Revista: Caribeña de Ciencias Sociales
ISSN: 2254-7630


COOPERATIVISMO, EDUCAÇÃO COOPERATIVA E COOPERAÇÃO: VALORES E DOUTRINAS COMO FOMENTADORAS DO CRESCIMENTO SOCIAL E ECONÔMICO DOS PAISES LATINO-AMERICANOS E CARIBENHOS

Autores e infomación del artículo

Juliano Peransoni Pinheiro*

Gilmar Jorge Wakulicz**

Cristiane Krüger***

Universidade Federal de Santa Maria, Brasil

juliano.gestao.adm@gmail.com

RESUMO:
O cooperativismo possui uma história marcada por idealizadores e pela necessidade dos indivíduos que vislumbraram no sistema cooperativo uma alternativa aos problemas econômicos e sociais. Nesse aspecto, os país latino americanos e caribenhos tem no cooperativismo um meio de atender as necessidades latentes de sua população e a sua implantação deverá partir da cooperativa e através do incentivo a educação cooperativa.
Palavras Chaves: Cooperativismo, Educação Cooperativa, Cooperativismo de Crédito, Cooperação, América e Caribe.

RESUMEN:
La cooperativa tiene una historia marcada por los creadores y la necesidad de las personas que vio el sistema cooperativo una alternativa a los problemas económicos y sociales. En este sentido, el país de América Latina y el Caribe tiene la cooperativa un medio para satisfacer las necesidades latentes de su población y su aplicación debe comenzar por la cooperativa y el fomento de la educación cooperativa

Palabras clave: Cooperativa - Educación Cooperativa – Cooperativismo de crédito - Cooperación - América Latina y el Caribe

ABSTRACT:
Cooperativism has a history marked by idealizers and by the need of individuals who have envisioned in the cooperative system an alternative to economic and social problems. In this aspect, the Latin American and Caribbean countries have in cooperativism a means to meet the latent needs of its population and its implementation should begin by the cooperative and by encouraging cooperative education

Key Words: Cooperativism - Cooperative Education – Credit Cooperativism - Cooperation – Latin America and the Caribbean



Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Juliano Peransoni Pinheiro, Gilmar Jorge Wakulicz y Cristiane Krüger (2017): “Cooperativismo, educação cooperativa e cooperação: valores e doutrinas como fomentadoras do crescimento social e econômico dos paises latino-americanos e caribenhos”, Revista Caribeña de Ciencias Sociales (febrero 2017). En línea:
https://www.eumed.net/rev/caribe/2017/02/cooperativismo.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/caribe1702cooperativismo


