Observatorio Economía Latinoamericana. ISSN: 1696-8352
Brasil


EMPRESAS SUSTENTÁVEIS: A UTILIZAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL NA CONFECÇÃO DOS ARTESANATOS PELAS EMPRESAS VINCULADAS A INCUBADORA AMIC

Autores e infomación del artículo

Elder Campos da Silva*

Francisco Alcicley Vasconcelos Andrade**

Universidade Federal do Amazonas

campos.elder@hotmail.com

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Resumo: Esse estudo teve por objetivo identificar como acorre o processo de gestão ambiental, praticado por artesãos criativos do município de Parintins/AM, a partir dos relatos de experiência dos próprios. De acordo com os dados da pesquisa tem-se evidências de que eles, mesmo sem possuir um saber técnico sobre os conceitos de assuntos relacionados, como Sustentabilidade, Educação Ambiental, entre outros, possuem uma vasta experiência e consciência no que refere a prática da conservação ambiental alinhada ao seu processo produtivo.A estratégia metodológica pautou-se em uma abordagem qualitativa, valorizando os dísticos proferidos pelos informantes desse estudo. Para a coleta dos dados foram realizadas entrevistas a partir de um roteiro de perguntas junto aos empreendedores, além da técnica da observação direta e do diário de campo, sobre a organização produtiva dos informantes. Os resultados indicam que existe uma parcela significativa de artesãos em Parintins que são empreendedores do ramo de artesanato e que compreendem a importância de se ter uma relação de respeito com o meio ambiente, utilizando sua riqueza de forma sustentável.

Palavras-Chave: Empreendedorismo, Artesanato, Gestão Ambiental, Sustentabilidade.

 

SUSTAINABLE COMPANY: THE USE OF ENVIRONMENTAL MANAGEMENT IN THE MANUFACTURE OF HANDICRAFTS BY COMPANIES LINKED TO AMIC INCUBATOR.

Summary: This study aimed to identify how the process of environmental management practiced by creative artisans in the city of Parintins / AM is based on their own experience reports. There is evidence that they, even without having a technical knowledge on the concepts of related subjects, such as Sustainability, Environmental Education, among others, have a vast experience and awareness regarding the practice of environmental conservation aligned with their production process. The methodological strategy was based on a quantitative and qualitative approach, valuing the signs given by the informants of this study. For the data collection, interviews were carried out based on a script of questions with the entrepreneurs, as well as the technique of direct observation and the field diary, about the productive organization of the informants. The results indicate that there is a significant number of artisans in Parintins who are entrepreneurs in the handicraft sector and who understand the importance of having a respectful relationship with the environment, using their wealth in a sustainable way and, in addition, the incentive to Near the practice of entrepreneurship were actions of the ancestors.

Keywords: Entrepreneurship, Crafts, Environmental Management, Sustainability.


Para citar este artículo puede uitlizar el siguiente formato:

Elder Campos da Silva y Francisco Alcicley Vasconcelos Andrade (2017): “Empresas sustentáveis: a utilização da gestão ambiental na confecção dos artesanatos pelas Empresas vinculadas a Incubadora AMIC”, Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, Brasil, (junio 2017). En línea:
http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/17/gestao-ambiental-artesanatos.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/br17gestao-ambiental-artesanatos


