Guilherme Henrique da Silva Inácio**
Edima Aranha Silva***
Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil
guilhermeufms@hotmail.comESPACIO URBANO Y MÚLTIPLES TERRITORIALIDADES EN LA CIUDAD DE RIO DE JANEIRO
RESUMEN
En este artículo se propone identificar los contenidos teóricos con la realidad experimentada en el trabajo de campo en la ciudad de Río de Janeiro/RJ - Brasil, ocurrido en los días 03 a 07 de junio de 2015. Para esto se hizo la lectura sobre los conceptos y problemas geografía y más tarde con experiencia en el trabajo de campo. El trabajo de campo se ha propuesto unir la teoría incautada en el aula con experiencia práctica en el campo mismo. Categorías y conceptos geográficos utilizados en este texto fueron, respectivamente, el espacio, el territorio, el lugar y fijo, flujo, el espacio de producción, el paisaje y símbolo.
PALABRAS CLAVE: El trabajo de campo, Rio de Janeiro, Geografía, Producción de Espacio, território.
URBAN SPACE AND MULTIPLE TERRITORIALITIES IN RIO DE JANEIRO CITY
RESUME
This article aims to apprehend theoretical content with the reality experienced in fieldwork in the city of Rio de Janeiro/RJ - Brazil, occurred on days 03 to 07 June 2015. For this was done reading about concepts and issues geography and later experienced in fieldwork. Fieldwork has proposed to unite theory seized in the classroom with practical experienced in the field itself. Categories and geographical concepts used in this text were, respectively, space, territory, place and fixed, flow, production space, landscape and symbol.
KEYWORDS: Fieldwork; Rio de Janeiro; Geography; Production of space; Territory.
Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:
Guilherme Henrique da Silva Inácio y Edima Aranha Silva (2016): “Espaço urbano e as múltiplas territorialidades na cidade Rio de Janeiro”, Revista Caribeña de Ciencias Sociales (julio 2016). En línea: https://www.eumed.net/rev/caribe/2016/07/territorio.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/CARIBE-2016-07-territorio
INTRODUÇÃO
O presente artigo é resultado do trabalho de campo ocorrido na cidade do Rio de Janeiro/RJ - Brasil, no período de 03 a 07 de junho de 2015, o campo foi realizado durante a disciplina “Espaço Urbano e as Múltiplas Territorialidades na Cidade” ministrada pela Profª Drª Edima Aranha Silva e com colaboração com o Prof. Dr. João Baptista Ferreira de Mello, professor da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) que nos acompanhou no campo pela cidade carioca.
Vale ressaltar que o trabalho de campo é a junção da teoria apreendida em sala de aula com a prática vivenciada no próprio campo. Nesse caso, como será exposto, categorias como espaço, território e lugar foram de fundamental importância para entender a dinâmica carioca no trabalho de campo realizado. Demais conceitos como fixo, fluxo, produção do espaço, paisagem e símbolo também foram trabalhados no texto.
Como construto teórico metodológico, elaborou-se revisão bibliográfica sobre a temática em estudo, para contribuição sobre espaço urbano e produção do espaço foram utilizados os autores Corrêa (1993), Sposito (2008), Santos (2006; 2014). Para discussão acerca da temática territorialidade foi utilizado Silva (2011), já para compreensão sobre fixos e fluxos foi utilizado Santos (2014) e por fim na discussão acerca sobre simbologia foi utilizado às contribuições de Mello (2008) e Santos (2014).
Espaço Urbano e produção do espaço
Roberto Lobato Corrêa (1993, p.9) conceitua o espaço urbano como sendo...
fragmentado e articulado, reflexo e condicionante social, um conjunto de símbolos e campo de lutas. É assim a própria sociedade em uma de suas dimensões, aquela mais aparente, materializada nas formas espaciais. É este o nosso objeto de estudo.
O espaço urbano é um conjunto de diferentes tipos de usos de solos justapostos entre si, que nessa estrutura se configura seus múltiplos usos, configurado por cada ator que lhe dá determinada função.
Já Philippe Aydalot apud Sposito (2008, p. 14),
a cidade existe concretamente; é o quadro do exercício de uma função social (cultural, valor, proteção do indivíduo); é elemento funcional de um sistema econômico; o quadro de um poder e decisões exercido por uma burguesia coerente; é uma unidade definida pelo cotidiano do mercado de trabalho.
Portanto, a cidade não se resume somente aos edifícios com diferentes formas de uso, a cidade é muito mais que cada um desses aspectos e vai além da simples combinação ou da articulação entre eles.
A cidade do Rio de Janeiro, por sua vez, teve seu processo de produção do espaço diferenciado no tempo e no espaço que no decorrer do tempo se conforma no que é hoje, um emaranhado de paisagens diferentes, com vários usos e com rugosidades no espaço urbano.
