Pelotas
leonardobetemps@hotmail.comRESUMO
Este trabalho pretende trazer algumas informações a respeito de Francisco Pinto da Fontoura, o poeta que compôs a letra escolhida como Hino do Estado do Rio Grande do Sul, por ocasião dos festejos comemorativos do Centenário da Revolução Farroupilha em 1935. No que se refere a dados biográficos de Francisco, encontramos informações contraditórias quando pesquisávamos o processo de configuração do hino, e isto forneceu o motivo deste trabalho. Sua biografia e seu apelido usado como parte num processo de construção de imagem em 1935, com reflexos nos dias atuais são, portanto, os objetos de estudo que aqui propomos.
Palavras chave: Francisco, Poeta, Chiquinho, Revolução Farroupilha.
ABSTRACT
This paper aims to bring some information about Francisco Pinto da Fontoura, the poet who wrote the words chosen as the Rio Grande do Sul State Anthem on the occasion of the celebrations of the centenary of Farroupilha Revolution in 1935. As regards the data biographical Francisco, found conflicting information when are researching the hymn setup process, and this provided the motive of this work. His biography and his nickname used as part of an image building process in 1935, reflecting today are therefore the objects of study that we propose.
Keywords: Francisco; poet; Chiquinho; Farroupilha revolution.
Para citar este artículo puede uitlizar el siguiente formato:
Enio Sousa Sieburger, Leonardo Betemps Kontz y Odilon Leston Júnior (2015): “Chiquinho da Vovó: uma análise historiográfica sobre o poeta Francisco Pinto Da Fontoura”, Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, n. 28 (abril-junio 2015). En línea: http://www.eumed.net/rev/cccss/2015/02/chiquinho.html
Introdução
91110-310 é o código de endereço postal de uma rua localizada no Bairro Sarandi, em Porto Alegre RS, que começa na Avenida Sertório e termina na Rua Passos de Oliveira. Ainda que pareça inicialmente estarmos encomendando uma pizza por telefone, a Rua Francisco Pinto da Fontoura possui um nome que talvez nada signifique para algumas pessoas que não conseguirem associá-lo ao poeta que compôs a letra do Hino Rio-Grandense. Por outro lado, essa identificação seria supostamente mais facilitada se o apelido: “Chiquinho da Vovó” tivesse sido mencionado, junto com a inevitável reação de quem o escuta pela primeira vez: o riso. Isto foi observado por nós, e podemos afirmar categoricamente que em nossas conversas quer com colegas de academia, quer com professores, os que ignoravam esse apelido achavam muita graça do mesmo. E não é muito difícil construirmos uma imagem evidentemente preconceituosa e influenciada pelo tal apelido que nos induz a pensar numa pessoa frágil, bucólica, mimada, enfim, vulnerável.
Preconceitos e conceitos à parte, o fato é que as informações referentes à Francisco Pinto da Fontoura inicialmente mais nos confundiram do que outra coisa, já que os poucos dados biográficos que obtivemos apresentavam discordância. Até o presente momento, ignoramos qualquer retrato, iconografia, gravura de qualquer espécie, o que nos causou enorme intriga; pois como pode o autor do poema do hino ser tratado tão superficialmente? Joaquim José de Mendanha o compositor da melodia, recebeu um tratamento diferente, sua biografia está repleta de informações dando um sólido aporte aos pesquisadores.
Por força da necessidade, fomos obrigados a buscar maiores informações uma vez que estávamos estudando o processo de criação e configuração do Hino Republicano Rio-Grandense, atual Hino do Estado do Rio Grande do Sul. Conforme pudemos constatar, existiram pelo menos três versões poéticas utilizadas com a melodia de Mendanha para cumprir as funções de hino patriótico; a de Serafim Joaquim de Alencastre, outra publicada no jornal O Povo, com autoria anônima, e finalmente, a de Francisco Pinto da Fontoura.
Afirma Corte Real que até próximo às comemorações do Centenário da Revolução Farroupilha as versões eram executadas indistintamente, e nesta ocasião o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul resolveu realizar uma pesquisa a fins de indicar qual versão deveria prevalecer. Os estudos iniciais foram apresentados por Otelo Rosa e devidamente encaminhados à uma comissão encarregada de escolher a versão que seria “oficializada”. Entretanto, contrariando a indicação do próprio relator que optava pela versão publicada no Jornal O Povo, o parecer dado utilizando as próprias palavras de Otelo Rosa que definiram a versão de Francisco Pinto da Fontoura como contendo versos “inquestionavelmente mais belos, fluidos e que as crianças gaúchas sabem de cor,”1 entendeu que esta deveria ser a escolhida.