  1. INTRODUÇÃO

Empreendedorismo é a possibilidade de se criar novas oportunidades de trabalho e renda a partir de uma ideia inovadora e criativa, fundamentado em estratégias de gestão eficientes e eficazes. Em tempos de crise empreender em novos negócios se torna uma alternativa atraente para se integrar novamente a um mercado economicamente ativo (Chiavenato, 2007).
Contudo, o empreendedorismo não pode estar atrelado somente a esses momentos, é preciso promover políticas voltadas para o desenvolvimento de uma cultura empreendedora nos diversos espaços e segmentos sociais.
O município de Parintins no Amazonas é reconhecido mundialmente pelo seu festival folclórico, o qual ocorre na última semana mês de junho. Nesse período há uma supervalorização da cultura amazônica, nas alegorias e artes criadas pelos artistas e empreendedores.
Esse município pode ser reconhecido como uma cidade com grande potencial para se tornar uma empreendedora e criativa, visto possuir belezas naturais próprias da Amazônia assim como um capital humano altamente criativo.
Destacam-se nesse, inúmeros empreendedores do ramo do artesanato, sendo essa uma atividade econômica que abarca boa parte da economia do Município. Esses empreendedores produzem sua arte juntamente com seus familiares, caracterizando essa atividade como estritamente familiar, sendo essa extremamente valorosa para atender as necessidades de sobrevivência de seus membros.
A principal marca que destaca o trabalho deles além da cultura é a utilização de material oriundo da natureza e a reutilização de material reciclado, em que não há desperdício de matéria prima que em muitas vezes é recolhido ou doado por outras empresas que às descartam, tornado os produtos com alto valor agregado.
Frente ao exposto, o objetivo central deste estudo é analisar como são feitas as práticas de gestão ambiental pelos artesãos empreendedores que são assessorados pela Incubadora Amazonas Indígena Criativa - AmIC, tendo em sua totalidade 5 (Cinco) empresas, sendo uma de características indígena, e uma Cooperativa de Turismo de Base Comunitária – TBC com sede em uma comunidade na zona rural.

  1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
    1. EMPREENDEDORISMO

Empreendedorismo é uma das áreas em ascensão na economia brasileira, em especial pela motivação das transformações econômicas, sociais e tecnológicas ocorridas em tempos recentes. Essas mudanças ocorreram principalmente a partir do século XX, quando foi o auge das invenções que revolucionaram mudando totalmente o cenário econômico e o estilo de vida das pessoas.
As inovações foram criadas por pessoas visionárias em busca de produtos e serviços diferenciados e facilitadores do viver em sociedade. Foi nesse contexto onde se elaborou o conceito de empreendedor sendo ele descrito como uma pessoa diferenciada, com motivações singulares e sempre em busca de estratégias criativas e inovadoras, resultando em geração de trabalho e renda.
De acordo com Dornelas (apud Shumpter, 2013), o empreendedor é mais conhecido como aquele que cria novos negócios, mas pode também inovar dentro de negócio já existente; ou seja, é possível ser empreendedor dentro de empresas já constituídas. Neste caso o termo que se aplica é o empreendedorismo corporativo.
Segundo Brito (2013), após o período consolidação do empreendedorismo no mercado, passou então a se disseminar e ser praticado pelo mundo, chegando no Brasil e tomando força a partir dos anos de 1990, quando entidades como SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio Às Micros e Pequenas Empresas) e Softex (Sociedade Brasileira para exportação de Software) foram criadas.
Em anos anteriores o país não possuía nenhum tipo de projeto, política pública ou órgão que pudesse incentivar a criação de empresas e auxiliá-los quando necessário, com isso dando um direcionamento plausível para o empreendedor. Hoje no Brasil o SEBRAE é uma das instituições mais conhecidas e reconhecidas pelo pequeno empresário brasileiro, pois o mesmo atua diretamente no fortalecimento dos empreendimentos em todo país, contribuindo significativamente para o fortalecimento da economia.
O SEBRAE é a instituição mais atuante no Brasil com relação à abertura de empresa, como por exemplo, a Lei Complementar 128/2008 criou a figura do Microempreendedor Individual – MEI, com vigência a partir de 01/07/2009. Essa lei permite ao empreendedor ter receita bruta de até R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) e fazer parte desta categoria, com isso obtendo seguro de todos seus direitos legais de uma empresa, deixando a informalidade.
Os poucos artesão Parintinenses que trabalham de forma legal, são classificados como Micro-Empreendedores Individuais, e abarcam uma parte significativa da economia local.

