Observatorio Economía Latinoamericana. ISSN: 1696-8352
Brasil


A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO COMO FATOR DE CRESCIMENTO NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Autores e infomación del artículo

Tycia Naly De Sousa Nascimento*

Rickardo Léo Ramos Gomes**

Universidade Federal do Ceará

rickardolrg@yahoo.com.br

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RESUMO

O Brasil é um país que tem na sua economia empresas que são caracterizadas pelo seu tamanho segundo o número de empregados e a sua receita. Essas empresas são responsáveis hoje por empregarem a maioria da mão de obra do país e são conhecidas como micro e pequenas empresas, nesse sentido, presente estudo que versa sobre a importância da gestão do capital de giro como fator de crescimento nas micro e pequenas empresas têm como objetivo geral demonstrar a importância do capital de giro para microempresas. Como objetivos específicos buscam-se: conhecer a legislação no que tange as micro e pequenas empresas; compreender o que seja capital de giro; esclarecer a importância de recursos estáveis para as microempresas frente às adversidades. As hipóteses que norteiam o estudo As hipóteses norteadoras da pesquisa têm como eixo as questões relativas aos pressupostos de que: Os microempreendedores não conhecem a importância do capital de giro para a permanência no mercado em eventuais crises. Portanto, a metodologia proposta para a realização da pesquisa científica foi embasada em autores a exemplo de Assaf Neto (2002), Pinheiro (2011) e Machado (2012) que tratam do tema. Para tanto, quanto aos meios, a pesquisa constitui-se de base bibliográfica e empírica. Os resultados da pesquisa empírica apontam que para que as MPEs tenham sucesso às mesmas através de seus gestores devem ter como objetivo precípuo o bom gerenciamento do seu capital de giro, evitando que as despesas sejam maiores que suas receitas para que as mesmas não entrem nas estatísticas de sobrevivência média de doze meses.

Palavras – chave: Capital de Giro, Micro e Pequenas Empresas, Administração de Caixa.
RESUMEN
El Brasil es un país que tiene en su economía empresas que se caracterizan por su tamaño según el número de empleados y su receta. Estas empresas son responsables hoy por recurrir a la mayoría de la mano de obra del país y son conocidas como micro y pequeñas empresas, en este sentido, el presente estudio que versa sobre la importancia de la gestión del capital de trabajo como el factor de crecimiento de las micro y pequeñas empresas tienen como objetivo general demostrar la importancia del capital de trabajo para microempresas. Como objetivos específicos se buscan: conocer la legislación en lo que respecta a las micro y pequeñas empresas; comprender lo que es el capital de trabajo; aclarar la importancia de los recursos estables para las microempresas frente a las adversidades. Las hipótesis que guían el estudio de las posibilidades norteadoras de la investigación tienen como eje las cuestiones relativas a los supuestos de que: Los micro-emprendedores no conocen la importancia del capital de trabajo para la permanencia en el mercado en eventuales situaciones de crisis. Por lo tanto, la metodología propuesta para la realización de la investigación científica fue sustentada en autores como Assaf Neto (2002), Pinheiro (2011) y Machado (2012) que tratan el tema. Para tanto, en cuanto a los medios, la investigación se constituye de la base bibliográfica y empírica. Los resultados de la investigación empírica señalan que para que las MPEs tengan éxito a las mismas a través de sus gestores deben tener como objetivo precípuo la buena administración del capital de trabajo, evitando que los gastos sean mayores que sus ingresos para que las mismas no entren en las estadísticas de supervivencia media de doce meses.
Palabras clave: Capital de trabajo; Micro y Pequeñas Empresas; Administración de Caja.