Cada lugar combina variáveis de tempos diferentes. Não existe um lugar onde tudo seja novo ou onde tudo seja velho. A situação é uma combinação de elementos com idades diferentes. [...] Tanto o novo como o velho são dados permanentes da história; acotovelam-se em todas as situações (SANTOS, 2014, p.106).
Santos ainda afirma que embora o novo e o velho se combinam no espaço, o novo sempre é desejado pela estrutura hegemônica da sociedade.
Sobre as rugosidades, Santos (2006, p. 92) afirma que
as rugosidades se apresentam como formas isoladas ou como arranjos. É dessa forma que elas são uma parte desse espaço-fator. Ainda que sem tradução imediata, as rugosidades nos trazem os restos de divisão do trabalho já passadas (todas as escalas da divisão do trabalho), os restos dos tipos de capital utilizados e suas combinações técnicas e sociais com o trabalho.
Na cidade carioca vários exemplos são visualizados nesse sentido. Uma mistura do velho e do novo são encontradas em três temporalidades. A primeira delas, são da época colonial (figuras 1, 2 e 3), construções bem virtuosas e com detalhes enriquecedores são suas marcas da época.
A segunda é da época moderna (figura 4), suas construções são quadradas e nada com muitos detalhes, janelas em fileiras, parecendo “caixas de fósforos gigantes”.
Já a terceira é os prédios contemporâneos (figuras 5 e 6), os “arranha céus”. Prédios inteligentes como alguns arquitetos denominam. São construções esbeltas e enormes a quem os olhem do chão.
A influência da igreja católica também teve papel muito importante na produção do espaço carioca no período colonial e império.
Igrejas foram construídas por promessas de viagens bem sucedidas de Portugal ao Brasil. A igreja de nossa senhora da candelária (figura 2) é exemplo disso, foi construída após uma promessa de que a viagem de Portugal ao Brasil fosse calma e tranquila.
O próprio Cristo Redentor (figura 14), símbolo da cidade do Rio de Janeiro tem em seu projeto, a idealização de um jesuíta oferecido a princesa Isabel, e por fim a autorização de construção foi concedida sob a Presidência de Artur Bernardes, por volta de 1922.
A cidade carioca também tem em sua produção do espaço – como o próprio nome diz – a criação de espaço físico mar adentro e expandindo seu espaço territorial. Utilizaram de técnicas da época para produzir espaço a partir de retirada de morro. A retirada dos morros foi feita a partir de enxadas, pás e jato d’águas.
Rio de janeiro: múltiplas territorialidades
Uma preocupação da geografia atual é o estudo das territorialidades, como afirma Silva (2011, p. 25). O autor ainda indaga que a “grosso modo, a territorialidade pode ser entendida como a base de poder de determinado grupo sobre determinada área.
Em sua análise ele argumenta que a territorialidade tem duas funções complementares, uma positiva e uma negativa. A primeira é positiva por construir o território, já a segunda é por incitar a competição pala formação e manutenção territorial (2011, p. 25).
Já as múltiplas territorialidades, são o uso do mesmo território por vários atores e de diversas formas diferentes.
No caso evidenciado no Rio de Janeiro, está o bairro da Lapa como exemplo. Seu singular modo de vida é curioso e ao mesmo tempo rico em formas de utilização. Durante o dia o bairro tem um visual mais familiar, com mercados, padarias, lojas de departamentos e demais serviços de utilização no dia-a-dia (figura 7). Já durante a noite sua essência muda como se o lugar não fosse o mesmo visualizado durante o dia; bares, boates, salões de festas e restaurantes são sua paisagem noturna. Jovens e “gringos” são o público alvo da “noitada” na Lapa (figura 8 e 9).
Fixos e Fluxos e a realidade carioca
Santos (2014, p.98) em sua definição acerca de fixos e fluxos nos diz que:
Os fixos nos dão o processo imediato do trabalho. Os fixos são os próprios instrumentos de trabalho dos homens. [...] Os fluxos são o movimento, a circulação, e assim eles nos dão também a explicação dos fenômenos da distribuição e do consumo.
Na realidade carioca, a fluidez é bem intensa de pessoas e veículos num espaço urbano bem adensado e caracterizado por ser uma metrópole. O fluxo de veículos é bem engarrafado em alguns locais.
A realidade visualizada durante o campo na cidade foi evidenciada dois pontos de intenso fluxo de pessoas e veículos que acaba por gerar engarrafamento com um transito lento. Dias de jogos no estádio maracanã (figura 9) e as noites na lapa (figura 10) são pontos de intenso fluxo de pessoas gerando pontos de travamento no transito.
