Revista: Atlante. Cuadernos de Educación y Desarrollo
ISSN: 1989-4155

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EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA – O PAPEL DO TUTOR EM AMBIENTES VIRTUAIS COLABORATIVOS

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1   INTRODUÇÃO

A rápida evolução das tecnologias de comunicação e informação trouxe reflexos às práticas do cotidiano. Recursos de informática foram introduzidos gradativamente em nossa sociedade, com isso surgiu uma maior dependência de sua utilização para pesquisas através da Internet e demais conteúdos digitais, bem como o aumento da interação e utilização de seus recursos para a transmissão de dados. Tal fato trouxe grandes avanços na comunicação, diversas áreas de atividade se beneficiaram da tecnologia para projetar e expandir, por conta da facilidade e velocidade com que pode lidar com grandes quantidades de informação.
Um dos campos que está tirando um bom proveito destas novas tecnologias é o da Educação, uma vez a Internet é um meio eficaz para facilitar o diálogo, transporte de informação e, consequentemente, a aprendizagem.
Novas abordagens e metodologias de ensino têm sido desenvolvidas, e aplicadas com o intuito de alcançar uma aprendizagem mais eficiente, onde os alunos consigam compreender os conceitos existentes dentro de sua estrutura cognitiva.
Hoje um aluno pode escolher quando iniciar o curso através de um aprendizado assíncrono, ou entrar em uma turma virtual. Por meio de um ensino mais interativo, o educador se tornar um facilitador do ensino-aprendizagem. A sala de aula não pode mais ser considerada o único ambiente de aprendizagem, novos espaços surgem para a pesquisa e para a construção do conhecimento.
Considerando esta conjuntura, surgem as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), que além de atuarem como instrumentos em sentido técnico tradicional, atuam no favorecimento do desenvolvimento do conhecimento e inteligência humana, possibilitando o desenvolvimento colaborativo e interativo, e ainda a interligação de diversos diferentes agentes com o mesmo objetivo de construção do conhecimento.
Novas abordagens e metodologias de ensino têm sido desenvolvidas, e aplicadas com o intuito de alcançar uma aprendizagem mais eficiente, onde os alunos consigam compreender os conceitos existentes dentro de sua estrutura cognitiva.
A aprendizagem significativa surge neste contexto de idéias, como uma forma de interagir com aquilo que o aluno ou aprendiz já sabe. O Ensino à Distância aparece atrelado a esta teoria como uma proposta para o atendimento de algumas demandas educacionais que o sistema tradicional de Ensino teria dificuldade de suprir, por possuir uma estrutura limitada e menor alcance geográfico.
Esta abordagem educacional incorpora novos modelos pedagógicos para dirigir a sala de aula para torná-la um campo aberto de conhecimento, onde o professor desenvolve papel de facilitador na criação de idéias, teorias e métodos de cooperação virtuais com seus alunos-aprendizes para melhorar o processo de ensino-aprendizagem.
