Mayara Batista Abreu
Fabiano Maury Raupp
Universidade do Estado de Santa Catarina
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Resumo
  Este  trabalho apresenta os resultados do estudo que teve por objetivo de estruturar a gestão de gastos incorridos em uma  empresa de detectores de metal. Empreendeu-se uma pesquisa descritiva,  realizada por meio de um estudo de caso, com abordagem qualitativa. Os dados  foram coletados a partir de entrevista semi estruturada e de documento  primários, e analisados pela técnica da análise descritiva. Primeiramente  procurou-se diagnosticar a gestão atual de gastos utilizada na empresa. Após, foi  elaborada uma proposta à empresa, utilizando a metodologia do custeio por  absorção para identificar o custo unitário de fabricação de cada dos seus produtos.  Desta forma, pôde-se comparar a estrutura de gestão de gastos atual da empresa  e a proposta apresentada neste trabalho. Os resultados apontaram que há uma  diferença significativa entre essas duas perspectivas. Também foram apresentados  os benefícios que a empresa terá ao utilizar o modelo proposto.
  Palavras –  chave: Gestão de gastos, Custeio por absorção, Detectores de  metal.
Investigating Expense Management in a Company of Metal Detectors
Abstract
  This work reports a  study that had the objective of improving the expense management process of a  company that produces equipments of metal detection. The research is  descriptive, and it was carried out as a case study, with qualitative approach.  Data was collected through semi-structured interviews with one of the managers,  and access to some available primary documents. Analysis was carried out with  the support of the technique of descriptive analysis. Firstly, there was a  diagnosis of the current expense management used in the company. Then, a  proposal was elaborated by using the methodology on absorption costing in order  to identify the costs per unit in the production of each of the company’s  products. This way, it was possible to compare the structure of expense  management that has been currently used with the proposal introduced in the  present work. Results point to a significant difference between the two  perspectives, with advantages to the new model proposed, from which the company  could benefit.
  Key words: Expense management.  Absorption costing. Metal detector.
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Mayara Batista Abreu y Fabiano Maury Raupp (2016): “Investigando a gestão de gastos em uma empresa de detectores de metal”, Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, Brasil, (enero 2016). En línea: http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/16/metal.html
1. Introdução
Nas  últimas décadas o mercado passou por diversas transformações que impactaram  significativamente a maneira de fazer negócio. Atualmente, as empresas precisam  lidar com clientes cada vez mais exigentes, que buscam preços menores e mais  benefícios em um ambiente altamente competitivo. Dessa forma, as práticas  gerenciais das empresas, como um todo, tiveram que se aperfeiçoar para garantir  competitividade e adequação delas ao mercado, seja na área de marketing,  vendas, recursos humanos, e também na gestão de gastos. Segundo Oliveira e  Perez Jr. (2009, p. xviii) “as práticas gerenciais de apuração, análise,  controle e gerenciamento de custos de produção dos bens e serviços” tem-se  tornado fundamentais para a sobrevivência das organizações.
   Para  que haja uma gestão de gastos não basta a disponibilização de informações em um  sistema, elas precisam ser processadas e analisadas para gerarem os insumos  necessários. Para Santos (2011, p. 3), “todo dado que é mensurado  monetariamente necessita ser organizado, classificado e transformado em  informação contábil a fim de servir de combustível para apoiar e subsidiar a  tomada de decisão”. 
   No  entanto, percebe-se em muitas empresas uma falta de análise e controle dos  dados relativos aos custos. Principalmente em micro e pequenas empresas, onde  os recursos são mais limitados e as decisões são mais centralizadas, sendo esta  atividade mais uma dentre tantas outras acumuladas. Como apontam Mendes e  Escrivão Filho (2002, p. 288), “sabe-se que empresas desse porte têm recursos  escassos e muitas vezes não podem arcar com o trabalho de uma empresa  especializada que oriente a aquisição desses sistemas (sistemas integrados de  gestão)”. Nestes casos, esta falta de controle, pode levar a empresa a adotar  preços não adequados com a realidade de seus custos e, por isso, operar em  prejuízo. 
