Observatorio Economía Latinoamericana. ISSN: 1696-8352
Brasil


A ÂNCORA CAMBIAL ENQUANTO VETOR DE DETERIORAÇÃO DA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA NO PÓS-PLANO REAL

Autores e infomación del artículo

Marcelo Santos Chaves*

Elisandro Ribeiro da Costa**

Raimundo Victor Oliveira Santos***

Universidade Federal do Pará

modelo.doma@gmail.com

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RESUMO

A problemática que motivou a construção do presente trabalho tem por fulcro uma reflexão sobre: quais os determinantes do processo de deterioração da balança comercial brasileira nos cinco primeiros anos de plano real? Com vistas ao encontro de respostas para tal indagação, procedeu-se uma revisão bibliográfica considerando as contribuições de Souza (1999), Oliveira e Turolla (2003), Silva (2002), Soares (2006) dentre outros, que consideraram o modelo de política cambial adotado como o principal determinante de curto prazo capaz de impactar negativamente sobre a balança comercial do país. E com vistas a testar tal hipótese procedeu um exame dos dados disponíveis pelo Banco Central do Brasil (BACEN), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEADATA) e do Ministério do Desenvolvimento, Industria, Comércio Exterior (MDIC), a partir da tabulação e diagramação de series históricas relativas a taxas de câmbio, exportações e importações entre 1980 a 2014. Ao cabo concluiu-se pela concordância com a hipótese preliminarmente sustentada.
Palavra-Chave: Âncora Cambial, Taxa de Câmbio, Balança Comercial.

RESUMEN
El problema que motivó la construcción de esta obra es una reflexión sobre Fulcrum: ¿Cuáles son los determinantes del deterioro del proceso de la balanza comercial en los primeros cinco años de plan real? Con el fin de encontrar respuestas a tales preguntas, llevado a cabo una revisión de la literatura de las contribuciones de Souza (1999), Oliveira y Turolla (2003), Silva (2002), Soares (2006) entre otros, quienes consideran el modelo de política tipo de cambio adoptado como el principal determinante de corto plazo puede tener un impacto negativo en la balanza comercial del país. Y con el fin de probar esta hipótesis se realizó una revisión de los datos disponibles por el Banco Central de Brasil (BCB), Instituto de Investigación Económica Aplicada (IPEADATA) y el Ministerio de Desarrollo, Industria, Comercio Exterior (MDIC), a partir de la tabulación y diagramación series históricas relativas a los tipos de cambio, las exportaciones y las importaciones de 1980 a 2014 al final llegamos a la conclusión del acuerdo con la hipótesis apoyada de forma preliminar.

Palabra clave: Cambio de anclaje - Tasa de cambio - balanza comercial.

ABSTRACT
The problem that motivated the construction of this work is a reflection on Fulcrum: What are the determinants of the deterioration of the trade balance process in the first five years of real plan? In order to find answers to such inquiries, conducted a literature review of the contributions of Souza (1999), Oliveira and Turolla (2003), Silva (2002), Soares (2006) among others, who considered the policy model exchange rate adopted as the main determinant of short-term can impact negatively on the trade balance of the country. And in order to test this hypothesis we conducted a review of available data by the Central Bank of Brazil (BACEN), Institute of Applied Economic Research (IPEADATA) and the Ministry of Development, Industry, Foreign Trade (MDIC), from the tabulation and diagramming historical series relating to exchange rates, exports and imports from 1980 to 2014. at the end we concluded the agreement with the preliminarily supported hypothesis.

Key word: Anchor Exchange - Exchange rate - Trade Balance.



Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Marcelo Santos Chaves, Elisandro Ribeiro da Costa y Raimundo Victor Oliveira Santos (2016): “A âncora cambial enquanto vetor de deterioração da balança comercial brasileira no pós-plano real”, Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, Brasil, (agosto 2016). En línea:
http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/16/taxa-cambio.html

http://hdl.handle.net/20.500.11763/br-16-taxa-cambio


1. Introdução

Ao longo dos últimos 35 anos a economia brasileira vivencio sucessivos superávits em suas relações comerciais com o resto do mundo, com tudo, houve um período de continuo declínio no saldo comercial do país. Declínio esse, segundo literaturas especializadas, associado a necessidade de equalização de preços domésticos ante os preços internacionais, como mecanismo de estabilização econômica.
Neste sentido o presente artigo tem por base uma reflexão sobre quais os determinantes do processo de deterioração da balança comercial brasileira nos seis primeiros anos de plano real? Com vistas ao encontro de respostas para tal inquietação, procedeu-se uma revisão bibliográfica considerando as contribuições de Souza (1999), Oliveira e Turolla (2003), Silva (2002), Soares (2006), Camargos (2002); Caplace & Lima (2006); Melo (2008); Dornbusch et al. (2009); Romero (2009), que consideraram o modelo de política cambial adotado como o principal determinante de curto prazo capaz de impactar negativamente sobre a balança comercial do país. E com vistas a testar tal hipótese procedeu um exame dos dados disponíveis pelo Banco Central do Brasil (BACEN), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEADATA) e do Ministério do Desenvolvimento, Industria, Comércio Exterior (MDIC), a partir da tabulação e diagramação de series históricas relativas a taxas de câmbio, exportações e importações entre 1980 a 2014.

