Revista: Caribeña de Ciencias Sociales
ISSN: 2254-7630


GESTÃO DE BASE COMUNITÁRIA VISANDO O TURISMO SUSTENTÁVEL: UMA ANÁLISE DO POTENCIAL TURÍSTICO PARA A IMPLANTAÇÃO DO TBC NA COMUNIDADE DO MACURANY EM PARINTINS, NO AMAZONAS

Autores e infomación del artículo

Hortência dos Santos Gonçalves*

Jean Reis de Almeida**

Universidade Federal do Amazonas, Brasil

hortenciagoncalves21@gmail.com

Resumo
Entre as diversas formas de fomento à economia de um país pode-se destacar o turismo como uma das atividades que mais tem crescido nos últimos anos, ateando a criação de milhões de postos de trabalho e gerando renda a muitas famílias. O turismo sustentável desponta como um dos que mais crescem no Brasil como também o que mais se apresenta em índice de viabilidade uma vez que qualquer comunidade pode apresentar uma atividade, um produto turístico. O presente trabalho mostra o potencial da comunidade do Macurany, em Parintins/AM, onde nela se encontra uma beleza exuberante de fauna e flora, mas que demonstra dificuldade no desenvolvimento do turismo em especial nos aspectos de gestão. Foi direcionada a esta potencialidade que se realizou a pesquisa, na qual tem por intuito analisar e capacitar futuros gestores para explorar de forma sustentável o potencial turístico desta comunidade, como também visualizar a possibilidade de implantação do turismo de base comunitária.
Palavras-chave: Gestão, Sustentabilidade, Turismo Sustentável, Turismo de Base Comunitária, Comunidade do Macurany.
Resumen
Incorpora las formas diversas de promoción a la economía de un país puede ser separado el turismo como una de las actividades que más han crecido estos últimos años, fijando el fuego que la creación de millones de trabajo alinea y generando renta a muchas familias. El turismo sostenible blunts como uno ese más que crecen en el Brasil así como lo que más se presenta una época en el índice que cualquier comunidad puede presentar una actividad, un producto turístico de la viabilidad. El actual trabajo demuestra el potencial de la comunidad del Macurany, en Parintins/AM, donde en él si encuentra una belleza exuberante de fauna y de flora, pero eso demuestra dificultad en el desarrollo del turismo en especial en los aspectos de la gerencia. Fue dirigido a esta potencialidad que si estuvo llevado con la investigación, en la cual tiene para que la intención analice y permita a futuros de manejo explorar de forma sostenible el potencial turístico de esta comunidad, así como para visualizar la posibilidad de implantación del turismo de la base communitarian.
Palabras clave: Gestión, Sostenibilidad, Turismo sostenible, Turismo de base comunitária, Comunidad de Macurany.
Abstract
Among the various forms of stimulation to the economy of a country can be highlighted tourism as one of the activities has grown in recent years, setting the creation of millions of jobs and generating income to many families. Sustainable tourism stands out as one of the fastest growing in Brazil as well as the features in viability index since any community may submit an activity, a tourist product. The present work shows the potential of the community of Macurany, in Parintins/AM, where it is an exuberant beauty of fauna and flora, but demonstrating difficulty in the development of tourism especially in the aspects of management. Was directed to this potentiality, performed the research, which has for objective to analyze and train future managers to exploit in a sustainable way the tourist potential of this community, but also show the possibility of deployment of community-based tourism.
Keywords: Management, Sustainability, Sustainable Tourism, Community based tourism, Community of Macurany.

Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Hortência dos Santos Gonçalves y Jean Reis de Almeida (2017): “Gestão de base comunitária visando o turismo sustentável: uma análise do potencial turístico para a implantação do TBC na comunidade do Macurany em Parintins, no Amazonas”, Revista Caribeña de Ciencias Sociales (junio 2017). En línea:
https://www.eumed.net/rev/caribe/2017/06/tbc-macurany.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/caribe1706tbc-macurany


1 INTRODUÇÃO

O presente artigo objetiva esclarecer a importância de desenvolver atividades de intervenção,  levando aos comunitários informações relevantes, no sentido de melhorar ou criar ações básicas de Gestão para desenvolver gestores de competência que saibam utilizar a sustentabilidade a favor do empreendimento turístico da comunidade.
A pesquisa enfatiza a possibilidade de geração de emprego e renda através do turismo de base comunitária na comunidade do Macurany e a necessidade de montar um programa de assistência à comunidade por meio de um planejamento turístico quanto ao uso do turismo sustentável como fonte de desenvolvimento local.
Neste contexto, é apresentado o histórico do turismo sustentável no Brasil, bem como os seus conceitos tão diversificados. Compreender essa diversidade é primordial, pois não dá para investir na atividade sem antes conhecer a sua base. Assim como os conhecimentos específicos na área de gestão fazem muita diferença na qualidade dos serviços/produtos oferecidos, foi mostrado um pouco da sua utilidade dentro deste ramo. Por outro lado, este pode ser um dos problemas enfrentados no desenvolver da atividade turística e já que não pode se defrontar com técnicas imutáveis ou somente com a participação de uma pequena parte dos membros da comunidade, pois há a questão da adaptação de acordo com cada uma. Isso implica elucidar que a filosofia ambiental não deve ser vista como uma mudança com data de início e fim, mas sim como um processo contínuo com intensa participação de todos os níveis da organização, de cima para baixo, e partindo da cúpula diretiva da instituição (ANDRADE; TACHIZAWA; CARVALHO, 2000).
Desta maneira, percebe-se a importância de ter na comunidade uma gestão de qualidade, com uma hierarquia definida, porém flexível, valorizando a participação de todos. E na comunidade do Macurany isso não é diferente, pois foi verificado o potencial para implantação do turismo de base comunitária a partir de uma gestão baseada na sustentabilidade.
Sendo assim, a história do turismo sustentável no Brasil é recente, porém já produz resultados. Dentre eles, apresenta também desafios, os quais são grandes e a longo prazo, mas não são motivos para acreditar que a atividade não apresenta resultados positivos.
No decorrer do trabalho é apresentada a comunidade do Macurany pertencente ao município de Parintins-AM, bem como seus potenciais que são a fonte de inspiração dessa pesquisa. Como metodologia foi realizada uma pesquisa bibliográfica, a qual visa resolver um problema ou adquirir conhecimentos a partir do emprego predominante de informações provenientes de material gráfico, sonoro ou informatizado (PRESTES, 2007). Para maior aprofundamento do tema em questão, realizou-se uma pesquisa de campo, permitindo a aproximação do pesquisador da realidade. Tais procedimentos técnicos constituem como método de abordagem a pesquisa qualitativa com o objetivo de responder a questões muito particulares. Dentro das ciências sociais, ela se ocupa com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser quantificado (DESLANDES, 2010).

