O valor de uso é a capacidade que um produto tem para satisfazer determinadas necessidades do homem ou da sociedade no seu conjunto, através do uso, do consumo ou para servir de meio de produção de outros bens materiais. Esta capacidade resulta das condições naturais, das características das matérias de que o produto é feito e do trabalho concreto despendido na sua produção. O valor de uso está condicionado pelas propriedades físicas, químicas, biológicas e outras propriedades das coisas e também pelas características adquiridas em consequência da actividade humana dirigida a um fim. Algumas coisas satisfazem directamente as necessidades pessoais do homem servindo de objectos de consumo pessoal, como os alimentos ou o vestuário; outras servem como meios de produzir matérias-primas, combustíveis ou ferramentas.
São valores de uso tanto os produtos conseguidos através do trabalho concreto como muitas outras coisas oferecidas pela natureza. É o caso dos “bens livres” como o ar, a água, a chuva que beneficia a cultura dos campos, a energia solar, o solo virgem, os prados naturais, as florestas bravas, os frutos silvestres, etc. Além destes bens naturais, o valor de uso aparece sob a forma de matéria-prima, de meios de trabalho, de produto de consumo ou de mercadoria. Cada coisa pode conter um ou vários valores de uso. À medida que a ciência e a técnica progridem, o homem descobre novas propriedades das coisas e põe-nas ao seu serviço, aumentando assim a diversidade dos valores de uso. Quanto mais elevada é a produtividade do trabalho, tantos mais valores de uso se criam num tempo determinado.
O valor de uso é uma propriedade inerente a toda a coisa útil, independentemente da forma social de produção. A utilidade de uma coisa faz dela um valor de uso, noção qualitativa não mensurável e não redutível a um valor de troca monetário. A utilidade proporcionada pelo valor de uso pode ser avaliada quer de forma objectiva e geral, quer de forma subjectiva e portanto variável dum indivíduo para outro. A avaliação subjectiva proporciona, directa ou indirectamente, a posse ou a utilização dum bem ou serviço, num determinado momento e num determinado contexto social preciso.
O papel do valor de uso altera-se com o modo de produção. Tanto na produção comunal, como na produção tributária ou na produção mercantil, os produtos apresentam-se como valores de uso. Uma coisa pode ser valor de uso sem ser valor, quando não integra trabalho. Quando se transformam em mercadorias têm de se realizar como valores próprios quantitativos, além de antes se terem realizado como valores de uso, e têm de possuir a propriedade de satisfazer as necessidades dos compradores. No regime de produção capitalista, o valor de uso só interessa quando é portador de valor e de mais-valia, pois o seu fim imediato e essencial consiste em extrair lucros.