Enquanto isso, ao estudante é requerido um alto nível de responsabilidade para gerenciar o tempo necessário para desenvolver o curso, demonstrando eficácia pessoal, prática de bons hábitos e estratégias de estudo, e vontade de aprender em um novo ambiente.
O tema escolhido para estudo é suma importância para o Ensino, por romper as antigas barreiras educacionais, a formalidade, além de transpor espaço e tempo.
O estudo foi realizado inicialmente através de pesquisa, cuja idéia surgiu de diálogos travados pela autora com alunos e professores que atuam no Ensino Superior de uma Universidade Particular na cidade de São Paulo, em cursos de Graduação Tecnológica, afins à área de reflexão e pesquisa para o artigo. Em seguida foi realizada a localização, coleta, registro e tratamento dos materiais trabalhados com uma revisão bibliográfica, feita principalmente com a consulta de livros, páginas na Internetespecializadas, artigos, monografias, manuais, revistas e a legislação pertinente, apresentando os conceitos e gerando uma base analítica com consistência ao tema proposto para a elaboração do presente trabalho.
Assim sendo, o trabalho será composto de análises dos referenciais teóricos voltados à formação do aluno, teorias e metodologias aplicáveis ao Ensino, contando também com autores que investigam e contextualizam a Educação à Distância e a aprendizagem significativa.
Os conceitos da aprendizagem significativa foram escolhidos para nortear a elaboração da pesquisa porque se caracterizam por trazer uma grande reflexão sobre o ensino, seus conceitos e aprendizagem prévia.
No decorrer dos estudos pormenorizados foi elucidada que a estrutura de Ambiente Virtual de Aprendizagem do campus virtual de uma Instituição de Ensino Superior é elaborada através da utilização de diversas estratégias metodológicas, e esta composição permite maior acessibilidade e, consequentemente, melhor aproveitamento do curso.
Evidencia-se a necessidade de pesquisa na área de educação que enfoque os métodos e alternativas não presenciais de ensino, destacando aqueles que formam os alunos e docentes da educação.
Para delimitar o escopo deste trabalho, foi observado o universo do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), e no caso escolhido para reflexão, o Blackboard, e o papel do tutor nas interações educacionais dentro de fóruns e avaliações virtuais em cursos de graduação de educação tecnológica.
Dentro do contexto apresentado, a pesquisa tem em linhas gerais como objetivo efetuar uma breve revisão teórica de conceitos atinentes ao ensino-aprendizagem na modalidade de Ensino à Distância.
Aprofundando os objetivos, o artigo tem a intenção de discutir características da aprendizagem significativa e as suas contribuições para o Ensino com uso de tecnologias, bem como elaborar uma reflexão através de diálogos com alunos de uma Instituição de Ensino Superior sobre o papel do tutor na docência e dentro do AVA (Blackboard, como exemplo), sua participação nos fóruns de discussão e nas avaliações virtuais em cursos de graduação de educação tecnológica, e revisão bibliográfica para delinear brevemente o seu futuro na Educação à Distância e suas possíveis contribuições.