   Os  consumidores atualmente têm sido cada vez mais exigentes com qualidade e  principalmente com preços, devido à grande oferta de produtos existentes.  Portanto, o conhecimento dos gastos pode contribuir para precificação  condizente com a realidade da organização. Assim, o resultado poderá ser  identificado e os vendedores poderão estabelecer margens de descontos aos  clientes. Além disso, o conhecimento dos gastos auxilia a empresa em decisões  de longo prazo, pois permite a realização de planejamento, previsões mais  reais, além de fornecer condições para identificar se todos os produtos são  vantajosos ou deve-se parar de produzir algum, pois seu lucro não compensa os  custos investidos, ou ainda se é melhor terceirizar determinado processo de  produção.
   Martins  (2010) menciona que devido à grande necessidade das empresas em possuírem dados  para seu controle e decisão, elas acabam implantando um sistema de custos  acreditando que os resultados serão imediatos, entretanto, isto não acontece.  Segundo o autor, existem dois motivos para isso: o primeiro é que não existe um  sistema que seja capaz de resolver todas as necessidades; segundo que, para que  o sistema seja capaz de auxiliar na gestão é necessário um constante desenvolvimento  e aprimoramento. Diante destas oportunidade e desafios, formulou-se o seguinte  problema de pesquisa: Como estruturar a gestão de gastos em uma empresa de  detectores de metal?
              Para tanto, o objetivo do estudo consistiu em estruturar a gestão de gastos  incorridos em uma empresa de detectores de metal. Sabe-se que a gestão de  gastos é essencial para a sobrevivência de uma empresa, pois é capaz de  fornecer informações estratégicas que podem auxiliar na tomada de decisões. No  entanto, para que esta gestão seja efetiva, é necessário que os dados  fornecidos pelo sistema de custos sejam completos, ou seja, represente a  situação atualmente vivida pela empresa. Caso contrário, como aponta Martins  (2010), é preferível não ter determinada informação do que tê-la de maneira  equivocada. A partir de dados completos é possível realizar a análise dos  mesmos de forma adequada, para que auxilie os gestores nas decisões.
              
2. Fundamentação Teórica
2.1 O papel da gestão de custos
            Segundo  Viceconti e Neves (1998), antes da Revolução Industrial, quando a principal  atividade exercida era o comércio, utilizava-se a contabilidade geral ou  financeira para controlar e apurar os resultados das empresas. Com a Revolução  Industrial, a contabilidade teve que adaptar os métodos utilizados para  apuração do resultado nas empresas comerciais em empresas industriais, que eram  mais complexas, pois compravam matéria-prima e as transformavam em produtos  acabados destinados à venda, diferente das empresas comerciais que apenas  revendiam as mercadorias que compravam.
              Dessa  forma, “a contabilidade de custos, nos seus primórdios, teve como principal  função a avaliação de estoques em empresas industriais” (VICECONTI; NEVES,  1998, p.6). A principal dificuldade das empresas industriais frente às  comerciais era que nas industrias existiam gastos referentes a produção, como  salários, matéria-prima, entre outros, que deveriam ser incorporados ao valor  dos estoques das empresas no processo produtivo. Pois, ao fechar o Balanço,  poderiam ocorrer dois tipos de estoque: os produtos em elaboração e os produtos  acabados.
              Atualmente,  o papel da gestão de custos nas empresas evoluiu e possui duas funções  relevantes: “o auxílio ao controle e a ajuda às tomadas de decisões” (MARTINS,  2010, p.21), ou seja, pode contribuir no fornecimento de dados para o controle  e decisões diárias, assim como no abastecimento de informações estratégicas  relevantes que tem influência no curto e longo prazo da empresa.
              Segundo Martins (2010, p.306) “controlar significa  conhecer a realidade, compará-la com o que deveria ser, tomar conhecimento  rápido das divergências e suas origens e tomar atitudes para sua correção”.  Dessa forma, para realizar o controle de custos em uma empresa, o empresário deve  conhecer os custos e despesas incorridos, compará-los com o planejado, e  verificar, se existir alguma inconsistência, o motivo da alteração e tomar  medidas para corrigi-las. 
              Em  relação a tomada de decisões gerenciais, a contabilidade de custos pode fornecer  diversas informações importantes. “Entre as mais comuns, pode-se citar a  fixação de preço de venda, o cálculo da lucratividade de produtos, a seleção do mix de produtos, etc.” (OLIVEIRA;  PEREZ JR, 2009, p.13). 
