Revista: Atlante. Cuadernos de Educación y Desarrollo
ISSN: 1989-4155


PERCEPÇÕES E EXPECTATIVAS NOS CURSOS TÉCNICOS DA ÁREA DE GESTÃO EM COLÉGIOS TÉCNICOS DE ADMINISTRAÇÃO

Autores e infomación del artículo

Cristiane Krüger

Nanci T. Rosa

Universidade Federal de Santa Maria

cris.kruger@hotmail.com

Resumo

Este artigo aborda às percepções e expectativas dos alunos de cursos técnicos, especialmente da área de gestão, na disciplina de Práticas de Investigação como Princípio Educativo do Programa Especial de Graduação para Formação de Professores para a Educação Profissional. A pesquisa foi realizada junto ao Colégio Politécnico da UFSM, onde analisou-se, por meio de questionário, observação dos participantes e análise bibliográfica, 25 estudantes, referente às impressões do curso atualmente, considerando os professores, disciplinas, infra-estrutura, estudantes e o grau de satisfação, e quais às expectativas posteriores a conclusão do curso. Os resultados geraram reflexões sobre o ensino disponibilizado para os alunos que foram relacionadas com algumas teorias de aprendizagem. A pesquisa possibilitou a melhoria dos respectivos cursos visando oportunizar uma educação técnica de qualidade.

Palavras-chave: Educação Profissional, Percepções e Expectativas, Educação de Qualidade.

Abstract

This paper discusses the perceptions and expectations of students technical courses, especially management area, discipline Research Practice as a Special Program of the Education Principle of Graduate Teacher Training for Vocational Education. The survey was conducted by the Polytechnic College of UFSM, where analyzed, through a questionnaire, participant observation and literature review, 25 students, referring to the course of impressions currently considering teachers, disciplines, infrastructure, students and the degree of satisfaction, and which the later expectations completion of the course. The results generated reflections on teaching available to students who were related to some learning theories. The research made it possible to improve its courses aimed oportunizar technical education quality.

Keywords: Professional education; Perceptions and Expectations; Quality Education.



Para citar este artículo puede uitlizar el siguiente formato:

Cristiane Krüger y Nanci T. Rosa (2015): “Percepções e expectativas nos cursos técnicos da área de gestão em colégios técnicos de administração”, Revista Atlante: Cuadernos de Educación y Desarrollo (noviembre 2015). En línea: http://www.eumed.net/rev/atlante/11/expectativas.html


Introdução

Através da vivência no Programa Especial de Graduação para Formação de Professores (PEG) e ao refletir sobre o andamento dos cursos técnicos para formação de profissionais, foram evidenciadas diferentes situações referentes à relação professor-aluno, dificuldade de ensino-aprendizagem, infraestrutura e, principalmente, a percepção atual do curso pelos alunos e suas expectativas futuras.
            Tal situação nos inquietava, portanto, foi realizada a respectiva pesquisa para que possamos entender o que os alunos pensam sobre o curso e quais seus objetivos futuros. Através de questionário semiestruturado e também por meio de observação dos alunos, chegamos a alguns resultados interessantes, que foram referenciados com base em algumas teorias de aprendizagem. A pesquisa objetiva verificar as percepções e expectativas dos alunos nos cursos técnicos, da área de gestão, do colégio politécnico, sobre os professores, as disciplinas, a infraestrutura, e o grau de satisfação em realizar o curso na respectiva instituição, também pretende-se verificar quais as expectativas dos alunos após conclusão do curso.
            O artigo justifica-se pela relevância do tema, procura por respostas para indagações propostas. Tanto se fala em educação de qualidade, por isso a importância de conhecer o que os alunos vêem do curso e o que esperam do futuro, como forma de melhorar a atual situação, visto que da forma como está, a escola não dá tempo nem condições para o aluno agir sobre o meio que o cerca e, assim, ocasionar suas próprias conclusões, por isso partimos para a problemática da pesquisa: Quais as Percepções e Expectativas dos alunos nos Cursos Técnicos, da Área de Gestão, do Colégio Politécnico?
            O artigo inicia com um breve histórico da educação técnica-profissional no Brasil, relata as teorias abordadas e as referências com os resultados encontrados. Posteriormente temos a metodologia adotada, a pesquisa caracteriza-se como quantitativa e qualitativa, exploratória e descritiva, baseada em pesquisa empírica. A amostra foi composta por alunos dos cursos técnicos da área de gestão do Colégio Politécnico da UFSM, a coleta de dados se deu através de questionário semiestruturado, observação dos participantes e análise de fontes bibliográficas primárias, a coleta ocorreu nos meses de abril e maio de 2015, durante às aulas.
            A análise de dados se fez a partir, inicialmente, da revisão da literatura e da sistematização dos dados levantados pelos questionários e da observação. Para análise dos dados, quanto às questões subjetivas utilizou-se a técnica de análise de conteúdo (BARDIN, 2011). A análise de conteúdo procura conhecer aquilo que está por trás das palavras sobre as quais se debruça, objetivando compreender criticamente o sentido das comunicações, seus conteúdos e significações explícitos ou ocultos (BARDIN, 2011).
            Dessa forma a pesquisa objetivou responder o problema de pesquisa e colaborar com a formação de uma educação técnica de qualidade.