2   APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA E SUA CONTRIBUIÇÃO TEÓRICA

Este estudo traz fundamentos enraizados em Ausubel (1980) de interpretar as suas idéias sob uma ótica cognitiva de aprendizado que aproxima pedagogia educacional à “Aprendizagem Significativa”.
No caso do Ensino à Distância deve ter como base de estudo: a realidade a qual os atores desta modalidade de educação (professores, tutores e alunos) estão inseridos, a estrutura cognitiva de cada aluno e a identificação de conceitos fundamentais apreendidos tanto por alunos quanto por educadores nas diversas áreas do conhecimento.
“Uma teoria de ensino tem por base a construção de princípios que possam ser adaptados tanto a diferentes sujeitos quanto a diferentes situações”. (AUSUBEL, 1980)
Um dos aspectos mais importantes analisados é preocupação em construir uma metodologia de ensino que possa ajudar os professores e tutores em seu desempenho profissional e os alunos, em busca de conhecimento.
A aprendizagem significativa é um processo que considera o conhecimento prévio do aluno sobre o assunto. Dentro dessa teoria cognitiva da aprendizagem, baseada na teoria do processamento da informação humana, são considerados 3 (três) processos desenvolvidos ao longo da aprendizagem: 1) como o conhecimento é desenvolvido; 2) como os novos conhecimentos são integrados em um sistema cognitivo existente; e 3) como o conhecimento se torna automático/mecânico.
A Educação a Distância pode ser entendida como uma forma de Ensino que possibilita, com a mediação de recursos tecnológicos organizados, o auto-aprendizado. Na aprendizagem à distância geralmente significa que os alunos se envolvem com materiais em casa ou no trabalho, referentes aos seus estudos.
A dificuldade surge, visto que muitos estudantes não têm autodisciplina e o automonitoramento diante de tarefas rotineiras de aprendizagem, isso constitui uma força psicológica que pode limitar o potencial de aprendizado à distância através de ambientes virtuais.
Segundo Moreira (1994), “um bom ensino deve ser construtivista, promover a mudança conceitual e facilitar a aprendizagem significativa. É provável que a prática docente ainda tenha muito do behaviorismo, mas o discurso é cognitivista/construtivista/significativo. Quer dizer, pode não ter havido, ainda, uma verdadeira mudança conceitual nesse sentido, mas parece que se está caminhando em direção a ela” (MOREIRA, 1994).
A contribuição da aprendizagem significativa proposta por Ausubel (1980) torna-se mais importante no contexto atual da educação, onde se exige uma eficiência cada vez maior por parte das escolas, vislumbrando quebrar paradigmas de aprendizado e relações entre alunos, professores e Instituições de Ensino, sejam relacionadas à falta de tempo, dificuldade de deslocamento, estímulo ou até mesmo de preferências pessoais.
A partir dessa premissa são realizados muitos trabalhos de investigação que procuram estudar os mais diferentes aspectos das teorias de Ausubel, que aqui servem para prover a fundamentação teórica do presente Artigo.
Utilizar os instrumentos tecnológicos é cada vez mais importante para uma aproximação do educador com o corpo discente. Para essa aproximação, devem ser utilizadas todas as ferramentas possíveis, de tal sorte as instituições se utilizem do enorme potencial das redes como forma de efetivação de relacionamentos, passando a ter não somente alunos, mas parceiros.
Nesta seara analisada, entra o Ensino à Distância como complemento e possível solução de alguns entraves educacionais, relacionados à pedagogia e interesses diversos.
Vislumbrando quebrar paradigmas de aprendizado e relações entre alunos, professores e Instituições de Ensino, sejam relacionadas à falta de tempo, dificuldade de deslocamento, estímulo ou até mesmo de preferências pessoais.