              Analisando  a relação entre o controle e as decisões estratégicas nos diferentes tipos de  empresa, Shank e Govindarajan (1995, p. 116) apontam que “as estratégias  diferem nos diferentes tipos de organização e os controles devem ser talhados  para as exigências das estratégias específicas”. Isto porque dependendo da  estratégia que a empresa opta em adotar, o tratamento dos custos deve ocorrer  de maneira diferente. Por exemplo, se a estratégia em uma empresa é possuir o  menor preço, ser a líder em custo baixo, ela deverá trabalhar para otimizar o  máximo sua produção e insumos. Por outro lado, se a estratégia da empresa for  de diferenciação, ela terá outras necessidades e prioridades em relação aos  custos.
              Dessa  forma, percebe-se a relevância da contabilidade de custos quando utilizada também  para fins gerenciais. Ela é capaz de embasar as decisões dos gestores em  diversos sentidos. Oliveira e Perez Jr. (2009, p. 13) colocam que “se não  houver um eficiente sistema de custos, a empresa pode, por exemplo, estar  produzindo e comercializando um produto deficitário, sem saber”.
              Um  dos fatores que motivou esta evolução da contabilidade de custos para fins  gerenciais foi a globalização da economia. Como apontam Oliveira e Perez Jr.  (2009, p.1):
   Podendo atuar em  novos mercados, as grandes corporações multinacionais sentiram rapidamente a  necessidade de modificar seus conceitos operacionais e produtivos, visando  principalmente à redução de gastos para possibilitar a sobrevivência e  crescimento em um novo mercado, caracterizado pela maior exigência dos  consumidores. (OLIVEIRA; PEREZ JR., 2009, p.1)
              A  globalização marcou o início de uma nova maneira de fazer negócio. Com as  fronteiras econômicas e financeiras mais acessíveis, os empresários passaram a  se preocupar com fatores antes não eminentes, como por exemplo a concorrência,  que passou a ser maior e também consumidores mais exigentes. Essa mudança  exigiu e ainda exige cada vez mais adaptabilidade dos empresários nos diversos  aspectos do negócio atualmente, sendo que a gestão e análise de custos tem papel  relevante neste aspecto. Segundo Santos (2011, p.18), “é notório que a ausência  de informações e análise de custos e resultados, em qualquer entidade, nos dias  atuais, poderá resultar em fracasso do negócio”. O autor acrescenta que as  informações de planejamento e controle dos custos e lucros têm importância  fundamental para a tomada de decisão e para diferenciar-se dos concorrentes. De  acordo com Oliveira e Perez Jr. (2009, p.9), a contabilidade de custos possui  os seguintes objetivos principais:
Mais do que informações relacionadas às operações, a  contabilidade de custos fornece os insumos que poderão contribuir para que o  empresário possa atingir os objetivos citados anteriormente e, com isso,  aumentar as suas chances de sucesso. Shank e Govindarajan (1995, p. 4) nomeiam  esta análise mais ampla dos custos de gestão estratégica de custos, onde “os  dados são usados para desenvolver estratégias superiores a fim de se obter uma  vantagem competitiva sustentável”. Os autores atribuem o surgimento da gestão  estratégica de custos à junção de três temas chave: análise da cadeia de valor  – que representa o enfoque externo à empresa e consiste em todas as atividades  criadoras de valor no processo de levar o produto acabado até as mãos do  consumidor; análise de posicionamento estratégico - ou seja, a análise dos  custos difere caso a empresa opte por um posicionamento de diferenciação ou  liderança de custos; e análise de direcionadores de custos – que é compreender  que os custos são causados por fatores que se relacionam entre si de forma  complexa.
   Garrison, Noreen e Brewer (2007, p. 131) reforçam a  importância do gerenciamento dos custos, ao afirmar que “as tentativas de  tomada de decisão sem o pleno conhecimento dos custos envolvidos – e de como  eles podem variar em função do nível de atividade – podem levar ao desastre”.  Dessa forma, é de grande importância que os empresários conheçam e utilizem as  informações sobre os custos e seu comportamento para que tenham condições de  melhorar a gestão da sua empresa, aperfeiçoando seus planejamentos e metas.