Foi o que bastou para gerar forte reação de alguns historiadores que desconformes, passaram a defender a tese de que o hino escolhido deveria ser o que Otelo Rosa indicou, ao mesmo tempo, procurando desqualificar tanto o poema como o seu autor gerando reflexos no imaginário popular a respeito de Francisco Pinto da Fontoura até tempos atuais.
Assim sendo, buscamos em primeiro lugar, mais informações a respeito do Poeta dos Farrapos, e em seguida, tentamos averiguar como se dá o processo de construção de uma imagem negativa de Francisco Pinto da Fontoura e seus desdobramentos contemporâneos.
Primeiras Informações sobre o Poeta
Seu nascimento: em Rio Pardo (RS) no ano 1793 é uma constante, divergindo, no entanto, o local em que veio a falecer assassinado; encontramos fontes que indicavam o município do Alegrete (RS), já outras, em Santana do Livramento (RS), com data ignorada.
Utilizando-nos de página na internet: Family Search2 da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos últimos dias (mórmon),que mantêm um site de genealogia, encontramos seguintes informações:
Birth: 22 Dec 1793
Rio Pardo, RS Brasil
Death: 18 Mar 1888
Alegrete, RS Brasil (FAMILY SERARCH, 2009, p.1)
Ari Martins 3 também apontou que nasceu em Rio Pardo no mesmo ano, já para seu óbito em data ignorada, Santana do Livramento; este autor indica os pais de Francisco Pinto da Fontoura, conhecido como “Chiquinho da Vovó”: Brigadeiro Antonio Pinto da Fontoura e Ana Joaquina das Dores.
Dante de Laytano4 em seu Almanaque de Rio Pardo na edição de 1946, confirma as informações anteriores apenas divergindo no local de morte com data ignorada na cidade do Alegrete, porém, fez uma correção para a segunda edição em 1979 alterando esse local para Santana do Livramento.
Rocha Almeida5 o descreve como tendo nascido em Rio Pardo, e assassinado em Livramento, sendo este filho do Brigadeiro Antonio Pinto da Fontoura e de Maria Joaquina das Dores. Atribui esse autor o apelido, para diferenciá-lo de outro Francisco que era sobrinho-neto de Dona Maria Joaquina da Conceição, sua mãe de criação.
Já Fernando Osório 6 , escreveu que Francisco era Alegretense, e foi criado por uma senhora, de nome ignorado. O livro traz ainda um poema em forma de décima, que faz referência ao reencontro de Francisco com a senhora que o criou e ao comentar sua aparência desgastada, fornece o mote para tal.
Não se pode deixar de reparar que o poema foi dedicado a uma mulher de nome Anália e conforme outras fontes indicam, a mulher que o criou seria Ana Joaquina das Dores.
Como podemos notar, as informações a respeito de Francisco Pinto da Fontoura são imprecisas, Spalding, referia-se a ele pelo apelido familiar e além, argumentou com relação ao seu poema: ‘que só haveria caído no gosto popular devido ao fato do autor viver bastante tempo, ensinando aos demais o hino com sua letra.’7
Nas fontes que inicialmente encontramos, apenas Fernando Osório8 publica outro poema deste autor sem ser a letra do hino e é curioso que um poeta denominado O Poeta dos Farrapos, com fama de grande improvisador, seja conhecido por apenas duas letras.
Em nossas consultas, encontramos no jornal O Povo9 n.6 do dia 19 de setembro de 1838, uma listagem de promoções militares onde o nome Francisco Pinto da Fontoura aparece sendo promovido de tenente agregado à 2º tenente ajudante.
Dessa forma, nos intriga as quase sempre referências à sua pessoa pelo apelido de família: Chiquinho da Vovó e jamais por seu posto militar, uma vez que o jornal O Povo, utilizado inúmeras vezes pela maioria dos historiadores contém essa informação.
Por último, tivemos acesso a um trabalho do historiador Ivo Caggiani10 , que justamente tem por objeto o autor da letra do hino e lança novas luzes sobre a questão.