ABSTRACT

Brazil is a country that has in its economy companies that are characterized by their size according to the number of employees and their income. These companies are responsible today for employing the majority of the country's workforce and are known as micro and small enterprises, in this sense, this study that deals with the importance of working capital management as a growth factor in micro and small enterprises have As a general objective to demonstrate the importance of working capital to microenterprises. Specific objectives are: to know the legislation regarding micro and small enterprises; Understand what is working capital; Importance of stable resources for micro-enterprises in the face of adversity. The hypotheses that guide the study The hypotheses guiding the research are based on the assumptions that: Microentrepreneurs do not know the importance of working capital to stay in the market in eventual crises. Therefore, the methodology proposed for the accomplishment of the scientific research was based on authors such as Assaf Neto (2002), Pinheiro (2011) and Machado (2012) that deal with the theme. For this, as for the means, research is based on a bibliographical and empirical basis. The results of the empirical research point out that in order for SMEs to succeed through their managers, they must have as their main objective the good management of their working capital, avoiding that the expenses are greater than their revenues so that they do not enter into the Survival statistics of twelve months.

Subject Descriptor (JEL): Investment • Capital • Intangible Capital • Capacity E22; Business Economics M21;
Keywords: Working Capital. Micro and Small Business; Cash Management.


Para citar este artículo puede uitlizar el siguiente formato:

Tycia Naly De Sousa Nascimento y Rickardo Léo Ramos Gomes (2017): “A importância da gestão do capital de giro como fator de crescimento nas micro e pequenas empresas”, Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, Brasil, (mayo 2017). En línea:
http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/17/capital-giro-empresas.html

http://hdl.handle.net/20.500.11763/br17capital-giro-empresas


1 INTRODUÇÃO

Este trabalho trata da conscientização do microempreendedor sobre a importância da mensuração do capital de giro, suas definições, mostrando que fontes estáveis de recursos são imprescindíveis para a saúde financeira da empresa, principalmente em eventuais crises que provoquem redução no giro de estoques ou das contas a receber de clientes.
Neste sentido, o estudo busca responder a seguinte questão: os microempreendedores conhecem a importância do capital de giro para sua permanência no mercado? Como a ausência ou presença de recursos adequados tem afetado as microempresas em eventuais crises?
Justifica-se o estudo tendo como norteador o conhecimento de que, devido à concorrência acirrada e a busca pelo diferencial competitivo, as empresas, principalmente as que estão entrando no mercado, têm buscado novos caminhos para vencerem seus obstáculos, o que se observa no cenário nacional é que existe um grande número de mortalidade entre as micro e pequenas empresas.
Toda empresa enfrenta riscos, “risco significa incerteza sobre a ocorrência ou não de uma perda ou prejuízo, e a forma de se controlar os riscos é através de seu gerenciamento” (Hope, 2002, p. 04).
Os principais erros cometidos pelos empreendedores em relação à gestão financeira das suas empresas é não ter um maior volume de capital de giro, pois, ao acontecer qualquer eventualidade a mesma precisara ter um montante de recursos adequados, principalmente sobre o aspecto de prazos de exigibilidade, que lhe permita suportar eventuais descompassos entre seus pagamentos e recebimentos, em eventualidades, como quedas nas vendas, inadimplências, demissões de funcionário, crise no mercado, falta de matéria prima, perca por catástrofes, o ideal seria que a empresa tivesse uma reserva financeira para cobrir esses prejuízos ou despesas, pois não tendo terá que se desfazer de seus bens para pagar ou até mesmo fechar. Mas, os recursos são escassos.  
Quem tivesse condições de fazer reserva que tal, certamente não o faria, pois a preferência seria sempre ampliar o negócio. Por isso, o importante é bem dimensionar e administrar os recursos, mormente aqueles necessários ao capital de giro, talvez resida aí a função primordial do administrador financeiro.
Segundo Machado (2012, p. 06): a expressão “capital de giro” “refere-se aos ativos em curto prazo da empresa”.
No que se refere à mortalidade das pequenas e microempresas, estás, entre sua abertura e fechamento, acontece em um espaço temporal de um ano. O alto índice de mortalidade dessas empresas demonstra que falta a muitos empreendedores a conscientização de que, para se manterem ativos no mercado uma ferramenta de gestão que se faz importante é o conhecimento sobre capital de giro.
As MPEs no Brasil têm uma representatividade de 98% das 5.1 milhões de empresas brasileiras (SEBRAE/Ce, 2016) e, representam ainda cerca de 60% dos empregados de carteira assinada. Contudo, outra pesquisa realizada pelo SEBRAE (2016) revela que cerca de 60% das empresas pequenas desaparecem antes dos cinco anos de vida, devido à deficiência de gestão, problemas de competitividade e alta carga tributária.
Dentro deste contexto, o estudo tem como objetivo geral demonstrar a importância do capital de giro para microempresas. Como objetivos específicos buscam-se: conhecer a legislação no que tange as micro e pequenas empresas; compreender o que seja capital de giro; esclarecer a importância de recursos estáveis para as microempresas frente as adversidades.
As hipóteses norteadoras da pesquisa têm como eixo as questões relativas aos pressupostos de que: Os microempreendedores não conhecem a importância do capital de giro para a permanência no mercado em eventuais crises.
Microempresas que possuem, ou possuíam maior volume de recursos estáveis conseguem ou conseguiram contornar adversidades surgidas; já as empresas sem esses recursos, não conseguiram ou não conseguem se manter no mercado frente a tais adversidades.
Quanto aos objetivos a pesquisa será exploratória, buscando obter o maior número de informações, com intuito de ajudar aos pesquisadores futuros a solucionar os problemas atinentes ao tema, e descritiva, procurando descrever os acontecimentos referentes ao tema em questão, interpretando-os, classificando-os e explicando-os.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Definição de Micros e Pequenas Empresas