3   TECNOLOGIA EDUCACIONAL E O AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM

A tecnologia educacional refere-se ao emprego de recursos tecnológicos como ferramentas para aprimorar o Ensino. Segundo Mariz (2015), trata-se da utilização de recursos tecnológicos para aprimorar o processo de ensino, é utilizar a tecnologia para a educação, para alcançar a promoção de maior desenvolvimento sócio-educativo, além de maior acesso à informação.
Em Amaral (2015), é feita a associação do termo "tecnologia educacional" exclusivamente ao uso de mídias e dispositivos utilizados na educação, como computadores ou Internet. Esta associação, comumente relacionada ao uso da informática para a educação, é mais muito restrita, pois não engloba as tecnologias anteriores ao computador ou Internet. Esta definição enquadrar-se-ia melhor ao termo de "informática educacional", ao invés de "tecnologia educacional".
Conforme Dieuzeide (1997), precisamos ainda diferenciar os termos “Tecnologia na Educação” de “Tecnologia da Educação”. Segundo o autor, a primeira expressão refere-se a problemas de mensagens, equipamentos, e sua incorporação sem contestação nos meios de ensino. Já a tecnologia da educação refere-se na aplicação integral do conhecimento científico para facilitar o processo de ensino e aprendizagem, visando assim o aumento do seu rendimento.
“Sendo constituídos a partir do uso de diferentes mídias e linguagens, a intenção é proporcionar não só a disponibilização de conteúdos, mas principalmente plena interatividade e interação entre pessoas e grupos, viabilizando, por consequência, a construção do conhecimento por meio de comunicação síncrona e assíncrona, simulações, hipertextualidade, cooperação, construções coletivas e compartilhamento” (SILVA, 2013).
À luz dessa abordagem, pode-se afirmar que os recursos de tecnologia contribuem ao processo de aprendizado, tornando possível ao aluno o acesso a um número maior de informações que viabilize o seu conhecimento, sem as limitações dos (normalmente escassos) recursos disponíveis na escola.
Segundo Lévy (2001), é necessário quebrar as barreiras de território da escola, eliminando fronteiras, e descentralizando a informação, através da expansão das interações entre todos que a compõem, para assim melhorar o contato das diferentes manifestações culturais, bem como abrir novas perspectivas de ser e estar em determinado lugar e tempo.
De fato, a tecnologia a favor da educação deveria ser considerada como um conjunto de recursos que entrega ao educador diversas vantagens, como a rapidez para o acesso a informações, pois a utilização em conjunto dos métodos antigos com as novas descobertas tecnológicas oferece aos educadores maior suporte e praticidade no desenvolver de suas atividades.
As estruturas de suporte e apoio são essenciais para o bom andamento de um curso à distância. Utilizar a tecnologia a favor do ensino e aprendizagem consiste em ter um suporte adicional na busca pela excelência no processo da educação. Os novos recursos da tecnologia ajudam o professor, e cabe a ele a percepção de qual e quando utilizar cada recurso.
O Ambiente Virtual de Aprendizado (AVA), também chamado Learning Management System (LMS), ou ainda "Plataformas de EAD" são os sistemas completos para EAD, softwares que são utilizados por todos aqueles envolvidos no processo, tais como alunos, professores, tutores, auxiliares de tutores, secretaria, ou tesouraria.
Alguns ainda são open source, isto é, podem ser inclusive personalizados de acordo com a necessidade da instituição de ensino, sem pagamento de direitos autorais ou de uso aos criadores das plataformas. Destacam-se entre as opções gratuitas os softwares Aulanet, Atutor, Caroline, eFront, Docebo, OLAT, Doekos, Openelms, Ilias, Moodle e Sakai.
Embora sempre exista a opção de desenvolver o próprio software, o mercado de software atualmente disponibiliza diversos sistemas AVA prontos, tanto pagos quanto gratuitos.
O Blackboard Learning System é um sistema pago, um tipo de AVA que passou por várias iterações, ganhou novos usos e recursos, assim como muitas Instituições de Ensino passaram a utilizá-lo com maior frequência para auxiliar a aprendizagem em sala de aula e para apoiar o seu Ensino à Distância.
É um web-based software usado no gerenciamento de cursos, sua arquitetura é aberta e design personalizável, que pode ser instalado em servidores locais (ou no Blackboard ASP Solutions). Sua função é adicionar elementos e desenvolver cursos totalmente ou parcialmente online, e para tal, permite a integração com os sistemas de informação do estudante e possui protocolos de autenticação. 
Apenas como exemplo ilustrativo para o trabalho foi conceituado o Blackboard, intensamente utilizado no Brasil, especialmente em Instituições de Ensino Superior Particulares, que possui baixo custo de operação por aluno e ótimo suporte técnico remoto, porque é no Ambiente Virtual de Aprendizagem utilizado pela Escola, Universidade ou curso, que são desenvolvidos recursos assíncronos que permitem assistir aulas, realizar trabalhos, avaliações, além de emitir boletos de pagamento, interagir com outros alunos, enviar trabalhos, responder questionários, e todos os demais processos requeridos pela Instituição.
Não é objetivo do presente trabalho falar detalhadamente sobre cada plataforma de aprendizado online, pois como toda tecnologia que se preze, elas serão modificadas com o tempo. Algumas serão depreciadas, descontinuadas, outras novas surgirão e assumirão a liderança. A evolução da comunicação ocorre em paralelo à necessidade de maiores informações em menor tempo, e assim a tecnologia surge como método de comunicação indispensável nos dias de hoje.
Contudo, é utilizando essa tecnologia disponível, que o homem consegue obter, em menor período de tempo, uma grande quantidade de informação que se torna aliada ao seu processo de aprendizado e conhecimento.
Assim, propostas de trabalho da área educativa, que utilizam os recursos tecnológicos atuais, tornarão possíveis a formação de alunos críticos, capazes de agir e de transformarem suas realidades.