2 Bases e conceitos de Turismo Sustentável
Existem divergências conceituais quanto ao significado da palavra turismo. Para o Ministério do Turismo (2017) isso é consequência de diversos aspectos, como das experiências vividas, da origem do território e da perspectiva política. Inicialmente podemos acentuar que o turismo corresponde a um fenômeno social que consiste no o turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem de seu local de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, e que por sua vez, gera múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural (La Torre 1992, apud IGNARRA, 2003).
Desta maneira, viajar para um lugar diferente nem sempre será reconhecido como atividade turística. Ignarra (2003) defende a ideia de que para ser turismo tem que ser espontâneo, não poderá existir interesse lucrativo nessa viagem por parte do indivíduo que se desloca para outro lugar. E ainda, o verdadeiro turista precisa estar em busca de experiências. A permanência no lugar por mais de 60 dias também pode ser desconsiderada como atividade turística. Assim, de acordo com Organização Mundial do Turismo (1995) pode ser definido como o deslocamento para fora do local de residência por período superior a 24 horas e inferior a 60 dias, tendo as razões não-econômicas seus principais motivos para a sua realização.
Há ainda, quem diga que “o turismo é uma atividade econômica de prestação de serviços que tem nos recursos humanos o seu principal elemento” (IGNARRA, 2003, p. 72). Não é só de paisagem bonita e boa divulgação que o turismo precisa para ser desenvolvido, ao contrário disso, são diversos aspectos que o compõe, como por exemplo, os recursos humanos. Ter uma equipe preparada aos serviços especializados também definem uma forma de turismo responsável.
O ano de 2017 foi declarado pela Organização das Nações Unidas (2016) como o Ano Internacional do Turismo Sustentável (TS) e anunciou que promover mais entendimento entre os povos, poderá levar a uma maior conscientização sobre o rico patrimônio de várias civilizações e a uma melhor apreciação dos valores inerentes às diferentes culturas, contribuindo dessa forma para fortalecer a paz no mundo.
O encontro de diferentes povos por meio do turismo é visto como uma forma de evitar os conflitos no mundo todo, de despertar o respeito entre os povos, independente das tradições, da raça, cor ou religião.
Diante disto, destaca-se também a importância da sustentabilidade, termo este, que não deve ter um uso banalizado, pois “os ambientalistas alegam que o desenvolvimento sustentável vem sendo interpretado e invertido de modo vago e dúbio, como estratégia de expansão do mercado e do lucro”. (HERCULANO, 1992 apud PEREIRA et al., 2016, p. 161-162). Adotar o termo sustentabilidade, nem sempre vem atrelado à prática de seus princípios. Isto é visto apenas como uma alternativa de sucesso no mercado, já que hoje são bastante valorizadas as organizações “ecologicamente corretas”, desde os graves problemas ambientais que vêm atingindo o mundo todo em razão do desenvolvimento industrial. Para Sachs (2000), a sustentabilidade se refere a uma nova concepção dos limites e da fragilidade do planeta, devido aos fatores de degradação ambiental, englobando todas as necessidades da população. Neste caso, ela deve refletir como estratégia de desenvolvimento econômico e social ininterrupto, sem causar danos ao ambiente e aos recursos naturais.
Em decorrência desta nova concepção de mercado, vem à tona o turismo sustentável, como forma de acompanhar as mudanças na exploração das atividades que envolvem como atrativos turísticos os recursos naturais e culturais, por meio de símbolos, territórios, fauna e flora. Diante disto, questiona-se também o significado de turismo sustentável.
Desta forma, articular sobre turismo sustentável nos remete à ideia de desenvolvimento sustentável, pois conforme a OMT (2003, p. 24), “o turismo sustentável é aquele que atende às necessidades dos turistas de hoje e das regiões receptoras, ao mesmo tempo em que protege e amplia as oportunidades para o futuro”. Do mesmo modo que o desenvolvimento sustentável, o turismo sustentável se baseia nas questões econômica, cultural, social e principalmente ambiental. Entretanto, não há uma definição precisa do termo, pois diversos autores defendem os beneficiários de formas distintas. Sachs (2004) menciona que no turismo sustentável o uso dos recursos naturais deve manter a capacidade de equilíbrio enérgico dos ecossistemas, ampliar a capacidade de geração de recursos naturais renováveis, limitar o uso de recursos não-renováveis ou ambientalmente prejudiciais, reduzir o volume de poluição e restringir desperdícios.
Diante disso, torna-se necessário compreender a complexidade e imprecisão do conceito de TS1 . O termo sustentável já adquiriu diversas utilidades, e cada qual depende do contexto em que é aplicado, ele pode significar apenas a manutenção do turismo por si mesmo, mas pode também significar a conservação dos símbolos sejam eles culturais, ambientais, políticos ou sociais que corram risco de esgotamento, dentre outras utilizações que podem ser relacionadas aos impactos do turismo, da geração de emprego e renda ou distribuição justa desta última e o fomento da economia local, em especial das comunidades recentemente envolvidas pelo turismo.
O avanço de atividades turísticas em comunidades distintas é presenciado de forma significativa, embora este avanço se apresente de inúmeras formas. Considerando a disparidade e a complexidade da realidade local, apreendemos, como um artifício comum, que a comunidade é o sujeito de seu próprio crescimento, da compreensão, do incremento e da gestão do turismo. É quando surge o turismo de base comunitária – TBC.
O Turismo de base comunitária (TBC), reconhecido como uma oportunidade de desenvolvimento sustentável vem para fortalecer esta atividade nos locais menos esperados, geralmente com uma economia desenvolvida a passos largos ou quase que estagnada. Nestes lugares, o turismo vem ganhando espaço há pouco tempo, mas tem sido fortemente valorizado. No entanto, sabe-se da importância de compreender seus conceitos, ainda que haja divergência.
Em uma discussão para o Encontro Nacional de Turismo de Base Local (ENTBL), na década de 90, foi apresentado o TBC no Brasil, logo, muitos pesquisadores viram a necessidade de se aprofundar sobre a temática, até então vista apenas como produção acadêmica. Com o engajamento dos pesquisadores, a discussão ganhou forças alcançando questões políticas e publicitárias, esse avanço resultou na criação do Ministério do Turismo, sendo este o principal parceiro dessa nova oportunidade de mercado. Entretanto, um dos primeiros passos do turismo comunitário foi nas favelas das grandes cidades, como por exemplo, no Rio de Janeiro.
 Deste modo, o crescimento do turismo em comunidades foi de certa maneira limitado. Conforme Roberto Bartholo (2009) apud Novo e Cruz (2014) a prática do turismo em favelas se associou ao desuso de tal palavra e sua substituição por comunidade. Isso contribuiu para que o turismo dito de base comunitária fosse identificado com iniciativas e práticas em meio a populações com nível de renda monetária relativamente mais baixo. E o uso da palavra comunidade passou a ser associado com um certo determinismo econômico.
Defende-se que ao associar comunidade a um determinismo econômico, estamos erroneamente dando um significado limitado à palavra, pois para ele comunidade está associada ao modo de vida, as relações que ali predominam (ROBERTO BARTHOLO, 2009 apud NOVO; CRUZ, 2014). De fato, vemos que as comunidades têm mais a ver com os comportamentos e costumes em comum, como afirma Albuquerque (1999, p.51) “o conceito de comunidade é empregado, nos séculos XIX e XX, para todas as formas de relacionamento caracterizadas por intimidade, profundeza emocional, engajamento moral e continuidade no tempo”.
Diversos campos podem ser ampliados ao desenvolver o turismo em uma comunidade e isto pode ser oportunidade de construção ou destruição, destruição não só da paisagem do lugar, mas também de hábitos e relações.
De acordo com Hiwasaki (2006) apud Hallack et al., (2011), o TBC pode se traduzir em quatro objetivos:

Neste caso, o TBC é conceituado com maiores detalhes, e aborda um ponto importante que é a participação da comunidade. A comunidade deve participar dos mínimos detalhes, pois ela precisa confiar no trabalho a ser desenvolvido, seja por intermédio de ONGs, seja através de instituições públicas ou privadas, pois o fato desta atividade ser sustentável nos remete à ideia de que sustentabilidade é também manutenção contínua, no entanto, fazer a comunidade se envolver com o planejamento e a gestão é prepara-la ao futuro.
Ademais, os quatro objetivos são essenciais para a compreensão deste ramo do turismo, já que este possui bases e conceitos flexíveis, pois assim como toda forma de planejamento e gestão é preciso adaptar-se à realidade. Quando se fala em realidade, é preciso reconhecer que o turismo deve ser acessível economicamente a todos, pois este já foi objeto exclusivo de uma elite dos países desenvolvidos que dispunha de tempo e dinheiro para as viagens, e há tempos vem evoluído para não ser excludente, consequência do aumento da demanda e da oferta turística.
Para Pinheiro (2006), o turismo comunitário é mais que um simples tipo de atividade turística praticada pelos visitantes, esse tipo de turismo representa um modelo de gerenciamento turístico de caráter, sobretudo, inclusivo.

3 O Turismo Sustentável no Brasil
Em decorrência da participação brasileira na Conferência de Estocolmo, o governo brasileiro notou a oportunidade e ao mesmo tempo a necessidade de valorizar a preservação ambiental no Brasil. Logo, foram sendo criados conselhos, órgãos e demais regulamentações para auxiliarem o processo de melhoria e comprometimento com o meio ambiente.

A preservação do meio ambiente converteu-se em um dos fatores de maior influência da década de 90, com grande rapidez de penetração de mercado. Assim, as empresas começam a apresentar soluções para alcançar o desenvolvimento sustentável e ao mesmo tempo aumentar a lucratividade de seus negócios. (ANDRADE, 2000. p.7)