Conforme esse autor, por uma omissão de dois genealogistas respeitados: João P. da Fonseca Guimarães e Jorge G. Felizardo cria-se uma confusão em torno da biografia de Francisco. Em sua obra: Genealogia Riograndense (v.1.Livraria do Globo-Porto Alegre, 1937), é ignorado o fato de existir, na realidade, dois Francisco Pinto da Fontoura: pai e filho11 .
O pai realmente nasceu em Rio Pardo no ano de 1793, filho do Tenente Antonio Pinto da Fontoura e de Ana Joaquina das Dores, sendo batizado no dia 22 de dezembro daquele ano, segundo registro do livro n.06. fl.78, da Igreja Nossa Senhora do Rosário de Rio Pardo, registro firmado pelo Vigário Manoel Marques de San Payo.12
Já em 1816, nascia Francisco Pinto da Fontoura, filho natural do Cadete Francisco Pinto da Fontoura, solteiro, e de mãe incógnita; neto pela parte paterna do Tenente-Coronel Antonio Pinto da Fontoura e de sua mulher Dona Ana Joaquina das Dores, conforme registro de Manoel Muniz Simões, no livro n.9 fl.141, Igreja Nossa Senhora do Rosário de Rio Pardo.13
Ao contrário do que afirmam fontes anteriores, o Francisco Pinto da Fontoura que irá casar-se em 1846 no Alegrete com Leopoldina Ourique é o filho, conforme Caggiani, onde já aparece o nome da mãe incógnita de Francisco Pinto (filho): Maria Inácia da Fontoura.
Tais registros estãos contidos, segundo o autor, no livro de assentamentos n.3 fl.23v. Igreja Nossa Senhora da Conceição Aparecida de Alegrete14 .
Ivo Caggiani relata que Francisco (filho) algum tempo depois de casado irá residir em Santana do Livramento com seus filhos pequenos, na condição de militar, servindo este na Revolução como Tenente do 1º Batalhão de Caçadores do Exército Republicano15 .
Este por fim, teria sido assassinado em Santana do Livramento no ano de 1858, conforme seu obituário:
FRANCISCO PINTO DA FONTOURA – Aos trinta dias do mês de outubro do ano de mil oitocentos e cinqüenta e oito, faleceu nesta Vila (assassinado), Francisco Pinto da Fontoura, de idade quarenta e um anos. Abintestado(sic) deixou quatro filhos e uma filha de menor idade, seu corpo vestido de Militar, foi encomendado na forma do Ritual Romano e sepultado no cemitério desta Vila. E para constar mandei fazer este assento que assino. O Vigário Antônio de Almeida Leite Penteado. (Livro número 01 - folhas 64 - Paróquia de Sant’Ana do Livramento).(CAGGIANI, 1996,P.6)
Assim, Caggiani diferenciando pai e filho, levanta a hipótese da origem de seu apelido: Chiquinho da Vovó, advir do fato de ser este criado por Ana Joaquina das Dores, sua avó paterna no caso. Permanece obscuro o fato de não ter sido citada a mãe de Francisco no registro de batismo sendo seu pai ainda solteiro.
Moacyr Flores16 , citando um documento similar de 1807, assegura que nestes casos onde o nome da mãe era omitido, provavelmente, a criança seria filha de alguma índia ou negra:
Nº 712 – Marcos – nascido em 21 -7- 1807. Filho legítimo do tenente Policarpo de Freitas Noronha, natural da Vila da Laguna e de mãe incógnita. Padrinhos: Fabiano de Cristo e sua mulher Maria Nunes (Livro dos Exposto(sic), de S. Antônio, fls. 123 v.).
Ainda que se saiba posteriormente o nome da mãe de Francisco Pinto da Fontoura em seu registro de casamento, seu assentamento de batismo é semelhante ao citado por Flores e tem data relativamente próxima, portanto, não se pode afastar a possibilidade de tratar-se de casos correlatos.
Voltando a Caggiani, este assegura que o hino foi composto pelo filho que faleceu em 1858, uma vez que Francisco Pinto da Fontoura, o pai, não era poeta e jamais viveu no município de Santana do Livramento, havendo falecido em 18 de março de 188817 .
O autor não fornece a fonte destas afirmativas mas a data e o local por ele mencionados coincidem com a informação obtida na página da Igreja Mórmon que consultamos.