    1. . O ARTESANATO EM PARINTINS

Os artesãos de Parintins apresentam em seu perfil característica essencial para o sucesso de seus empreendimentos - a cultura empreendedora. Entende-se pela cultura empreendedora esse processo de reprodução, de saberes, valores, ideias e ações de empreendedorismo tanto no âmbito das famílias como daqueles envolvidos na organização produtiva. Contudo, essa cultura empreendedora não é observada entre outros empreendedores presentes no município de Parintins, somente apenas na categoria dos artesãos.
A cultura empreendedora criativa em Parintins/AM ainda é pouco difundida, de acordo com os entrevistados não há um incentivo das escolas e da gestão pública no desenvolvimento do empreendedorismo como alternativa eficaz para geração de trabalho e renda. Em tempo de redução dos postos de trabalho no mercado formal, empreender pode se tornar um bom negócio, mas para tanto se faz necessário incentivos locais para tal ação. Os artesãos já tinham uma ideia do que era o empreendedorismo, porém esse conhecimento era muito superficial de modo que não supri a necessidade de cada empreendedor acerca de seu negócio.
Empreender é um grande desafio para qualquer indivíduo que deseja abrir seu próprio negócio, ainda mais quando não se tem um conhecimento bem ampliado com relação ao mercado que pretende atuar, assim aumentando seu risco de sobrevivência no mercado e diminuindo sua expectativa de sucesso. Dos empreendimentos pesquisados em sua maioria praticam o empreendedorismo por necessidade, por perceber em seu trabalho uma fonte de geração de renda para o sustento de sua família, sendo que não havia por parte deles um domínio de gerir seu próprio negócio.
É o notório a carência de conhecimento na área de gestão dessas microempresas, isso impacta diretamente nos resultados e faturamentos das organizações, levando às vezes a falência. Além disso, nota-se uma ausência significativa por porte do poder público municipal, que não promove nenhum tipo de política pública em benefício dessa classe, assim deixando-os à deriva com pouca ou nenhuma expectativa de melhoria de suas condições de trabalho e vida.
Segundo Lopes e Amaral (2008), políticas públicas podem ser definidas como um conjunto de ações e decisões do governo, voltadas para a solução (ou não) de problemas da sociedade. Dito de outra forma é a totalidade de ações, metas e planos que os governos (nacionais, estaduais ou municipais) traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público.
Ações e programas voltados para o desenvolvimento do empreendedorismo ainda são destinados a uma pequena parcela de empreendedores, estando mais situados nas grandes cidades e capitais do país.
No interior do Estado do Amazonas, essas ações ainda são escassas, tornando iniciativas por meio de instituições como Universidades uma ótima oportunidade para o desenvolvimento local dos empreendedores, através de seus cursos oferecidos principalmente o de Administração que é uma área que está totalmente ao empreendedorismo.
Os empreendedores quando perguntados sobre os incentivos do poder local para o desenvolvimento do empreendedorismo na cidade, os mesmos indicam haver negligência corrente.  No período que acontece o festival folclórico, onde a cidade recebe inúmeros turistas. Fora esse período os mesmos dependem das próprias iniciativas e dos próprios recursos para buscar novidades e desenvolvo ver produtos criativos para atender a demanda dos clientes. K. Silva Artesã afirma:

O único incentivo que a gente tem é no período do Festival, que vem a SETRAB (Secretaria do Trabalho do Estado do Amazonas), traz o Shopping Catedral, coloca os artesãos lá, naquilo lá, pra vender seus produtos, e nós somos uns dos que se destacam bastante nisso, mas isso é só no período do Festival, incentivo do governo assim, só pelo período do festival K. SILVA, (2016).

As falas indicam as dificuldades em envolver os jovens na produção artesanal, até mesmo para se tornarem um empreendedor visto essas atividades terem períodos de altas e baixas, não dando uma garantia na renda a ser auferida, o que gera insegurança e falta de interesse para os jovens se manterem nessas atividades.

Assim, nós tentamos envolver todo mundo na produção, nossos filhos nos ajudam, mas às vezes reclamam né, porque em épocas temos bastante trabalho e em outras não, e o retorno às vezes é demorado. Além disso, eles possuem outras ocupações como escola e faculdade, e por isso priorizamos o estudo deles (L. ALFAIA, 2016).

É preciso que o Gestor Público local aliado com o SEBRAE, Institutos e Universidades promovam um conjunto de ações direcionadas a incentivos aos jovens desde o período escolar a produzirem ideias inovadoras e criativas, fomentando o empreendedorismo local, além do que criar estratégias para que os empreendedores criativos não fiquem reféns de apenas um festival, mas para ter continuidade durante todo o ano, para isso é necessário abrir novos mercados e oportunidades.
Por fim, apresentar à juventude a importância de aprender a empreender já levando em conta o cuidado com o meio ambiente tendo o conhecimento do conceito de desenvolvimento sustentável.