O Brasil é um país que tem na sua economia empresas que são caracterizadas pelo seu tamanho segundo o número de empregados e a sua receita. Essas empresas são responsáveis hoje por empregarem a maioria da mão de obra do país.
Segundo Pinheiro (2011, p. 02):

Microempresa é um conceito criado pela Lei n. 7.256/84 e, atualmente, regulado pela Lei n. 9.841, de 5.10.99, que estabelece normas também para as empresas de pequeno porte, em atendimento ao disposto nos arts. 170 e 179 da Constituição Federal, favorecendo-as com tratamento diferenciado e simplificado nos campos administrativo, fiscal, previdenciário, trabalhista, creditício e de desenvolvimento empresarial.

Silveira (2011 p. 11) identifica e caracteriza micro e pequenas empresas da seguinte forma:
São consideradas microempresa e empresa de pequeno porte para fim de enquadramento no sistema simples: - Microempresa: a pessoa jurídica que tenha auferidos no ano-calendário anterior receita bruta igual ou inferior a R$ 120.000,00 (centro e vinte mil reais). Empresa de pequeno porte: a pessoa jurídica que tenha auferido no ano-calendário anterior receita bruta superior a R$ 120.000,00 (centro e vinte mil reais) e igual ou inferior R$ a 1.200,000,00 (um milhão e duzentos mil reais).

 Mesmo com todas as prerrogativas dadas em lei para que as micro e pequenas empresas se mantenham viva, percebe-se que estas têm uma vida curta, geralmente essas empresas fecham suas portas com menos de um ano de sua abertura.
Segundo dados do SEBRAE (2016) nos últimos anos, a causa mais evidente da morte prematura dessas empresas é a falta de planejamento, sendo seguido pelas altas taxas de impostos, recessão econômica, concorrência e, principalmente pela falta de capital de giro.
Dentre as causas principais do fechamento prematuro das micro e pequenas empresas, e, tendo como objeto de estudo do presente artigo, pode-se compreender através das palavras de Santos (2009, p. 21):
O capital de giro está diretamente associado às fontes, as quais a empresa necessita para financiar seu crescimento. O capital de giro está também sujeito a exposições e riscos oriundos de múltiplas áreas, tais como recebíveis, contas a pagar, gerenciamento de estoques, gerenciamento de caixa, etc. Em cada uma dessas áreas encontramos diferentes desafios em relação ao alcance da liquidez necessária, à obtenção do processo mais eficiente, à adoção de novas tecnologias e à avaliação da qualidade do capital de giro no balanço patrimonial.

O capital de giro, portanto, dentro de uma pequena empresa, tem sua representação nos financiamentos das suas necessidades de operação, que são determinados pelas necessidades de aquisição de matérias-primas (mercadorias) até o recebimento pela venda do produto acabado.

