Marina Duarte Gutierre
Juliane Conceição Primo Serres
Diego Lemos Ribeiro
Universidade Federal de Pelotas, Ecuador
marinagutierre@yahoo.com.brResumen:
La Faculdade de Enfermagem (FEn) de la Universidade Federal de Pelotas (UFPEl), ubicada en el interior de Rio Grande do Sul, fue fundada en 1972, de conformidad con la política de expansión de esa profesión, adoptada por el Ministerio de la Salud. De esa forma, a través de la creación de cursos de Enfermería en el interior de las Universidades Federales contribuiría con la universalización del acceso a la formación profesional en el área. El artículo abordará el desarrollo de la Enfermería desde su profesionalización, hasta el surgimiento de cursos de nivel superior y la relevancia de su implementación de forma descentralizada, de modo que sea posible comprender el contexto en que ha surgido la FEn, en la UFPEl. Además, se buscará entender el ritual de “pasaje de la Lámpara”, que caracteriza el proceso de formación de los enfermeros y la conexión que representa para el desarrollo de la profesión, abriendo camino, aun, para reflexionar acerca de la construcción de la identidad para ese grupo.
Palabras clave: Historia de la Enfermería; Facultad de Enfermería; Universidade Federal de Pelotas.
Resumo:
A Faculdade de Enfermagem (FEn) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), localizada no interior do Rio Grande do Sul, foi fundada em 1972, em consonância com a política de expansão dessa profissão, adotada pelo Ministério da Saúde. Dessa forma, através da criação de cursos de Enfermagem no interior das Universidades Federais contribuiria com a universalização do acesso à formação profissional na área. O artigo abordará o desenvolvimento da Enfermagem desde sua profissionalização, até o surgimento de cursos de nível superior e a relevância de sua implementação de forma descentralizada, de modo que seja possível compreender o contexto em que surgiu a FEn, na UFPel. Além disso, buscar-se-á entender o ritual de “passagem da Lâmpada”, que caracteriza o processo de formação dos enfermeiros e a ligação que representa para o desenvolvimento da profissão, abrindo caminho, inclusive, para refletir acerca da construção da identidade para esse grupo.
Palavras-chave: História da Enfermagem; Faculdade de Enfermagem; Universidade Federal de Pelotas.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Marina Duarte Gutierre, Juliane Conceição Primo Serres y Diego Lemos Ribeiro (2016): “O surgimento da faculdade de enfermagem da Universidade Federal de Pelotas”, Revista Caribeña de Ciencias Sociales (septiembre 2016). En línea: https://www.eumed.net/rev/caribe/2016/09/pelotas.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/CARIBE-2016-09-pelotas
Esse artigo foi construído em função da necessidade que se sentiu ao estudar a história da enfermagem através de outra perspectiva, uma vez que, percebeu-se que, via de regra, essa construção ocorre através da visão dos próprios enfermeiros. Sendo assim, buscou-se analisar esse entorno através de uma visão um pouco mais neutra.
O trabalho que segue buscará compreender o contexto em que se deu a profissionalização da enfermagem, e mais especificamente o contexto em foi fundada a Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia (FEn) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Para tanto, será necessário descrever como ocorreu o desenvolvimento da profissão na Europa no século XIX, a partir do trabalho da enfermeira Florence Nightingale – considerada a precursora da profissão - e no Brasil, para que seja possível, então, perceber as características que perpassam a consolidação da FEn.
A Universidade Federal de Pelotas localiza-se no interior do Rio Grande do Sul, distante aproximadamente 270 km da capital do estado, Porto Alegre. O surgimento da UFPel, remonta ao surgimento da antiga Universidade Rural do Sul (URS) em 1960, que era vinculada ao Ministério da Agricultura e composta pelas Escola de Agronomia Eliseu Maciel, Escola superior de Ciências Domésticas, Escola de Veterinária, Escola de Pós-Graduação e pelo Centro de Treinamento e Informação (Cetreisul), considerado uma unidade acadêmica. Em 1967 a URS é federalizada e transferida ao Ministério de Educação e Cultura (MEC), passando a chamar-se Universidade Federal Rural do Rio Grande do Sul (UFRRS), e suas unidades tornam-se Faculdades 1.
Em 1969 a UFRRS é transformada em Universidade Federal de Pelotas “dentro da política de expansão e interiorização do ensino superior preconizada pelos governos militares” (LONER, p. 1999). Além das faculdades já existentes, ainda foram anexadas as seguintes unidades: Conservatório de Música de Pelotas, Escola de Belas Artes Dona Cármen Trápaga Simões e o Curso de Medicina do Instituto Pró-Ensino Superior no Sul do Estado (Ipesse), além do Conjunto Agrotécnico Visconde da Graça (CAVG).