História da Educação Técnica no Brasil

Em setembro de 2009 a Rede Federal da Educação Profissional e Tecnológica completou 100 anos, diante dessa informação olhamos para trás para relembrar alguns marcos históricos da educação profissional no Brasil. A formação do trabalhador no Brasil começou a ser realizada desde a colonização, onde os primeiros aprendizes de ofícios eram os índios e escravos, conforme relembra Fonseca (1961) onde “habituou-se o povo de nossa terra a ver aquela forma de ensino como destinada somente a elementos das mais baixas categorias sociais”.
            Em Minas Gerais, com o advento do ouro, foram criadas as Casas de Fundição e de Moeda, com elas a necessidade de ensino mais especializado, que era destinado ao filho de homens brancos da própria Casa. Nesse mesmo período, foram criados os Centros de Aprendizagem de Ofícios nos Arsenais da Marinha do Brasil, onde traziam operários especializados de Portugal e recrutavam pessoas para produzir. Em 1785 o desenvolvimento tecnológico do Brasil ficou estagnado com a proibição da existência de fábricas, isso acontecei porque os portugueses tiveram consciência de que o Brasil era um país fértil para produção da terra e de frutos e que, com isso, seriam independentes da metrópole. (Alvará de 05/01/1785 in FONSECA, 1961)
            A partir de 1800, com a adoção do modelo de aprendizagem dos ofícios manufatureiros, a camada menos privilegiada brasileira passou a ser amparada, crianças e adolescentes eram encaminhados para casas onde, além da instrução primária, aprendiam ofícios de tipografia, encadernação, alfaiataria, tornearia, carpintaria, sapataria, dentre outros. Com a chega da família real portuguesa em 1808 o Alvará é revogado e é criado o Colégio das Fábricas, primeiro estabelecimento instalado pelo poder público, objetivando atender à educação de aprendizes e artistas vindos de Portugal. (GARCIA, 2000)
            Ao final do período imperial e após a abolição da escravatura, em 1889, o número de fábricas instaladas já ultrapassava 600, com aproximadamente 54 mil trabalhadores. O governador do Estado do Rio de Janeiro, Nilo Peçanha, iniciou no Brasil o ensino técnico, através do Decreto nº 787 de 1906, onde foram instituídas quatro escolas profissionais para o ensino de ofícios e aprendizagem agrícola. O ano de 1906 foi marcado pela consolidação do ensino técnico-industrial no Brasil, por ações como a Comissão de Finanças do Senado que aumentou a dotação orçamentária para que os Estados instituíssem escolas técnicas e profissionais.
            Em 1927 o Congresso Nacional sancionou o Projeto de Fidélis Reis, que previa o oferecimento obrigatório do ensino profissional no país. Em 1930 foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, onde foi estruturada a Inspetoria do Ensino Profissional Técnico, que passou a supervisionar as Escolas de Aprendizes Artífices. Foi um período de grande expansão do ensino industrial, impulsionada por políticas de criação de novas escolas industriais e introdução de novas especializações nas escolas existentes.
            A Constituição Federal de 1937 foi a primeira a tratar do ensino técnico, profissional e industrial. Em 1941 com as leis  da Reforma Capanema, o ensino no país foi remodelado e o ensino profissional passou a ser considerado de nível médio, o ingresso nas escolas industriais passou a depender de exames de admissão.
            Com o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) o setor industriário cresceu, e pela primeira vez o setor da educação foi contemplado com 3,4% do total de investimentos previstos. As instituições ganharam autonomia didática e de gestão. Intensificaram a formação de técnicos, mão de obra necessária diante da aceleração do processo de industrialização.
            Nos próximos anos, mais especificamente em 1978, as Escolas Técnicas Federias são Transformadas em Centros Federais de Educação Tecnológica – CEFETs. Em 1996 foi sancionada a lei que considerada a segunda LDB   , dispondo sobre a Educação Profissional separada da Educação Básica. Em 1997 foi criado decreto que regulamenta a educação profissional e cria o Programa de Expansão da Educação Profissional.
            O decreto 5.154/2004 permitiu a integração do ensino técnico de nível médio ao ensino médio. Em 2005 ocorreu a primeira fase do Plano de Expansão da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, com a construção de novas unidades de ensino. Também ocorreu a transformação do CEFET - Paraná em Universidade Tecnológica Federal do Paraná, primeira universidade especializada nessa modalidade de ensino.
            Em 2006, com decreto 5.840 é instituído o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação de Jovens e Adultos – PROEJA com o ensino fundamental, médio e educação indígena. Também é lançado o Catálogo Nacional dos Cursos Superiores de Tecnologia para disciplinar as denominações dos cursos oferecidos. E em 2007 foi o lançamento da segunda fase do Plano de Expansão da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, objetivando entregar mais 150 novas unidades até o final de 2010, cobrindo todas as regiões do país, conforme demonstrado na Figura 1.