2.2 Capital de Giro

O capital de giro é constituído como uma fonte de fundos, que deve ter um valor permanente de acordo com as despesas fixas da empresa, assim, é que para Fleuriet (2003, p. 12), “o capital de giro é um conceito econômico-financeiro e não uma definição legal, constituindo uma fonte de fundos permanente utilizada para financiar a necessidade de capital de giro da empresa”.
Gerenciar esse tipo de ativo, no atual contexto da economia, não é uma tarefa fácil, buscar o equilíbrio financeiro está dentro os objetivos de quem abre uma pequena empresa, o que deve ser observado é a necessidade de se manter um estoque compatível com a clientela a que se pretende atender.
Segundo Agustini (1999, p. 22), “o capital de giro de uma empresa pode se encontrar em três situações diferentes: capital de giro nulo, capital de giro próprio e capital de giro de terceiros”.
O primeiro ocorre quando o ativo circulante é igual ao passivo circulante, ou seja, os haveres, bens e direitos conversíveis no prazo de até um ano são iguais às dívidas ou obrigações exigíveis no mesmo prazo.
O segundo é a relação em que o ativo circulante é maior que o passivo circulante da empresa, ou seja, seus haveres, bens e direitos conversíveis no prazo de até um ano são maiores do que as dívidas ou obrigações exigíveis no mesmo prazo.
O terceiro é a relação em que o ativo circulante é menor que o passivo circulante, sendo esse o mais preocupante às micro e pequenas empresas.
Nesse contexto, a gestão de capital de giro tem se tornado de forma contumaz, como uma das mais precípuas preocupações dos gestores, visto que uma má gestão desse recurso, leva inevitavelmente a pequena empresa ao fechamento de suas portas.

3 METODOLOGIA

Para a realização da pesquisa foram utilizados métodos de pesquisa científica embasados em autores que tratam do tema. Para tanto, quanto aos meios, a pesquisa constitui-se de base bibliográfica e empírica.
A pesquisa bibliográfica teve como base o estudo de livros e artigos científicos visando à fundamentação teórico-metodológica da pesquisa. A pesquisa de cunho empírico voltou-se à investigação sobre a importância da conscientização dos empreendedores de quatro empresas de prestação de serviços localizada na cidade de Fortaleza, sobre a necessidade de obter recursos estáveis para financiamento do capital de giro, empregando-se como instrumento para a coleta de dados um questionário sobre a temática investigada, e é ainda pesquisa de campo, porque a coleta de dados se dará a partir de uma realidade concreta.
No que se refere aos procedimentos da pesquisa está se configura como bibliográfica. Para Cervo e Bervian (2014, p. 34) na pesquisa bibliográfica, “a fonte das informações, por excelência, estará sempre na forma de documentos escritos, estejam eles impressos ou depositados em meios magnéticos ou eletrônicos”. Genericamente, podemos chamar toda base de material depositária de informações escritas como “documento”.
Quanto à natureza dos dados, a pesquisa configura-se como qualitativa e quantitativa. “A escolha de uma pesquisa qualitativa implica estabelecer, a priori, que o resultado final não se volta para a generalização, e sim para a análise, em profundidade, de um número reduzido de situações” (YIN, 2010, p. 09) o estudo de caso permite preservar as características holística e significativa dos eventos da vida real, e por isso é possível na prática identificar o comportamento dos entrevistados para compreender a percepção dos gestores da empresa em estudo sobre a importância da conscientização dos empreendedores sobre a necessidade de obter recursos estáveis para financiamento do capital de giro.
Isto também porque a análise dos dados encontrados propõe entender e abordar o fenômeno, descrevendo e estabelecendo relações entre as variáveis que o compõem.
Para Tartuce (2012, p. 65), a pesquisa teve como instrumento de coleta de dados a entrevista; o princípio básico é o contato face a face entre o entrevistador e o entrevistado. Na entrevista estruturada ou padronizada, o entrevistador e o contato se orientam por roteiro previamente elaborado e conhecido.
A pesquisa quantitativa será utilizada à medida que as informações obtidas através questionário aplicado junto aos gestores forem quantificadas e utilizada a simples técnica de estatística com a construção das respostas das hipóteses apresentando estes resultados.
3.1 Resultados e discussões