4   COMUNICAÇÃO COM O ALUNO E OS DESAFIOS DO TUTOR NO EAD

"Estamos caminhando para uma aproximação sem precedentes entre os cursos presenciais (cada vez mais semi-presenciais) e os à distância. Os presenciais terão disciplinas parcialmente a distância e outras totalmente a distância” (MORAN, 2005).
Devido à inclusão das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no processo de educação convencional, educadores e estudantes conseguem a oportunidade de conhecer as possibilidades que as novas tecnologias oferecem para a educação, desde ferramentas de e-mail até redes sociais.
"A educação é e sempre foi um processo complexo que utiliza a medida de algum tipo de meio de comunicação como complemento ou apoio à ação do professor em sua interação pessoal e direta com os estudantes" (BELLONI, 1999).
Outro grande desafio é atender o aluno adequadamente, quando ninguém está presente no mesmo espaço e tempo, nem aluno, tutor, professor, secretaria ou coordenação. Sistemas de helpdesk (alguns integrados com sistemas de e-mail), além de fóruns (onde alunos ajudam uns aos outros, com ou sem ajuda de tutores), têm sido soluções comumente adotadas em AVAs.
Tori (2009) cita que, com esta abordagem, é possível aos educadores a utilização de uma gama muito maior de recursos para o processo de ensino e aprendizagem, através do planejamento de atividades presenciais ou à distância, considerando limites e potencias de cada uma, e ainda em função do custo, conteúdo, e resultados almejados.
Toda nova tecnologia, até firmar-se no mercado, enfrenta uma gama de desafios. Não seria diferente com a tecnologia educacional ou com a Educação à Distância. Neste âmbito, superar estes (e eventuais outros) desafios é a solução para as questões abordadas anteriormente, para que as formações na modalidade de Ensino à Distância atinjam maior excelência e maior adesão.
"O desafio é usar a modalidade a distância de forma mais sistemática, integrada à estrutura educacional da região, de modo a melhorar a qualidade, a eficácia e a eficiência da educação e do treinamento, promovendo oportunidades educacionais mais amplas e variadas" (DIEUZEIDE, 1997).
Na análise do papel que o tutor desempenha na Educação a Distância, é notado que ele se tornou um educador polivalente, já que o mesmo precisa estar antenado às principais tendências da educação virtual para se adequar da melhor maneira à realidade que o cerca, as necessidades e desejos da sociedade, e dentro do sistema comunicativo deve interagir com os atores envolvidos com a Educação à Distância.
O tutor é um profissional que, além disso, deve estar disponível a tirar dúvidas, ter amplo conhecimento do conteúdo disponibilizado ao aluno ou aprendiz, é também quem corrige as avaliações e exercícios propostos em Ambiente Virtual.
É de sua responsabilidade auxiliar na disponibilização dos materiais referentes aos cursos a serem ministrados pela Instituição de Ensino, através da confecção de páginas nos AVAs, elaboração de questionários e correção das avaliações, além das das comunicações por meio de chats, fóruns e correio eletrônico. Também é sua função participar e organizar encontros síncronos (chat) e acompanhar instrumentos assíncronos, como listas de discussão da disciplina, respondendo prontamente questões de sua competência.
Nunes (2013) realizou pesquisa em livros e em arquivos digitais em busca de teses, dissertações e artigos relacionados à tutoria, com o intuito de identificar qual o papel do tutor nos mesmos. A coleta foi feita em textos e trabalhos em português, inglês e espanhol, no total de 139 encontrados de relevância ao seu estudo. Para organizar os materiais encontrados, fez uma planilha com informações referentes aos assuntos que se encaixavam no contexto da Educação a Distância (EAD), com o foco no Ensino Superior e separou por resultado o assunto abordado (papel do tutor).
A constatação de sua pesquisa bibliográfica foi resumida a seguir, para efeitos de exemplificação do que seria mais relevante, com as incidências e percentuais daquilo que foi encontrado e que foram selecionados aqui de relevância ao escopo do presente trabalho.
