André Lopes Benito*
Reinaldo Dias**
Universidade Presbiteriana Mackenzie
reinaldo.dias@mackenzie.beCom o advento da internet em paralelo com o sistema capitalista em sua forma mais tradicional, a economia compartilhada surge como diferencial competitivo com potencial de dar voz e vez aos participantes individuais possuidores de recursos excedentes que estão dispostos a compartilhar benefícios. Esta pesquisa busca entender, e apresenta uma análise sobre as plataformas de coworking que nos últimos anos revolucionam e evidenciam mudanças no estilo tradicional de trabalho de grandes corporações, profissionais autônomos e pequenas startups no Brasil, e no mundo. Uma abordagem holística que se concentra em melhorar o nível informacional sobre potencialidade dos espaços de coworkings localizados na Região Metropolitana de Campinas, identificando as vantagens e desvantagens dessas estruturas compartilhadas, que contam com um número expressivo de usuários que operacionam suas atividades econômicas dos mais variados graus de especialização, no vasto domínio da indústria regional.
Palavras chaves: Coworking, networking, Economia compartilhada
RESUMEN
Con el advenimiento de Internet en paralelo con el sistema capitalista en su forma más tradicional, la economía compartida surge como diferencial competitivo con potencial de dar voz y vez a los participantes individuales poseedores de recursos excedentes que están dispuestos a compartir beneficios. Esta investigación busca entender, y presenta un análisis sobre las plataformas de coworking que en los últimos años revolucionan y evidencian cambios en el estilo tradicional de trabajo de grandes corporaciones, profesionales autónomos y pequeñas startups en Brasil, y en el mundo. Un enfoque holístico que se centra en mejorar el nivel informativo sobre la potencialidad de los espacios de coworkings ubicados en la Región Metropolitana de Campinas, identificando las ventajas y desventajas de esas estructuras compartidas, que cuentan con un número expresivo de usuarios que operan sus actividades económicas de los más variados grados de especialización, en el vasto dominio de la industria regional.
Palabras clave: Coworking, redes, economia compartida
ABSTRACT
With the advent of the internet in parallel to the capitalist system in its most traditional form, the shared economy emerges as a competitive differential with potential to empower those who have excessive resources and are willing to share benefits. This research seeks to understand and analyze the coworking platforms, that revolutionized and demonstrated changes in the traditional work style of large corporations, autonomous professionals and small startups in Brazil and the world. An holistic approach that concentrates on improving the informational level of potentiality of coworking spaces localized in the Metropolitan Region of Campinas, that identifies the advantages and disadvantages of these shared structures, that have a significant number of users that operate their economic activities, with various levels of specializations, in the vast domain of the regional industry.
Keywords: Coworking, Networking, Shared Economy
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
André Lopes Benito y Reinaldo Dias (2017): “A economia compartilhada na Região Metropolitana de Campinas: vantagens e desvantagens”, Revista Caribeña de Ciencias Sociales (agosto 2017). En línea:
https://www.eumed.net/rev/caribe/2017/08/economia-campinas.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/caribe1708economia-campinas
Com o advento da internet e em paralelo ao sistema capitalista em sua forma mais tradicional. A economia compartilhada surge como diferencial competitivo frente ao padrão de indústria morosa, fechada e centralizada.
As plataformas que sustentam esta nova dinâmica de consumo possuem grande potencial de conectarem, organizarem, agregarem valor e dão voz e vez aos participantes individuais possuidores de recursos excedentes que estão dispostos a compartilhar, em troca de remuneração e outros benefícios.
O híper consumismo e os hábitos de descarte descompassado ainda são as bases do sistema de consumo moderno. É desta lacuna do capitalismo e da sofisticação da tecnologia que os modelos de negócios, baseados no compartilhamento surgem, e não o bastante, impulsionam o desenvolvimento de uma economia compartilhada que reorganiza a capacidade excedente dos recursos já existentes e dão poder econômico aos usuários que antes não imaginavam o tamanho da sua importância para o desenvolvimento econômico e social do coletivo.
Para Chase (2015), já possuímos um número mais que suficiente de coisas físicas, e o que precisamos fazer é otimizar a utilização desses ativos como forma de alavancar essa capacidade excedente e gerar ganhos para a própria sociedade. Carros, bicicletas, camas entre outros itens podem ser utilizados de forma mais eficiente no sistema de compartilhamento. Essa nova ordem desestrutura o que parecia fortalecido pela cultura do consumo e potencializa a criação de novas empresas que, da noite para o dia, tornam-se gigantes no mundo de compartilhamento.
É da diversidade dos modelos de negócios colaborativos que este estudo ganha sustentação.
Assim, este artigo apresenta um estudo sobre os espaços de coworkings que, nos últimos anos, revolucionam e evidenciam mudanças no estilo tradicional de trabalho de grandes corporações, profissionais autônomos e pequenas startups no Brasil e no mundo. Um manifesto positivo aos princípios de Activity Based Working 1.
O mercado de compartilhamento vem se fortalecendo nos últimos anos e, nesse novo contexto, as pessoas vêm se tornam agentes chave para essa nova ordem econômico que cresce exponencialmente a cada dia. Em 2014, a Forbes estimou que a economia compartilhada gerava receita anual de US$ 3,5 bilhões para os usuários desses serviços, valor que possivelmente irá crescer 25% ao ano, segundo a mesma fonte. Na economia compartilhada, os usuários contam com um novo poder econômico que antes não sabiam que tinham. Os perfís criados nas mais diversas plataformas podem classificar os usuários como detentores de recurso, e que portanto, serão aqueles que aspiram por compartilhar seus próprios recursos em troca de remunerações, e ou, outros benefícios, como também, classifica-los como usuários que buscam por recursos, e estão dispostos a pagar por seu acesso e utilização.
É desta interação que este estudo se inclina a entender e relação de flexibilidade e liberdade dos indivíduos usuários dos sistemas compartilhados, e verificar especificamente qual a extensão destes mesmos fatores para o formato de trabalho nos espaços de coworkings da Região Metropolitana de Campinas.
Humphrey (apud BUTLER, 2008), ao falar sobre interações sócias no trabalho e na telecomunicação, ressalta que as pessoas começaram a perceber uma deficiência no que diz respeito à socialização, estavam se afastantando deste atributo tão importante, porém perceberam que precisavam dele para sobreviver.
Para Bostman e Rogers (2010), muitos profissionais como técnicos, pesquisadores, escritores, produtores, e empreendedores identificaram facilmente a necessidade de frequentar espaços compartilhados de trabalho. Todas essas pessoas trabalhavam por conta e juravam não retornar aos padrões de escritórios tradicionais sob as políticas que fazem parte desse sistema. Mas, ao mesmo tempo, ansiavam por uma forma de trabalho em comunidade onde poderiam cruzar ideias cara-a-cara com outros profissionais e assim socializar. É por este caminho de necessidade humana e profissional que os coworkings ganharam cada vez mais adeptos pelo mundo.