 

    1. SUSTENTABILIDADE E SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL- SGA

O desenvolvimento sustentável nas organizações apresenta 3 (três) dimensões, que são: a econômica, a social e a ambiental (DIAS, 2011). Do ponto de vista econômico a sustentabilidade dispõe que as empresas devem ser economicamente viáveis, ou seja, deve ser rentável e possuir um retorno ao capital investido.
Assim, do ponto de vista social, deve apresentar um modo de vida mais satisfatório aos seus colaboradores e investir na diversidade cultura dos povos em torno do lugar onde acorre o processo produtivo. Finalmente, do ponto de vista ambiental, a organização deve se pautar pela ecoeficiência dos seus processos, adotar a produção mais limpa, oferecer condições para o desenvolvimento de uma cultura ambiental e ademais incentivos para a melhor eficiência dos processos e produtos para que futuramente não agridam o meio ambiente (DONAIRE, 2008).

De acordo com Barbiere (2011), o SGA é uma ferramenta gerencial que determinadas empresas utilizam para controle e gerenciamento dos recursos provenientes do meio ambiente. Pode ser definido como um conjunto de políticas, ações e procedimentos técnicos administrativos das organizações e tem como objetivo o melhor desempenho ambiental, ou seja, que seus produtos sejam ecologicamente corretos atendendo todas as normas ambientais legais. Este mesmo autor acrescenta que o SGA é um conjunto de atividades administrativas e operacionais inter-relacionadas para abordar os problemas ambientais atuais ou para evitar o seu surgimento.
Além disso, pode-se utilizar o SGA como estratégia e de competitividade frente a concorrência, pois a proposta do SGA aplicada às empresas traz inúmeros benefícios, como a redução de riscos de acidentes ecológicos e a melhoria significativa na administração dos recursos energéticos, materiais e humanos, o que tem um impacto positivo direto nas contas de água e luz. O fortalecimento da imagem da empresa junto à comunidade, assim como aos fornecedores, stakeholders, clientes e autoridades também entram na lista das vantagens de se seguir um modelo verde de gerenciamento.
É possível afirmar que os empreendedores quando se trata da conservação ambiental possuem o conhecimento que se não usarem a matéria prima natural de forma consciente, futuramente não haverá mais para sustentar o processo produtivo.
Assim, os processos que um sistema de gestão ambiental necessita para ser considerado como tal, são praticados por esses indivíduos no momento em que adquirem a matéria-prima para dá início ao processo elaboração e produção dos artesanatos, ou seja, eles possuem o cuidado de usar os recursos naturais de maneira racional, de forma que não comprometa o meio ambiente e seus componentes.
A ideia é praticar a sustentabilidade socioambiental pensando na continuidade do negócio configurando assim, uma empresa sustentável preocupada com os impactos que pode ocasionar ao meio ambiente.  

  1. EMPRESAS SUSTENTÁVEIS

As empresas são as principais responsáveis pelo esgotamento dos recursos naturais, pois, extrai de lá todos os insumos possíveis para a produção de bem que serão utilizados pelas pessoas. Nos últimos anos, em decorrência dos impactos que vem causando ao meio ambiente e a sociedade as empresas buscam melhores práticas, no que diz respeito à produção e na responsabilidade social que envolve suas atividades de redução ou amenização dos malefícios que produz, mesmo que por força de legislação.
Entretanto, o importante papel que as organizações assumem é imprescindível e apenas com um estratégico de gestão podem-se ter perspectivas positivas (DIAS, 2011). Logo, as empresas vêm lutando contra os efeitos que suas ações estão causando deste o início da Revolução Industrial no século XIX onde foi o começo da nova era de organizações.
De acordo com BARBIERI & CAJAZEIRA (2009), empresa sustentável é aquela procura incorporar os conceitos e objetivos relacionados com o desenvolvimento sustentável, seja em suas políticas e práticas, forma consistente com responsabilidade social, contribuindo de forma efetiva para o desenvolvimento sustentável. Para a empresa, a incorporação desses objetivos significa obter estratégias de negócios e atividades que consigam atender às necessidades das empresas atuais, sustentando e aumentando os recursos humanos e naturais que serão necessários no futuro.
Hoje em dia, com a expansão desse ideal de desenvolvimento sustentável, as empresas estão cada vez mais se sentindo obrigadas a buscar práticas alternativas de produção e prestação de serviços que não prejudiquem o meio ambiente, e que estejam de acordo com os preceitos de responsabilidade social (MAXIMIANO, 2012). Atualmente, a sustentabilidade empresarial não é um dos temas principais dentro das organizações, porém vem ganhando espaço a partir do conhecimento que os consumidores estão adquirindo a respeito desse assunto e da sua importância.
 As empresas interessadas em empregar a sustentabilidade empresarial no seu contexto realizam práticas relacionadas à otimização do uso dos recursos ambientais em suas atividades e a diminuição do seu impacto no meio ambiente. Além disso, muitas organizações estão criando projetos ligados à inclusão social e respeito às diferenças. Ou seja, as empresas estão abandonando o modo individualista de trabalho para começar a pensar no coletivo, no interesse de todos, hoje e no futuro, identificando todas as características do seu processo produtivo e composição dos produtos.
Portanto, as empresas possuem uma nova doutrina, que coloca em primeiro lugar a qualidade de seus produtos e suas ações junto a comunidades e aos agentes diretamente ligados a ela, incluindo as ações de preservação e revitalização do ambiente, para melhor impactar o publico externo.