  1. O COOPERATIVISMO E A EDUCAÇÃO COOPERATIVA

Em todo o mundo uma das grandes preocupações para o desenvolvimento da sociedade contemporânea é a educação, que apresenta diferentes panoramas e abordagens, com diferentes teorias e embasamentos. Uma dessas é a abordagem cooperativista que possui em sua essência a educação como um dos seus princípios e como propulsor da cooperação entre os indivíduos.
Ao abordarmos o cooperativismo é importante a compreensão histórica do ato de cooperar ou cooperação, afinal estes foram um dos elementos que ajudaram na sobrevivência da raça humana, através, da formação de grupos. (BIALOSKORSKY, 2012) aponta que a associação solidária e a cooperação provem desde a Pré-história, como em tribos indígenas e civilizações muito antigas. A formação das civilizações, são o exemplo de cooperação de indivíduos com interesses em comum.
A cooperação apresenta uma maior ênfase, como um meio alternativo, na revolução industrial com o surgimento de ideias econômicas como o liberalismo de Adam Smith, que defendia a propriedade privada e a livre concorrência de mercado. Essas ideias de Smith foram assimiladas ao sistema capitalista, um sistema estritamente focado aos lucros e ganhos, e foi nesse ponto que a cooperação obteve um grande salto, como uma forma de unir as pessoas, a partir desse momento histórico, que se inicia os precedentes do que conhecemos como cooperativismo.
Para Pinheiro et. al a (2016) o cooperativismo é o reflexo de uma evolução de inúmeras tentativas de idealizadores, que buscavam uma alternativa ao modelo econômico e social de suas épocas como Robert Owen, Charles Fourier, Bejamin Burchez e Louis Blanc, denominados como socialistas utópicos. As vivencias e experiências desses homens corroboraram para o surgimento efetivo do que conhecemos como cooperativa.
A primeira cooperativa surge em 1844 em Rochdale, Inglaterra, por tecelões que buscavam melhores condições, em especial, a alimentação que eram precárias, com isso, nasce a primeira cooperativa de consumo. O surgimento dessa cooperativa se dá pela necessidade desses indivíduos e ao contexto em que estavam inseridos, isso é facilmente compreensível ao analisarmos a dificuldade para a efetiva concretização da cooperativa, em que, foram necessários sacrifícios para a formação do capital social, que na época era de 1 libra por cada associado e ao todo somava-se 28 libras, que permitiu o pontapé inicial do intento.
A cooperativa criada foi denominada como Rochdale Society of Equitable Pionneers e seus fundadores denominados como os probos pioneiros de Rochdale, que foram os responsáveis por criar os princípios e doutrinas cooperativistas que regem as cooperativas até hoje.
O legado cooperativista dos pioneiros de Rochdale deu-se em seis princípios, respectivamente: Adesão livre e voluntária; gestão democrática; participação econômica dos membros; autonomia e independência; educação, formação e informação e a intercooperação, “esses princípios do cooperativismo constituem uma linha orientadora que regem as cooperativas e formam a base filosófica da doutrina” De Oliveira et al (p 8, 2014).
É importante salientar a adição de um princípio cooperativista por parte da Associação Internacional das Cooperativas (ACI) que é o interesse pela comunidade, segundo (PORT & MÊINEN 2012) é através desse princípio que as cooperativas buscam trabalhar para o desenvolvimento sustentado das comunidades em que estão inseridas, por meio de políticas aprovadas pelos cooperados, nesse âmbito engloba-se decisões de caráter econômico e as decisões socioambientais.
Um outro princípio cooperativista criado pelos pioneiros, o da educação, foi um diferencial em relação a forma desenvolvida pelos socialistas utópicos e, provavelmente, um dos fatores que colaboraram no sucesso da cooperativa Rochdaleana.
Após o sucesso em Rochdale o cooperativismo expandiu-se pela Europa como na Italia, Alemanha, Espanha, França, entre outros países, até chegar a américa latina e caribe. Analisando o processo de formação e o surgimento do cooperativismo percebe-se que um dos e senão o principal elemento é a necessidade, visto isso, há um processo lógico de que o cooperativismo deve ser um meio alternativo, principalmente em economias subdesenvolvidas ou emergentes, como é o contexto latino americano e caribenho.
No âmbito latino americano e caribenho a ideia cooperativista iniciou primeiramente, no Uruguai, Argentina e Brasil, em decorrência da chegada de imigrantes europeus, e posteriormente, difundiu-se essa ideia em países da américa central como na Costa Rica, Porto Rico e México até chegar aos demais países latinos.   
A cultura cooperativista e de cooperação podem colaborar no desenvolvimento econômico e social dos países latino americanos e caribenhos, através da educação como fomentadora dos princípios e das doutrinas cooperativistas. Büttenbender (2008, p 17) reforça que,
[...] cooperativismo estão estreitamente relacionadas à capacidade da sociedade, mediante os diferentes grupos sociais, de compreender o cooperativismo e incorporá-lo como proposta de organização econômica e social para minimizar as desigualdades, promover a justiça e melhorar a qualidade de vida dos indivíduos. 

            A implantação das doutrinas cooperativistas e principalmente, para uma efetiva implantação de uma educação cooperativa somente se dará, se a sociedade e os indivíduos entenderem que esses ideais serão importantes para o crescimento como pessoas e como uma forma de atingir os objetivos individuais e coletivos.
            A educação está intrinsecamente enraizada no cooperativismo, e é um dos principais pilares no crescimento social e econômico de uma sociedade, pois é com o seu incentivo que há o surgimento de novas tecnologias, e ainda, há um aprimoramento da força de trabalho, a geração de conhecimentos e o desenvolvimento pessoal. Ferretti & Madeira (1992, p75) salienta que,
O ambicionado desenvolvimento moderno, que passa pelo avanço tecnológico, requer transformações profundas na gestão da educação, na qualidade da educação, na estrutura [...], nos mecanismos de produção e distribuição de conhecimentos. Somente por essa via, acredita-se, se poderá chegar a uma maior equidade social que é, por sua vez, condição necessária para que o crescimento econômico seja auto-sustentado e estável.  

É fundamental o papel da cooperativa como uma instituição norteadora e incentivadora da educação para que os seus cooperados e os indivíduos que a permeiam possam compreender a sua importância como uma organização que corrobora para o crescimento local, regional e inclusive nacional, ao buscar transpor os seus valores e doutrinas aos demais e colaborar no âmbito econômico-social com a geração de empregos, com o estímulo ao empreendedorismo por meio do ato cooperativo, aumento dos níveis de educação, melhores preços para os associados e o aumento da renda dos seus cooperados.
A forma como o cooperado irá interagir na cooperativa poderá interferir diretamente na cultura organizacional, nesse aspecto é necessário que haja uma maior aproximação e sinergia entre as partes, além de uma maior interação, para isso é fundamental que desde a criação da instituição como cooperativa tenha-se uma predisposição e uma valorização à educação cooperativista. Schneider (2013) compreende que,
“A educação cooperativa supõe investir esforços tanto na formação do homem cooperativo, solidário, responsável e participativo, com cultura cooperativa, como na formação/capacitação de um bom e competente produtor, prestador de serviços, consumidor e poupador”.