Em histórico institucional desenvolvido pela universidade, considera-se relevante ainda,
no processo de desenvolvimento da Universidade Federal de Pelotas, a Faculdade de Medicina e a Faculdade de Enfermagem, visto que ambas deram origem a toda a estrutura da área da saúde na UFPel. Estrutura essa que, através dos ambulatórios da Faculdade de Medicina e do Hospital Escola da Universidade, contribui até hoje, decisivamente, para a saúde de Pelotas e cidades vizinhas, visto o grande número de atendimentos realizados a pacientes do SUS. (UFPEL, 8 de maio de 2015).
Conhecer o contexto em que se deu o surgimento da UFPel é fundamental para que se compreenda a forma como se consolidou a Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia nessa instituição.
Entretanto, se faz necessário ainda, perceber a forma como se deu a profissionalização da Enfermagem no Ocidente Moderno, no Brasil e no Rio Grande do Sul para que seja possível visualizar o panorama do desenvolvimento da FEn na cidade de Pelotas.
Antes de abordar questões referentes ao desenvolvimento da enfermagem moderna, importa compreender, ainda que brevemente, o contexto em que se desenvolveu, no ocidente moderno. Assim, Anthony Giddens destaca que a “modernidade refere-se a estilo, costume de vida ou organização social que emergiram na Europa a partir do século XVII e que se tornaram mais ou menos mundiais em sua influência” (1991, p. 8). De acordo com o autor, os padrões sociais foram transformados drasticamente pela modernidade, os modelos de vida existentes até então se desvencilharam das ordens sociais tradicionais. As mudanças ocorridas a partir desse período estabeleceram formas de conexão ao redor do mundo, além de alterar características “da nossa existência cotidiana” (ibid., p.10 - 11).
Giddens destaca ainda, que as condições de mudança na modernidade são extraordinárias. O autor relata que algumas instituições modernas não existiam em períodos anteriores, como o “sistema político do estado-nação, a dependência por atacado da produção de fontes de energia inanimada, ou a completa transformação em mercadoria de produtos e trabalho assalariado” (ibid., p.12).
Foi a partir desse cenário, que de acordo com Japiassu, se deu o nascimento da ciência moderna. O autor destaca condições históricas, tais quais:
surgimento do primeiro capitalismo, progresso do sistema bancário, aceleração rápida da técnica (da navegação, das minas, da artilharia, da imprensa), a promoção social dos ‘engenheiros’ e dos artistas, as grandes expedições marítimas, a Reforma e a Contra-Reforma, etc. (JAPIASSU, 1997, p.94)
Nesse sentido, Balandier destaca que a modernidade compreende a abertura dos espaços individuais e sociais ao novo, a tudo que se transforma em decorrência da progressão acelerada das ciências e das técnicas, de modo que os mais recentes saberes e fazeres se alimentam de imagens até então desconhecidas. (1997, p. 16-17)
Esse período que se deu na Modernidade ficou conhecido como “Revolução Científica”, que de acordo com Henry, refere-se ao “período da historia europeia em que, de maneira inquestionável os fundamentos conceituais, metodológicos e institucionais da ciência foram assentados pela primeira vez.” (1997, p.13). Ainda de acordo com o autor, cabe destacar que o fato exato que determinaria seu inicio não é consenso entre os historiadores, mas de modo geral compreendem que se deu, de maneira mais concreta a partir do século XVII, tendo sido iniciado no século XVI, e se consolidado somente no século XVIII. (ibid. p.13).
Assim, de acordo com Michel Foucault (1979), foi nesse período que o hospital passa a funcionar enquanto instrumento terapêutico, a partir de uma nova prática, a visita e a observação sistemática e comparada dos hospitais.
Até então o cuidado aos enfermos se dava de forma empírica. A partir desse cenário, o trabalho de cuidado com os enfermos ocorria, principalmente, através das ordens religiosas. Destaca-se assim, a Companhia das Irmãs de Caridade, fundada no ano de 1633, na França, pelo Padre Vicente de Paulo e por Luisa de Marillac, com a intenção de “suprir as necessidades de mulheres que apenas servissem aos pobres e doentes da cidade, sem compromisso com casamento, família, dentre outros” (PADILHA E MANCIA, 2005, p.724). De acordo com os autores, seu trabalho consistia em alimentar os pobres, cuidar dos doentes nos hospitais, ir aos domicílios dos que necessitassem de atendimentos paroquiais.