  1. MATERIAIS E MÉTODOS

Como estratégia metodológica utilizou-se a abordagem qualitativa, valorizando os dísticos proferidos pelos informantes na pesquisa de campo.
O universo desta pesquisa foi constituído por artesãos empreendedores criativos do município de Parintins. A amostra corresponde a 04 artesãos empreendedores assessorados pela Incubadora AmIC.
Para a coleta dos dados foram realizadas entrevistas a partir de um roteiro de perguntas semiabertas aplicado aos 04 empreendedores incubados pela AmIC, além da técnica da observação direta e do diário de campo, abordando a organização e gestão ambiental produtiva dos informantes.
Por fim a análise dos dados foi através da discussão entre os dísticos proferidos pelos informantes da pesquisa mais a apreciação teórica acerca da gestão ambiental e desenvolvimento local para melhor enriquecimento do tema abordado na pesquisa.

  1. ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1. ANÁLISE DA DIMENSÃO AMBIENTAL

A análise ambiental envolve desde a preservação dos recursos naturais até os processos produtivos utilizados pelo empreendimento. É possível observar que os empreendimentos utilizam os seus recursos de forma eficiente, no que diz respeito às matérias-primas utilizadas na produção é possível notar que são insumos naturais e resíduos sólidos descartados pela população.

Os dados do quadro acima, destaca de forma minuciosa a matéria prima utilizada por cada artesão e que forma ela é adquirida.É possível observar a capacidade de ajuste aos efeitos que normalmente uma empresa causa ao meio ambiente e o uso da criatividade dos artesãos, quanto a realidade no uso de materiais que antes seriam descartados e considerados inúteis para a maior parte da população.
Assim, existe uma relação “ganha-ganha”, ou seja, significa que a negociação existente entre as partes interessadas tem uma característica incomum: ninguém perde, todos ganham.Além disso, com o incentivo à transformação de materiais descartados, ocorrem ganhos no contexto macro da cidade, pois além de diminuir o volume de lixo acumulado, gera-se renda para empreendimentos e movimenta a economia.
Diante do exposto, percebe-se como os empreendimentos seguem o modelo de produção limpa, uma vez que segundo Dias (2011) a produção limpa tem o propósito sustentável de transformar os recursos naturais em produtos que geram baixo impacto ambiental.
A preocupação dos artesãos quanto à preservação do ecossistema também se reflete no momento da compra de matéria-prima de terceiros, pois esses procuram se informar sobre a procedência e legalidade dos materiais de fornecedores.

Procuro sempre verificar com as empresas a procedência do seu material, pois se um fornecedor não segue os padrões certos com o ambiente a minha própria empresa pode ficar com uma imagem negativa (M. MARTINS, 2016).