Desde então o país vem apresentando um crescimento favorável, pois além de objetivar a preservação dos recursos naturais, esta iniciativa serviu como um instrumento de controle dos impactos ambientais e, sobretudo, como uma alternativa de mercado por meio do turismo sustentável. E esta é uma atividade que também vem se destacando e trazendo muitos benefícios à toda população, pois influencia na economia do país.
O crescimento do turismo no Brasil tem sido bastante expressivo, como mostram dados do Ministério do Turismo (2016), em 2004 e 2005, foi de 12,5%, enquanto que o crescimento do turismo internacional no mundo, em chegadas de turistas estrangeiros, no mesmo período, foi da ordem de 5,5%. A história nos traz um pouco dos acontecimentos.
No Brasil, a primeira referência relativa às áreas verdes com finalidade de lazer foi à construção do Passeio Público do Rio de Janeiro por Mestre Valentin, em 1780. Durante o período colonial, a política portuguesa de ocupação era representada por normas onde o principal enfoque era dado às madeiras para a formação de esquadras e ao comércio com os outros países da Europa. Em 1811, foi criado o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, destinado ao estudo botânico da flora brasileira (SILVA, 1992 apud NELSON, 2004).
Com a criação destas alternativas de lazer já se buscava cuidar do nosso “verde”, mesmo com a crescente exploração da biodiversidade brasileira. E isso motivou a criação de área protegida no Brasil, que de acordo com IUCN (1985) 2, pode ser definida como “uma área dedicada, principalmente, à proteção e ao aproveitamento do patrimônio natural ou cultural, à manutenção da biodiversidade, e/ou à manutenção dos serviços ecológicos”. Por assumir relevante meio de conservação, esta é uma alternativa que requer participação do poder público para a fiscalização e elaboração de políticas públicas que garantam a manutenção da vida.
A consolidação do Turismo de Base Comunitária como parte do desenvolvimento sustentável do turismo, traz à tona, as inópias que ainda o rodeiam relacionadas às políticas públicas e registros desse crescimento para que possam contribuir com o fortalecimento dessa atividade. Contudo, o histórico do turismo no Brasil vem sendo registrado especialmente com as pesquisas e discussões em fóruns, feiras e demais encontros de investidores, pesquisadores e outros.
Em 2008, durante a realização do II Seminário de Turismo Sustentável, foi apresentado o levantamento de algumas informações acerca do TBC no Brasil. E foi constatado que a maior parte das experiências nesse ramo do turismo estava na região do nordeste do Brasil, percebe-se que não havia um melhor aproveitamento desse ramo na região amazônica, mais especificamente no Amazonas.
Com o passar do tempo e do reconhecimento da atividade turística como alternativa de desenvolvimento econômico, algumas comunidades no Amazonas vêm ganhando espaço no mercado após adotar o TBC e vêm ganhando destaques nacionais e internacionais. Um exemplo é a Pousada Uacari, no município de Tefé, dentro da Reserva de Mamirauá. “A proposta de turismo de base comunitária na RDS 3 Mamirauá nasceu no contexto da unidade de conservação, como uma forma de aliar a conservação e os benefícios econômicos para as populações locais”. (OZORIO; PERALTA; VIEIRA, 2016, p.17) Esta foi uma alternativa encontrada para cuidar de uma das maiores reservas do estado e também para proporcionar equilíbrio financeiro às comunidades situadas dentro da reserva, já que estas não poderiam explorar aquela localidade de qualquer forma. Além disso, para evitar também que exploradores oriundos de outros lugares ocupassem e empreendessem sem autorização causando consequências nocivas ao meio.
Outro exemplo no Amazonas é a Pousada Aldeia dos Lagos, localizada no município de Silves. Esta foi a primeira iniciativa de ecoturismo com base comunitária nesta região, e hoje funciona por si própria, tendo sido iniciada com apoio financeiro do governo austríaco.
Outros locais têm grande potencial para a exploração do turismo no Amazonas, os quais apresentam paisagens que geralmente são compostas por rios, lagos e igarapés, rodeadas por árvores e animais diversos, como, por exemplo, o município de Parintins, famoso pelo Festival Folclórico dos Bois-bumbás Garantido e Caprichoso. Este município oferece um manancial de oportunidades para o ramo turístico, não somente pelo festival, mas pela riqueza da sua biodiversidade ainda pouco explorada de forma sustentável.

4 Conhecendo a Comunidade do Macurany
O município de Parintins é o segundo maior município do Estado do Amazonas, está localizado a leste da capital do estado, próximo à divisa com o estado do Pará, distante 390km em linha reta e 420km por via fluvial da capital. Sua população está estimada em aproximadamente 68.033 habitantes na área urbana e 38.000 na área rural, totalizando 106.033 habitantes (IBGE, 2010). Possui uma área no total de 5.952,369 km² (2015), desse total, 12,4235 km² estão em zona urbana. Tem como limites: a norte: município de Nhamundá/AM; ao sul: município de Barreirinha/AM; a Leste: municípios de Terra Santa e Juruti/PA, e a oeste: município de Urucurituba/AM. Considerado um município economicamente promissor, Parintins pode ser fonte de diversas alternativas eficazes que contribuam com a geração de emprego e renda, como por exemplo, na área do turismo sustentável, sobretudo para tentar mudar a realidade do índice de pobreza e desigualdade que até o ano de 2003, era de 60,07%, conforme dados do IBGE.
Por sua vez, dentro da área urbana do município, identifica-se a Comunidade do Macurany, a qual possui potencialidades para o desenvolvimento de atividades turísticas na região. De acordo com Silva (2013) a localização da comunidade é assim demarcada pela Associação de Sustentabilidade Ambiental, Social e Econômica das Comunidades Aninga, Macurany e Parananema (ASASE-3).

[...] limita-se ao norte com o igarapé da Cristina e cabeceira do Macurany; ao leste com o lago do Macurany, terras do Paraná do Ramos e águas do Rio Amazonas na foz do Rio Parananema; ao sul com terras do Paraná do Ramos e a oeste com a comunidade do Parananema, terras conhecidas como campo grande e na área de várzea no lugar denominado Arapiranga. (SILVA, 2013. p. 9)

Mediante a isso, o turismo pode ser uma importante alternativa de atividade econômica aos moradores, que atualmente praticam atividades de extrativismo, agricultura, entre outras. Segundo Coelho e Silva (2013) as principais atividades econômicas praticadas na região são: o cultivo de hortaliças e vegetais que representa uma pequena parcela, sendo praticada por apenas algumas famílias que cultivam mandioca e milho; o extrativismo que representa um ganho extra para as famílias que fazem a coleta de castanhas nos períodos de safra, visto que, a região detém um número considerável de castanheiras em seu entorno servindo de renda por um determinado tempo; a pesca que é a atividade praticada pela maioria dos moradores da comunidade, realizada ao longo do ano nos lagos do Macurany e Parananema. São locais de acesso rápido, pois a comunidade é margeada por esses lagos dos quais são retirados quantidades necessárias de pescados para a sustentação das famílias que ali residem, sempre respeitando a época do defeso.
A comunidade possui à sua volta uma paisagem exuberante, mas que vem sofrendo transformações pela ação do homem ao longo dos anos, principalmente, devido o crescimento da cidade. As transformações no ambiente são nocivas, sobretudo à vida animal, mas também à vegetação daquele lugar que possui em boa parte de sua extensão as castanheiras. Hoje, já não é possível ver com tanta facilidade a diversidade de plantas e animais, mas existem, e suas vidas precisam ser preservadas. A respeito disso, Silva (2013, p. 9-10) enfatiza que:

Nas últimas duas décadas, o processo de mudanças na Comunidade do Macurany sofreu um aceleramento, afetando aspetos culturais, sociais, econômicos e ambientais. O crescimento da cidade de Parintins tem se revelado o principal fator dessas transformações, provocando impactos na vida dos comunitários, modificando o modo de viver, e na natureza, causando prejuízos à fauna, flora e aos rios, lagos e igarapés.