Nesse local já é possível identificar a distinção de classes. O trabalho de supervisão e do salvamento das almas, considerado mais nobre, era executado pelas senhoras da alta sociedade, enquanto o trabalho do cuidado com o doente era realizado pelas “donzelas sem inclinação para o casamento nem recursos para abraçar a vida religiosa, mas dispostas a se dedicarem às obras de caridade” (ibid. p. 724). A vida das irmãs de caridade era caracterizada por uma rotina rígida, marcada pelo trabalho e as obrigações religiosas.
Corroborando com isso, Foucault lembra que
Antes do século XVIII, o hospital era essencialmente uma instituição de assistência aos pobres. Instituição de assistência, como também de separação e exclusão. O pobre como pobre tem necessidade de assistência e, como doente, portador de doença e de possível contágio, é perigoso. Por estas razões, o hospital deve estar presente tanto para recolhê−lo, quanto para proteger os outros do perigo que ele encarna. O personagem ideal do hospital, até o século XVIII, não é o doente que é preciso curar, mas o pobre que está morrendo. E alguém que deve ser assistido material e espiritualmente, alguém a quem se deve dar os últimos cuidados e o último sacramento. Esta é a função essencial do hospital. Dizia−se correntemente, nesta época, que o hospital era um morredouro, um lugar onde morrer. E o pessoal hospitalar não era fundamentalmente destinado a realizar a cura do doente, mas a conseguir sua própria salvação. Era um pessoal caritativo − religioso ou leigo − que estava no hospital para fazer uma obra de caridade que lhe assegurasse a salvação eterna. Assegurava−se, portanto, a salvação da alma do pobre no momento da morte e a salvação do pessoal hospitalar que cuidava dos pobres. Função de transição entre a vida e a morte, de salvação espiritual mais do que material, aliada à função de separação dos indivíduos perigosos para a saúde geral da população. (FOUCAULT, 1979, p. 59).
Dessa forma, Padilha e Mancia destacam o trabalho desenvolvido por Luiza de Marillac e do Padre Vicente, que reorganizaram os hospitais parisienses, implantando higiene nos ambientes e individualizando os leitos dos enfermos, características inexistentes até então (PADILHA E MANCIA, 2005).
Apesar disso, é somente no século XIX que as bases científicas que forjaram a profissão da enfermagem começam a ser construídas. Para tanto, o trabalho desenvolvido por Florence Nightingale é considerado precursor e determinante.
Nascida na Europa em 1820, Florence Nightingale pertenceu a uma família rica da alta sociedade londrina, marcada pelas ideias liberais e reformistas de seu pai. Em função de sua origem, recebeu educação diferenciada da destinada às mulheres de sua geração, incluindo latim, grego, história, filosofia, matemática, línguas modernas e música, o que lhe proporcionou bagagem intelectual para o desenvolvimento de sua obra. (LOPES e SANTOS, 2010)
Em 1849 Nightingale realiza viagem cultural por alguns países da Europa, destacando-se sua passagem por Kaiserswerth, na Alemanha, onde conheceu o pastor Theodor Fieldner, da Igreja Reformada Luterana, e o trabalho desenvolvido por ele desde 1836, juntamente com sua esposa Frederika, quando fundou a ordem das Diaconistas para cuidar dos doentes. (LOPES e SANTOS, 2010)
A partir dessa experiência, Florence decide-se por dedicar sua vida à enfermagem, e inicia estágio de três meses na instituição, apesar de forte oposição de sua família. Foi nessa ocasião que, de acordo com Padilha e Mancia (2005,) aprendeu os primeiros passos das disciplinas da enfermagem, incluindo regras e horários rígidos, religiosidade, e a divisão de ensino por classes sociais, o que possibilitou que publicasse um relatório sobre a vida nesse local, mas destinado a leitores ingleses, completando-o mais tarde a partir de dados coletados através de visitas a hospitais do Reino Unido e da Europa. (LOPES e SANTOS, 2010, p. 183)
Além dessa passagem, Padilha e Mancia (2005) destacam o período em que Florence passou pela França, em 1858, quando conheceu o trabalho que fora desenvolvido por Luisa de Madrilac.