Outro fixo importante a ser destacado para a circulação de pessoas é a ponte Rio-Niterói, um sistema de engenharia muito importante para a dinâmica entre Rio de Janeiro e Niterói (figura 11).
Vale ressaltar que as grandes obras para a copa do mundo em 2014 e as olimpíadas que ocorrerão em 2016 são grandes entraves para a fluidez na cidade.
Obras de túneis, construções de vias de acessos a avenidas (figura 13), construção de trilhos para os veículos leves sobre trilhos (figura 12) são marcas do investimento para esses grandes eventos ocorrido e que ocorrerão na urbe.
Paisagem e símbolo: marcas que transcendem o lugar
Antes de apresentar as simbologias e paisagens existentes na cidade do Rio de Janeiro vamos tecer algumas definições acerca de paisagem e simbologias pautados em Santos discutindo paisagem e Mello discutindo símbolos.
O primeiro autor ao definir o conceito de paisagem nos diz que “tudo o que nós vemos, o que nossa visão alcança, é a paisagem. Esta pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que abarca. É formada não apenas de volumes mas também de cores, movimentos, odores, sons etc” (Santos, 2014. p. 67-68).
A definição de Santos nos mostra que a paisagem transcende apenas o visível e nos remete também aos sentidos, tudo o que nos é perceptível, para o autor é paisagem.
Seguindo na abordagem dos conceitos, Mello (2008, p. 167) ao dizer o que é simbologia se apoia na geografia humanística. Ele nos elucida que “lugares e símbolos adquirem profundo significado, através dos laços emocionais tecidos ao longo dos anos” e ainda completa afirmando que “os lugares/símbolos, nessa abrangência, são igualmente públicos, compartilhados e forjados por intermédio de edificantes significados”.
Nesse interim, Rio de Janeiro traz consigo paisagens diversas que se transformaram em símbolos no espaço tempo de sua história.
Mello em uma conversa ainda diz que o símbolo transcende a noção do lugar, ele por si só representa esse lugar. Exemplo disso está em várias paisagens carioca como o Cristo Redentor (figura 14) que não precisa dizer que ele fica, sua representatividade é tão forte que ele próprio já nos dá a localização de seu lugar.
Outros exemplos são encontrados na cidade, o estádio maracanã (figura 15) dispensa apresentação de endereço, como também os arcos da lapa (figuras 7, 8 e 9) e a famosa calçada de Copacabana (figura 16), e por que não falar do pão de açúcar (figura 17), outro símbolo encontrado na urbe carioca.
Considerações finais
O trabalho de campo teve como objetivo a compreensão de alguns conceitos apresentado durante a disciplina. Nesse sentido esse trrabalho buscou sistematizar conceitos geográficos com a realidade vivida nesse campo na cidade do Rio de Janeiro. Mais que uma oportunidade de conhecer a cidade Maravilhosa como a denominam, foi poder abstrair dela a realidade que só um geógrafo pode ver.
Nesse trabalho de campo pode ser observado as múltiplas territorialidades presente na cidade, sua produção do espaço, como também evidenciar os fixos e fluxos e seus entraves na fluidez de pessoas e veículos.
Não menos importante foi poder observar demais realidades como segregação socioespacial - embora não tenhamos ido em nenhuma favela – e fragmentação espacial.
Outro conceito observado foi o de símbolo, um conceito bem presente na urbe carioca e muito dito pelo professor João Baptista que é um apaixonado pela cidade maravilhosa.
Enfim, vale ressaltar que a viagem de estudo juntamente com disciplina proporcionou grande ganho teórico e prático na operacionalidade de categorias e conceitos geográficos.
Referências
CORRÊA, R. L. O espaço urbano. São Paulo: Ática, 1993.
MELLO, J. B. F. de. Símbolos dos lugares, do espaço e dos “deslugares”. Disponível em: <http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/espacoecultura/article/viewFile/6145/4417>. Acesso em: 24 jun., 2015.
SANTOS, M. A natureza do espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. 4 ed. 2 reimp. São Paulo: Edusp, 2006.
_______. Metamorfoses do Espaço Habitado. 6 ed. 2ª reimp. São Paulo, Edusp, 2014.
SILVA, J. C. da. O conceito de Território na Geografia e a Territorialidade da Prostituição. In: RIBEIRO, M. A.; OLIVERA, R. da S. (org.) Território, sexo e prazer: olhares sobre o fenômeno da prostituição na geografia brasileira. Rio de Janeiro: Gramma, 2011.
SPOSITO, E. S. Redes e cidades. São Paulo: Editora Unesp, 2008.
** Acadêmico do curso de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/UFMS, campus de Três Lagoas/CPTL, guilhermeufms@hotmail.com.
*** Docente do curso de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/UFMS, campus de Três Lagoas/CPTL, edimaranha@gmail.com
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