Como Francisco se transforma em Chico, como Chico vira Chiquinho
Entendemos que as referências à Francisco Pinto da Fontoura apenas pelo seu apelido familiar “Chiquinho da Vovó” foram feitas de forma depreciativa e contribuíram para obscurecer sua memória, uma vez que o mesmo fora denominado: O Poeta dos Farrapos, alcunha bem mais respeitável. Quase sempre foi omitida sua patente militar, ao contrário de Serafin J. de Alencastre e mesmo ignorada a existência de pai e filho, a informação dando noticias das promoções militares, está contida no jornal O Povo do dia 19 de setembro de 1838.
Portanto, imaginamos tratar-se de uma espécie de represália por parte daqueles que preferiam que outra versão do hino tivesse sido escolhida, ao invés da de Francisco. Para tanto, nunca é demais recordar a manifestação de Valter Spalding em correspondência a um jornal de Porto Alegre contida na obra de Corte Real 18:
[...]Otelo Rosa apresentou ao Instituto a sua indicação justificada, para que fosse adotada oficialmente, a referida letra, publicada em O Povo, sob a rubrica Hino da Nação, em seu número de 4 de maio de 1839. Infelizmente, foi essa indicação justíssima rejeitada, continuaremos a ouvir nossos filhos cantar, num desafio guerreiro, os versos inquestionavelmente belos, do popular Chiquinho da Vovó. (CORTE REAL, 1984,P.332)
É notório o sarcasmo em Spalding nesta nota, onde, além de demonstrar seu desagrado refere-se a Francisco apenas por seu apelido sequer pronunciando seu nome. Mais adiante na mesma carta, Spalding segue desqualificando a letra por seu conteúdo “essencialmente guerreiro” que daria motivos “a balelas separatistas”, e que embora mais belos “não exprimem na atualidade e nunca exprimiram esse sentimento brasilista, que é uma das características do povo rio-grandense”. Adiante ele busca fazer um novo poema juntando partes dos três existentes que “encerrariam o sentir do povo gaúcho, sem melindrar os sentimentos da fraternidade brasileira.”
Esta postura é perfeitamente entendida no trabalho de Ieda Gutfreind19 sobre a historiografia Rio-Grandense, onde a autora identifica duas matrizes historiográficas existentes no Estado, atentando para o contexto de construção da identidade brasileira e o engajamento de alguns elementos do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, do qual, Spalding fazia parte.
Já Alfredo Varela20 tinha uma postura diferenciada, com relação ao caráter da Revolução Farroupilha, e compôs uma obra consideravelmente rica, baseada em fontes primárias obtidas de Domingos José de Almeida e no volume 5, Cap. IV irá trazer informações sobre Francisco Pinto da Fontoura muito semelhantes às que Fernando Osório utilizou em seu livro, mas como a obra de Varela é anterior fica evidente a fonte que Osório utilizou:
[...]Francisco Pinto da Fontoura, conhecido por Chico da Vovó e festejado poeta cuja menção, nesta altura, incita o por em destaque um dos mais curiosos aspectos da existência gaúcha daquela idade[...] (VARELA, 1933, P.149)
Adiante, Varela conta a mesma historia que já mencionamos com o mesmo soneto que Fernando Osório publicou em seu livro. Cumpre chamar a atenção aqui que Varela se refere à Francisco como Chico, um diminutivo do nome bem ao contrário de Chiquinho, onde se tem idéia de estar se referindo a uma criança.
Laytano21 já utiliza Chico ou Chiquinho da Vovó, isto já em 1946, e posteriormente irá prevalecer o apelido da forma utilizada por Spalding, posterior a Varela e no contexto da escolha do hino. Assim notamos em Guilhermino César22 , Augusto Meyer 23, Eno Teodoro Wanke24 , Morivalde Calvet Fagundes.25
Essas pequenas sutilezas a nosso ver, vão contribuindo ao longo do tempo para a construção imaginária da personalidade de Francisco estereotipado pelo seu apelido que foi alterado propositalmente em meio a uma disputa ideológica existente no momento.