Todo o conhecimento que adquiriu através de suas viagens, bem como as publicações ressaltando a importância do cuidado ao doente, além da sistematização dos dados coletados, contribuíram para que Florence fosse formalmente, reconhecida através da nomeação como Lady Superintendent do Instituto em Londres (LOPES e SANTOS, 2010), quando, de acordo com os autores demonstrou suas habilidades enquanto gestora da unidade e das demais enfermeiras com quem trabalhava.
O trabalho desenvolvido no instituto a credenciou para, em 1854, liderar um grupo de enfermeiras para o cuidado de feridos na Guerra da Criméia2 . De acordo com Lopes e Santos (2010), a população inglesa demonstrava-se insatisfeita com desenvolvimento dessa guerra, já que cerca de 250 mil pessoas, de ambos os lados do conflito morreram. A maioria das mortes foi em decorrência de doenças infectocontagiosas, desorganização dos hospitais de campanha e das condições sanitárias inadequadas ao cuidado de doentes.
Os primeiros atos de Nightingale foram submeter as enfermeiras às ordens dos médicos e criar uma lavanderia no hospital. Além disso, escrevia cartas para as famílias dos soldados, além de instituir pequenos locais de lazer para os convalescentes, como espaços para leitura. (ibid.2010). Com esses cuidados, a mortalidade entre os feridos da guerra caiu de 40% para 2% (SANTOS, et al. 2014, p. 313). À noite, Florence percorria os corredores do hospital portando uma lamparina turca, vigiando e cuidando os soldados doentes, em função disso passou a ser conhecida como “The lady with the lamp”. Mais tarde, a lâmpada tornar-se-ia o símbolo da Enfermagem. Esses fatos fizeram com que o trabalho de Florence Nightingale se notabilizasse, referendando a importância do trabalho realizado pelos enfermeiros. (LOPES e SANTOS, 2010)
Em função do prestígio adquirido após a Guerra, Florence Nightingale foi convidada, pelo governo inglês para implementar uma escola de enfermagem, assim em 1860 é fundada a Nightingale School for Nurses anexa ao Hospital Saint Thomas, em Londres, sendo considerada a primeira escola de enfermagem no mundo. (SANTOS, et al. 2014)
Até esse momento, existiam dois estereótipos ligados às enfermeiras, o de submissão, resignação e da dedicação aos doentes, herdado das ordens religiosas; e o de profissão exercida por mulheres de caráter duvidoso, sem qualificação para desempenhar tarefas de maior complexidade, herdado do recrutamento de mulheres para o desenvolvimento da prática da enfermagem.
Florence Nightingale foi uma figura controversa uma vez que, de acordo com alguns autores, sua metodologia de trabalho rígida potencializou a divisão de classes nos hospitais e condicionou o trabalho dos enfermeiros aos médicos. Apesar disso, ganhou status de mito e é considerada a precursora da enfermagem moderna, bem como de sua profissionalização, sua importância é tanta que o símbolo da enfermagem é a lamparina notabilizada através do trabalho que desenvolveu na Guerra Criméia.
Além disso, há que se destacar que foi a partir do trabalho de Nightingale que a enfermagem ganha paradigma científico, através da sistematização da profissão, de modo que seu trabalho definiu as bases do ensino e do cuidado até a década de 1950 (SANTO e PORTO, 2006).
Ao estudar um pouco sobre a história da enfermagem, percebeu-se que está muito ligada a figuras que contribuíram para o seu desenvolvimento, nessa visão da história que não aborda de maneira incisiva seu contexto de desenvolvimento. Entretanto, optou-se aqui, por manter o padrão dos textos estudados, centrados, via de regra, na importância de Florence Nightingale para a construção da enfermagem científica. E essa escolha se deu justamente pelo fato de entender que existe uma apropriação determinante, acerca dessa figura, para a compreensão do desenvolvimento da enfermagem enquanto ciência autônoma.
De acordo com Oguisso, Campos e Moreira (2011), o primeiro hospital brasileiro foi a Santa Casa de Misericórdia de Santos, criada em 1543. Nesse local, doentes e feridos eram cuidados por religiosos da Companhia de Jesus ou da Ordem dos Jesuítas, os autores supõem que os jesuítas assumiam os trabalhos relacionados à enfermagem, fazendo-se auxiliar por índios e africanos escravizados, a quem ensinavam a como ajudar os enfermos e outros trabalhos em torno do cuidado.