Ainda por Bostman e Rogers (2010), os coworkings são descritos como cubos de interação ou fraternidades de interesses mútuos. Os espaços em si próprios variam em termos de privilégios e culturas, estão também embasados na melhor combinação entre os elementos sociais, vibrantes, criativos e descontraído de uma café temático, e o melhor dos elementos produtivos e funcionais de um ambiente de trabalho formal.
Aguiton e Cardon (2007) ressaltam que os coworkings viabilizam um terceiro espaço, algo que não é necessariamente uma mesa em uma companhia ou qualquer outra organização formal e muito menos algo que poderia ser comparado a uma área de trabalho sob a privacidade domiciliar do indivíduo. Para os autores, é uma espécie de espaço público que as pessoas podem fazer parte quando desejarem, com a garantia de encontrar vida social e chances de fazer trocas úteis e agregadoras para seus interesses.
Assim, a aspiração maior deste estudo surge da necessidade de expandir o conhecimento sobre o potencial econômico das atividades realizadas dentro dos espaços de coworking na Região Metropolitana de Campinas e para atingir este objetivo se propôs a responder ao seguinte problema de pesquisa: quais as vantagens e desvantagens dos espaços de coworking na Região Metropolitana de Campinas – (RMC)?
Na conjuntura do modelo econômico atual nos deparamos com uma lógica de mercado cada vez complexa, que sofre mudanças constantes por consequência da dinâmica econômica e social que vem sendo reinventada a todo o momento desde a revolução industrial de XVIII e XIX.
A economia industrial tradicional, impulsionada pelo modelo capitalista, padroniza sua oferta em busca de economia de escala. Com produtos e serviços a preços reduzidos e em grandes volumes, as empresas, então, conquistam territórios, até o ponto de se tornarem internacionalmente grandiosas em seus setores.
A lógica do capitalismo faz parte de qualquer estratégia organizacional de qualquer empresa que pretende se manter viva em meio ao mercado competitivo. Esta lógica baseada na produção e acúmulo de capital, impulsionada pelos aprimoramentos da tecnologia, tende a ser replicada para as diferentes culturas do globo.
Contudo, a realidade demográfica no planeta já não comporta o modelo capitalista engessado, e não se sustenta por padrões pré-definidos. Esta nova ordem, conforme considerações de Werbach e Garschagen (2010), está associada ao crescimento da população no planeta o qual muda em sua totalidade a dinâmica de mercado com suas novas exigências e necessidades específicas.
O fato é que, em ordem cronológica, o modelo capitalista se transformou em um sistema multifacetado, o qual torna qualquer análise micro ou macroeconômica ainda mais complexa e bastante específica para cada unidade de negócios e região estudada. No entanto, na perspectiva generalista deste mesmo sistema fica óbvio que ainda vivemos sob pressões de uma das características mais marcantes do capitalismo que é o estímulo ao consumo em massa. Victor Lebow traz em uma publicação de 1995 que este consumo massificado é nada mais que uma consequência da enorme produtividade industrial das últimas décadas que demanda consumo, e torna o ato de consumir um meio de vida, um deslumbramento que visa à aquisição de bens como um ritual indispensável para satisfação do ego e realização pessoal.
Segundo Lebow (1995), a economia precisa a todo momento de bens consumidos, substituídos e descartados em ritmo cada vez mais acelerado.
Os padrões de consumo são diversos, e as ferramentas que fomentam este consumo variam de uma simples campanha publicitária até o acesso a crédito para a aquisição de bens e serviços antes não acessíveis com tamanha facilidade. Este desejo por consumo continua sendo fruto da busca incessante dos indivíduos por status, que constroem sua identidade e posicionamento social com base na quantidade e sofisticação dos bens possuídos, propriedade essa que para a síntese de Mont (2004) se traduz em controle e poder social.
Para Ropke (1999), a identidade de uma pessoa torna-se um projeto na cultura do consumo, em suas palavras, no que se refere a esse fenômeno:
A pessoa sente mais responsável pela própria vida e auto identidade. [...] No processo de construção e sustentação de uma auto identidade, o consumo desempenha um papel importante. As pessoas usam seus bens como um dos meios para se definir, bem como passar mensagens para os outros (ROPKE, 1999, p. 410).
Por consequência deste contexto estratégico bastante agressivo, continuamos a viver em um ciclo capitalista fortemente financiado por instituições financeiras que movimentam montantes exorbitantes dos juros advindos da concessão de crédito.
A justificativa para tal dinâmica econômica está relacionada com o jogo de interesses dos respectivos agentes listados por Chase (2015), são eles: sociedade, instituições financeiras, organizações privadas, governos, entre outros organismos reguladores, que, de alguma forma, são beneficiados pelo modelo. Outra explicação envolve a perspectiva otimista de senso comum de alguns agentes ao dizer que quanto maior o consumo, maior a produção e por consequência maior o lucro. Mas essa simplificação sistêmica do modelo capitalista não é a única vertente e não reflete efetivamente a realidade, pois, entre outras perspectivas, quanto maior o consumo, maior o uso do crédito, maior a produção, maior o índice de inadimplência e, no lugar de lucro, provavelmente, o colapso.
Do consumo deliberado, não resta dúvida de que todos desejam cada dia mais acessos a bens e serviços antes não necessários, são dessas aspirações que o sistema capitalista procura atender às novas necessidades, facilitando o acesso de forma ainda mais lucrativa, criativa, inovadora além de sustentável, e é aí que a economia compartilhada ganha força frente aos novos modelos de negócios. Ela se torna uma das facetas do modelo capitalista, que potencializa um modelo de negócio através do uso de ferramentas tecnológicas que servem de propulsores para o que Albisson e Yasanthi (2012), chamam de movimento dos consumidores para o compartilhamento através de mercados alternativos.
Em comprovação à esta nova estratégia, Slater (2002) enfatiza consumo como um processo da cultura que faz parte da vida cotidiana de qualquer indivíduo que vive em sociedade. Tal consumo com a passar dos anos, torna-se desenfreado e, com ele, os impactos sociais e ambientais. Surgem também a Internet e a preocupação com o sustentável. É nesse contexto que os princípios de economia compartilhada ganham força, tornando-se uma lacuna para o desenvolvimento de novos negócios, que por Chase (2015), são modelos que vão contra as empresas que sobrevivem e prosperam através de estratégias datadas que barram novos entrantes, mantêm grandes ativos de capital fechado e detenção de propriedade intelectual.