            A educação profissional e tecnológica assume valor estratégico para o desenvolvimento nacional. Em todo o território nacional, a Rede Federal presta um serviço a nação, dando continuidade à sua missão de qualificar profissionais para os diversos setores da economia. A pesquisa objetiva colaborar com a formação de uma educação técnica de qualidade.

Teorias abordadas

Admite-se que cada vez mais há um corte epistemológico entre o conhecimento com o qual o professor aprende na universidade e o que ele terá que ensinar no ensino técnico.
Diante            da pesquisa proposta é relevante atentarmos para as teorias de aprendizagem que tem relação direta com o ensino-aprendizagem nos cursos técnicos, e podem explicar alguns dos resultados obtidos e analisados posteriormente. Inicialmente temos a teoria behaviorista, para Watson todo ser humano aprendia tudo a partir de seu ambiente (o homem estaria à mercê do meio), posteriormente a Watson, Skinner também fez comentários sobre a teoria behaviorista. Para Watson o ambiente exerce uma grande influência sobre o indivíduo, todo comportamento é aprendido, por isso dá maior atenção com o que as pessoas fazem, do que com que as pessoas pensam. Watson apresentou ao mundo a posição que chamou de bahaviorismo. Após Watson, Skinner propôs que essa filosofia da ciência do comportamento se desse através da análise experimental do comportamento. Skinner afirmou que todo comportamento humano pode ser moldado ao se controlar os estímulos do meio.
Além das Teorias Behavioristas, temos as Teorias Cognitivas de Piaget e Ausubel. A teoria de Piaget é uma teoria de desenvolvimento mental, segundo Piaget, o crescimento cognitivo do aluno se dá através de assimilação e acomodação. O indivíduo constrói esquemas de assimilação mentais para abordar a realidade. As ideias de Piaget foram propostas na década de 30, foi um precursor da linha construtivista, porém sua teoria só ganhou força na área educacional a partir da década de 80, quando iniciou o declínio do comportamentalismo. Seguindo a linha de Piaget temos Ausubel, posterior a Piaget, o conceito central da teoria de Ausubel é o da aprendizagem significativa, processo onde uma nova informação se relaciona de maneira não arbitrária e substantiva a um aspecto relevante da estrutura cognitiva do indivíduo. A nova informação interage com uma estrutura de conhecimento específico, chamada de subsunçor por Ausubel, existente na estrutura cognitiva de quem aprende. A ideia mais importante da teoria de Ausubel podem ser resumidas na seguinte proposição:
Se tivesse que reduzir toda a psicologia educacional a um só princípio, diria o seguinte: o fator isolado mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já sabe (MOREIRA e OSTERMANN, 1999).