Gestão de custos em empresas industriais
De acordo com  Oliveira e Peres Jr. (2009), uma empresa industrial é aquela responsável por  transformar as matérias-primas em produtos acabados por meio da mão-de-obra  especializada e utilização do maquinário específico. A ascensão das empresas  industriais ocorreu com a Revolução Industrial no século XVIII, e elas foram as  principais responsáveis pela evolução do conceito contabilidade de custos.  Antes da Revolução Industrial, a preocupação da contabilidade estava centrada  nas empresas comerciais, onde o processo de apuração dos resultados era menos  complexo. Logo, a solução para realizar esta apuração nas empresas industriais,  a contabilidade foi similar à utilizada nas empresas comerciais, onde  “avaliam-se os estoques inicial e final (produtos acabados e em elaboração) e  substitui-se a conta de compras [das empresas comerciais] pelos gastos  efetuados na produção” (VICECONTI; NEVES, 1998, p.7). Assim, surge o conceito  de custo do produto vendido (CPV), resultado da soma entre estoques iniciais e  gastos na produção menos os estoques finais, que representa o último estágio  dos custos na empresa, pois ocorre no momento da venda. Dessa forma, ao longo  da produção de determinado produto, os custos passam por três principais  estágios: o primeiro é relacionado a produção, onde o custo efetivamente ocorre,  em seguida, ao virar estoque, o custo é considerado um investimento, e por fim,  ao ser vendido ele é denominado custo do produto vendido – CPV.
              As  industrias foram responsáveis na construção do conceito de custos, a própria  definição de custo – “gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de  outros bens ou serviços” (MARTINS, 2010, p. 25) – e sua origem histórica  acabaram generalizando a ideia de que contabilidade de custos é voltada para  indústrias. Além disso, por lidarem com a produção de bens envolvendo diversos  custos, a definição dos custos dos produtos nestas empresas é essencial e  torna-se mais complicada. Conforme Perossi (1982, p. 11) “fatores, os mais  diversos – desde os relacionados com obrigações de natureza legal, tributária,  fiscais e trabalhistas, até os pertinentes à gestão administrativa –  influenciam consideravelmente esse custo”. Como aponta Oliveira e Perez Jr.  (2009), o custo de produção envolve todos os custos que foram realizados para  fabricação dos produtos acabados, logo é necessário que sejam incluídos nesse  cálculo, além da matéria prima, o custo “dos gastos com salários, dos encargos  sociais e outros benefícios para o pessoal da fábrica e dos custos indiretos de  fabricação” (OLIVEIRA; PEREZ JR., 2009, p. 5).
   Estes custos,  dentro da contabilidade, possuem uma denominação específica de acordo com a  influência que exercem na fabricação dos produtos. Existem duas classificações  principais nos custos: diretos ou indiretos e fixos e/ou variáveis. Os custos  diretos são aqueles que podem ser alocados diretamente ao produto, pois estão  claramente associados a ele e podem ser medidos facilmente, alguns exemplos  são: matéria-prima, mão-de-obra direta, energia elétrica (quando pode-se medir  quanto foi consumido na fabricação de cada produto), entre outros. Já os custos  indiretos são aqueles que necessitam de um critério de rateio para serem  alocados ao produto, podem ser os salários dos chefes de supervisão da  produção, energia elétrica total da fábrica que não pode ser medida para cada  produto, entre outros. 
   Outra  classificação divide os custos em fixos e/ou variáveis. Os custos fixos são  aqueles que não variam de acordo com o volume de produção, permanecem os  mesmos, mas podem variar de valor ao longo do tempo. Exemplos de custos fixos  são o aluguel da fábrica, salários de vigias e porteiros da fábrica, entre  outros. Por outro lado, os custos variáveis são aqueles que tem seu valor  alterado conforme a variação do volume de produção, por exemplo, matéria-prima  consumida. Existe também na literatura a classificação de custos semivariáveis  e semifixos. Os custos semivariáveis são aqueles que variam de acordo com a  produção, no entanto, possuem uma parcela fixa e os semifixos aqueles que são  fixos em uma determinada faixa de produção, mas variam se existe alguma mudança  nesta faixa.
   Percebe-se que  estes conceitos estão intimamente relacionados a produção, razão que talvez o  fato de que a literatura esteja mais desenvolvida para empresas industriais.  Logo, é essencial que os gestores voltem suas atenções para este assunto que  faz diferença na administração da empresa. Segundo Melo e Leone (2015, p. 85) “a gestão de custos tem  ganhado atenção nas decisões administrativas, fruto da necessidade que as  empresas industriais têm de desenvolver produtos com capacidade competitiva  para o mercado”.