Ainda pelo mesmo autor, as estratégias tradicionalistas de grandes corporações são incapazes de corresponder ao potencial do mercado de compartilhamento. Para Chase (2015), no mundo, o poder começa a passar de entidades morosas, fechadas e centralizadas, para o modelo ágil, adaptável e distribuído de empresas que atuam como plataformas de compartilhamento. E é, desta forma, que essas organizações começam a reinventar o capitalismo.
Numa perspectiva de desenvolvimento de novos negócios, surge a economia compartilhada.
Com o passar dos anos, o cenário de economia compartilhada vem tomando cada dia mais a atenção do mundo, sua evolução resulta em grandes organizações como Airbnb, com aluguéis de quartos, casas, entre outras soluções criativas de acomodações para viajantes; Ubber, facilitando a locomoção das pessoas nos grandes centros urbanos e Zipcar que disponibiliza aos usuários acesso à veículos de uso compartilhado. Para Chase (2015), essas são empresas que fazem história travando grandes batalhas contra governos que impõem regulamentos atrasados, obsoletos para as novas possibilidades de negócios.
Essa nova ordem desestrutura o que parecia fortalecido pela cultura do consumo e potencializa a criação de novas empresas que, da noite para o dia, tornam-se gigantes no mundo de compartilhamento. Ainda por Chase (2015), há uma estrutura que fundamenta tudo isso e seus elementos, são: capacidade excedente, uma plataforma de participação ou interação e competência individuais dos indivíduos (usuários e administradores do sistema) envolvidos no modelo de negócio. Esse novo alicerce, segundo o autor, muda completamente a forma que trabalhamos, criamos novos negócios e forjamos economias. Ele chama essa estrutura de Peers Inc. Onde Inc são os recursos corporativos, a base das plataformas de compartilhamento, o modelo de negócio em si. E as Peers, são as pessoas, os pontos fortes dos usuários envolvidos que poderiam contribuir para a plataforma de compartilhamento.
Como exemplo prático, o Airbnb, no qual Inc neste contexto é o próprio website e outros recursos da estrutura organizacional, e os usuários são basicamente os Peers, termos que juntos caracterizam uma organização Peers Inc. Essa nova estrutura contextualiza a dinâmica de transformação da modernidade que Chase (2015) expressa em sua literatura dizendo: “A Peers Inc está impelindo a transação da era industrial à economia colaborativa”. (CHASE, 2015, p. XII).
A economia compartilhada, como resultado do que conhecemos hoje, segundo Bostman e Rogers (2010), surge do advento da internet fomentada pela troca constante de mensagens, comentários, compartilhamento de documentos, códigos, fotos, vídeo e conhecimentos. Em Villanova (2015), o uso dos princípios de compartilhamento como modelos de negócios começou a tomar forma nos Estados Unidos em 1995 com a fundação do Ebay e Craigslist, dois sites que utilizaram a conectividade da internet para integrar pessoas com o mesmo intuito de comprar e vender mercadorias já utilizadas. A tecnologia foi e continua sendo a grande parceira destes dois novos modelos de negócios que, por consequência da sofisticação de seus softwares, conseguiram reduzir os custos de suas transações e aumentar a confiabilidade minimizando o risco com a negociação entre pessoas desconhecidas (SCHOR, 2014).
Ainda por Bostman e Rogers (2010), economia compartilhada permite que as pessoas tenham acesso a produtos e serviços sem necessariamente pagar pela posse deles, economizando tempo, dinheiro, espaço; fazendo novos amigos, além de exercitar a consciência cidadã. Economia compartilhada é um movimento irreversível, que, segundo Chase (2015), tratar de um caminho que equilibra melhor a oferta com a demanda, gerando maior produtividade e menor dispêndio de recursos.
O híper consumismo e os hábitos de descarte descompassado ainda são as bases do sistema de consumo moderno, porém, esse sistema ganha novos modelos de negócios baseados na capacidade excedente dos recursos já existentes. Na contextualização das Peers Inc, Chase (2015) explica que já possuímos um número mais que suficiente de coisas físicas, e o que precisamos fazer é otimizar utilização desses ativos como forma alavancar essa capacidade excedente e gerar ganhos para a própria sociedade. Carros, bicicletas, camas, entre outros itens, podem ser utilizados de forma mais eficiente no sistema de compartilhamento. Segundo o autor, empresas como Tripda (www.tripda.com.br), que promove a interação de quem precisa de uma carona, com quem pode oferecer. Quirky (www.quirky.com), que reúne empreendedores com mentes brilhantes em busca de pessoas dispostas em investir em suas respectivas ideias e Dog Walks (www.dogwalks.com), que não deixa os bichos de estimação desapontados se eventualmente seus donos não puderem passear com eles. O site conta com um vasto portifólio de pessoas que podem acolher os bichos de estimação enquanto seus donos não possuem tempo para se dedicarem aos seus bichos. Estas são empresas que encontram o caminho para a abundancia em um mundo de recursos escassos. Elas mostram todo o seu potencial de conectarem, organizarem, agregarem valor e dão voz e vez aos participantes individuais possuidores de recursos excedentes que estão dispostos a compartilhar, em troca de remuneração e outros benefícios.
Em seu livro What’s mine is yours, Bostman e Rogers (2010), ressaltam que as diferentes redes sociais e outras tecnologias de interação em tempo real quebram paradigmas no sistema de consumo capitalista. O superconsumo fica comprometido pelas atividades baseadas no uso compartilhado, que proporciona maior eficiência, reduzindo gastos, encorajando o desenvolvimento de produtos otimizados sem os excessos causados pela super produção, alto consumo e descarte desmedido, gerando também benefícios de sustentabilidade não apenas de caráter ambiental, mas também socioeconômica.
Para Bostman e Rogers (2010), o sistema capitalista sofre alterações gritantes por transigir esta nova faceta. Os autores ressaltam que o consumo colaborativo não é apenas um nicho de mercado, e também não se trata de uma reação à crise global de 2008. Trata-se, na verdade, de um movimento que cresce exponencialmente com milhões de pessoas que participam remotamente de um sistema de compartilhamento de várias partes do mundo. Tamanha conexão exerce sobre o capitalismo tradicional grande impacto, que causa, por exemplo mudanças nas atividades de ordem econômica, com os novos modelos de geração de renda e empregos. Também exercem impactos em aspectos sociais, com as novas forma de interação entre os indivíduos, e políticas, com a revisão para regulamentação e normatização dos modelos de negócios ainda não previstos em leis do mundo todo.
O empreendedorismo, na economia compartilhada, fortalece-se naturalmente pelo excesso de oportunidade que o modelo de compartilhamento pode possibilitar.