Conforme Gil (2014) ao se encerrar a coleta de dados de uma pesquisa qualitativa, o pesquisador se depara com uma grande quantidade de informações, a qual ele terá que organizar para depois poder analisar.
As perguntas abertas em um questionário permitem ao pesquisador compreender a perspectiva dos respondentes, já os questionários com perguntas fechadas são fáceis de codificar, o que não ocorre com as perguntas abertas.
Assim, o questionário que contou com oito (08) questões abertas, inicialmente buscou conhecer como gestor gerencia a necessidade de capital de giro, indagando ainda se o ciclo financeiro e operacional da empresa é gerido por quem? E em quais situações ou períodos a empresa mais utiliza os recursos do capital de giro e quais informações o gestor considera mais importante para uma gestão eficaz de capital de giro?
Foram perguntadas ainda quais os instrumentos gerenciais os gestores utilizam na empresa e qual o prazo médio de recebimento das vendas efetuadas, bem como qual o percentual das vendas a prazo da empresa e, em qual percentual se situam em relação as vendas, encerrando a entrevista com a questão sobre quanto a empresa no atual momento da pesquisa os gestores dispõem em caixa em relação ao faturamento mensal.
Nesse sentido, ao serem questionados sobre como a empresa gerencia a necessidade de capital de giro, os gestores, que foram identificados pelas letras A, B, C, D assim, se expressaram:

A empresa é gerenciada com capital próprio (Gestor A)
Procuramos sempre manter esse tipo de capital disponível para eventuais investimentos e qualquer problema repentino, assim, tentando manter intocável para ocasiões secundaria (Gestor B)
Deixa-se sempre no banco para uma emergência (Gestor C)
Comprando o necessário para o ciclo mensal com capital próprio (Gestor D)

Verifica-se que, os pequenos empreendedores têm uma visão cautelosa sobre a gestão do capital de giro, tendo sempre o cuidado de manterem uma pequena margem aplicada em bancos, para possíveis emergências.
Paulo e Moreira (2013) afirmam que o controle da liquidez, mais especificamente do índice de liquidez imediata, é fator primordial a capacidade de liquidação dos compromissos correntes, com utilização das disponibilidades. Dessa forma, quão maior o incentivo as vendas à vista, maior a capacidade da empresa em saldar suas dívidas apenas com recursos de caixa.
No que se refere à segunda questão sobre por quem é gerenciado o ciclo financeiro e operacional da empresa todos os participantes da pesquisa, ou seja, os gestores A, B, D e C, evidenciaram que o ciclo operacional da empresa é gerido por um membro da família.
Segundo Santos (2011, p.17), ciclo operacional é o intervalo gasto na execução de todas as atividades operacionais (compra de matéria-prima, pagamento aos fornecedores, produção, estocagem, venda e recebimento de vendas). Ele representa o número de dias transcorridos entre a compra de matéria-prima ou produtos e o recebimento dos produtos fabricados ou comercializados.
Considerando que as empresas familiares têm como marca principal o trabalho em família, onde implica que todos os membros devem fazer parte da empresa, ocupando os cargos de confiança, controlando e administrando o patrimônio da família.
Segundo Gonçalves (2010, p. 94):
A empresa de pequeno porte, em sua maioria é administrada pela família, que poderá ter participação mais ou menos ampla nessa administração, mas que terá pelo menos um de seus membros na presidência, responsável pela administração operacional, isto é, o conjunto de planos, projetos e ações, tendo por objetivo uma operação, eficiente e coerente como o definido pelos gestores.
A terceira questão tratou sobre em quais períodos ou situações a empresa mais utiliza os recursos do capital de giro, foram assim identificadas:
Meses de março e abril (Gestor A)
Esses anos iniciais foi sempre notável a necessidade, e também no final de ano com obrigações e pagamentos de direitos dos funcionários (13% salário, custos adicionais de festa – Brindes), (Gestor B)
Quando necessário (Gestor C)
Meio do ano e final de ano, com pagamentos de despesas de 13% salário. (Gestor D)