De Sousa (2009) acredita que a comunicação é essencial para o desenvolvimento de uma educação cooperativa e que somente com uma gestão eficiente e a utilização de ferramentas de comunicação que visem auxiliar na tomada de decisões a nível estratégico, entretanto é importante manter-se um alinhamento dessas decisões aos interesses dos cooperados e ainda, desenvolver um planejamento e uma maior organização nos processos, afim de manter a competitividade da cooperativa frente as demais organizações.
Com uma melhor comunicação na cooperativa e o desenvolvimento de uma educação cooperativista haverá uma maior participação dos associados nas decisões da cooperativa e uma maior disseminação dos princípios cooperativos como a gestão democrática que segundo Port & Mêinen (2012) representa a igualdade de direito, cada pessoa é um voto, de homens e mulheres associados que participam tanto na tomada de decisões quanto na instauração das diretrizes políticas.
Para uma efetividade do princípio democrático cooperativo é realizado as assembleias ordinárias e extraordinárias. A assembleia ordinária apresenta um caráter único, por englobar essencialmente a prestação de contas anual da cooperativa e as eleições do conselho fiscal e diretivo durante o prazo estabelecido pelo referente estatuto da organização. A assembleia extraordinária engloba todas as demais situações excetivas a assembleia ordinária. Na tomada de decisões as assembleias são soberanas e jamais subjugadas por algum membro, pelo conselho fiscal ou até mesmo pelo corpo diretivo da cooperativa. Essa compreensão só é possível com o nivelamento da estrutura organizacional com as doutrinas democráticas do cooperativismo.
Para uma gestão democrática é essencial que cada associado tenha o direito a um voto em quaisquer que sejam as situações e independentemente de ser uma assembleia ordinária ou extraordinária, cada indivíduo representa um voto, para que se mantenha o respeito aos princípios cooperativistas.
Quando maior a influência e a aplicação das doutrinas cooperativistas, maior será o impacto social na região, solidificando ainda mais a cultura de cooperação, isso é factível no contexto caribenho, onde o turismo é a principal atividade econômica e a associação dos indivíduos possibilita melhores condições e atratividades aos turistas, a partir desse momento, as cooperativas de crédito possuem um papel fundamental como um fomentador e apoiador desse processo, captando e dividindo os recursos.

  1. COOPERATIVISMO DE CRÉDITO CARIBENHO

Com a interação e aproximação dos europeus com os países latinos e caribenhos, por meio dos imigrantes italianos, alemães, nórdicos e ingleses, o movimento cooperativista vem ganhando maior notoriedade e importância nesses países no decorrer dos anos. Algumas iniciativas foram fundamentais para que o cooperativismo pudesse ser difundido como o surgimento, no ano de 1873, de uma cooperativa na Cidade do México apresentando-se como umas primeiras e serviu como referência nos países caribenhos.
Dentre os países as cooperativas de créditos inicialmente apresentaram uma forte influência na Costa Rica, segundo a Aliança Cooperativa Internacional (ACI) com a lei de número 7391 de 24 de maio de 1994, instaurando-se como uma normativa com o fim de regulamentar as cooperativas de crédito nesse pais, possibilitando em um maior e efetivo controle sobre as atividades dessas instituições.
Atualmente a evolução das cooperativas de crédito em outro países centro-americanos e caribenhos vem apresentando melhores índices. Partindo-se de uma análise acerca de empréstimos e ativos, que são duas das principais variáveis a serem avaliadas e compreendidas quando se analisa as organizações financeiras, os maiores patamares e presença das cooperativas de crédito ocorrem em Trinidade e Tobago, Barbados e Jamaica.
As cooperativas de crédito caribenhas podem corroborar no desenvolvimento econômico e social ao gerar uma divisão mais homogênea dos recursos e ainda, como um apoiador dos pequenos empreendedores e daqueles que apresentam uma grande dificuldade na captação de empréstimos. Quanto maior o giro monetário e os investimentos na região, maior as atratividades, maior o turismo, maior a influência e importância do cooperativismo de crédito no desenvolvimento econômico e social. Para Di Piero (2013) a educação é um ponto crucial para a redução da pobreza e desemprego, o que entra em consonância com as ideias cooperativistas.
Para Dos Santos (2016) as cooperativas de créditos podem surgir de duas formas: com a captação de recursos dos seus associados, através das quotas partes, ou por incentivos governamentais que podem subsidiar o surgimento e ou o crescimento das cooperativas de crédito, uma vez que, um dos papeis dessas organizações é a inclusão financeiras dos indivíduos, independentemente de classe social, raça, credo e quaisquer outras situações.
Lima et al (2013) apresenta que as cooperativas de créditos possuem caráter diferente das demais instituições bancárias, pois essas organizações possibilitam uma estabilidade na renda e nos empregos daqueles que estão diretamente ou indiretamente ligados a ela, e busca atender as necessidades e demandas locais.
Segundo Pinheiro; Kruger b (2016) as cooperativas de créditos vêm apresentando um crescimento nas operações financeiras, mas elas ainda deixam de atender uma grande parcela das populações. Essa é uma oportunidade para que essas organizações aumentem seu share de mercado e paralelamente colaborem na difusão dos princípios e doutrinas cooperativistas.
No gráfico 1 é possível visualizar o cooperativismo de crédito no Caribe nos seguintes aspectos: Poupanças e ações, Empréstimos e Ativos.