2. Desenvolvimento

2.1 A balança comercial enquanto indicador de progresso
Para Dornbusch et al. (2009) a balança comercial consiste na diferença entre as exportações e as importações de um dado país. Por exportações, compreende-se ser todo bem vendido por um país para o resto do mundo, enquanto que importações consiste na compra de bens do resto do mundo. Em outras palavras, se a economia de um pais vendeu para o resto do mundo US$ 200 bilhões em bens e comprou outros US$ 80 bilhões do resto do mundo, então diz-se que a balança comercial daquele país fechou o período com um superávit de US$ 120 bilhões. Via de regra, um superávit comercial aumentará à medida que as exportações forem crescendo, e simultaneamente, as importações forem sendo reduzidas. Camargos (2002) e Silva (2002) apontam também para a possibilidade das exportações aumentarem mais rapidamente do que as importações, o que também implicaria em maior expansão do superávit na balança comercial. Em situação contrária, ou seja, quando um país compra mais de do resto do mundo do que vende, gera-se déficit comercial, que segundo Capacle (2006) tende a desencadear uma sequência de externalidades como retração na produção do país, que implica em alta na taxa de emprego. Além disso, em um cenário de déficit comercial tem-se mais saída de dólares do que entrada e dessa forma, cada vez mais, bens e serviços estrangeiros inundaram o mercado nacional, afetando empresas nacionais. Diante disso, resta claro a relevância da balança comercial enquanto variável macroeconômica.
Ao longo dos últimos 35 anos a economia brasileira obteve sucessivos superávits em seu saldo comercial com o resto do mundo, porém, houve um período de continuo saldos comerciais deficitários no país.

Como se nota no Gráfico 1, entre 1995-2000 a balança comercial brasileira contabilizou seis déficits comerciais seguidos. Nos demais anos da série verificou-se tal situação recessiva apenas em 1980 e 2014, o que permite inferir que tratou-se de duas situações pontuais ao longo do tempo.

2.2 A taxa de câmbio e o comercio exterior
Dornbusch et al. (2009) infere que a Taxa de Câmbio é o preço de uma moeda estrangeira calculado em unidades ou frações (centavos) da moeda doméstica (nacional). O dólar dos EUA é a moeda estrangeira mais transacionada pelos exportadores brasileiros, tendo como consequência a cotação convencionalmente utilizada em dólar americano. Dessa maneira, quando alega-se, por exemplo, que a taxa de câmbio é de 3,73, isto implica dizer que o preço de 1 dólar americano custa R$ 3,73. Em termos gerais a Taxa de Câmbio apregoa o custo de uma moeda em relação à outra.
O câmbio depreciado beneficia as exportações uma vez que os exportadores auferem relativamente mais divisas pelos bens vendidos, isto é, quando a moeda doméstica apresenta-se desvalorizada, esses exportadores ao serem pagos em moeda estrangeira, receberam altos valores na conversão em moeda nacional, situação muito mais atrativa e estimulante em relação ao um câmbio apreciado. Em situações de câmbio depreciado, as empresas, tendem a elevar sua produção e concentram seus esforços nas relações comerciais com o resto do mundo (MELO, 2013). Para os importadores o câmbio valorizado não é benéfico, observa Soares (2006), pois os bens e insumos importados ficarão mais caros, uma vez que os importadores deverão desembolsar maior quantidade de moeda nacional para adquirirem tais produtos.

Em meados da década de 90 as autoridades monetárias brasileiras colocaram em prática o que assim ficou conhecido como Plano Real, que tinha por finalidade primaz a estabilização econômica do país, que vinha desde os anos 80 sofrendo uma superinflação sem precedentes. A considerar as oscilações da taxa de câmbio como vetor decisivo no comportamento da balança comercial, Oliveira e Turolla (2003) trazem a luz um dado relevante acerca dos seis primeiros anos pós-plano real. Segundo este autor, o componente essencial na estratégia do Plano Real foi a neutralização da inércia inflacionária a partir da ancoragem dos preços domésticos nos preços internacionais, que teve como consequência a uma apreciação da taxa de câmbio. Assim nascia a Âncora Cambial, que consiste em um regime preços baseado em mini bandas cambiais, onde as taxas de câmbio flutuam dentro de bandas delimitadas permitindo a intervenção das autoridades monetárias, caso a taxa de câmbio rompa o limite da banda. (DORNBUSCH et al., 2009).
Para Capacle (2006) e Romero (2009) esse modelo cambial adotado no processo de implementação do plano real foi o principal determinante para obtenção dos sucessivos déficits comerciais, pois uma vez que US$ 1,00 custava praticamente R$ 1,00 um surto de importados seria eminente. O valor exportado em 2000 cresceu 121% em relação ao observado em 1993, tal inferência traduz o nível de deterioração que a balança comercial sofreu nos seis primeiros anos do plano real.