Isto pode ser observado em outras obras de gênero literário pertencentes aos chamados romances históricos onde destacamos o de Barbosa Lessa 26, onde por sinal o nome de Francisco parece estar equivocado:
[...] Poeta? Aqui tem o Coronel Serafim Alencastre...Será que ele faz a letra? Ou, quem sabe o Francisco Amaral Fontoura?(sic)[...]é isso mesmo: O Chiquinho da Vovó![...] (LESSA, 1986, P.4)
Alcy Cheuíche27 , dando vazão a seu talento literário constrói um personagem dado a beberagens:
[...] Francisco Pinto da Fontoura, mais conhecido como “Chiquinho da Vovó”, dormia sossegadamente em sua casa na Rua da Cadeia. Como de hábito, bebera demais na noite anterior. (CHEUÍCHE, 1984,p.118)
É evidente que por tratar-se de um “romance histórico”, pode o autor atribuir características a seus personagens e imaginar diálogos a la vonté, tomando por base determinados episódios e imaginando os devidos diálogos.
Em nossa opinião, o problema consiste na confusão entre mito e realidade como por exemplo, na obra de Spalding 28 onde é atribuído ao General David Canabarro uma resposta “patriótica” e “heróica” um emissário de Juan Manuel Rosas, recusando a oferta de auxílio militar, e indo além ameaçando o presidente vizinho de “utilizar o sangue do primeiro de vossos soldados para assinar a paz entre Rio-Grandenses e brasileiros”. É claro que no processo de construção identitária do mito fundador do gaúcho brasileiro em oposição ao castelhano, essas idéias adquirem sentido, entretanto, torna-se tênue a linha entre alteridade e xenofobia.
Até o presente momento, não encontramos a fonte de onde o autor extraiu esta informação e até prova em contrário, esse diálogo, troca de ameaças e correspondências na mais pura demonstração de Chauvinismo à la gaúcha, só pode ter acontecido na cabeça de Valter Spalding.
Onde Chiquinho é Francisco
Uma vez que descobrimos por intermédio de Ivo Caggiani29 a existência de homônimos, com seus respectivos registros de batismo, casamento e óbito, mesmo não se tratando de fontes primárias seguimos no rastro de Francisco Pinto da Fontoura buscando algumas informações que pudessem corroborar as até então existentes.
O nome aparece na obra de Ladislao Titára 30 que é referente ao conflito de 1852 contra Rosas: “(...)Assistentes do Deputado Quartel-mestre General(...) o Capitão da GN Francisco Pinto da Fontoura(...).” (TITARA, 1950, P.249)
Também encontramos outras referências de cunho militar referentes ao mesmo nome desta vez aludindo à campanha de 1816 contra Artigas31 :
Neste encontro, destacaram-se pelo ardor e valentia, os tenentes, Gaspar francisco Menna Barreto e José Rodrigues Barbosa, o alferes Jose Luis Menna Barreto e os Cadetes Patrício José Correia da Câmara e Francisco Pinto da Fontoura.(LARA, 1972, p.135)
De posse destes dados, somados à relação de oficiais promovidos publicados no O Povo 32 e comparados com as informações de Ivo Caggiani 33, confirmamos os vínculos militares de Francisco Pinto da Fontoura, e certamente, os do pai em 1816, ano em que nasceu seu filho.
Outro dado que fica confirmado é a patente militar de cadete, tal como descrito no assentamento de batismo deste ano.
Caggiani34 também afirma que O Poeta dos Farrapos seria o filho, encontramos uma possível confirmação desta informação em Luis da Câmara Cascudo35 :
Os poetas – havia dois muito conhecidos: o João dos Afetos e o Chico da Vovó[...] Os versos de João dos Afetos, como poeta de água doce, são por demais conhecidos para as horas de melancolia; quanto a Francisco Pinto da Fontoura, teria 18 anos quando foi preso pela Reação de 1836. Alguém dentre seus companheiros de prisão pediu-lhe que escrevesse em verso aquela situação; o que ele fez em um soneto de que extraíram muitas cópias, mas de que só me ficaram na memória as seguintes linhas:
Nesta prisão existem aferrolhados
Vinte e quatro cidadãos gente muito boa,
A cidade tornou-se uma Lisboa,
E nós pelas curtas envisgados.
Há aqui um não sei que, que nos enoja,
Eis a vida que se passa na cadeia,
Estreita, fria, escura e enfumaçada. (CASCUDO, 1965, P.207)
Pelo exposto, podemos observar que as referências são a Chico e não “Chiquinho”, uma sutileza como afirmamos, mas que poderia estar conter intenções subliminares e em outro aspecto, conforme a data e a idade alegada, fica evidente que o poeta seria o filho que teria em torno de dezoito anos em 1836.
