ANTECEDENTES DO CAPITALISMO

ANTECEDENTES DO CAPITALISMO

Carlos Gomes

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4.7 – VALOR DE TROCA

O elemento quantitativo representado pelo tempo de trabalho necessário à produção, ou seja, o valor, não pode explicar o valor particularizado das trocas em cada situação concreta. O valor não se manifesta de imediato após o acto da produção, mas apenas no acto de troca, por intermédio dum valor de troca. O valor da mercadoria adquire uma forma precisa, no acto de troca propriamente dito, por intermédio da relação quantitativa que se estabelece indirectamente através do valor de outra mercadoria. Esta relação é o valor de troca. Numerosos factores intervêm nas permutas efectivas que alteram a proporção entre valor e valor de troca. Porém, há uma tendência para se aproximarem estes dois valores conforme o tempo e a amplitude das transacções.

Nas relações de troca comparam-se duas espécies de mercadorias, com valores de troca diferentes, em que uma delas desempenha a função de equivalente. A determinação do valor de troca exige que todas as mercadorias possam ser expressas num equivalente geral com propriedades particulares, como sejam: fácil divisibilidade, boa conservação e conter um valor próprio fixo ou de determinação fácil.

O valor de troca duma mercadoria pode variar devido a três ordens de factores: variações no valor da mercadoria que se encontra na forma relativa, mantendo-se constante o valor da mercadoria equivalente; variações no valor da mercadoria equivalente, mantendo-se constante o valor da outra mercadoria; variações simultâneas no mesmo sentido ou em sentidos opostos, na mesma proporção ou em proporções diversas.

O valor de troca corresponde ao valor individual das mercadorias produzidas num determinado ramo de produção, segundo os meios utilizados pelo produtor, o processo de trabalho, o nível técnico de organização da produção e a produtividade. Isto origina que seja diferente, no tempo e no espaço, a quantidade necessária de trabalho para laborar uma unidade de produto da mesma qualidade, nas condições médias de produção socialmente normais.

Entre os factores que influenciam o valor de troca incluem-se: a circulação, a fragmentação dos mercados numa série de zonas mercantis mais ou menos separadas em consequência da fragilidade dos sistemas de conservação ou de transportes. O valor de troca é ainda influenciado pelas diferentes condições económicas existentes nos domínios estatais ou senhoriais, nos mercados ou nos concelhos. As determinantes do valor de troca tendem a agir em áreas delimitadas dentro das regiões onde predominam transacções comerciais, o que possibilita um comércio com uma grande margem de especulação.