Entre as diversas razões para o desenvolvimento de novas Peers Inc. (plataformas de negócios compartilhados), a capacidade excedente de recursos é uma das variáveis que mais chama a atenção dos empreendedores que buscam lacunas para novos empreendimentos. Esses ativos em abundância, possibilitam o afloramento de ideias para a criação de novos modelos de negócios cada vez mais inovadores no framework da economia compartilhada, que buscam não apenas gerar lucro para os empreendedores, mas também gerar renda para os usuários.
Por Chase (2015), essas plataformas organizam, padronizam e simplificam a participação dos usuários, e por isso possuem um papel valoroso no processo de geração de lucro e renda. Os usuários são pessoas que vivem em diferentes lugares, possuem diferentes hábitos, interesses, talentos, experiências de vida, opiniões políticas, comunidades, posses de objetos e diferentes meios de transportes. São assim, representantes da diversidade, que se utilizam das plataformas de compartilhamento como um terreno fértil para se desenvolver. Muitos exemplos de negócios surgem dessa diversidade de desejos e recurso, entre eles, sites como: Tem açúcar (www.temacucar.com), Pegcar (www.pegcar.com) e Fleety (www.fleety.com.br), investem em conectar quem tem algo sem uso no momento com quem precisa usá-lo. Nesse contexto, a figura do consumidor tradicional também evolui abrindo espaço para a figura de pessoas que além de consumir são também geradores de renda, são pessoas que, além de ganharem dinheiro disponibilizando seus itens online, também gastam alguma quantia buscando objetos e outros recursos em eventuais necessidades. Essa troca é o que podemos chamar de economia compartilhada que surge de questionamentos como: “O que você quer? Alguém deve ter.” (OLIVEIRA, 2016, p. A34).
Portanto, tamanho interesse das pessoas em não adquirir, mas sim, compartilhar.
As estruturas Coworkings também são exemplos de empreendimentos que geram lucro não apenas para o empreendedor, mas também para os usuários dessas estações de trabalho. Neste caso, os usuários donos de pequenos e médios negócios se utilizam de uma estrutura de recursos empresariais que oferece todo o suporte para as operações de seus diferentes empreendimentos. Coworkings são basicamente espaços que disponibilizam excelente estrutura de escritório para aqueles que desejam economizar com as instalações físicas de suas empresas e ao mesmo tempo estarem hospedados e localizados em uma estrutura formalmente comercial.
Entre os diferentes aspectos que levam pessoas comuns a utilizarem essas plataformas de compartilhamento segundo estudo publicado por Visioncritical & Collborative Lab (2014), e argumentos de outros autores, temos:
Entre os questionamentos sobre economia compartilhada, é eminente a indagação sobre qual será o futuro deste fenômeno que conecta o mundo.
Para Sparks & Honey Cultural Strategists (2015), o compartilhamento não é algo novo, faz parte da natureza humana desde de o começo dos tempos. O que existe de novo e potencialmente sofisticado neste contexto são as plataformas de compartilhamento instantâneo, que combinadas a dispositivos tecnológico (celulares, computadores e outros terminais), permitem o compartilhamento de qualquer lugar do planeta, com sistemas de pagamentos que aceleram e facilitam qualquer transação online. Esta combinação de fatores transcende as fronteira dos estados e alavancam uma economia ainda pouco explorada se comparada com seu potencial.
Ainda por Sparks & Honey Cultural Strategists (2015), a economia compartilhada está atualmente onde as mídias sociais estavam há 10 anos atrás, este novo modelo econômico sem dúvida sofre impulsos cada vez mais acelerados de desenvolvimento, que perturbará a maioria das indústrias nos próximos anos. Para Sparks & Honey Cultural Strategists (2015), as marcas terão que abrir sua portas e abraçar o modelo colaborativo. A economia compartilhada é um iniciativa que aproxima e continuará aproximando ainda mais as organizações de seus clientes finais, que passaram a colaborar diretamente nas tomadas de decisões estratégicas para os novos negócios destas empresas. Também dará origem a um novo tipo de conhecimento para o trabalhador organizacional, que, por consequência, definirá o futuro do trabalho e da economia global à medida que se familiariza com esse novo modelo de negócio. Com o passar do tempo, notaremos que as pessoas usuárias do sistema colaborativo terão participação cada vez mais ativa e sofisticada, e tamanha expertise ocasionará um vão social entre os que usam e os que deixam de fazer uso do sistema colaborativo. “Garnering access to the Collaborative Economy will likely become one of the greatest global social issues of the next 20 years” (SPARKS & HONEY CULTURAL STRATEGISTS, 2015). 2
Mesmo com tantas reflexões, ainda fica difícil falar sobre o futuro deste fenômeno que conecta o mundo.
Locação e compartilhamento automobilístico, revenda, empréstimo e trocas de objetos, hospitalidade , entretenimento e mídia, são segmentos que se destacam em estudo sobre tendências para a economia compartilhada. Segundo a PWC (2015), esses segmentos se tornam tendências pelo fato de as pessoas não escolherem mais investir em um veículo propriamente falando, mas sim, em mobilidade. Ou então, deixar de investir em uma furadeira se o que elas querem é apenas um buraco na parede. No ramo de hospitalidade nos deparamos com a democratização nas ofertas de hospedagem pelo mundo. E no ramo de entretenimento e mídia, o acesso cada vez mais popularizado de conteúdos que antes eram fisicamente comprados em livraria e outras lojas do segmento.
Segundo Villanova (2015), no Brasil, economia compartilhada ganha forma por meio de iniciativas de compartilhamento de bicicletas, automóveis, espaços de trabalho, hospedagem, sistemas de carona, além da disseminação de plataforma que promovem a troca de produtos e serviços, captação de investimentos e produção coletiva.
Em complemento, Oliveira (2016) ressalta que o movimento da economia compartilhada no Brasil se fortalece através de empresas que começam a lucrar ao aproximar quem tem algo que usa pouco de pessoas que querem alugar ou emprestar estes objetos.
O coordenador do núcleo de empreendedorismo e inovação da ESPM Rio, Rodrigo Carvalho complementa que “apesar de ainda em estágio embrionário, estas empresas atuam com modelo de negócio que tem capacidade de ganhar escala” Oliveira (2016). O coordenador ressalta ainda que, para serem lucrativos com as comissões dos aluguéis, em geral estes negócios precisam fazer milhares de transações mensais. Para chegar lá, necessitam de um grande acervo de produtos disponíveis e muitos clientes cadastrados. Dentre as plataformas em destaque por Oliveira (2016), temos:
Categoria de tudo: Allugator; Alooga e Rent for All: Permitem que qualquer usuário anuncie o item que quiser para locação.
Categoria empréstimo: o site Tem açúcar? Incentiva o empréstimo de objetos para moradores de um mesmo bairro.