Os reflexos atuais
Em obras mais recentes em meio à polêmica surgida em torno da letra do hino, observamos mais referências a Francisco pelo apelido diminutivo superlativo, desta vez em artigo que trata sobre a presença negra no Rio Grande do Sul 36:
Repensar o Hino Rio-Grandense: povo que não tem virtude acaba por ser escravo...Opa! Não temos virtude, Chiquinho da Vovó (E Francisco Pinto da Fontoura). Ser forte, aguerrido e bravo são virtudes e estão em nosso currículo. Além de outras(...)(FERREIRA;SANTOS, 2000, P.111)
Basicamente, este raciocínio está embasado no posicionamento de outro poeta, desta vez ativista do movimento negro: Oliveira Silveira, que propunha uma versão negra para no Hino Rio-Grandense, segundo sua perspectiva, o negro não estava representado com dignidade na letra do hino. Indo além justificava o precedente de a melodia do hino que fora composta por um maestro negro (J.J. Mendanha) sofreu alteração feita por um maestro branco (A.Corte Real), era direito de um poeta negro (O. Silveira) revisar a letra de um poeta branco.
Ainda que tenhamos discutido esse assunto em nosso trabalho de conclusão de curso e o hino em si não seja o foco principal nunca é demais repetir os dados que arrolamos.
Em primeiro lugar a letra do hino foi alterada, sendo suprimida uma estrofe inteira e entendemos que isso mudou radicalmente a interpretação que se pode ter referente ao hino.
Em segundo lugar, não podemos afirmar que Francisco Pinto da Fontoura (o filho) possuísse um fenótipo caucasiano ou branco (em palavras de Oliveira Silveira). Conforme seu assentamento de batismo apresentado no livreto de Caggiani37 , o nome da mãe era ignorado.
Podemos comparar esta situação com outra apresentada por Moacyr Flores38 :
Há registros de batizado que refletem a conduta do homem que se unia com mulher de outra etnia.[...] A mãe, única certeza na época, não foi reconhecida por ser alguma índia ou negra.[...] é provável que os registros sem anotações das origens dos pais ocultem as diferenças étnicas na aceitas pela sociedade.(FLORES, 2002, P.84-85)
Particularmente, entendemos como justa a reivindicação do movimento negro que busca o papel do negro rio-grandense enquanto ator social na construção da história do Rio Grande do Sul, entretanto, as alterações sofridas na letra deram-se em pleno regime da ditadura militar de 1964 no Brasil, em nosso ver, são em parte, responsáveis por possibilitar esse tipo de interpretação.
Retornando a Francisco e as conseqüências decorrentes desta construção de imagem, podemos citar obra recente de Juremir Silva 39:
Não se faz um imaginário sem rituais e bens simbólicos.”Que sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra!” Quem poderia imaginar que uma frase dessas, tão modesta e estimulante, foi escrita por um sujeito conhecido como Chiquinho da Vovó? Quanto arroubo nesse peito afetivo!(SILVA, 2010, P.295)
Como se pode notar, a alteração no apelido de Francisco induziu a criar um imaginário a seu respeito caracterizado como uma pessoa infantilizada, dado a bebedeiras, em fim, desprovido de personalidade forte mesmo que nada comprove tais afirmativas.
Outra afirmativa recorrente a respeito de Francisco Pinto da Fontoura, recai sobre o fato de ter vivido até próximo a proclamação da república e ensinando “a todos o hino com sua letra”40 , isto de certa forma também permaneceu até tempos atuais como demonstra matéria publicada em jornal pelo tradicionalista Antonio Augusto Fagundes41 :
Na realidade os Farrapos tiveram para a mesma música três letras distintas, embora bem assemelhadas. Uma delas apareceu mais no fim do Decênio Heróico, de autoria do jovem poeta Francisco Pinto da Fontoura, conhecido como Chiquinho da Vovó. Em 1880, começou a propaganda republicana no Brasil. Então, moços gaúchos que estudavam em São Paulo procuraram no passado recente do Rio Grande do Sul, velhos símbolos republicanos para a propaganda que se iniciava. E foram atrás de hino, bandeira, e brasão da heróica República Rio-Grandense. Chiquinho da Vovó que ainda vivia, entregou-lhes a sua letra que assim se popularizou e chegou até nós.(ZERO HORA, 2010, P.2)
É bem verdade que Nico Fagundes42 , em matéria publicada em periódico não se preocupou em citar suas fontes, não ficando claro portanto, o que sustenta a afirmação que o poeta tenha composto seu hino “mais no fim do decênio heróico”. Outro fator importante a nosso ver é a confusão em torno de pai e filho que permanece, pois o autor afirma que “Chiquinho da Vovó” viveu até 1880, contrariando as informações por nós obtidas.