Ao longo do recorte histórico em exame é possível inferir que os maiores superávits comerciais foram obtidos exatamente no período em que as autoridades monetárias passaram a adota um regime de câmbio flutuante 1, onde a moeda doméstica passou a comporta-se de forma depreciada em relação a estrangeira. Observa-se ainda que nos dois primeiros anos de flutuação cambial o país registrou déficits no saldo comercial em função ainda de baixas nas exportações, porém, a partir de 2001 a economia brasileira passou a contabilizar sucessivos e contínuos superávits na balança comercial, por conta da alta nas exportações. Tal performance corresponde a uma média de aproximadamente US$ 23 bilhões/ano de saldo superavitário nas relações comerciais.

3. Conclusão

No presente artigo foi possível inferir o nível de significância e relevância da balança comercial enquanto variável macroeconômica para o desenvolvimento do país. Foi possível compreender também os impactos não só no nível de atividade produtiva, como também no mercado de trabalho. Expandir as exportações implica dizer que riscos serão mitigados e instabilidades serão evitadas, tanto para economia do país quanto para empreendedores. Ao escolher vender seus bens e serviços aos mercados externos, o exportador reduz o risco de suas transações uma vez que a expansão e saúde financeira de seu empreendimento não ficará totalmente em função do ritmo de crescimento da economia doméstica ou de mudanças na política econômica do país. Da mesma forma, é possível a economia do país acumular divisas externas (moeda estrangeira) que será de vital importância para momentos de turbulência externa.
A partir dos dados extraídos, tabulados e diagramatizados nesse trabalho foi possível constar que, de fato, o regime de câmbio fixo pautado em mini-bandas (âncora cambial), foi o principal vetor determinante na deterioração da balança comercial brasileira nos seis primeiros anos pós-plano real. Tal esforço em manter o Real praticamente paritário com o dólar americano, custou a exaustão das reservas do Banco Central do Brasil, obtidas a partir dos planos de desestatização implementados no país no início dos anos 90 do século passado. Deterioração da balança comercial brasileira foi o custo de oportunidade pago pelo país para obtenção de sua estabilização econômica, pois seria impossível atingir tal intento sem a ancoragem dos preços domésticos nos preços internacionais.

4. Referências

CAMARGOS, Marcos Antônio. Reflexões sobre o cenário econômico brasileiro na década de 90. In: XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002.
CAPACLE, V. H. & LIMA, F. Política Cambial como Instrumento de Estabilização Econômica. In: Revista de Negócios Internacionais, Piracicaba, 4(6): 31-37, 2006.
CHAVES, M. S. Taxa de Câmbio Fixa Versus Câmbio Flutuante: Uma Abordagem Sobre o Potencial Exportador Brasileiro no Período de 1995 a 2012. In: Observatorio de la Economía Latinoamericana, v. 201, p. 1-11, Eumed – ES, 2015.
DORNBUSCH, R.; FISCHER, S. & STARTZ, R. Macroeconomia. 10º Edição. São Paulo: McGraw-Hill, 2009.
MELO, P. A melhor opção ainda é o câmbio flutuante. In: Revista Eletrônica Administradores. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/noticias/administracao-e-negocios/a-melhor-opcao-ainda-e-o-cambio-flutuante/17764/> Acesso em: 24/06/2016.
OLIVEIRA, G. & TUROLLA, F. Política econômica do segundo governo FHC. In: Revista Tempo Social – USP, São Paulo, 2003.
ROMERO, C. A importância do câmbio flutuante. In: Valor Econômico. Edição de 10/06/2009. São Paulo: 2009.
SILVA, M. L. F. Plano Real e Âncora Cambial. In: Revista de Economia Política, vol. 22, nº 3 (87), julho-setembro/2002.
SOARES, F. A. R. A administração da taxa de câmbio no plano real e os fundamentos econômicos brasileiros. In: Faculdade de Economia – Unb, Tese de Doutorado – Brasília-DF, 2006.
SOUZA, F. E. P. A Política de Câmbio do Plano Real (1994-1998): especificidades da âncora brasileira. In: revista de economia contemporânea-UFRJ nº 5 Jan. – Jun. de 1999.
http://www.bcb.gov.br/ Acesso em 19/06/2016.
http://www.ipeadata.gov.br Acesso em 21/06/2016.
http://www.mdic.gov.br/ Acesso em 18/05/2016.

* Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Graduado em Matemática pelo Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA) e Mestrando em Economia pelo PPGE/UFPA.

** Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e Mestrando em Economia pelo PPGE/UFPA.

*** Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e Mestrando em Economia pelo PPGE/UFPA.

1 Para maiores detalhes acerca do tema vide Chaves, 2015 “Taxa de Câmbio Fixa Versus Câmbio Flutuante: Uma Abordagem Sobre o Potencial Exportador Brasileiro no Período de 1995 a 2012”.


Recibido: 26/06/2016 Aceptado: 15/08/2016 Publicado: Agosto de 2016

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