Categoria carros: a Pegcar e a Fleety fazem a intermediação online entre quem quer alugar seu automóvel e quem precisa de um por um determinado período de tempo.
Malas: a Rent a Bag oferece cerca de 50 malas para locação das marcas Sansonite e Delsey. Entre outros negócios, que compartilham em suas plataformas roupas, brinquedos entre outros acessórios de desejo.
Em meio às grandes oportunidades de empreender e a necessidade de espaços físicos para o desenvolvimento e operação dos negócios, os espaços de coworking são uma alternativa que surge como tendência para mudar por completo a forma de como as pessoas trabalham, sejam elas profissionais independentes, ou funcionários de pequenas, médias e grandes organizações.
Na caracterização de Gandini (2015), coworking spaces são espaços de trabalho utilizados por diferentes tipos de profissionais do conhecimento, principalmente, freelancers, que trabalham em vários graus de especialização no vasto domínio da indústria. São ambientes praticamente concebidos com facilities de escritórios que incluem o aluguel de uma mesa e conexão wi-fi. São estruturas onde profissionais independentes, ou não, vivem diariamente suas rotinas e trabalham lado-a-lado com colegas de profissão e outros profissionais. São também um meio de networking que fomenta ainda mais a criatividade e potencializa os negócios.
Segundo relatório da consultora DELOITTE (2016), esses espaços vêm ganhando cada vez mais destaque justamente pelo movimento considerativo de profissionais que deixam seus empregos formais e começam a atuar como freelancers nas mais diversas plataformas online. A Upwork é um exemplo dessas plataformas que conta com um portfólio de aproximadamente 10 milhões de freelancers pelo mundo todo, capaz de oferecer mais de 2.500 competências e habilidades para empresas e outros usuários que diariamente buscam esses serviços. Outro exemplo é a OnForce, comprada pela Adecco em 2014, foi considerada o maior provedor global de personal services e conta com serviços que vão desde engenharias, gestão, data research, design e tradução, até consultorias financeiras e jurídicas.
A DELOITTE (2016) reassalta ainda que o aumento do número de coworkings não se trata de um fenômeno surpresa, mas surge como uma alternativa para a demanda por espaços flexíveis de trabalho. Segundo o relatório da própria empresa, um dos líderes de mercado deste segmento nos EUA é a WeWORK, que aluga espaços de coworking para freelancers e Start-ups com acordos e contratos maleáveis as necessidades dos usuários. Além disso, o segredo para o sucesso da empresa está no fato de ela não oferecer apenas espaços para escritórios, mas também desenvolver e cultivar um senso de comunidade entre os usuários, criando uma rede de networking muito importante para o coletivo. Dinâmica que o portal The coworking wiki (s.d.) ressalta ser propulsora da sustentabilidade, que origina de maneira criativa melhores lugares e jeitos para se trabalhar. De acordo com DELOITTE (2016, p. 11):
Devido aos benefícios do espaços de coworking, muitas empresas que permitem que seus funcionários trabalhem de casa, também não proíbem que os mesmos trabalhem de estações de coworking, isso porque são nesses ambientes que ideias e novas inspirações podem surgir. Empresas como Google e Pixar também disponibilizam seus próprios espaços de trabalho para usuários externos. Neste sentido elas abrem suas portas para cabeças jovens e inovadoras,ao mesmo tempo que dá utilidade a espaços que não estão em uso por seus próprios funcionários.
Nesse sentido, coworking se trata de uma revolução no modo de se trabalhar, segundo DTZ (2014), coworking passou de um nicho de mercado para uma potencial alternativa as estruturas de escritórios tradicionais. Ainda por DTZ (2014), Coworking spaces foram primeiramente idealizados para atender pequenos negócios e profissionais independentes, mas o crescimento do coworking evidencia mudanças no estilo tradicional de trabalho de grandes corporações. Um manifesto positivo aos princípios de Activity Based Working.
Activity Based Working são projetos que pequenas, média e grandes corporações desenvolvem como ação para a redução de custos com estruturas de seus escritórios. Segundo o guia de Morgan Lovell (2015), essa ação busca reduzir o número fixo de estações de trabalho tradicionais, que gera impacto significativo à linha de gastos e dispêndios de recursos de uma organização. Além disso, os benefícios se estendem aos empregados; que passam a ter maior flexibilidade no trabalho, o que significa melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal, melhora no desempenho de suas tarefas, satisfação e redução de afastamento por doenças. E por motivos já explanados, os coworking estabelecem tendências que quebram paradigmas da dinâmica do trabalho, uma promessa com benefícios futuros para pequenos senhorios, freelancers, empreendedores e grandes corporações.
Não menos importante, o advento dos coworking também abre grandes oportunidades de investimento no próprio segmento, o coworking se tornou um modelo de negócio rentável que, segundo DTZ (2014), abre uma lacuna de oportunidades entre o que, de fato, profissionais autônomos e pequenas empresas desejam e o que locadores de estruturas convencionais de escritórios estão prontos para oferecer. Segundo Jay Cross, presidente da Hudson Yard, para a DTZ (2014), nos dias de hoje, as pessoas não se contentam apenas em ter um smartphone, querem também viver em edificações inteligentes e fazer parte de comunidade inteligentes. E esses são os diferenciais competitivos básicos de qualquer coworking de sucesso. São ambientes que se tornam atrativos por sua natureza contemporânea, meio à vibração de grandes centros comerciais pelo mundo todo.
Segundo o censo 2016 disponível no portal COWORKING BRASIL3 , o mercado de coworking no país conta com 378 espaços ativos. Na cidade de São Paulo, existem 90 espaços formalizados, contra 32 na cidade do Rio de Janeiro e 24 em Belo Horizonte. Os coworkings ganham cada vez mais proeminência no mundo e no território nacional através de iniciativas de investimentos no setor de empresas como a rede de coworkings Impact Hub que, em 2006, deu início ao desenvolvimento de um estudo potencial para abertura de um espaço de coworking numa megacidade como São Paulo e, em 2008, fundou um espaço colaborativo na cidade paulistana que mudou completamente a forma com que muitos profissionais freelancers, Start-ups e outros autônomos se relacionam entre si, com seus fornecedores e clientes (PORTAL IMPACT HUB, s.d.).
Desde a abertura do Impact Hub Paulista em 2008, a empresa já inspirou milhares de indivíduos e organizações a tomarem risco; mudarem de carreira; começarem a empreender seus sonhos, repensarem seu jeito de agir no mundo; criarem negócios sociais; desenvolverem práticas colaborativas e, até mesmo, criarem suas próprias Escolas e Espaços Colaborativos (PORTAL IMPACT HUB, s.d.).
