A relação entre cinema e espaço geográfico, as pontes entre o universo cinematográfico e os lugares, a paisagem e o território, abrem um extenso campo de análise teórica e empírica, de reflexão e exploração de estudos de caso. Estes podem ser vistos partindo de alguma geografia em particular, mas podem também ser abordados em sentido contrário, a partir de uma obra ou de um cineasta que acrescente olhares, perceções e perspetivas muito particulares sobre este mundo de territorialidades complexas.
É importante descodificar estes olhares, o modo criativo como se representam estas geografias no pequeno ou no grande ecrã, como se comprimem estas realidades dinâmicas e complexas em enquadramentos que, muito para além dos dados objetivos dos lugares e das pessoas nesses lugares, traduzem valores, correntes estéticas, preocupações, movimentações específicas da câmara e de quem a orienta.
No entanto, o cinema e a linguagem cinematográfica não se encerram no plano de um ecrã, nem se completam com a obra finalizada e exibida. A relação entre cinema e geografia será mais fluída e flexível porque é sistémica e, pelo menos, biunívoca. O cinema pode representar e apropriar paisagens mas estas últimas não lhe são indiferentes, não permanecem iguais, como se nada ali tivesse ocorrido.
O cinema também modelará lugares, construirá paisagens e condicionará territorialidades. Um filme mostra mas também esconde, aproxima e afasta a câmara, faz opções, enviesa perspetivas. Com isso, imprime um rasto, estimulará atratividades e repulsas, terá efeitos diretos e indiretos que devem ser discutidos, promoverá uma imagem que se vai inscrevendo e condicionando comportamentos.
São estas as múltiplas orientações que se pretendem cruzar e integrar na obra com o título Territórios do Cinema: representações e paisagens da pós-modernidade, um trabalho coletivo, organizado por capítulos de autoria individual, que problematiza este trajeto infinito e múltiplo entre os filmes e as geografias que todos, de algum modo, vamos vivendo e percecionando.
Geografias de sutura e políticas de estranhamento. A heteroglossia da paisagem no cinema de Pedro Costa.
Ana Francisca de Azevedo
Lost Geographies and Post-Cartographic Cinema.
Joseph Palis
Os espaços em volta.
Fausto Pereira
O espaço fílmico entre a metáfora e a realidade.
Jorge Seabra
A Geografia, a Literatura e o Cinema – olhares cruzados. A Selva – Ferreira de Castro (1929) e Fitzcarraldo - Werner Herzog (1982).
Fernanda Cravidão e Tiago Cravidão
A Cidade das Imagens: Três Olhares Fílmicos de Hoje
Sérgio Dias Branco
Lisbon Story. Fado and the Imaginative Soundscape of the City in German Cinema.
Torsten Wissmann
Anatopias cinematográficas em contexto geográfico. Contributo para a (des)construção de paisagens imaginadas.
Fátima Velez de Castro e António Campar de Almeida
O papel dos Serviços de Informação Locais para a mediação e comunicação da mensagem cinematográfica
Maria Beatriz Marques
O cinema e o ecrã omnipresente nas paisagens e nas territorialidades contemporâneas