Custeio por absorção
A palavra custeio “significa apropriação de custos”  (MARTINS, 2010, p.37). Dessa forma, existem diferentes tipos de custeio que se  enquadram em diferentes tipos de negócio. O método adotado neste trabalho será  o custeio por absorção. Esta metodologia “consiste na apropriação de todos os  custos de produção aos bens elaborados, e só os de produção; todos os gastos  relativos ao esforço de produção são distribuídos para todos os produtos ou  serviços feitos (MARTINS, 2010, p. 37). 
   No custeio por absorção, segundo Oliveira e Perez Jr.  (2009), todos os custos de produção, sejam eles fixos, variáveis, diretos ou  indiretos são alocados aos produtos acabados, onde os custos diretos (aqueles  que podem ser identificados em cada produto) são alocados de maneira direta e  os indiretos (aqueles que não podem ser mensurados diretamente em cada produto)  são atribuídos de acordo com critérios de rateio. Embora existam diferentes  métodos de atribuição de custos, segundo Martins (2010), o custeio por absorção  tende a ser o mais adotado pela Contabilidade Financeira.
   Dentre as principais vantagens do custeio por  absorção, segundo Severiano e Melo (2006, p.11) está o fato de ele “permite a  apuração do custo por centro de custos
   e ao absorver todos os custos de produção, permite a apuração do custo total
   de cada produto. Além disso, Barbosa et al. (2011 apud ABRAS; GONÇALVEZ;  LEONCINE, 2012, p. 147) apontam as seguintes vantagens:
   a) segue os  princípios contábeis, sendo o método formalmente aceito, como requerido pela  legislação do imposto de renda para propósitos de lucro;
   b) agrega todos os  custos, tanto os diretos quanto os indiretos;
   c) pode ser menos  custoso de implementar, desde que não requeira a separação dos custos em fixos  e variáveis. 
   Por outro lado, o custeio por absorção é alvo de  críticas, principalmente quando se fala em instrumento para tomada de decisão,  já que a determinação dos rateios geralmente é arbitrária (SCHULTZ; SILVA;  BORGERT, 2008). Barbosa et al. (2011 apud ABRAS; GONÇALVEZ; LEONCINE, 2012, p.  147 – 148) corroboram com esta ideia ao apontar as seguintes desvantagens do  método:
   a) os custos, por  não se relacionarem com este ou aquele bem ou serviço, são quase sempre  distribuídos com base em critérios de rateio com grande grau de arbitrariedade;
   b) o custo fixo  por unidade depende ainda do volume de produção, e o custo de um produto pode  variar em função da alteração de volume de outro produto;
   c) os custos fixos  existem, independente, da fabricação ou não desta ou daquela unidade e acabam.
   Com o objetivo de tornar o rateio um pouco menos  subjetivo, o custeio por absorção pode ser realizado de duas maneiras: sem  departamentalização ou com departamentalização. Quando realizado sem departamentalização,  o custeio segue três principais etapas: “separação entre custos e despesas;  apropriação dos custos diretos diretamente aos produtos ou serviços; e rateio  dos custos indiretos” (MARTINS, 2010, p.57). O esquema básico do custeio por  absorção sem departamentalização é apresentado por meio da Figura 1.
A Figura 1  apresenta o funcionamento do custeio por absorção sem a departamentalização.  Pode-se perceber que os custos incorridos no período só serão incorporados ao  resultado deste período caso toda a produção ou parcela dela seja vendida  (MARTINS, 2010).
   Por outro  lado, com o intuito de diminuir os erros e arbitrariedades na alocação, em  determinados caso é vantajoso o uso da departamentalização. De acordo com  Viceconti e Neves (1998), a departamentalização é a divisão da fábrica em  vários departamentos, os quais serão responsáveis pelos custos neles incorridos.  Cada departamento é uma unidade composta por homens e máquinas desenvolvendo  atividades homogêneas. A departamentalização dos custos possui dois maiores  objetivos:
Os departamentos, dentro da empresa, podem ser divididos em dois principais grupos: os departamentos de produção e de serviço. Os departamentos de produção são aqueles compostos por homens e máquinas, responsáveis pela fabricação dos produtos. Nestes departamentos, os custos diretos são atribuídos diretamente aos produtos e os custos indiretos são rateados diretamente para cada produto por meio de critérios estimados. Já os departamentos de serviços são compostos por homens e máquinas (na maioria das vezes homens) que não atuam diretamente na produção e prestam serviço para toda a empresa, inclusive para os departamentos de produção. Os custos gerados nestes departamentos são considerados diretos em relação aos departamentos, mas indiretos em relação aos produtos, uma vez que os produtos não passam por eles. Dessa forma, seus custos são transferidos para os departamentos que se beneficiam de seus serviços. (RIBEIRO, 1999). O esquema básico do custeio por absorção com departamentalização é apresentado por meio da Figura 2.