Para Moreira (2013), uma das desvantagens que os profissionais autônomos que trabalham no formato home office enfrentam, é a ausência de contato e convivência com outras pessoas. No caso de indivíduos que estão começando um negócio inovador, esse isolamento é ainda mais nocivo, pois a troca de ideias e o intercâmbio de experiências são ingredientes importantes para o networking e, naturalmente, o sucesso destes negócios. Ainda por Moreira (2013), muitos dos espaços de coworking possuem planos especiais focados para necessidades especificas de cada usuário.
Entre os serviços e facilidades mais comuns de um coworking pelo mundo, e outros adaptados para a realidade brasileira, temos desde estruturas simples com mesas, cadeiras reclináveis e internet, até salas de reunião com serviços de secretárias e copeiras. Muitos desses espaços contam com pacotes que atendem perfeitamente a necessidade de cada usuário, incluindo desde planos de impressões, fax, cópias e atendimento telefônico personalizado, até serviços de motoboy, segurança e manobristas.
Além disso, muitos espaços disponibilizam de áreas para eventos e treinamentos, alguns escritórios possuem também varandas para descanso e salas de recreação com guloseimas e cantinas. Armários, e até espaços para exercício físico podem estar inclusos no preço.
São por esses atributos que Aguiton and Cardon (2007) definem coworking como um “terceiro espaço”, algo que não é necessariamente uma mesa em uma organização formal, não se trata também de uma área de trabalho que se aproxima da privacidade domiciliar do indivíduo. É, na verdade, uma espécie de espaço público que as pessoas optam por utilizar, com a garantia de encontrar vida social e a chance de alavancar suas aspirações profissionais meio a coletividade.
Ainda pelo censo 2016 do portal COWORKING BRASIL, no que tange as áreas de atuação dos usuários que frequentam os 173 espaços respondentes de um questionário online sobre suas caracteristicas, temos:
O crescimento exponencial dos espaços de coworking também é um dado de grande relevância para a constatação da potencialidade desses empreendimentos como modelo de negócios. Os números do senso 2016 do portal COWORKING BRASIL, revelam um crescimento de 52% na quantidade de novos espaços formalizados durante os anos de 2015 e 2016. Tal crescimento, nos leva a pensar sobre a importancia desses espaços para a economia regional. Além, de nos fazer avaliar a potencialidade econômica que estes espaços podem representar, tanto como um modelo de nogócio inovador, como também, como uma alternativa estrutural aos profissionais que operacionalizam suas atividades econômicas desses espaços.
Desta forma, somos convidados a analisar os coworkings não somente sob a perpestiva dos benefícios que estes espaços podem representar aos usuários. Mas também, analisar as suas extensões como empreendimentos para potências investidores.
Nos modelos de negócios mais tradicionais de coworking, sengundo o próprio senso 2016, a preocupação com o fomento do networking é uma caracterisca comum. Fenômeno, que para os empreendedores destes espaços torna-se de grande importância, e é, classificado, como uma das vantagens do negócio frente aos concorrentes diretos e indiretos do negócio.
Outras vantagens e desvantagens desses espaços, presentes na literatuda nacional revisada, são:
Existem ainda algumas limitações na literatura nacional, no que tange o nível informacional das desvantagens que as estruturas de coworking podem representar para seus usuários. O que se obeserva, é que este modelo de negócio é ainda novidade para o mercado brasileiro, e que só o amadurecimento dos usuários poderá desenvolver o senso crítico para a identificação de novas desvatagens. O mesmo naturalmente, acontece no exterior, porém é possível constatar outras desvantagens que não foram identificadas em fontes nacionais, são elas:
A pesquisa é de natureza exploratória, pois esta se dedica a um estudo multi-caso adequado para a investigação do fenômeno dos coworkings de conhecimento ainda limitado. O objetivo é explicar as características dos coworkings e de seus usuários na Região Metropolitana de Campinas, dando ênfase nas vantagens e desvantagens identificadas no estudo.
Segundo Severino (2007), a pesquisa explicativa é aquela que, além de registrar e analisar os fenômenos estudados, busca também identificar suas causas, seja através da aplicação do método experimental/matemático, seja através da interpretação possibilitada pelos métodos qualitativos.
Para YIN (2001), um projeto de pesquisa que envolve o método do estudo de caso constituem três fases distintas: a) a escolha do referencial teórico sobre o qual se pretende trabalhar a seleção dos casos e o desenvolvimento de protocolos para a coleta de dados; b) a condução do estudo de caso, com a coleta e análise de dados, culminando com o relatório do caso; c) a análise dos dados obtidos à luz da teoria selecionada, interpretando os resultados.
A amostra do estudo consistiu nos espaços de coworking mapeados pela pesquisa na Região Metropolitana de Campinas, conforme o Quadro 5.
A coleta de dados desta pesquisa foi realizada por meio de revisão da literatura cientifica, portais online de coworkings regionais e outros Websites que abordam a temática. Além disso, foram realizadas 22 entrevistas semiestruturadas, das quais 10, se deram com os administradores dos espaços de coworking, e 12 entrevistas, se deram com os usuários destas plataformas físicas de compartilhamento.
Os espaços de coworking é um dos temas dentro da economia compartilhada ainda pouco estudado, especialmente por vertentes nacionais. Por este motivo, existiu a necessidade de uma extensa revisão nos referências bibliográficos publicados no exterior para entender melhor a extensão dos coworkings no mundo e posteriormente no Brasil.
O mapeamento dos espaços de coworking na Região Metropolitana de Campinas foi desenvolvido através de pesquisas em buscadores online e pelo contato com espaços de coworkings que indicaram outros, ainda desconhecidos durante o processo. As descrições de cada coworking listado no Quadro 5, foram tiradas dos próprios websites das empresas mapeadas em complementar com as informações disponíveis no Portal Coworking Brasil, site referência no assunto de coworking, que foi criado em 2011, em conjunto com diversos fundadores de espaços de coworking brasileiros.
As entrevistas semiestruturadas foram realizadas presencialmente com os responsáveis dos coworkings, em paralelo com usuários indicados. A princípio, as entrevistas ocorreram por acessibilidade, e os demais respondentes foram escolhidos através do método de “Bola de Neve” (snowball), no qual os respondentes secundários foram indicados por um ou mais entrevistados iniciais de cada unidade de análise (de cada coworking analisado). A preocupação com qualquer viés durante a indicação dos entrevistados foi bastante eminente durante os primeiros espaços visitados. Porém, observou-se que os critérios de indicações para os próximos entrevistados se deram aos usuários que momentaneamente dispunham de tempo livre durante suas próprias tarefas.
As entrevistas foram conduzidas de maneira espontânea, seguindo o roteiro de perguntas pré estabelecido com questões diferenciadas e especificas, tanto para o perfil dos usuários, quanto para os responsáveis dos coworkings.