Todas essas transformações no ambiente também foram consequência da construção de um residencial, chamado Residencial Vila Cristina, que levou alguns benefícios ao lugar, mas como toda transformação no meio ambiente gera impactos negativos, neste caso não foi diferente. Muitas árvores e muitos animais tiveram suas vidas interrompidas. Os autores Souza e Souza (2013), advertem que, após a derrubada de parte das castanheiras para a construção de um conjunto habitacional, a coleta de castanhas diminuiu substancialmente. Muitos comunitários pararam com a atividade por não haver mais produto suficiente para todos. O desmatamento em questão, trouxe grande perda econômica para os extratores porquê parte da renda financeira era obtida a partir da coleta das castanhas, mas também trouxe perda ecológica para a comunidade.
Além disso, esta comunidade, não tem a origem do nome conhecida pelos moradores, apenas alguns dos moradores mais antigos contam que o nome é herança de uma família que veio do estado do Ceará e que teria origem da palavra “Macuna”, segundo o dicionário informal de Luiz (2010)  “macuna” é o nome de uma tribo indígena que habita áreas do estado do Amazonas e da Colômbia. Falam uma língua da família linguística Tucano e também são chamados de makuna, idemasã e idemasari”. A fundação da comunidade também não é tida com exatidão, conforme Silva (2013, p.18), “a comunidade Santa Luzia do Macurany foi fundada em 05 de setembro de 1969”, baseado em uma lista apresentada pela igreja católica sobre a fundação de diversas comunidades, dentre elas, a comunidade do Macurany.
Segundo as informações cedidas pela Associação de Moradores da Comunidade do Macurany - AMMA (2010), atualmente cerca de 180 (cento e oitenta) famílias residem na comunidade como associados, sem contar com os moradores do residencial ou outros proprietários de terrenos na comunidade que os utilizam apenas para passar os fins de semana, e possui uma única escola municipal denominada de Santa Luzia.
Para chegar à comunidade é possível ir de motocicletas, carros, outros meios de transporte e até caminhando, pois, a estrada é de fácil acesso. No caminho, é provável a observação de animais e da vegetação composta por árvores de grande porte, “apresenta uma vegetação nativa de capoeira e alguns pontos de vegetação secundária formada principalmente por castanheiras e buritizeiros que servem de mata ciliar para as nascentes localizadas no local” (SILVA, 2012. p. 57). A paisagem que compõe a beleza daquele lugar acompanha o turista/visitante do início ao fim da estrada, onde neste se encontra o lago do Macurany e possui um balneário conhecido como “regaço ecológico”, frequentado especialmente por banhistas nos finais de semana.
De acordo com Coelho e Silva (2013) é um local de entretenimento, no qual inúmeras pessoas, como famílias, vão aos finais de semana para passear, brincar, relaxar e se divertirem. O balneário está localizado na comunidade do Macurany ao sul da cidade de Parintins aproximadamente dois quilômetros da sede. Formado por inúmeras nascentes que cortam a floresta ainda existente, possui águas características de igarapés de cor avermelhada, com uma temperatura agradável que atrai banhistas de todas as partes da cidade e até mesmo de outros lugares, o local também oferece uma rica paisagem natural enaltecida ainda mais no período da enchente quando as águas do lago do Macurany adentram suas dependências completando a paisagem exuberante. Com isso, todo o encanto do balneário conquista os visitantes que se divertem e admiram sua paisagem. Além disso, o balneário pode ser visto como uma importante opção na utilização do turismo na localidade.
O potencial turístico da comunidade já havia sido identificado pelos próprios comunitários e comprovaram isto ao fundarem a Associação de Moradores da Comunidade do Macurany - AMMA, onde apresentaram alguns objetivos, no quadro abaixo são citados alguns:

Esses e outros objetivos são pontos fortes da comunidade, pois já existe uma manifestação coletiva em prol do desenvolvimento sustentável por meio da atividade turística.
5 Gestão do Turismo de Base Comunitária
As formas de gestão já sofreram muitas alterações, resultando em modelos e teorias diversas. Ora eram tradicionais, ora toleravam mudanças radicais. O caso da Gestão de Base Comunitária é similar a diversos modelos, um deles é o modelo de Gestão Participativa, o qual Paterman (1970) apud Ferreira, Pereira e Reis (2008, p. 129) define, “participação consiste basicamente na criação de oportunidades para que as pessoas influenciem decisões que as afetarão. Essa influência pode variar pouco ou muito”. Requer na gestão de base comunitária algo que seja participativo, e isso tem a ver com este modelo, fruto de uma teoria moderna sobre gestão. Os comunitários poderão e deverão participar das decisões, visto que, um dos objetivos dos projetos de TBC é despertar a autonomia da comunidade, em todos os sentidos, seja financeiro, seja gerencial ou outro que seja necessário.
Para que essa autonomia seja despertada, há muito trabalho a ser feito na comunidade, os comunitários precisam estar capacitados, precisam passar pela fase de reeducação ambiental, aprender técnicas de como lidar com os turistas, de como manter as atividades em constante funcionamento adequado, isso tudo é benéfico a uma comunidade, todavia essa participação precisa ser efetiva desde o início.
Na gestão, o planejamento é crucial para o bom andamento do projeto. De acordo com o Guia de Desenvolvimento do Turismo Sustentável (2003) o planejamento no turismo tem por objetivo trazer determinados benefícios socioeconômicos para a sociedade, sem deixar de manter a sustentabilidade do setor turístico através da proteção à natureza e à cultura local. É elaborado dentro de uma estrutura de tempo e deve empregar uma abordagem flexível, abrangente, integrada, ambiental e sustentável, implementável e baseada na comunidade.
O planejamento turístico precisa estar adequado à comunidade, pois é este quem dará início a execução das tarefas para o alcance dos objetivos mesmo que seja somente com a utilização dos recursos locais. Realizar um diagnóstico dos possíveis problemas, definir público-alvo, satisfazer os comunitários, já que estes, serão os agentes principais para a efetivação do plano e, principalmente, monitorar. É preciso acompanhar o cumprimento das atividades para que as melhorias e adequações possam ser realizadas de acordo com as necessidades.
Nesse sentido, os comunitários por meio da gestão devem trabalhar a liderança, pois esta pode ser uma das alternativas ao incentivo dos demais comunitários que muitas das vezes mostrarão resistência. Estes líderes precisarão estar conectados com a sustentabilidade para que possam exercer o seu papel de forma ética, respeitando o espaço e o tempo do lugar e das pessoas. Para Voltolini (2011, p. 53), “líderes em sustentabilidade devem ser agentes de mudanças”. Neste caso, o autor se refere aos líderes das grandes empresas, contudo, este pensamento pode ser considerado aos líderes de comunidades que objetivem implantar o TBC, na medida em que esses líderes passam a compreender a necessidade de mudança no ambiente sem comprometer as futuras gerações, preservando as crenças e os valores da comunidade, eles começam a influenciar positivamente outros agentes.
Sobre liderar, Voltolini (2011, p. 96) mostra por meio da colocação do co-presidente do Conselho da Natura, onde diz que,

[...] cuidar da comunidade onde se vive é cuidar de si próprio. Não adianta, portanto, querer cuidar apenas de si, de sua família ou de sua empresa. Não há o fora e o dentro. Estamos tudo e todos interligados. Dependemos uns dos outros e do sistema natural que garante a nossa vida. O líder destes tempos deve ter a sensibilidade de perceber o essencial. Isso significa liderar com valores.