Braga (2011) considera fundamental para a saúde financeira da empresa, dispor de certa quantidade de valores não comprometidos para poder financiar os ciclos operacionais. Tal medida evita pontos de estrangulamento nas operações, o que poderá oferecer sérios riscos aos objetivos da organização. Entretanto, muitas empresas nem sempre conseguem disponibilizar valores expressivos para saldar suas contas de curto prazo, e acabam recorrendo a empréstimos bancários, o que muitas vezes não é a melhor alternativa.
A quarta questão buscou conhecer quais informações são consideradas importantes para uma gestão eficaz do capital de giro. Sendo, portanto, descrito da seguinte forma pelos gestores entrevistados:

Compra à vista (Gestor A)
Baixo custo de mão de obra; Baixo custo físico (economia, água, luz, manutenção de equipamento); aplicações corretas de planejamento. (Gestor B)
Fluxo de caixa (Gestor C)
Fluxo de caixa da empresa (Gestor D)

De acordo com Assaf Neto e Silva (2002), para que se avaliem as efetivas necessidades de capital de giro de uma empresa é necessária à utilização de uma importante metodologia de estudo da posição do ponto de equilíbrio dessa empresa, baseada na distinção de seus ativos e passivos circulantes em itens operacionais e financeiros.
A questão sobre quais instrumentos gerenciais são utilizados nas empresas em estudo, todos os gestores foram unânimes em responder que o fluxo de caixa é o instrumento gerencial mais utilizado.
Segundo Zdanowicz, (2009) O fluxo de caixa é um dos instrumentos mais eficientes de planejamento e de controle financeiro. O período ideal para um planejamento de pelo fluxo de caixa é um mínimo de três meses. O fluxo de caixa mensal deverá, posteriormente, transformar-se em semanal e este em diário. Onde o modelo diário fornecerá a posição dos recursos em função dos ingressos e dos desembolsos de caixa, e constitui-se em poderoso instrumento de planejamento e de controle financeiro para a empresa.
As questões que trataram sobre o prazo médio de recebimento das vendas e em percentual as vendas a prazo da empresa se situam em qual porcentagem em relação as vendas e quanto, a empresa dispõem no atual momento em relação ao faturamento mensal, foram agrupadas e discutidas através da fala dos entrevistados.
Portanto, o gestor A, evidenciou que o prazo médio de recebimento é de 48 horas, e que os percentuais de vendas giram em torno de 30% no cartão de crédito e 70% das vendas em dinheiro, dispondo no atual momento em média de 60% do faturamento.
O gestor B, que em média seus recebimentos giram de imediato em torno das vendas à vista, e que o recebimento através das vendas por cartão de crédito estão em torno de dois a 30 dias para receber, e que o percentual das vendas a prazo fica em torno de 30%. Tendo no atual momento uma média de 40 a 50% em caixa em relação ao seu faturamento mensal.
O gestor C evidenciou que o prazo médio de recebimento das vendas gira em torno de trinta dias, e que as vendas a prazo se situam numa porcentagem de entrada de 50%, dispondo no momento de 15% do faturamento mensal.
O gestor D, esclareceu que seu prazo médio de recebimento a vista de suas vendas, giram em torno de 28 dias, sendo que o percentual das vendas a prazo da empresa se situam na porcentagem de 35% a 38% a prazo. Dispondo hoje em caixa em relação ao seu faturamento mensal de 12 a 15%.
Segundo Assaf Neto e Silva (2002), o administrador financeiro da empresa tem como uma das tarefas mais árduas o cálculo da dimensão do fluxo de caixa, que mede as necessidades futuras de recursos, a capacidade de pontualidade dos compromissos assumidos e a disponibilidade de recursos para investimento. Esse fluxo é composto basicamente por contas a receber e contas a pagar.
O Fluxo de Caixa se apresenta como uma ferramenta utilizada pelo administrador financeiro, com o objetivo de apurar os somatórios de ingressos e de desembolsos financeiros em determinado momento, prognosticando se haverá excedente ou escassez de caixa, em função do nível desejado pela empresa. Daí a importância dos ciclos no sistema de liquidez: “a conjugação das velocidades entre os meios de pagamento e as necessidades de pagamento para que ocorra o equilíbrio no sistema. (Gazzoni, 2003, p.37-38)”.
Compreende-se, assim, que, para que os indicadores operacionais levem a uma boa gestão do capital de giro é necessário que os gestores mantenham esforços para que as despesas não ultrapassem as suas capacidades de pagamentos e reposição de estoques, evitando assim, que a empresa busque empréstimos e comprometa ainda mais os seus ativos.  Assim, quanto maior for à necessidade de capital de giro apurada, a empresa vai se encontrar numa situação difícil, pois haverá a necessidade de gerar mais recursos próprios ou buscar recursos de terceiros.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A competição seja ela entre pessoas, ou empresas é uma das forças mais instigantes que influenciam na questão da concorrência. Nesse sentido, em um mercado cada vez mais competidor, as empresas devem estar preparadas para atrair o consumidor e consolidar sua marca como forma de sobrevivência. E, entre as estratégias que consolidam uma organização está o planejamento.
O Brasil é um país que tem na sua economia empresas que são caracterizadas pelo seu tamanho segundo o número de empregados e a sua receita. Essas empresas são responsáveis hoje por empregarem a maioria da mão de obra do país.
Para demonstrar os resultados da pesquisa e responder a problemática do estudo, bem como averiguar se os objetivos da mesma foram alcançados, no que se refere à importância da gestão do capital de giro como fator de crescimento nas micro e pequenas empresas é imperativo que se compreenda que na atualidade a redução de custos e despesas é atividade imprescindível nas empresas que desejam se manterem no mercado pois, este, é extremamente competitivo. A gestão de capital de giro pode assegurar a competitividade e se fundamenta como uma forma preventiva e legítima de sucesso em uma micro ou pequena empresa.
Nesse sentido, através da pesquisa pode-se compreender que a má administração do capital de giro, principalmente em épocas onde as despesas com pessoal pode afetar o fluxo de caixa da empresa, se configura como uma das maiores causas de busca por capital externo, através de empréstimos. Assim há de se compreender que é fundamental a realização de uma administração direta e precisa dos recebíveis para que as empresas obtenham o êxito no que se refere à administração do capital de giro.
Este fato está diretamente ligado à ideia central de que o capital de giro é fortemente influenciado pelas incertezas a todo tipo de atividade empresarial. Por esse motivo, a empresa deve sempre ter uma reserva financeira para enfrentar os eventuais problemas que podem surgir.