Francisco Pinto da Fontoura viveu até fins do século mas trata-se do pai conforme apontam os registros apresentados por Caggiani. Quanto ao apelido Chiquinho da Vovó, estamos convencidos tratar-se do filho, jovem poeta, conforme o próprio Nico e que morre assassinado deixando esposa e filhos em Santana do Livramento no ano de 1858.
Considerações Finais
Por fim poderíamos apresentar outra fonte igualmente referente à dados genealógicos que obtivemos pela internet43, que além de confirmar as afirmativas da existência de pai e filho homônimos, menciona o nome da mãe de Francisco Pinto da Fontoura filho: Maria Ignácia da Fontoura, entretanto, sem fornecer mais detalhes. Um estudo mais aprofundado a respeito desta senhora se faz necessário, para podermos somar mais uma peça neste quebra-cabeça que é a vida de Francisco Pinto da Fontoura.
Neste jogo de rupturas e permanências, pudemos observar que a alteração do apelido contribuiu para um imaginário e construção esteriotipada sobre Francisco Pinto da Fontoura, sendo descrito em artigos de formas diferentes, prevalecendo as que não lhe foram muito favoráveis.
A omissão das patentes militares, quer como Tenente, Capitão da GN ou Cadete, some como num passe de mágica, e Francisco ou Chico vira “Chiquinho”.
Seu talento como poeta é bem verdade, não foi questionado em nenhum momento, entretanto, não se pode precisar em que momento compôs a letra, pois as fontes nesse sentido nunca foram precisas, sendo identificadas algumas que afirmavam que seu poema tivera sido composto após o término do conflito, entretanto desqualificamos estas informações por nos parecerem muito superficiais.
Quanto à Francisco ensinar a todos o hino com sua letra, pensamos que isso não corresponde a realidade conforme os dados obtidos, entretanto, para tornar verossímil esta afirmativa, só mesmo apelando para a imaginação como fizeram outros tantos. E neste aspecto preferimos concluir este artigo com uma pergunta: Não teria o pai, entregue o poema aos republicanos para desta forma atenuar a dor da perda de um filho e desta forma conservar suas recordações? Afinal por ironia do destino, houve uma inversão e o filho morre antes do pai que realmente viveu até 1888.
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INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO DO RIO GRANDE DO SUL IHGRGS Disponível on-line. <http://www.ihgrgs.org.br> acessado em 12/08/2010.
2 FAMILY SEARCH. Site de genealogia da IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ULTIMOS DIAS. Disponível on-line: <http://familysearch.org/eng/search/frameset_search.asp> acessada em 30/10/2009.
3 MARTINS, Ari. Escritores do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 1978,p.225.
4 LAYTANO, Dante de. Almanaque de Rio Pardo. 1ªed. GRAFICA DO CENTRO. Rio Pardo, 1946, p.142.
5 ALMEIDA, Antonio da Rocha. Símbolos da República Rio-Grandense. In: História do Brasil. Enciclopédia Globo para os Cursos Fundamental e Médio. MAGALHÃES, Álvaro (org). 5 ed. Porto Alegre: GLOBO, 1978.
6 OSÓRIO, Fernando. A Graça e o Lyrismo-Heróico dos Farrapos. Porto Alegre:GLOBO, 1935,p.14-15.
7 SPALDING, Walter. A Epopéia Farroupilha. Rio de Janeiro: BIBLIEX, 1963, p.125.
8 OSÓRIO, op. cit.
9 O POVO, Piratini, 1838. Caçapava 1839. Edição fac-similada da Livraria do Globo, 1930.
10 CAGGIANI, Ivo. A Letra do Hino Rio-Grandense e o seu autor. Sant’Ana do Livramento: EDICIONES DEL AUTOR, 1996.
11 CAGGIANI, op. cit., p.5.
12 idem.