Para o custeio por absorção com departamentalização, utiliza-se seis passos: separação entre custos e despesas; apropriação dos custos diretos diretamente ao produto; apropriação dos custos indiretos aos departamentos; rateio dos custos indiretos comuns aos diversos departamentos, seja de produção ou serviço; escolha da sequência de rateio dos custos acumulados nos departamentos de serviços e distribuição aos demais departamentos, e atribuição dos custos indiretos, que agora estão nos departamentos de produção aos produtos, de acordo com o critério escolhido (MARTINS, 2010).
3. Procedimentos Metodológicos
            As tipologias da pesquisa foram classificadas quanto  aos procedimentos, quanto aos objetivos e quanto à abordagem do problema. Em  relação aos procedimentos, a pesquisa foi realizada por meio de um estudo de  caso. Estudo de caso, de acordo com Mattar (1999, p. 78) “é um estudo profundo,  mas não tão amplo, através do qual se procura conhecer profundamente apenas um  ou poucos elementos da população sobre um grande número de aspectos e suas  inter-relações”. Esta pesquisa caracterizou-se em um estudo de caso, pois  buscou-se analisar a gestão de gastos em uma empresa do setor de detectores de  metal, com o intuito de colher informações relacionadas à gestão de gastos  utilizada, bem como e propor soluções de melhoria para a mesma. Quanto aos  objetivos, trata-se de uma pesquisa descritiva. Segundo Gil (2002, p. 42):
   As pesquisas  descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de  determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações  entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este  título e uma de suas características mais significativas está na utilização de  técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a  observação sistemática.
   A pesquisa realizada neste estudo foi considerada  descritiva, pois teve o objetivo de fazer um diagnóstico na empresa objeto de  estudo com relação a sua gestão de gastos. Apresentando assim, de forma  detalhada, seus custos, despesas, investimentos e perdas e, consequentemente, o  custo de seus três principais produtos. 
   No que diz respeito a abordagem, tratou-se de uma  pesquisa qualitativa. Segundo Mattar (1999), na pesquisa qualitativa, os dados  são obtidos por meio de perguntas abertas, em entrevistas que podem ser em  grupo, individuais em profundidade e também em testes projetivos. Optou-se por  esta abordagem tendo em vista a alta especificidade e profundidade do estudo e  dos dados necessários e também por se tratar do estudo de somente uma empresa.
   Quanto aos instrumentos de coleta, os dados foram levantados  por meio de entrevistas semi estruturadas, realizadas com um dos gestores da  empresa. As entrevistas semi estruturadas são aquelas que não possuem um  instrumento de coleta completamente moldado, ou seja, pesquisador e pesquisado  sabem o tema, e o pesquisador utiliza algumas perguntas centrais para guiar a  entrevista. Como define Mattar (1999, p. 162) “um instrumento de coleta  medianamente estruturado é aquele em que, por exemplo, as questões a serem  perguntadas são fixas, mas as respostas são obtidas pelas próprias palavras do  pesquisado. Dessa forma, conforme o pesquisado responde, o pesquisador conduz a  entrevista, podendo fazer perguntas que não estavam previstas. 
   Os dados também foram coletados a partir de dados  primários referentes a gestão de gastos da empresa objeto de estudo. De acordo  com Mattar (1999, p. 134) “dados primários são aqueles que não foram antes  coletados, estando ainda em posse dos pesquisados, e que são coletados com o  propósito de atender às necessidades específicas da pesquisa em andamento”.
   Em se tratando da análise dos dados, de acordo com Gil  (2002, p. 125) “o processo de análise dos dados envolve diversos procedimentos:  codificação das respostas, tabulação dos dados e cálculos estatísticos. Após,  ou juntamente com a análise, pode ocorrer também a interpretação dos dados”.