A etapa de coleta está totalmente documentada em um diário de campo onde qualquer informação está à disposição.
Para Martins (2008), não existe um roteiro único para que se faça a análise dos resultados obtidos em um estado de caso. Cada caso é um caso, e por isto a maior parte da avaliação e análise dos dados é realizada paralelamente ao trabalho de coleta.
De modo geral a análise dos dados consistiu em examinar, classificar, categorizar os dados, opiniões e outras informações obtidas. O uso continuo das referências bibliográficas já revisadas e de outros matérias bibliográficos foram imprescindíveis para a composição de uma base teórica sólida que sustenta todo o estudo executado e a pesquisa realizada.
A ideia de desenvolver espaços de coworking na Região Metropolitana de Campinas surgiu muito antes do primero negócio ser efetivamente instalado. Os proprietários que hoje representam esta rede colaborativa na região pensavam no modelo de negócio como uma oportunidade frente ao potencial empreendedor dos profissionais e start-ups que necessitam de espaços fisicos para desenvolver suas atividades econômicas.
Na maioria dos casos, os modelos de negócios dos coworkings de Campinas e região foram baseados em intuições e experiências vivenciadas pelo próprios propriretários, porém, entre os pioneiros a maior dificuldade era justamente a percepção das pessoas com relação aos pricípios do modelo de negócio de um espaço de coworking. O entendimento e as necessidades destes individuos não condiziam com a proposta oferecida pelos espaços, e por este motivo, alguns dos coworkings precisaram passar por alterações estruturais e de funcionamento a fim de aproximarem-se das expectativas dos usuários que hoje utilizam-se destas instalações.
Desta forma, o aspecto mais marcante ao visitar os diversos espaços de coworking intalados na Região Metropolitana de Campinas está no próprio modelo de negócio de cada um deles, que precisaram otimizar de maneira muito peculiar o nível de especialização de suas operações para atender as mais diversas necessidade do profissionais e prosperar na Região Metropolitana de Campinas.
É da preocupação com o modelo de negócio ideal que diferenciais competitivos surgiram entre os próprios coworkings da região. Alguns, focam em modelos de salas privadas (salas fechadas onde o usuários apesar de partilharem de espaços de convivência comuns entre outros usuários, contam com a privacidade de trabalhar em uma sala privativa, separada dos demais), decoração diferenciada e serviços de manobrista para atender usuários e clientes de seus usuários. Outros, apostam em não perder os traços mais comuns dos primeiros coworkings que se têm noticia, espaços coletivos de trabalho, com grandes mesas as quais são utilizadas por todos, criando maior senso de comunidade entre os usuários que convivem em um espaço compartilhado, e cultivam uma rede de networking constantemente ativa.
Com o mapeamento dos espaços de coworking juntamente com a descrição de seus serviços e recursos disponíveis no Quadro 5. Os Quadros 6 e 7, relacionam a diversidade destes serviços, e possibilita a análise das principais fontes de receita dos espaços intalados na Região Metropolitana de Campinas.
O Intuito é expor a extensão dos espaços de coworking, identificando o potencial econômico dosdiferentes modelos de negócios dos espaços mapeados.
O espaços de coworking, são hoje, modelos de negócios muito flexíveis, o que potencializa a capacidade desses espaços de atender a demanda regional e gerar novas oportunidade. Esta capacidade, por suas vez, amplia as dimensões desses negocíos, que por consequência, maximizam a diversidade das fontes de receita dos espaços, e os tornam potenciamente atrativos frente as mais diversas necessidades dos usuários da Região Metropolitana de Campinas.
Ao questionar os empreendedores, donos dos espaços entrevistados, sobre o planejamento para o futuro de seus negócios, o aspecto mais marcante, fica por conta do sentimento de entusiasmo em prosperar no cenário econômico regional. Fica evidente, a compreensão que todos possuem sobre a dimensão de seus próprios negócios, e quais caminhos pretendem seguir para continuar operando com êxito na Região Metropolitana de Campinas. Em alguns casos, o planjemento de longo prazo destes empreendedores, se evidenciam pela necessidade existente de atender um publico ainda maior, que não são, necessariamente, o foco de seus serviços.
5.2 As características dos espaços de coworking REGIONAIS
No que tange as caracteriscas dos espaços de coworking, todos partilham de modelos de negócios com principios similares, porém, a gestão de seus próprios recursos muda de acordo com cada coworking visitado.
O networking, por exemplo, pode ser considerado um recurso intangível que os espaços de coworkings possuem, porém, o compromisso com este recurso, muda consideravelmente entre as diferentes instalações. Alguns espaços, valorizam a ideia, e criam ferramentas que fomentam a interação entre os usuários. Outros, não priorizam esta procupação por acreditarem que o diferencial de seus negócios, estão em recursos e atributos disponíveis que não propriamente o networking. Nos parâmetros dos proprietários que valorizam a troca contante de informação, nos deparamos com inciativas como happy hours, campeonatos de poker, encontros filosóficos e outros eventos que são promovidos para cultivar a socialização entre os usuários.
Numa perspectiva ainda mais específica. No caso de um dos coworkings visitados, a preocupação com a interação é tamanha que as metas de cada usuário são expostas em um quadro branco numa das áreas comuns, e, a cada meta atingida, todos comemoram a conquista. Em termos gerais, apesar da cultura de networking não possuir o mesmo grau de relevância nos diferentes espaços, a troca de informação e serviços entre usuários acontece unânimente em todos.
O espirito de pertencer a uma comunidade de coworking, também foi um aspecto levado para discussão nas entrevistas com os usuários, ficando claro, que nem sempre as experiências dos usuários nos espaços de coworking os fazem sentir parte de uma comunidade efetivamente colaborativa, comunidade, que com o passar do tempo, torna-se uma família, segundo a literatura revisada e algums perfis entrevistados nesta pesquisa. Este tipo de afirmação deu-se principalmente através dos usuários que ultilizam os espaços esporadicamente, sem estabelecer vínculos com outros usuários. A explicação para isso, segundo os próprios usuários part-time, é que a falta de tempo e o acumulo de trabalho, não possibilitam maior aproximação dos outros usuários.
Por contra partida, outros entrevistados, afirmaram sentir-se realizados por terem a chance de trabalhar em um espaço flexivel, de grande interação e que se preocupa com a qualidade de vida e bem estar de seus usuários. Os mesmos disseram sentir-se parte de uma família, que está sempre pronta para ajudar nas mais diversas eventualidades profissionais.
Da argumentação sobre a importância do networking para os espaços de coworking da região. Foram identificadas outras características que estão descritas no Quadro 8.