            Por isso é fundamental ensinar utilizando recursos e princípios que facilitem a assimilação da estrutura do conteúdo de ensino por parte do aluno, e organização de sua própria estrutura cognitiva nessa área de conhecimentos, através da aquisição de significados claros e estáveis.
Além das Teorias Cognitivas temos a Teoria Humanista que dá outro viés a aprendizagem, como representante dessa forma de aprendizagem temos Carl Rogers, segue uma abordagem humanista muito diferenciada das anteriores, pois não objetiva o controle do comportamento, o desenvolvimento cognitivo ou a formulação de um bom currículo, mas sim o crescimento pessoal do aluno. Considera-se o aluno como pessoa e o ensino deve facilitar a sua auto-realização, visando à aprendizagem “pela pessoa inteira”, que transcende e engloba as aprendizagens afetiva, cognitiva e psicomotora. Seria o ideal da educação, porém, ainda muito distante de ser constituída. Outra mudança é quanto a avaliação, o estudante precisa ser compreendido, não avaliado, não julgado, não ensinados. Para Rogers, a aprendizagem significante envolve a pessoa inteira do aluno e é mais duradoura e penetrante.
E para finalizar é preciso salientar ainda as Teorias Sócio-Culturais, nesse caso temos Vygotsky e Paulo Freire. Para a teoria de Vygotsky o conceito central é a atividade, um sistema de transformação do meio, seja externo e interno da consciência, com a ajuda de instrumentos e signos. O desenvolvimento humano está definido pela interiorização dos instrumentos e signos, pela conversão dos sistemas de regulação externa em meios de auto-regulação. A arquitetura funcional de Vygotsky é diferente do modelo de Piaget. Para Vygotsky:
[...] o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer. Assim, o aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas (VYGOTSKI, 2003).
            É dada importância a figura do professor como modelo e elemento chave nas interações sociais do estudante. O objetivo geral da educação seria o desenvolvimento da consciência construída culturalmente.
Paulo Freire é considerado um dos educadores mais influentes do mundo, suas concepções sobre educação iniciaram em 1960 e causaram grande impacto mundial. Seus primeiros projetos educacionais voltavam-se para a alfabetização de adultos. O método freireano está comprometido com a transformação total da sociedade. Para Freire existe uma sabedoria popular, o aluno traz consigo vivências, conhecimentos e hábitos que devem ser considerados, visando uma transformação social. Para Freire a educação deve ser libertadora, e que o processo educacional tradicional é autoritário.
Essas teorias podem ser facilmente relacionadas com a pesquisa realizada, como a forma de aprendizagem desejada pelos alunos e a que é oferecida, diante de aspectos como o comportamento que ainda é moldado, desde a infância até a maturidade, sejam aspectos cognitivos, humanistas e socioculturais, a discussão está relacionada às diferentes teorias de aprendizagem e a qualidade do ensino em sala de aula.