Mattar (2011) acredita que o “professor-tutor pode ser classificado como um educador por excelência por realizar inúmeras funções, como: 1) Acompanhar as atividades discentes conforme o cronograma do curso; 2) Apoiar o professor da disciplina no desenvolvimento das atividades docentes; 3) Estabelecer contato permanente com os alunos e mediar suas atividades; 4) Colaborar com a coordenação do curso na avaliação dos estudantes; 5) Participar das atividades de capacitação e atualização promovidas pela Instituição de Ensino; 6) Mediar a comunicação de conteúdos entre o professor e os alunos; 7) Participar do processo de avaliação da disciplina sob a orientação do professor responsável; 8) Manter a regularidade de acesso ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e dar retorno às solicitações do aluno, no prazo de 24 horas; 9) Elaborar relatórios de acompanhamento dos alunos; 10) Apoiar operacionalmente nos pólos, especialmente na aplicação das atividades presencias e das avaliações”; dentre outras atividades.
O trabalho de tutoria é importante para supervisionar o ensino-aprendizagem, estabelece um relacionamento entre os atores do processo educacional - professor, tutor e aluno/aprendiz, facilita a integração entre eles e fornece auxílio de relevância, como de orientação e avaliação, através do material didático disponibilizado, dos fóruns de discussão, correio-eletrônico e de outros mecanismos de comunicação.
De fato, o tutor desempenha um papel pedagógico, social e intelectual, uma vez que auxilia o aluno ou aprendiz na interpretação do material produzido e disponibilizado no Ambiente Virtual de Aprendizagem pela Instituição de Ensino e, portanto, oferece suporte considerado necessário para sua autonomia, auxiliando o andamento do curso. “Exige-se mais do tutor de que de cem professores convencionais” (SÁ, 1998).
Cada vez mais atarefado e sobrecarregado, é importante que o tutor de EaD seja valorizado, sua responsabilidade é enorme ao atingir um número muito elevado de alunos, o que o torna muito mais suscetível a críticas e a reclamações face às atividades que realiza.
Refletir sobre esses novos modelos de Educação, como o Ensino à Distância, demandam pensar sobre os papéis dos principais atores do processo de aprender e ensinar, tais como: alunos, professores e tutores.
Em EAD, é importante que o tutor dirija seus pensamentos ao desafio de uma nova proposta, que requer uma nova metodologia, direcionada a estudantes que requerem mais do que conteúdos em maior velocidade, espaços não determinados, e momentos que variam de acordo com a realidade de tempo disponível do aluno.
“Para que o ensino a distância alcance o potencial de vantagem que pode oferecer, é preciso investir no aperfeiçoamento do tutor e, sobretudo, regulamentar a atividade, além de definir e acompanhar indicadores de qualidade” (ALVES, 2003)
É imprescindível que os educadores sejam adequadamente treinados, no que se refere a questões pedagógicas e tecnológicas para EAD, para que compreendam as características, possibilidades, e potencialidades, para que não haja a transposição de aulas presenciais para ambientes de Internet (MAIA & MATTAR, 2007), o que provocaria muito menor aproveitamento de recursos, por consequência menor qualidade do curso, entre diversos outros fatores.
Esta nova metodologia, e as novas tecnologias a ela associadas, exigem novos conhecimentos, que traduzem um importante fator de mudança e inovação. “Ela requer uma formação diferenciada, atualizações em diversos planos institucionais, trazendo novos e específicos objetivos com vistas à inovação educativa das instituições de ensino. A escolha das técnicas a utilizar, e o sentido que lhes dará, dependerá da atitude de cada um, no cultivo de finalidades verdadeiramente humanas, no esforço pela eliminação das circunstâncias naturais e sociais nocivas" (PINTO, 2005).
Outro grande desafio da Tecnologia Educacional aplicada a EAD é a diversidade de profissionais, e respectiva integração de diferentes áreas, com vistas à construção de um sólido projeto de EAD.
"A organização do planejamento de um curso para EAD envolve profissionais com diferentes formações, no sentido de atender a todas as necessidades do processo, desde pensar o conteúdo do curso, o perfil do profissional que se quer formar, a pesquisa de mercado que justifica o oferecimento do curso, até a adequação de tecnologias para a elaboração de materiais e disponibilização de conteúdos de maneira adequada" (MASETTO, 2003).
O educador, para cumprir adequadamente seu papel, deverá buscar o conhecimento sobre novas tecnologias, inclusive transmitindo esse conhecimento a seus alunos. Afinal, todo e qualquer instrumento que venha a ser utilizado para a comunicação do aluno com o professor é considerado ferramenta tecnológica.
Cabe ainda ressaltar que é papel do educador possibilitar, nas comunidades de estudantes onde atua, que sejam agregados novos métodos que possam contribuir para o crescimento intelectual de seus alunos.