REFERÊNCIAS

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Cervo. A. L.; Bervian, P. A. (2014). Metodologia científica. 8. ed. São Paulo: Makron Books.
Di Agustini, Carlos Alberto. (1999). Capital de giro: análise das alternativas fontes de financiamento. 2. ed. São Paulo; Atlas.
Fleuriet, M.; Kehdy, R.; Blanc, G. (2003). O Modelo Fleuriet: A Dinâmica Financeira das Empresas Brasileiras. Um Novo Método de Análise, Orçamento e Planejamento. Rio de Janeiro: Campus.
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Yin, R.K. (2010). Estudo de Caso: planejamento e métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman.

* Contadora. Graduada em Ciências Contábeis pela Faculdade Ateneu (2012) com Especialização em Auditoria Contábil pelo Instituto de Pós-Graduação Ateneu (2017). Atualmente atua como Analista Contábil.

** Professor da Disciplina de Metodologia do Trabalho Científico (Orientador) – Faculdade Ateneu. Dr. (Tít. Cult.) em Ciências Biológicas pela FICL; M. Sc. em Fitotecnia pela Universidade Federal do Ceará (UFC); Spec. em Metodologia do Ensino de Ciências pela Universidade Estadual do Ceará (UECe); Spec. em Paleontologia Internacional pela Faculdade Internacional de Cursos Livres (FICL). Graduado em Agronomia pela Universidade Federal do Ceará (UFC); Licenciado em Matemática, Biologia, Física e Química pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA); Consultor Internacional do BIRD para Laboratórios Científicos.


Recibido: 08/05/2017 Aceptado: 12/05/2017 Publicado: Mayo de 2017

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