Em uma comunidade onde geralmente as pessoas compartilham dos mesmos valores, das mesmas crenças, costumes e outros, ser líder é uma grande responsabilidade. É necessário enxergar além e ao mesmo tempo respeitar os limites. É ter a sensibilidade de perceber quais os cuidados e as iniciativas que tomar quando tudo parecer não dar certo. É saber mostrar que a vida das pessoas pode mudar, sem precisar abandonar os valores. Liderar com valores é ser um líder que preza pela sustentabilidade.
Destaca-se sobre o líder sustentável, o modelo de gestão ambiental, tema bastante discutido no mundo todo como uma forma de reduzir os impactos negativos ao meio ambiente gerados pelas empresas. Para Dias (2011, p.104), ”uma das vantagens competitivas que uma empresa pode alcançar através da gestão ambiental é a de melhorar sua imagem no mercado, o que está se tornando cada dia mais concreto devido o aumento da consciência ambiental dos consumidores”. A manutenção da qualidade do meio ambiente só é possível através da consciência das pessoas sobre o dever de cuidar, mas também sobre seus direitos em cobrar ações do poder público que visem monitorar os ambientes afetados pelas ações do homem.
Diante disso, a consciência ambiental dos comunitários é também uma oportunidade de atrair os turistas, pois muitos têm a precedência por frequentar lugares que visem o desenvolvimento sustentável.

6 Desafios do desenvolvimento do Turismo Sustentável
Um dos maiores desafios que o homem encontra nesse ramo é a gestão. “Embora nenhum homem possa realmente dominar seu ambiente, embora seja sempre prisioneiro das possibilidades, a tarefa específica da administração é transformar o desejável no possível e o possível no efetivo”. (DRUCKER, 1981 apud FERREIRA; PEREIRA, REIS, 2008, p.109) A boa gestão vai muito além do que enxergar somente as possibilidades, ela precisa transformar o ambiente sem alterar sua paisagem original, precisa realizar mudanças nas pessoas sem destruir os seus costumes, suas crenças, suas tradições, na realidade é transformar isso em objeto de interesse turístico, é preciso também qualificá-los sem que isso os ofenda, dentre outras atribuições que precisam de um gestor obter eficácia, eficiência e efetividade.
Capacitar os comunitários é um desafio que precisa ser superado desde o início, pois a turista, precisa estar preparado para receber qualquer tipo de turista. Dentre as maiores dificuldades encontradas, está o domínio de outro idioma e de técnicas mais apuradas na área de marketing e finanças.
As comunidades envolvidas na atividade turística, geralmente possuem costumes bastante tradicionais, isso implica em dificuldades de aceitação de algumas mudanças, mudanças não sobre o modo de vida, mas das adequações necessárias à preparação dos comunitários para receber os turistas. Bartholo (2009) apud Novo e Cruz (2014) comenta que no turismo de base comunitária as identidades e singularidades pessoais afirmadas e compartilhadas podem ser fortalecidas. De início, é comum que os comunitários resistam a algumas mudanças, tenham desinteresse e até mesmo desacreditem de que o projeto possa dar certo. E esse é o papel fundamental do gestor, planejar e guiar de forma a despertar interesse e reconhecimento, e encontrar formas de após organizar o turismo na comunidade, comercializá-lo. Comercializar é outro dos principais desafios. Conforme Bursztyn apud Novo e Cruz (2014. p. 45),

[...] muito ainda precisa ser feito para que o TBC realize todo o seu potencial em prol do desenvolvimento social das comunidades locais. Melhoria dos serviços prestados por meio da qualificação dos empreendedores locais, melhoria da gestão dos negócios comunitários, fortalecimento da governança local, implantação de processos de monitoramento do turismo e, principalmente, questões relativas ao acesso ao mercado e comercialização são alguns dos obstáculos que devem ser superados.

A maioria destes projetos se inicia com apoio financeiro externo, mas esse apoio é temporário e o projeto precisará alcançar a autonomia financeira para comercializar e manter as atividades turísticas.
Diversas pesquisas já foram realizadas pelo governo federal, por ONGs e pesquisadores para tentar identificar as fragilidades do desenvolvimento do turismo sustentável no Brasil, por exemplo, uma pesquisa realizada pela UERJ em 2010, apontou que essas fragilidades se encontram em três áreas, são elas: acesso ao mercado, governança e monitoramento. A pesquisa destaca ainda que, o uso do “boca a boca” e das redes de relacionamento direto como principais vias de distribuição das iniciativas de TBC podem ser consideradas falhas em termos de tática de comercialização. Tal questão faz sentido no que se refere, pois, o acesso à internet e demais meios de comunicação nas comunidades é precário, devido à localização geralmente distante da área urbana. Entretanto, esta não é uma realidade tão distante em alguns lugares da nossa região, daí a importância de uma melhor infraestrutura para tornar possível a divulgação dos serviços por estas vias.
Outro desafio está relacionado aos impactos ambientais, Pillmann (1992) apud Ruschmann (1997) apresentou estes impactos de acordo com a sua tipologia, conforme quadro abaixo:

Neste sentido, desenvolver o turismo e ultrapassar as barreiras formadas pelos impactos ambientais é uma tarefa difícil, pois nos diversos tipos de turismo existirão impactos desfavoráveis. Apesar de gerar riquezas, estabelece determinada agressão às paisagens naturais, às culturas e à população. Daí a importância de do turismo sustentável, já que este compreende os danos causados e institui formas de revertê-los. Como demonstrado por Ruschmann (1997) no quadro acima, independente da atividade turística, os impactos estarão presentes.
Neste sentido, cabe à gestão pública estabelecer diretrizes e um planejamento adequado ao turismo, visando equilíbrio estabelecer equilíbrio social, econômico e ambiental. Uma gestão que seja comprometida com o desenvolvimento, mas que respeite as paisagens naturais, as peculiaridades das comunidades e assim como todos que a compõe.
Em meio a esta perspectiva, surge outro desafio, a falta de planejamento turístico adequado. Conforme o Guia de Desenvolvimento do Turismo Sustentável (2003), o planejamento no turismo sustentável tem como objetivo levar os benefícios socioeconômicos para a sociedade, sem deixar de manter a sustentabilidade do setor turístico. Porém, todo esse planejamento deve ser adotado por meio de princípios definidos pelas autoridades locais, por meio de abordagens e componentes analisados clinicamente por meio de estudos realizados na localidade onde se pretende implantar o turismo, para que haja manutenção e conversação dos recursos naturais e da cultura local. Geralmente, é elaborado um projeto específico ao que se pretende concretizar. Assim, dentre tantos desafios, é possível reconhecer que os impactos oriundos do turismo trazem problemas às comunidades, mas também benefícios.
Através do Turismo alguns benefícios podem surgir, como: as comunidades podem tomar providências acerca da proteção dos recursos naturais, podem também valorizar ainda mais a própria cultura, a geração de emprego e renda, a implantação de uma estrutura adequada, o incentivo ao empreendimento e, especialmente, a concepção da consciência ambiental.
Todos esses benefícios são possíveis somente se houver o envolvimento, a união dos comunitários, o que pode ser reafirmado pelo pensamento de Araújo e Gelbcke (2008) os quais consideram que o turismo comunitário não significa apenas em uma atividade produtiva, mas procura ressaltar o papel fundamental da ética e da cooperação nas relações sociais. Todavia, alcançar tais benefícios também é um desafio.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabendo das muitas deficiências existentes para o desenvolvimento do turismo sustentável por meio da implantação do Turismo de Base Comunitária, conclui-se que este não é um resultado a curto prazo, na verdade, é um trabalho que requer tempo, paciência, dedicação e, principalmente, a cooperação da comunidade.
Os resultados alcançados deram-se de acordo com os objetivos e a metodologia utilizada. Ao realizar esta pesquisa sobre a potencialidade turística e os aspectos socioambientais e culturais da comunidade, assim identificados, foi possível conscientizar os comunitários da importância e da riqueza de recursos que eles possuem. Deste modo, os gestores foram incentivados a criar formas de conservar os recursos naturais ali existentes através do desenvolvimento de suas competências por meio de treinamentos e capacitações, bem como, pela busca por incentivos financeiros dos governos municipal, estadual e federal, de ONGs ou empresas privadas para o financiamento de projetos que possam desenvolver o turismo de base comunitária.
A comunidade do Macurany possui uma biodiversidade rica, uma natureza exuberante rodeada pelo lago do Macurany, cheia de árvores, plantas e animais de várias espécies, assim como possui lendas, crenças, costumes, histórias, lugares que podem ser objetos de atividade turística.
O município de Parintins já possui reconhecimento internacional pelo Festival Folclórico dos Bois-bumbás que realiza, e isso pode ser benefício à comunidade, pois já existe o reconhecimento pelo turismo. Todavia, faltam incentivos e iniciativas para ampliar as opções de visitação e assim não desperdiçar os recursos advindos dos turistas que vêm ao município. Há anos essas oportunidades estão às portas dos parintinenses, mas há a necessidade de montar um programa de assistência à comunidade por meio de um planejamento turístico quanto ao uso do turismo sustentável como fonte de desenvolvimento local.
Portanto, foi possível reconhecer o potencial turístico que essa comunidade tem de modo que desenvolvê-lo contribuiria para a geração de emprego e renda, com a melhor infraestrutura da própria comunidade, com o desenvolvimento intelectual dos comunitários, bem como de todo o município, pois haveria mais investimento no mesmo e, especialmente na conscientização da população sobre a conservação e manutenção da biodiversidade e a valorização da cultura. Dessa forma, o fluxo de turista seria intenso na maior parte do ano e não somente no mês de junho, mês do festival.
Diante das considerações apresentadas, este estudo estimula o desenvolvimento do turismo sustentável por meio da implantação do Turismo de Base Comunitária e instiga novas pesquisas na área do turismo como alternativa de fomento à economia.

8 REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, Leila Marrach Basto de. (1999): Comunidade e Sociedade: conceito e utopia. Disponível em: <http://www.ufcg.edu.br/~raizes/artigos/Artigo_27.pdf>. Acesso em 20 de maio de 2017.

ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de; TACHIZAWA, Takeshy; CARVALHO, Ana Barreiros de. (2000): Gestão ambiental: enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento sustentável. São Paulo: Makron.

ASSOCIAÇÃO DA COMUNIDADE DO MACURANY (2010): Estatuto da AMMA. Comunidade do Macurany – Parintins/AM, 2010.

ARAÚJO, Guilherme P. de; GELBCKE, Daniele Lima. (2008): Turismo Comunitário: Uma perspectiva ética e educativa de desenvolvimento. 2008. Disponível em: < http://siaiap32.univali.br/seer/index.php/rtva/article/viewFile/770/625>. Acesso em 31 de maio de 2017.

BRASIL. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2010). Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=130340&search=amazonas|parintins|infograficos:-informacoes-completas>. Acesso em 22 de maio de 2017.

COELHO, Sipriano Ribeiro; SILVA, Adailton Moreira da. Caracterização do ambiente natural e da consciência ambiental dos usuários de um balneário na comunidade do Macurany, cidade de Parintins, AM. 2013. Disponível em: <http://revistaea.org/artigo.php?idartigo=1457>. Acesso em 29 de maio de 2017.

DESLANDES, Suely Ferreira. (2010): Pesquisa social: teoria, método e criatividade;/ Suely Ferreira Deslandes, Romeu Gomes; Maria Cecília de Souza Minayo (organizadora). 29. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes.