5   APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA, APRENDIZADO COLABORATIVO E O DESTINO DO EAD

Escolas vêm experimentando novas estruturas organizacionais, novas formas de governança e novos usos da tecnologia, que são projetados para refletir o fluxo constante da sociedade moderna.
Ostensivamente, o Ensino à Distância tem a capacidade de chegar a muito mais pessoas de forma mais eficaz em termos de recursos e custos do que a sala de aula tradicional. No entanto, há uma questão de saber se as tecnologias emergentes de EAD vão resolver questões de equidade e de acesso, ou criar novas.
Sendo utilizado um design instrucional adequado, dois ou mais alunos estudarem juntos pela Internet poderá ser mais produtivo que um aluno em isolado, considerando que as interações entre eles poderão influenciar mais adequadamente o processo de aprendizado do que o próprio conteúdo do programa de ensino (REEVES, 1999).
Outro desafio é a colaboração entre os estudantes, tais como a formação de grupos para realização de trabalhos, ou simplesmente estudos colaborativos. Este desafio poderá ainda encarar, mais uma vez, diferenças de fuso horário, problemas de conexão à Internet, diferenças de idioma nativo, além da proibição de uso de um mesmo software de comunicação em diferentes países onde estão os estudantes.
Cabe como papel do educador a motivação a distância de seus estudantes e cabe ao estudante motivar-se e organizar seus horários, de forma a cumprir suas metas e necessidades de acompanhamento da formação à distância que estiver cumprindo, e com isso evitar que ocorra evasão de alunos.
A EAD progressivamente se populariza e expande para diferentes tipos de cursos, de diferentes níveis escolares. Desta forma, é progressiva a necessidade de novos conteudistas, designers e professores (FILATRO, 2007 e 2008), bem como de profissionais de diferentes áreas de especialização.
Essa progressiva necessidade de novos profissionais tende a gerar maior número de contratações para a área, de uma diversidade de diferentes tipos profissionais, com diferentes formações, pois fazer EAD requer profissionais de área técnica, pedagógica, marketing, e mais diversas especialidades.
Em paralelo, o sistema de educação convencional brasileiro encontra problemas para atender a esta crescente demanda, principalmente no tocante à quantidade de alunos. Surge como opção utilizar a tecnologia educacional e a educação a distância, através de mídias com grande poder de difusão, como Internet e televisão (NUNES, 2015).
Para tal, é necessário que os ambientes de Educação à Distância utilizem metodologias participativas e colaborativas, com modelos adequados para gestão, para que o estudante deixe de ser o objeto das ações, e se torne sujeito do processo de ensino e aprendizagem, obtendo assim maior proveito dos ambientes virtuais de aprendizagem (ALONSO, 1996).
A Educação à Distância, sem que haja definição do espaço nem determinação de horários, deve ser visualizada como constante desafio à superação dos limites, tanto falando de conteúdo quanto tecnologia. Através da utilização de uma metodologia pedagógica interativa, aliada a uma eficaz gestão, deve-se possibilitar a participação, a co-autoria, a coletiva construção do conhecimento, o diálogo e as diversas condições de interlocução entre discentes e docentes (FERRETI, 1992).
Assim é necessário reformular o ambiente de ensino periodicamente, considerando a utilização das TICs nas práticas pedagógicas, possibilitando o avanço de propostas mais integradoras, que supere a fragmentação do saber, através de planejamentos e ações conjuntas desde a concepção do projeto até sua publicação e avaliação.
A educação virtual é centrada na absorção das informações pelo aluno ou aprendiz, partindo de conhecimentos prévios e a sua participação ativa na construção desse conhecimento. Nessa modalidade, os professores deixam de incidir o seu trabalho de ensino em apresentação oral dos conteúdos de livros e passam a ser facilitadores, viabilizando o acesso ao conteúdo e propiciando discussões sobre os assuntos a serem tratados em suas disciplinas.
No trabalho de Ausubel (1980), é vislumbrado que o ser humano tem a grande capacidade de aprender sem ser apenas por descoberta. De posse de toda uma estrutura cognitiva e experiências prévias, novas informações, ou os novos significados, podem ser passados diretamente ao aprendiz.
Joia e Costa (2005) debatem o suporte metacognitivo, que se refere ao conhecimento (por parte do aluno) dos objetivos da formação, sua própria habilidade de planejamento, avaliação das estratégias do método de aprendizado, além de sua capacidade em monitorar seu próprio progresso, além de ajustar suas próprias ações para acomodar suas necessidades.
Levando em conta tais pressupostos, é necessário o tutor considere os saberes assimilados através das experiências e conhecimentos adquiridos previamente, criando assim uma predisposição para uma aprendizagem significativa.
Ao desenvolver uma atividade para promover uma aprendizagem significativa é importante que o educador tenha percepção da potencialidade do material, do ponto de significativo, contudo, isso não é garantia de que seja proporcionada a aprendizagem significativa, que de fato depende do receptor da informação, no caso, do aluno ou aprendiz.
Faz-se notar o crescimento do número de matrículas em cursos na modalidade à distância, especialmente em Instituições de Ensino Superior Particulares, devido a investimentos, recursos tecnológicos, autodeterminação de alunos no processo de aprendizagem e a participação de profissionais de Ensino (no caso, de tutores) no desenvolvimento de ações metodológicas que favoreçam a assimilação de conteúdo e uma melhor avaliação.
Também é interessante apontar a abertura de acesso que um curso à distância proporciona, atendendo de uma maneira mais democrática, pessoas em regiões distantes ou isoladas geograficamente, outras com dificuldades de locomoção, dentre outras. Portanto, interação tutor-aluno pode vir a ser a chave para o futuro da Educação à Distância.