Metodologia

Conforme relatado anteriormente a pesquisa é caracterizada como qualitativa e quantitativa, exploratória e descritiva, baseada em pesquisa empírica. Por se tratar, também, de uma pesquisa qualitativa, não há a pretensão de generalização dos resultados; a preocupação maior está na descrição e interpretação do comportamento dos alunos quanto às percepções e expectativas do curso técnico de forma geral.
A população é composta por alunos dos cursos técnicos da área de gestão, do Colégio Politécnico da UFSM, que se mostraram interessados em contribuir com a pesquisa. A amostra foi composta por 25 alunos, dos diferentes cursos técnicos.     Para a coleta dos dados utilizou-se questionário, observação dos participantes e análise de fontes bibliográficas. O questionário foi composto por perguntas objetivas e subjetivas, estruturado com 40 perguntas seccionadas em cinco blocos, divididos em assuntos quanto aos: professores, disciplinas, infra-estrutura, estudantes e grau de satisfação. Cada bloco é composto por perguntas fechadas, que foram avaliadas com uma nota de zero a cinco. O último bloco, referente ao grau de satisfação, contemplou perguntas abertas sobre as expectativas após conclusão do curso.
Após a aplicação dos questionários, os dados obtidos foram catalogados e analisados a partir de tabulação em Software Microsoft Excel e as perguntas abertas foram transcritas para análise. Através da tabulação dos dados obtidos e a partir das informações fornecidas pelos alunos e observação, foi possível identificar características comuns.
A análise dos dados se fez a partir, inicialmente, da revisão da literatura e da sistematização dos dados levantados pelos questionários. Para análise dos dados, quanto às questões subjetivas utilizou-se a técnica de análise de conteúdo (BARDIN, 2011). A análise de conteúdo procura conhecer aquilo que está por trás das palavras sobre as quais se debruça, objetivando compreender criticamente o sentido das comunicações, seus conteúdos e significações explícitos ou ocultos (BARDIN, 2011).
O conhecimento e análise dos dados da pesquisa, podem auxiliar no processo de ensino e aprendizagem, conforme concepção desenvolvida por SALVADOR (1994), o aluno aprende quando, de alguma forma, o conhecimento se torna significativo para ele, ou seja, quando estabelece relações substantivas e não arbitrárias entre o que se aprende e o que já se conhece.
É um processo de construção de significados, mediado por sua percepção sobre a escola, o professor e sua atuação, por suas expectativas, pelos conhecimentos prévios que já possui. A aprendizagem implica, assim, estabelecer um diálogo entre o conhecimento a ser ensinado e a cultura de origem do aluno.

Apresentação e Análise dos resultados

Obter, analisar e trabalhar com os dados coletados de alunos da instituição foi cansativo e gratificante. Quanto à percepção dos alunos sobre o curso conclui-se que no geral os cursos técnicos ofertados pelo Politécnico da UFSM, na área da gestão, possuem ótimos professores, a menor nota foi sobre o interesse dos professores pelo aprendizado dos estudantes, apesar de ter sido conceituado como bom, cabe refletir sobre esse aspecto, onde a falta de interesse se deva, talvez, a grande quantidade de alunos na turma, todas com mais de 30 alunos, e ao pouco tempo para diálogo, devido à quantidade de conteúdos a serem ministrados em curto prazo de tempo.
Quanto às disciplinas, também atendem ao esperado, sendo conceituado como ótimo, a infraestrutura possui a menor nota, principalmente quanto aos horários de ônibus que não atendem às necessidades dos estudantes e a alimentação oferecida nas lancherias e restaurantes não é de boa qualidade, isso se deve ao fato, talvez, de serem comercializados lanches do tipo fast food. Quanto aos estudantes a nota geral também é ótima, porém a mais baixa refere-se aos canais institucionais que não são utilizados pelos alunos para a apresentação de suas demandas e sugestões e o nível de preparo dos colegas da turma que é inadequado às necessidades do curso.
É possível verificar que na escola, os alunos buscam alcançar meios para buscar seus objetivos, mas fortemente influenciados pela ideologia de que mais qualificação gera mais e melhores empregos. Quanto ao grau de satisfação a maior nota foi para os serviços prestados pela instituição, a mais baixa para o desempenho da Secretária Acadêmica, que não atende de forma satisfatória as necessidades dos alunos. O Gráfico 1 apresenta a avaliação geral dos 5 blocos de perguntas, percebe-se claramente que todos possuem boa avaliação, sendo a menor para questões de infraestrutura, especialmente quando a disponibilização de ônibus e alimentação adequada.
Quanto às perguntas subjetivas, dividimos em 2 quadros, o primeiro refere-se as melhorias propostas para a instituição e o segundo sobre as expectativas futuras. O Quadro 1 apresenta as sugestões de melhorias.