No que tange as vantagens e o potencial econômico destes espaços, por si só, os coworkings mobilizam projetos de impacto direto às comunidades onde estão inseridos. Exemplo disso são as iniciativas de cursos extracurriculares oferecidos esporadicamente dentro de alguns dos espaços, e o próprio coworking day, um dia especial onde os coworkings abrem suas portas para a comunidade fazer uso das instalações e experenciar do networking sem custo algum. Outra importante contribuição, é o fato destes espaços serem considerados prestadores de serviços e não locadores imobiliários, eles possibilitam que os mais diversos perfís de usuários se beneficiem de uma estrutura comercial sem se comprometer com longos contratos de locação imobiliária, principalmente em épocas de crise.
O coworking UMB.CO23 é um exemplo de coworking que estende seus serviços para além do comum. O espaço serve de canalizador para novos empreendimentos. Dessa forma, os usuários contam com uma espécie de consultoria para o desenvolvimento de novos negócios através do uso de ferramentas como o Canvas. O intuito é abrir as portas para boas ideias e fomentar novos negócios sob a orientação do proprietário do espaço, juntamente com o networking disponível.
Além de todos as vantagens já citadas, dentro destas estruturas atuam profissionais das mais diversas aereas da economia regional. Desde consultores empresarias, coaches, advogados, engenheiros, desenvolvedores, programadores, publicitários, designers, empresas de relações publicas, franchising, festas e eventos, traduções, contábeis, editoras, empresas de segurança, prestadoras de serviços em geral, entre outros, que trocam constantemente informações entre si, em busca de desenvolverem-se em suas mais diversas áreas de atuação.
Por fim, as vantagens mais comuns identificadas em todos os espaços visitados na Região Metropolitana de Campinas são: Para os usuários: A viabilidade financeira de manter uma empresa dentro de um coworking, a redução custos com despesas fixas, a possibilidade de intereção com outro indivíduos, a capacidade que o espaço de coworking tem de acomodar uma empresa conforme vai crescendo e demandado mais espaço e recursos (efeito sanfona); contrato de uso reduzido de acordo com a necessidade especifica de cada usuário, estrutura sempre pronta para uso, manutenção e limpeza de inteira responsabilidade dos administradores do espaço, e por fim, a localização dos usuários em um endereço comercial. Para o empreendedor do negócio, a capacidade de gerir o negócio sozinho, a possibilidade de renda com outros serviços disponíveis na estrutura (coffebreak, serviços de estacionamentos, consultoria, locação de auditório, salas de reuniões, treinamentos, entre outros).
A dificuldade de encontrar desvantagens nos espaços de coworking é constatada não somente na literatura, mas também nos espaços visitados durante a pesquisa. A maioria dos usuários afirmam ter dificuldade em identificar desvantagens, porém algumas eventualidades podem causar incomodos e consequentemente conflitos entre os usuários dos espaços. Na maioria da vezes, essas eventualidades estão relacionadas ao uso excessivo de espaço nas mesas compartilhadas e o barulho desmedido. Para isto, algumas regras são adotadas internamente. Em muitos coworkings são disponibilizados manuais com diretrizes de uso, e a fiscalização na maioria das vezes fica por conta dos próprios usuários. Normalmente, quando se fala em situações de conflitos dentro dos coworkings, precisamos quebrar alguns paradigmas pré estabelecidos. Os conflitos acontecem, porém, segundo relatos dos próprios usuários, são facilmente evitados se a administração do espaço estabelecer, e cobrar regras internas de convívio.
Outra desvantagem, se dá aos novos usuários quando se deparam com coworkings, onde a interação e união dos usuários antigos é tão grande, que a princio, a adaptação dos novos entrantes torna-se difícil. Ao perfil de pessoas mais flexíveies, este laço de companherismo e interação pode apresentar uma oportunidade de fazer parte de um grupo unido. Por contra partida, aqueles usuários menos flexíveis, ou que usam o coworking por algumas horas apenas, podem não adotar o espirito do local e acabar deixando de fazer uso do espaço devido ao grau de interação e relacionamento entre os usuários mais antigos.
Portanto, identificar-se com o espaços de coworking precisa ser uma preocupação para qualquer pessoa que busca estas plataformas físicas de compartilhamento.
O quadro abaixo, relaciona algumas dessas eventualidades identificadas pelos próprios usuários dos coworkings visitados.
Os coworkings surgem com propostas que inspiram os indivíduos e organizações a mudarem a forma com que trabalham e lidam com suas carreiras. De maneira bastante peculiar, cada espaço, desenvolve práticas colaborativas que estão além das caracteristicas mais comuns de qualquer coworking. Este potêncial individual de cada empreendimento é um dos fatores mais prósperos deste modelo de negócio.
É da sensibilidade de cada administrador ao gerir o negócio, que surgem novas propostas para funcionamento destas estrutura de compartilhamento. Em outras palavras, os princípios destes espaços vão além de um simples modelo de negócio pautado na economia colaborativa, tornam-se também, um leque de possibilidades e oportunidades como negócio. É desta capacidade modular que constata-se diferenças notórias entre cada espaço visitado nesta pesquisa. São adaptações que geram valor para os usuários e formas de gerir um negócio de alta flexibilidade.
A necessidade de informação e entendimento da comunidade sobre os espaços de coworking ainda continuam sendo um fator a ser lapidado. Os coworkings não estão limitados pela simples ideia de um espaço compartilhado de trabalho, são espaços que fomentam o espirito empreendedor dos usuários. São fontes de oportunidades para novos projetos e canalizadores de uma rede de networking com grande portência de impacto social e econômico nas mais diversas comunidades onde estão inseridos.
A identificação de acontecimentos como: a disseminação de novas estruturas em montagem e inauguração na região; as constantes melhorias nas tecnologias, infraestrutura e novos serviços sendo agregados nos espaços já existentes, são fortes indicadores de tendência para o crescimento do negócio na Região Metropolitana de Campinas. Outro fenômeno relevante se dá extensão deste espaços, que atendem as mais diversas necessidades dos usuários atuantes nas mais diversas áreas da economia regional.
Por fim, os coworkings são, sem dúvida, uma alternativa para o desenvolvimento regional de novos negócios, são, também, canalizadores de uma rede de networking capaz de criar, desenvolver e replicar projetos de impactos positivos na sociedade e na economia da Região Metropolitana de Campinas.
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2 Tradução feita pelos autores: O acesso crescente e facilitado a economia compartilhada tornará o assunto uma das maiores questões sociais dos próximos 20 anos.
3 Portal COWORKING BRASIL, disponível em: https://coworkingbrasil.org/wp-content/themes/cwBrasil/img/ censo/coworking-brasil-censo-2015-ptbr.png.
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