No Brasil, destaca-se ainda, o trabalho exercido por Anna Nery, nascida em 1814, na Bahia. Em 1864, ao ser deflagrada a guerra do Paraguai, Anna Nery se oferece para juntar-se às tropas com o propósito de cuidar os feridos. Sua atuação “foi incansável no cuidado de feridos, ministrando medicamentos, proporcionando alívio e conforto aos doentes por aproximadamente cinco anos em diferentes lugares” (OGUISSO, CAMPOS e MOREIRA, 2011, p, 71). Anna Nery foi homenageada pelo Imperador D. Pedro II com o título “mãe dos brasileiros”. (ibid. 2011)
Com relação ao desenvolvimento da enfermagem, Mott (1999) afirma que na Santa Casa de Misericórdia da cidade de São Paulo, mesmo depois da chegada das irmãs de caridade em 1875, o hospital contava com enfermeiras e enfermeiros responsáveis pelas alas correspondentes a seu sexo.
Até essa ocasião, a autora Mott (1999) descreve as características dos enfermeiros, destacando-se suas funções, como as de distribuição de medicações e dos alimentos, além da limpeza do hospital.
A partir do final do século XIX, impulsionado pelas descobertas de Louis Pasteur, e da importância da higiene no cuidado ao doente, os hospitais passam a adequar-se e com isso, se tornou evidente a qualidade do serviço prestado pelos enfermeiros e a especialidade médica.
Dessa forma,
Para acompanhar o aumento do número de serviços de saúde e as mudanças que estavam ocorrendo na prática médica, passou a ser preconizada, no período, a necessidade da formação de novos enfermeiros, sobretudo enfermeiras – por qualidades tidas como inatas ao sexo feminino. Para os hospitais e casas de saúde, possuir um corpo de enfermeiras treinadas passou a significar prestigio e sinônimo de bons serviços. Os antigos enfermeiros e enfermeiras práticos que, até então, vinham trabalhando nos hospitais e recebiam o reconhecimento e a gratidão dos diretores dos hospitais e dos doentes, passam a ser vistos como ser mora, exploradores, causadores de malefícios e até a morte dos doentes pela ignorância e por seguirem as ordens médicas. (MOTT, 1999. p. 337-338).
Assim, a autora relata o surgimento dos primeiros cursos de enfermagens na cidade de São Paulo, quais sejam: do Hospital Samaritano, da Maternidade São Paulo, da Santa Casa de Misericórdia, do Hospital São Joaquim, além do Curso da Cruz Vermelha de São Paulo. Todos criados até a década de 1940.
Apesar disso, a Escola Anna Nery no Rio de Janeiro, “implantada no interior do Aparelho de Estado por uma missão de enfermeiras norte-americanas, adotou o modelo anglo-americano de ensino de enfermagem” (BAPTISTA e BARREIRA, p. 112, 2006), foi considerada o padrão oficial a ser adotado no país. Cabe destacar que a escola Anna Nery era voltada para a formação exclusivamente de mulheres, fato que contribuiu para que outras escolas seguissem o mesmo modelo, de formação para enfermeiras. (BAPTISTA e BARREIRA, 2006).
Os autores destacam, ainda, a lei 775/49, que regulamenta o ensino da enfermagem, tornando-se obrigatório o vínculo dos cursos a centros universitários ou às faculdades de medicina. Os autores consideram que
O fator de democratização do acesso ao ensino superior, uma vez que franqueava suas portas às “moças de boa família”, o que poderia incluir filhas de famílias pobres; já as moças negras, encontravam dificuldades maiores, principalmente na fase de implantação e consolidação do novo padrão de ensino da enfermagem (BAPTISTA e BARREIRA 2006, p. 412-413).
Assim, os autores relatam que até 1953, existiam 16 universidades no Brasil, entretanto a partir do “decênio 1954-1964, observou-se um crescimento no numero de universidades brasileiras superior a 130% (de 16 – 37), entre federais, estaduais e religiosas, espalhadas pela maioria dos estados da Federação” (ibid. p. 413). Esse crescimento refletiu na consolidação dos cursos de enfermagem, uma vez que passaram a ser criadas dentro das universidades, com distintos graus de autonomia, exigindo uma nova postura acadêmica e um discurso fundamentado na investigação científica. (BAPTISTA e BARREIRA, 2006).
No estado do Rio Grande do Sul, o primeiro curso de formação de Enfermagem localizava-se em Porto Alegre, a Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A instituição surgiu a partir da promulgação da Lei nº 1254 de 04 de abril de 1950, inicialmente anexa à Faculdade de Medicina da Universidade do Rio Grande do Sul, iniciando suas atividades em 04 de dezembro de 1950, data do decreto de sua Fundação 3.