6   CONCLUSÃO

Com o avanço dos recursos tecnológicos e a consolidação da Internet como meio efetivo de comunicação, muitos pesquisadores perceberam uma grande oportunidade de apoio a inovações no processo educacional.
Ferramenta de integração e inserção, além de um fenômeno de mudança, o Ensino à Distância (EAD) surge como um instrumento para disseminar cada vez mais a informação, fazendo com que pessoas ao redor do mundo possam ter acesso ao conhecimento, sendo uma boa alternativa para aprender o padrão educacional que devem ser desenvolvidas neles.
A aprendizagem significativa foi conceituada como uma teoria educacional em que novos conhecimentos adquirem significados através de sua interação com conhecimentos especificamente relevantes previamente estabelecidos na estrutura cognitiva de um aluno ou aprendiz, que podem ser trabalhados por descoberta ou por recepção, sendo atrelada a várias outras teorias.
O presente trabalho teve por objetivo oferecer dados, conceituações e um referencial para o desenvolvimento de linhas de ação estratégicas, que estão sendo implementadas no Ensino, com a finalidade de atender as demandas da sociedade, bem como permitir a valorização do estudante e de sua aprendizagem.
Desta forma, a contribuição da pesquisa consistiu na apreciação científica do papel do tutor nas atividades assíncronas em cursos de graduação de educação tecnológica e na apresentação de teorias de ensino aplicável ao Ensino por meio de ferramentas tecnológicas, pautadas no constante aperfeiçoamento do ensino e aprendizado.

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Recibido: 12/12/2016 Aceptado: 16/03/2017 Publicado: Marzo de 2017

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