Portanto, é possível notar a consciência que os empreendedores dispõem para com o processo produtivo que envolve o seu trabalho como artesão. Assim sendo, o processo produtivo segue, também, a mesma linha de responsabilidade com o meio ambiente

4.2. PROCESSO PRODUTIVO
Os artesãos já possuem um conceito de sustentabilidade apropriado, entendem a importância de utilizar produtos naturais sem degradar a natureza. A partir deste pressuposto, buscam meios corretos de adquirir a matéria prima, a exemplo disto pode-se destacar que a madeira utilizada é quase toda recolhida das sobras das marcenarias do polo moveleiro.
Além disso, alguns já até plantam suas próprias sementes, como por exemplo, açaí e tento, que são os destaques nos colares. Procuram também reutilizar materiais recicláveis, como garrafas pet, borra de café e caroços de frutos colhidos como castanha, cuia e tucumã, ou seja, trabalham especificamente com a natureza. Quase tudo é reutilizado, salvo os materiais secundários.

O processo produtivo é uma das etapas mais importantes existentes na confecção dos produtos, pois é nesse momento em que a formação e característica de cada objeto irá ser produzido, ou seja, é a fase crucial que em hipótese alguma pode haver erro. Ocorre de forma semelhante em todas as empresas da incubadora. A seguir temos descrito pelo Sr. Marivaldo Martins o processo de produção de seus produtos.

Tudo começa com a matéria prima, cultivo algumas sementes usadas em colares, mas a maioria é reaproveitada do Polo Moveleiro, onde vou e busco o que as Marcenarias descartam. Em seguida deixo secar a madeira, e após esse processo de pelo menos uma semana, eu começo a cortar e adequar as peças a todos os meu produtos, como brincos, quadros, jogo americano. O Acabamento é feito em selador, que deixa peça com uma aparência sofisticada, e após isso embalada e entregue ao cliente (M. MARTINS, 2016).

Na fala do artesão, é possível identificar o que já foi apontado neste trabalho, que é a preocupação de reutilizar matérias sem a necessidade de fazer novas explorações.
Os artesão K. Brito e L. Alfaia destacam a utilização de matéria prima orgânica nos produtos.

Para a modelagem dos animais em miniatura que enfeitam as canetas e os chaveiros, eu uso a borra do café, que é um material semelhante ao biscuit, só que é muito mais resistente e fácil e se manusear (K. Brito, 2016).

Alguns colares que eu faço, são feitos com ossos de boi, pois foi um meio que vi de inovar nos meus produtos. Com isso, consigo fazer um produto diference e sem degradar o meio ambiente (L. Alfaia, 2016).

É importante ressaltar que a matéria-prima precisa estar nas condições compatíveis sendo que os artesãos apontam que matéria prima natural, principalmente a madeira, que é um ser vivo e necessita estar seca para que não sofra nenhuma avaria durante e depois do processo de produção.
Destarte, esses trabalhadores demostram grande apreço pela que a natureza lhes põe a mão, e em contra partida eles sentem-se no dever de cuidar dela sem prejudica-la e sem prejudicar sua atividade da qual tira o seu sustendo e de sua família.

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Evidenciou-se nos dísticos dos artesãos que há um interesse e mesmo ações isoladas da gestão ambiental em seus empreendimentos. Ao utilizarem da sabedoria popular estes cuidam do ambiente, produtor das matérias-primas indispensáveis a sua subsistência, com o objetivo de preservar a natureza, deixando a oportunidade para seus filhos e netos, assim como para que outras pessoas também possam desfrutar da mesma. 
Há uma necessidade de se promover uma cultura empreendedora da gestão ambiental no município. Evidenciou-se nos dísticos dos artesãos que há um interesse e mesmo ações isoladas da gestão ambiental em seus empreendimentos. Ao utilizarem da sabedoria popular estes cuidam do ambiente que produz as matérias-primas indispensáveis a sua subsistência.
 Os informantes apresentaram uma ampla apropriação do significado do empreendedorismo para sua vida profissional, entendem sua produção como um diferencial tanto para representar a cultura amazônica quanto para gerar trabalho e renda para seus familiares e terceiros contratados durante o período de maior demanda, o festival folclórico de Parintins.
Os informantes apresentaram uma ampla apropriação do significado do empreendedorismo para sua vida profissional, entendem sua produção como um diferencial tanto para representar a cultura amazônica quanto para gerar trabalho e renda para seus familiares e terceiros contratados durante o período de maior demanda: o festival folclórico de Parintins, bem como do desenvolvimento econômico e social da localidade. 