DIAS, Reinaldo. (2011): Gestão Ambiental: Responsabilidade Social e Sustentabilidade. 2 ed. São Paulo: Atlas.

FERREIRA, Ademir Antonio; PEREIRA, Maria Isabel; REIS, Ana Carla Fonseca. (2008): Gestão empresarial: de Taylor aos nossos dias: evolução e tendências da moderna administração de empresas. São Paulo: Cengage Learning.

HALLACK, Nathália; BURGOS, Andrés; CARNEIRO, Daniela Maria Rocco. Turismo de base comunitária: estado da arte e experiências brasileiras. 2011.

IGNARRA, Luiz Renato. (2003): Fundamentos do turismo. Cengage Learning Editores.

LUIZ, José. (2010): Dicionário Informal. Macuna. Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/macuna/>. Acesso em: 04 de maio de 2017.

MINISTÉRIO DO TURISMO (2017): O que é turismo? Disponível em: >http://www.turismo.gov.br/ Acesso em: 02 de maio de 2017.

NELSON, Sherre Prince (2004): Ecoturismo: Práticas para turismo sustentável. Manaus: Editora Vale/Uninorte.

NOVO, Cristiane Barroncas Maciel Costa; CRUZ, Jocilene Gomes da. (2014): Turismo Comunitário: Reflexões no contexto amazônico. Manaus: Edua.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (2016): Desenvolvimento Sustentável. ONU declara 2017 o Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento | ONU Brasil. Disponível em: > https://nacoesunidas.org/onu-declara-2017-o-ano-internacional-do-turismo-sustentavel-para-o-desenvolvimento/ Acesso em: 22 de abril de 2017.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO-OMT (1995): Desenvolvimento de turismo sustentável: manual para organizadores locais. Brasília: Embratur.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE TURISMO. Guia de desenvolvimento do turismo sustentável. 2003.

OZORIO, Rodrigo Zomkowski; PERALTA, Nelissa; VIEIRA, Fernanda Sá (Org.). Lições e Reflexões sobre o turismo de base comunitária na reserva mamirauá. Tefé, AM: IDSM, 2016.

PEREIRA, André Luiz; BOECHAT, Cláudio Bruzzi; TADEU, Hugo Ferreira Braga; SILVA, Jersone Tasso Moreira; CAMPOS, Paulo Március Silva Campos. Logística reversa e sustentabilidade. São Paulo: Cengage Learning, 2016.

PINHEIRO, Lívia Lima. (2006): O turista aprendiz: uma viagem na dimensão pedagógica da atividade turística em Pipa e na Prainha do Canto Verde. Monografia (Graduação do Curso de Bacharelado em Turismo). João Pessoa, Universidade Federal da Paraíba.

PRESTES, Maria. Luci de. Mesquita. (2007) A pesquisa e a construção do conhecimento científico: do planejamento aos textos, da escola à academia. 2. Ed. 1. Reimp. – São Paulo: Rêspel.

RUSCHMANN, Doris Van de Meene (1997): Turismo e planejamento sustentável: a proteção do meio ambiente. Campinas – São Paulo: Papirus.

SACHS, Ignacy. (2000): Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond.
______________. (2004): Desenvolvimento includente, sustentável e sustentado. Rio de Janeiro: Garamond.

SILVA, Almiro Lima da. História da comunidade do Macurany: As problemáticas sociais decorrentes do crescimento da cidade de Parintins. Universidade do Estado do Amazonas - Parintins. 2013.

SILVA, David Xavier da. Educação científica a partir de atividades de conservação de quelônios amazônicos em comunidades ribeirinhas do Baixo Amazonas. Universidade do Estado do Amazonas. Parintins, 2012.

SOUZA, Tattiany Kelen Ferreira Pacheco de; SOUZA, José Camilo Ramos de. Estudo Ecológico/Econômico sobre o castanhal da comunidade do Macurany em Parintins/AM. Parintins, 2013. Disponível em: <http://revistas.ufcg.edu.br/cfp/index.php/geosertoes/index>. Acesso em 30 de maio de 2017.

United Nations list of national parks and protected area. Tradução: Lista de parques nacionais e áreas protegidas das Nações Unidas, 1994. Disponível em < https://portals.iucn.org/library/node/6141> Acesso em 25 de maio de 2017.

VOLTOLINI, Ricardo. (2011): Conversas com líderes sustentáveis: o que aprender com quem fez ou está fazendo a mudança para a sustentabilidade. São Paulo: Editora Senac.

* Graduanda em Administração no Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (ICSEZ) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), membro participante do projeto de Extensão Gestão de Base Comunitária visando o Turismo Sustentável. E-mail: hortenciagoncalves21@gmail.com.

** Orientador de Hortência Gonçalves, possui graduação em Administração no Instituto de Ciências Socais, Educação e Zootecnia (ICSEZ) pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Atualmente é Professor Auxiliar do Colegiado de Administração e Zootecnia da UFAM Campus Parintins e foi coordenador do projeto de Extensão Gestão de Base Comunitária visando o Turismo Sustentável. E-mail: adm.jeanreis@gmail.com.

1 Turismo Sustentável (TS)

2 Lista das Nações Unidas de Parques Nacionais e Áreas Protegidas (United Nations list of national parks and protected áreas).

3 Reserva de Desenvolvimento Sustentável.


Recibido: 17/06/2017 Aceptado: 26/06/2017 Publicado: Junio de 2017

Nota Importante a Leer:

Los comentarios al artículo son responsabilidad exclusiva del remitente.
Si necesita algún tipo de información referente al articulo póngase en contacto con el email suministrado por el autor del articulo al principio del mismo.
Un comentario no es mas que un simple medio para comunicar su opinion a futuros lectores.
El autor del articulo no esta obligado a responder o leer comentarios referentes al articulo.
Al escribir un comentario, debe tener en cuenta que recibirá notificaciones cada vez que alguien escriba un nuevo comentario en este articulo.
Eumed.net se reserva el derecho de eliminar aquellos comentarios que tengan lenguaje inadecuado o agresivo.
Si usted considera que algún comentario de esta página es inadecuado o agresivo, por favor, escriba a lisette@eumed.net.
Este artículo es editado por Servicios Académicos Intercontinentales S.L. B-93417426.