13 Ibidem.
14 CAGGIANI, op. cit., p.6.
15 idem.
16 FLORES, Moacyr.República Rio-Grandense: Realidade e Utopia. Porto Alegre: PUCRS, 2002, p. 84.
17 CAGGIANI, op. cit., p.12.
18 Correio do Povo 20/06/1934, apud CORTE REAL, p.332.
19 GUTFREIND, Ieda. A Historiografia Rio-Grandense. 2ed. Porto Alegre: UFRGS, 1998.
20 VARELA. Alfredo. História da Grande Revolução: Porto Alegre: GLOBO, 1933, V 5.p.149.
21 LAYTANO, op. cit.
22 CESAR, Guilhermino. História da Literatura do Rio Grande do Sul 1737-1902. Porto Alegre: GLOBO, 1971, p.59.
23 MEYER, Augusto. Guia do Folclore Gaúcho. Porto Alegre: PRESENÇA, 1975, p.138.
24 WANKE, Eno Teodoro. A trova literária: história da quadra setissilábica, especialmente na literatura brasileira. Rio de Janeiro: FOLHA CARIOCA EDITORA, 1976, p.97.
25 FAGUNDES, Morivalde Calvet. História da Revolução Farroupilha. Caxias do Sul: UCS, 1984.
26 LESSA, Barbosa. República das Carretas. Porto Alegre: TCHE, 1986, p.41.
27 CHEUÍCHE, Alcy. A Guerra dos Farrapos. Porto Alegre: AGE. 1984, p.118.
28 Sua primeira obra literária, com temas históricos, foi editada em 1931, como o nome de Farrapos, composta inicialmente de 2 volumes e mais tarde reunidos em um, com relatos em forma de contos, trazendo notas de rodapé da página sobre citações de fontes históricas, levando o leitor a acreditar que sua criação literária seja o relato histórico.(SPALDING, apud FLORES, Moacyr.Historiografia da Revolução Farroupilha (II). in: Veritas. Porto Alegre, v.31 n.123, setembro de 1986, p.386.)
29 CAGGIANI, op. cit.
30 TITÁRA, Ladisláo dos Santos. Memórias do Grande Exército alliado libertador do Sul da América Latina.Rio Grande do Sul: TYPOGRAFIA DE B. BERLINK 1852, 2ed. GRÁFICA LAEMONTE, 1950, pg. 249.
31 LARA, Diogo Arouche de Moraes. Memória da Campanha de 1816, com a exposição dos acontecimentos militares das fronteiras de Missões e Rio Pardo, da capitania do Rio Grande de S. Pedro do Sul. In: Histórias do Exército Brasileiro: Perfil militar de um povo. v 1. Brasil: ESTADO MAIOR, 1972, p.375.
32 O POVO, op. cit.
33 CAGGIANI, op. cit.
34 idem.
35 CASCUDO, Luis da Câmara. Antologia do folclore brasileiro: Séculos XIX-XX, os estudiosos do Brasil. São Paulo: MARTINS, 1965, p. 207.
36 FERREIRA, Antonio Mario ‘Toninho’ & SANTOS, Milton. Na própria pele: os negros no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: CORAG, 2000, p.112.
37 CAGGIANI, op. cit.
38 FLORES, Moacyr.República Rio-Grandense: Realidade e Utopia. Porto Alegre: PUCRS, 2002, p.84-85.
39 SILVA, Juremir Machado da. História regional da infâmia. Porto Alegre: L&PM, 2010, p. 295.
40 SPALDING, Walter. A Epopéia Farroupilha. Rio de Janeiro: BIBLIEX, 1963, p.125.
41 FAGUNDES, Nico. O Chiquinho da vovó. ZERO HORA, 03 de julho de 2010 n. 16385 disponível online:<http://www.zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp> acessada em: 29/08/2010.
42 Apelido como é conhecido, e uma vez que de apelidos trata este trabalho achamos por bem utilizá-lo.
43 GENEANET.ORG.disponível on-line< http://gw5.geneanet.org/index.php3?b=valdenei&lang=fr;p=francisco+pinto+da;n=fontoura> acessada em 02/11/02010.
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