A partir das décadas de 1960 e 1970, políticas públicas de saúde passaram a ser desenvolvidas no Brasil, objetivando a formação de recursos humanos, de tal modo que
a partir dos encontros de Ministros da Saúde dos países latino-americanos foi elaborado um documento que propôs mudanças teóricas, conceituais e práticas na gestão de recursos humanos e nas políticas de saúde de todo o continente latino-americano”. Este movimento procurou introduzir soluções para a situação da saúde no continente americano, como um marco para as discussões e propostas no campo da saúde na América Latina. Dentre as recomendações gerais para os países membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) destaca-se sobremaneira a implantação do Plano Decenal de Saúde, incluindo na pauta das discussões, a formação profissional no campo da saúde. (FIGUEIREDO E BAPTISTA, P. 514, 2009).
Assim, em 1972 o Departamento de Assuntos Universitários (DAU) do Ministério da Educação e Cultura, realizou estudo para conhecer a realidade da situação profissional na área da enfermagem, concluindo que havia mais cursos de enfermagem em escolas particulares, de caráter religioso, do que nas universidades federais. Até esse período existiam 39 cursos de enfermagem em nível superior, dos quais 19 localizavam-se na região sudeste, 9 na região nordeste, 6 na região sul, 3 na região centro-oeste e 2 região norte. (ibid. 2009).
Através do estudo, o MEC orientou para a criação de cursos de enfermagem nas universidades federais existentes.
Foi nesse contexto que se deu a origem da Faculdade de Enfermagem da UFPel, criada em 1976, inicialmente como Curso de Enfermagem e Obstetrícia (FEO).
Enfermagem na cidade de Pelotas: A Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia UFPel
Ao estudar a história da FEn, foi possível constatar sua singularidade, principalmente no que se refere a seu desenvolvimento e consolidação na Universidade e na cidade de Pelotas, uma vez que foi um curso onde a maioria dos professores que participaram de sua implementação vieram do nordeste do Brasil, característica que aponta as peculiaridades do desenvolvimento do curso, bem como a força que essas enfermeiras apresentaram ao buscar reconhecimento profissional em um local de características tão distintas das suas.
Como já mencionado, o então Curso de Enfermagem e Obstetrícia surgiu em 1976, através da demanda orientada pelo MEC de que até o ano 2000 todos os estados brasileiros deveriam apresentar ao menos um curso superior de enfermagem.
Foi através dessa demanda que, a professora Hildete Bahia da Luz, foi convidada, pelo professor Kloetzel 4, para criar o curso de enfermagem na cidade de Pelotas no ano de 1976. .
Em função da importância que essas pessoas tiveram na formação desse curso, convidamos duas professoras, representantes dos primeiros grupos de docentes de fora do estado, as professoras Hildete Bahia da Luz e Valquíria Bielmann. a relatar suas experiências relativas à implementação de um novo curso de graduação.
Ao se referir sobre a formação do curso, a professora Hildete da Luz fez questão de ressaltar:
Na verdade fui eu, mas não fui eu sozinha, eu sempre digo isso, eu vim primeiro porque o convite era pra mim, aí eu convidei Helena, que era minha colega de infância, de ginásio, que também, nós estudamos a vida inteira juntas – inclusive ela fez enfermagem porque eu fiz enfermagem – e eu e ela fomos as primeiras a chegar. Aí moramos em um hotel, ali na Netto, era o melhor hotel da cidade, por mais de dois meses. E começamos a escrever a Faculdade do nada, começou pelas ementas, faz uma, faz outra, não, não é isso, aquela coisa de quem tá caminhando sem saber muito bem aonde vai. Até que nós fomos pro Rio de Janeiro fazer esse curso de metodologia do ensino da saúde e da enfermagem, na Anna Nery. Voltamos e continuamos a fazer. Quem é que veio depois? Ah não me lembro, era, a primeira que veio depois – eu fui a Bahia, na minha escola, fiz uma entrevista com as alunas que estavam formando, recém formadas, aí veio a Emília Nalva, depois a Deníldes, ai depois veio de Brasília a Eunice que era saúde mental, ai nós fomos montando a equipe, porque aqui não tinha.(LUZ, 2016)
Ainda sobre a formação do corpo docente do Curso de Enfermagem, foi necessário complementar o quadro de professores, de tal modo que enviaram solicitação de currículo para outros Cursos de Enfermagem do Brasil. A Universidade da Paraíba, entretanto, realizou uma pré-seleção, com entrevista e prova escrita, e em 1979 veio o segundo grupo de professoras para compor a Enfermagem de Pelotas. De acordo com a Professora Valquíria:
A única universidade que fez esse processo, assim pra mandar o currículo foi a nossa, e aí acharam interessante e mandaram buscar a gente, um dia me ligaram e perguntaram se eu tinha realimente interesse de vir trabalhar aqui, e eu vim assim, eu não era presa com ninguém, e era pra ganhar bem mais naquela época, era pra ganhar o triplo do que ganhava, e como é que eu ia deixar né? eu trabalhava em um hospitalzinho e dava aula no estado, em um programa de saúde, e a proposta era pra ganhar, vamos dizer que eu ganhasse 6, era pra ganhar 17, como é que eu ia desistir, né, era a minha emancipação, aí eu vim. Eu e mais cinco, vieram todas. (BIELMANN, 2016)
No ano de 19805 o então Curso de Enfermagem e Obstetrícia foi reconhecido pelo MEC. Em 1989, ganha status de faculdade, passando a contar com estrutura própria. Apesar do reconhecimento enquanto Faculdade, fisicamente a FEn manteve-se localizada no chamado campus da Saúde até 2006, quando mudou-se, provisoriamente para a rua XV de Novembro, conforme reportagem veiculada no jornal Diário Popular:
Com a expansão verificada, o espaço físico, que durante algum tempo se mostrou suficiente, esgotou sua capacidade, dificultando o exercício das atividades acadêmicas. O problema se agravou com a intervenção realizada no pavimento térreo do prédio (módulo B do Campus da Saúde), cujas obras exigiram a desocupação da parte superior do imóvel. Começava então uma grande mobilização da comunidade da FEO, no sentido de obter uma solução que restabelecesse as plenas condições ao processo ensino-aprendizagem. Sensível ao problema, a Administração Superior da Universidade destinou, em caráter provisório, o amplo sobrado localizado na rua Quinze de Novembro, 209, onde funcionou a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. (Diário Popular,16.08.2007)
A FEn permaneceu nesse endereço por cerca de dois anos. A mudança se deu em função do crescimento dos cursos da área da saúde, de forma que o campus já não suportava as duas Faculdades, a de Medicina e a de Enfermagem. A busca por um local próprio para a FEn tornou-se uma das prioridades da unidade.
Sobre a Faculdade de Enfermagem, ainda se faz necessário relacionar a importância que a construção dos currículos teve na formação de sua memória e identidade. O primeiro Currículo do Curso de Enfermagem e Obstetrícia, teve como objetivo fundamental formar profissionais que compreendessem o homem enquanto “elemento biopsicossocial, em constante adaptação ao meio, fosse capaz de atuar nas várias fases do ciclo saúde-enfermidade”.(SOUZA, et al. 2011, p.165)
Em 1996, foi necessário adequar a grade curricular à nova carga-horária imposta pela portaria ministerial número 1721 de 1994. Dessa forma,
A aprovação do novo currículo e sua implantação deu lugar a etapa de maior relevância: a avaliação. O movimento de ação-reflexãoação foi se constituindo na medida em que o processo de ensino e aprendizagem se desenvolvia, sem deixar de apontar novos caminhos que redimensionavam as práticas e alimentavam as discussões sobre o ser enfermeiro. (ibid. p.166)
No ano de 2007, novamente foi necessário repensar o currículo da Faculdade, através de uma proposta da gestão que iniciava. Sendo assim, hoje
O objetivo do curso é formar enfermeiros generalistas, críticos, reflexivos, competentes em sua prática, responsáveis ética e socialmente e capaz de conhecer e intervir sobre as situações e problemas referentes ao processo saúde-doença prevalentes no país e na região em que vive, atendendo as necessidades sociais da saúde, com ênfase no Sistema Único de Saúde (SUS).(ibid. p. 166)
Através dessas mudanças, então, não se justificava mais a manutenção do nome Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia (FEO), passando denominar-se Faculdade de Enfermagem, adotando a sigla FEn.
Ao estudar a história da enfermagem, há que se destacar seu envolvimento com um objeto especificamente: a lamparina turca. Representante de importante ritual de passagem para a FEn. Optou-se por destacar essa relação, pois esse objeto é representativo para a construção da identidade profissão e em especial para a FEn.
A lamparina turca é considerada o símbolo da Enfermagem Moderna, representando o trabalho exercido por Florence Nightingale durante a guerra da Criméia, que percorreria os campos de batalha para atender aos feridos e providenciar o enterro dos mortos. “A lâmpada era uma raio de esperança para os feridos e tinha um significado: a vigília, e a luz da vida. Por essa razão, a lâmpada simboliza a enfermagem e o profissional enfermeiro, que deve estar sempre em vigília”. (CARVALHO, 2012, p.21).