Nos três elementos apresentados na tabela 1: Empréstimos, ativos, Poupanças e ações, referentes aos anos de 2013 a 2015, pode-se verificar que há um crescimento dos três elementos no referente período de tempos. Essa ascendente representa uma maior participação das cooperativas de crédito na realidade caribenha, cabe ressaltar que essa análise se dá nesse período de três anos, o que a médio e longo prazo, possivelmente haverá uma mudança nesse cenário.
No gráfico 1 é possível visualizar o crescimento das cooperativas de crédito no Caribe apresentando o crescimento dos três aspectos, o que demonstra uma tendência e uma evolução dessas organizações e a importância que elas estão tendo como instituição fomentadora de crédito e de investimento.
As cooperativas de crédito devem ser sensíveis a realidade e as necessidades dos cooperados, principalmente as cooperativas caribenhas para que esse crescimento possa ser um fator propulsor a todos os indivíduos e não como um elemento estatístico na organização, afinal o cooperativismo deve manter sua doutrinas e princípios fidedignos e permitir que a educação e a cultura de cooperação estendam-se longinquamente e o cooperativismo possa contribuir cada vez mais no desenvolvimento econômico e social.
O cooperativismo de crédito apesar de estar crescendo no Caribe ainda está muito aquém comparando-se o valor das transações com a américa latina em relação ao seguintes aspectos: empréstimos Figura 2, poupanças e ações Figura 3 e ativos Figura 4.
A comparação com a américa latina dá-se pela proximidade geográfica e histórica acerca do cooperativismo, assim é fundamental que essas organizações desenvolvam um melhor gerenciamento e controle, para que, se adequem as mudanças para que obtenha-se resultados em maior escala e possa atender aos seus objetivos e de seus cooperados.
Para que as cooperativas de crédito possam desempenhar o seu papel social e econômico é essencial que elas sejam geridas adequadamente objetivando as boas práticas de governança (PINHEIRO; KRUGER, 2016). Garcia (2005) apresenta que os resultados e desempenho são importantes para a organização, porém é com o desenvolvimento da governança corporativa que as cooperativas poderão atender melhor os objetivos e necessidades dos seus cooperados.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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* Possui graduação em Gestão de Cooperativas pela Universidade Federal de Santa Maria (2015). Mestrando em Administração pela UFSM. Atualmente é consultor Junior e um empreendedor social. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Gestão de cooperativas, atuando principalmente nos seguintes temas: Atitude e Características empreendedoras; Cooperativismo e Comportamento Humano. Email: juliano.gestao.adm@gmail.com

** Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Santa Maria (1996) e mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Maria (2000). Doutorando em Engenharia de Produção na Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente é professor Adjunto da Universidade Federal de Santa Maria. Email: gilmarwakulicz@politecnico.ufsm.br

*** É bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade da Região da Campanha (Urcamp), Graduada no Programa Especial de Formação de Professores para Educação Profissional – PEG, Especialista em Contabilidade, Pericia e Auditoria. Especialista em Gestão Pública, Mestre em Administração e Doutorando em Administração pela Universidade Federal de Santa Maria. Tem experiência profissional em Administração de Empresas com ênfase em Gestão de Pessoas, atua principalmente nas áreas Contábil, Administrativa e Gestão.


Recibido: 17/02/2017 Aceptado: 01/03/2017 Publicado: Febrero de 2017

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