   A análise dos dados neste trabalho seguiu o método  descritivo, que segundo Mattar (1999, p. 66) “têm o objetivo de proporcionar informações sumarizadas dos dados  contidos no total de elementos da(s) amostra(s) estudada(s)”. De acordo os  dados obtidos, foi possível realizar a análise dos gastos da empresa em estudo  e chegar ao custo unitário referente a cada um dos produtos. Para efetuar a  análise, os dados foram organizados em planilhas eletrônicas do software Excel. Em seguida classificou-se os  gastos e aplicou-se a metodologia do custeio por absorção para identificação do  custo unitário dos três produtos produzidos pela empresa objeto de estudo.
4. Resultados da Pesquisa Empírica
Apresentação da empresa objeto de estudo
A empresa objeto de estudo é uma indústria, enquadrada  como empresa de pequeno porte do setor de detectores de metal. Iniciou suas  atividades em setembro de 2007, na região Sul de Santa Catarina. A empresa que  atua na área de detecção de metais surgiu com o objetivo de fabricar  equipamentos de alta tecnologia e qualidade para proporcionar segurança a seus  clientes, bem como atender suas necessidades com excelência. No início de suas  atividades, a empresa contava com 5 funcionários. Hoje, depois de  aproximadamente 8 anos de mercado, a empresa emprega 16 funcionários diretos na  cidade onde está localizada.
   Na área civil, são comercializados os portais e os detectores  manuais, utilizados para inspeção pessoal. Já para as indústrias, os  equipamentos detectores de metal são utilizados para cumprir as exigências de  controle de qualidade das normas internacionais HACCP E NILECJ 601. Estes  equipamentos são usados por empresas que desejam inspecionar seus produtos para  que não sejam comercializados com algum tipo de metal na composição.
   A empresa comercializa seus produtos para outras  indústrias, mas sua principal demanda vem de órgãos públicos, por meio de  licitações e pregões eletrônicos. Por isso, durante o ano, a organização  trabalha com muita oscilação em suas vendas. Em entrevista, um dos gestores  apontou que a empresa ainda é muito passiva em relação as vendas, o que a torna  ainda muito dependente dos órgãos públicos. Entretanto, este já é um ponto que  está buscando reverter por meio da prospecção ativa de clientes. O objetivo é ampliar  as vendas para as indústrias, pois dessa forma, pode-se focar mais na  diferenciação do produto no que no preço baixo.
   Logo, o objetivo da empresa está voltado para o  desenvolvimento de equipamentos detectores de metais para segurança civil e,  principalmente, para a indústria, com foco na qualidade e segurança de seus  clientes. Para garantir ainda mais sua satisfação, a empresa trabalha com  desenvolvimento de tecnologias que permitem acessar remotamente seus produtos,  facilitando assim, a realização de manutenção de forma mais eficaz.
Gestão de custos atualmente utilizada
Atualmente, a empresa utiliza um sistema de gestão que  visa integrar todas as áreas da empresa. Em entrevista, um dos gestores  mencionou que o sistema é bem completo e poderia gerar diversos insumos para a  gestão dos custos, no entanto, não há a alimentação do software com os todos  dados necessários.
   Em relação aos custos, os únicos dados inseridos são  em relação ao preço pago pelas matérias primas. Dessa forma, os relatórios  emitidos pelo sistema acabam apontando como custo somente os valores de matéria  prima, e é este o valor que eles consideram como custo do produto. Para fins de  exemplificação, a Tabela 1 apresenta as informações fornecidas pelo sistema  relacionadas ao detector portal.
A Tabela 1 corresponde aos valores fornecidos pelo  sistema em relação aos custos dos produtos para o detector portal. Optou-se por  apresentar somente este produto considerando que o único aspecto que o  diferencia dos detectores manual e industrial, nos relatórios emitidos pelo  sistema, consiste nos valores de custo, que serão melhor abordados na seção  4.3.2.
   Como pode-se perceber, o único dado fornecido é o de  Materiais/Mercadorias, que correspondem à matéria prima utilizada na fabricação  de seus produtos. O que não possibilita aos gestores a realização de análises e  interpretações muito aprofundadas. Dessa forma, para realizar a precificação  dos produtos, os gestores acabam se baseando no feeling e experiência de  mercado que detém.
   Além destes dados fornecidos pelo sistema, a empresa estudada  possui serviço de contabilidade que apresenta ao final do ano os balancetes com  o resultado alcançado pela organização no período. Os gestores fazem uma  análise geral dos principais pontos destacados e tomam medidas que sejam  adequadas ao momento. A empresa não possui nenhum setor específico para gestão  de gastos, portanto, não foi mencionada nenhuma análise aprofundada das  informações.