  1. REFERÊNCIAS

BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 3. ed. atual e ampliada São Paulo: Saraiva, 2011.

CALDAS, Ricardo Wahrendoff.  Políticas Públicas: conceitos e práticas. Supervisão por Brenner
CHUNG, L. H.; GIBBONS, P. T. Corporate Entrepreneurship: the roles of ideology and social capital.Group & Organization Management, Sage Publications, v. 22, n. 1, p. 10-30, 1997.

DOLABELA, F. Oficina do empreendedor. São Paulo: Cultura, 1999.

DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo corporativo: como ser empreendedor, inovar e se diferenciar na sua empresa. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

DREHER, M. T. Empreendedorismo eresponsabilidade ambiental: uma abordagem deempreendimentos turísticos. Tese (Doutorado emEngenharia da Produção) – Universidade Federal deSanta Catarina, Florianópolis, 2004.

LARAIA, Roque de Barros, 1932- 1.331c.Cultura: um conceito antropológico / Roque 14.ed. de Barros Laraia.— 14.ed. — Rio de Janeiro: Jorge"Zahar Ed., 2001  (Antropologia social).

LOPES e Jefferson Ney Amaral; coordenação de Ricardo Wahrendoff Caldas – BH: SEBRAE/MG, 2008.

PORTAL TRIBUTÁRIO:http://www.portaltributario.com.br/guia/mei.html. Acesso em 27/08/2016 às 14:00.

SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. 1ª edição 1983. 6ª edição. Editora Brasiliense, 1987.

DONAIRE, Denis: Gestão Ambiental na empresa / Denis Donaire. – 2. Ed. – 10 reimpr. – São Paulo : Atlas, 2008.

DIAS, Reinaldo: Gestão Ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade / Reinaldo Dias. – 2. Ed. – São Paulo: Atlas, 2011.
BARBIERI, J. C.; CAJAZEIRA, J. E. R. Responsabilidade social empresarial e empresa sustentável: da teoria à prática. São Paulo: Saraiva, 2009

BRITO, Andréia Matos. Empreendedorismo / Andréia Matos Brito; Pedro Silvino Pereira; Ângela Patrícia Linard: ilustrado por: Cássio Fernandes Lemos; Marcel Santos Jacques; Rafael Cavalli Viapiana; Ricardo Antunes Machado. – Juazeiro do Norte: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE, 2013.

CHIAVENATO, Idalberto: dando asas ao espirito empreendedor:  empreendedorismo e viabilidade de novas empresas: um guia eficiente para iniciar seu próprio negócio / Idalberto Chiavenato. - 2d. rev. e. atualizada. – São Paulo: Saraiva, 2007.

* Graduando em Administração pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM, Campus Parintins. Pós-Graduando em Gestão Empresarial pelo Instituído de Apoio Superior do Norte – EDUCANORTE tendo como órgão certificador a Faculdade de Ciências de Wenceslau Braz - FACIBRA. Bolsista Voluntário na Incubadora Amazonas Indígena Criativa – AmIC. Atuante em projetos de extensão junto à comunidade. Possui Interesse nos seguintes temas de estudo: Empreendedorismo, Planejamento Estratégico, Desenvolvimento Local, Organização de Aprendizagem, Educação Ambiental.

** Mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia - PPGCASA/ UFAM. Possui graduação em ADMINISTRAÇÃO pela Universidade Federal do Amazonas (2011), graduação em GEOGRAFIA pela Universidade do Estado do Amazonas (2010), Especialização em Turismo e Desenvolvimento Local pela Universidade do Estado do Amazonas (2011) e Pós-Graduado em MBA em Gestão em Logística e Operações Globais pela Universidade Gama Filho. Foi professor de Geografia, Ecoturismo e Ecologia Básica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas/ Campus Parintins e professor assistente do Curso de Tecnologia em Gestão Pública da Universidade do Estado do Amazonas/ Núcleo de Estudos Superiores de Borba. Atualmente é professor de carreira do curso de Administração no Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia – ICSEZ/ UFAM. falcicley@gmail.com


Recibido: 19/05/2017 Aceptado: 11/08/2017 Publicado: Agosto de 2017

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