            É possível verificar que dos respondentes, cinco ressaltaram a importância da ligação entre teoria e prática e seis destacaram sobre o interesse e importância de viagens de estudo, o que também é defendido por Freire, especialmente quando afirma que a teoria não dita à prática. Outra característica ressaltada pelos alunos diz respeito à infra-estrutura, que também obteve a menor avaliação no geral da pesquisa quantitativa.
           
            É possível observar que a maioria dos alunos respondentes quanto às expectativas futuras, tem boas expectativas sobre o futuro que lhes aguarda, objetivando continuar os estudos ingressando na graduação e/ou no mercado de trabalho. As expectativas fundem-se com a avaliação geral do curso, com uma conceituação ótima reflete também nos sonhos dos alunos, muito presente na teoria sociocultural de Freire, até mesmo as teorias behavioristas, com o comportamento moldado dos alunos de acordo com os padrões exigidos pela sociedade atual ou ainda as teorias humanistas com o crescimento pessoal do aluno.
            Os quadros apresentados demonstram de forma objetiva e clara quais as angustias e desejos dos alunos dos cursos técnicos, muito pode ser relacionado com as teorias de aprendizagem anteriormente abordadas, especialmente no que refere-se a aplicabilidade da teoria na prática, o que refere-se a teoria de aprendizagem significativa de Ausubel, por exemplo. Além das teorias socioculturais, trazer para o dia a dia a teoria.

Considerações Finais

O artigo demonstrou que o processo de ensino-aprendizagem refere-se a aspectos que vão além da simples transmissão de conhecimentos. Entre esses aspectos, encontra-se a percepção do aluno com o curso e suas expectativas futuras. Nenhum aluno mencionou motivação pelos estudos por razão diferente da de atender às demandas do mercado de trabalho e conhecimento, assim, ter uma vida mais digna. Tanto que nas respostas quanto a expectativa futura observa-se que os alunos estão satisfeitos com o curso que frequentam.
            Pode-se observar que a presente pesquisa contempla as diferentes teorias de aprendizagens, e conseguiu-se responder o problema de pesquisa, verificando as percepções que são, em sua maioria, ótimas diante de critérios como professores, disciplinas, alunos, infra-estrutura e grau de satisfação, sendo a infra-estrutura o critério avaliado com a menor nota. Diante das expectativas, observa-se que a maioria dos alunos pretende continuar os estudos, como ir para a graduação, ou ingressar no mercado de trabalho.
            As limitações da pesquisa referem-se à quantidade de alunos participantes, dessa forma, pesquisas posteriores podem ser realizadas em outras áreas com a participação de mais alunos, a fim de buscarmos, cada vez mais, uma educação técnica de qualidade.

Referências

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WATSON, J.B. Psychology as a behaviorist view it.. Psychological Record, 20, 1913.

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Recibido: 07/09/2015 Aceptado: 12/11/2015 Publicado: noviembre de 2015

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