A autora considera que o “ritual de passagem da lâmpada” tenha começado no ano de 1925, quando a primeira turma da Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública se formou. Na ocasião a lâmpada acesa teria passado de mão em mão entre as alunas até que chegasse às formandas, tornando um ritual que se repete até hoje. (CARVALHO, 2012)
Dessa forma, é preciso, ainda que brevemente, entender o conceito de rito e ritual, que de acordo com Silva (2008) são o conjunto de ações formalizadas expressivas e portadoras de dimensão simbólica. De tal modo que, de acordo com a autora,
os rituais são caracterizados por uma configuração que abrange um espaço-temporal específico, envolvendo objetos, discursos, narrações, todos dotados de um sistema de linguagem, de comportamentos específicos e de signos emblemáticos cujo sentido se constitui um dos bens comuns de um grupo (ibid. p. 5).
Na FEn, o ritual da lâmpada ocontece desde que a primeira turma se formou, em 1982, ocorre de maneira que o formando passa a lâmpada, acesa ao aluno que se formará no ano seguinte, vestido de branco. Através do seguinte diálogo, presente nos documentos relativos ao cerimonial de Formatura:
Aluna que entrega a lâmpada:
Entrego a lâmpada, símbolo da Profissão, para que esta chama continue sempre acesa, em nome da vigilância aos doentes a nós confiados.
Aluna que recebe a lâmpada:
Recebo a lâmpada, símbolo da vigilância constante, e, prometo mantê-la sempre acesa, bem como os ideais da nossa profissão.
Assim, a partir da compreensão do ritual de passagem da lâmpada, é possível refletir acerca da transmissão e consolidação da identidade de determinado grupo, de forma que Candau (2012, p. 118) lembra que além da escrita, outras formas menos tradicionais são, também bastante eficientes. No caso de identidades familiares o desejo de continuidade pode se manifestar através da preservação de variados suportes como fotografias, antigos objetos e etc.. É possível identificar uma vontade de pertencimento e continuidade de determinada identidade. Já no que se relaciona aos grupos profissionais, o autor considera que “valorizam os comportamentos adequados e reprimem os demais a fim de produzir uma memória adequada à reprodução de saberes e fazeres e à manutenção de uma identidade da profissão” (ibid. p. 118). Entretanto, a identidade profissional, de acordo com o autor, não se encerra no desenvolvimento das habilidades técnicas, para além delas, a identidade, na maioria das vezes, se inscreve nos corpos mesmos dos indivíduos. (CANDAU, 2012, p. 119).
O ritual de passagem da lâmpada, portanto, pode ser percebido como essa forma menos tradicional de consolidação da identidade de que trata Candau, seja pelo desejo de continuidade percebido nas falas dos alunos que entregam e recebem a lâmpada, seja por sua identificação com o trabalho do cuidado, que o objeto representa.
Conclusões:
Estudar a história da Enfermagem através de suas diversas capilaridades, abordadas aqui, a partir de seu desenvolvimento no ocidente moderno e no Brasil, proporcionou o entendimento da consolidação dessa profissão, através da implantação da Faculdade de Enfermagem na Universidade Federal da cidade de Pelotas. Características que apontam, inclusive para o entendimento acerca da construção da memória e da identidade dessa profissão. Nesse sentido, ao abordar o Ritual da Lâmpada, buscamos compreender a forma como ocorre essa construção.
Referências:
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CANDAU, Joel. Memória e Idetidade. São Paulo: Editora Contexto, 2012.
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2 A Guerra da Criméia foi um conflito que envolveu a França, Reino Unido, Império Otomano e Reino da Sardenha contra o Império Russo pela disputa do território que, atualmente, corresponde à fronteira entre Rússia e Ucrânia, o conflito durou entre 1853 e 1856.
3 Disponível em http://www.ufrgs.br/eenf/copy_of_a-escola/centro-de-memoria-1 acesso em 29 de novembro de 2015.
4 O Professor Kloetzel foi o fundador do Departamento de Medicina Social da UFPel em 1976, e de acordo com a Prof. Hildete se encantou pela cidade quando veio apresentar uma palestra.
5 Informação disponível em < http://www.cursosefaculdades.com.br/pos-graduacao-em-enfermagem-e-obstetricia-rio-grande-do-sul-pelotas-ufpel-FO-18572>. Acesso em 03 de maio de 2015.
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