Propostas
No desenvolvimento deste tópico, apresenta-se todas as etapas para se chegar ao custo unitário de cada um dos produtos. Iniciou-se com a identificação e classificação dos gastos da organização, partindo em seguida para a alocação dos custos diretos e indiretos. Por fim, chegou-se ao valor do custo unitário bem como sugere-se formas de utilização desta informação para fins de avaliação de estoque, controle e tomada de decisão.
Identificação dos gastos da organização
Os gastos foram identificados por meio das entrevistas e pela disponibilização, por parte da empresa, de relatórios com os dados primários. Pelo fato de as vendas da empresa possuírem muita sazonalidade, optou-se por analisar o período anual de 2014. Os dados referentes aos gastos foram classificados em três categorias: custos de produção, despesas administrativas e despesas com vendas. A Tabela 2 apresenta o total de gastos incorridos no ano de 2014 já divididos de acordo com a sua classificação em custo ou despesa.
Na Tabela 2 são  apresentados os gastos da organização no ano de 2014. Por ser uma indústria,  pode-se observar que seus custos de produção representam a maior parte dos  gastos incorridos ao longo do ano. Em seguida, tem-se as despesas  administrativas e as despesas com vendas, totalizando um gasto de R$ 1.142.256,59  em 2014.
              Neste  trabalho, optou-se por utilizar o custeio por absorção sem departamentalização  para mensurar os custos dos produtos. De acordo com esta metodologia, são  alocados aos produtos somente os custos de produção. As despesas  administrativas e com vendas são consideradas diretamente no resultado da  empresa.
   Assim, depois de  identificar os gastos e classificá-los, conforme Tabela 2, o próximo passo foi  verificar quais custos de produção são diretos e quais são indiretos. Esta  classificação se faz necessária tendo em vista que os custos diretos são  alocados, como o próprio nome sugere, diretamente aos produtos. Já os custos  indiretos são alocados aos produtos por meio de algum critério de rateio. Dentre  os valores de custo de produção, somente a Matéria Prima Consumida foi  classificada como custo direto, pois é o único custo que pode ser contabilizado  de forma direta a cada um dos três produtos. Os demais custos são classificados  como indiretos e, por isso, necessitaram de um critério para serem alocados aos  produtos.
Alocação dos custos diretos
O único custo classificado como direto foi a Matéria Prima Consumida. Como a empresa realiza o registro desta informação, por meio dos relatórios de cada produto, foi possível obter o custo de matéria prima unitário de cada um deles, conforme Tabela 3.
Os valores apresentados na Tabela 3 são referentes aos  custos com matéria prima incorridos pela empresa para a fabricação de cada um  dos produtos. Neste valor estão incluídas a parte eletrônica, referente a tecnologia  responsável por identificar o metal e emitir o sinal quando algo for detectado,  e a parte estrutural, que corresponde aos insumos utilizados para dar o formato  físico de cada um dos produtos.
   O detector manual é o menor produto e o mais simples, considerando-se  principalmente a estrutura, pois é utilizado para inspeção pessoal. Por ser  utilizado manualmente, ele também precisa ser leve e possuir um formato  prático. O detector portal, por outro lado, é mais complexo do que o detector  manual, pois além de possuir um formato maior (parecido com uma porta), o que  exige mais gastos com os insumos da parte estrutural, sua parte eletrônica tem  que ser adequada ao seu tamanho. Já o detector industrial, comercializado para  indústrias, é o mais complexo de todos, pois deve possuir uma estrutura que se  adeque ao sistema de produção do cliente. Além disso, sua parte eletrônica  também deve ser ajustada ao nível de sensibilidade que o cliente deseja ter na  detecção do metal.
Alocação dos custos indiretos
Para a alocação dos custos indiretos, optou-se por utilizar como critério de rateio a matéria prima consumida. Escolheu-se este critério pois os custos com matéria prima estão diretamente relacionados aos produtos e, por isso, são considerados ideais para a alocação proporcional dos custos indiretos aos produtos. Logo, identificou-se a proporção de matéria prima que cada um dos produtos utiliza em sua fabricação em relação ao total de matéria prima consumida. Em seguida, aplicou-se este percentual aos custos indiretos (mão de obra, transporte, suporte, manutenção, energia elétrica e depreciação) para identificar a participação destes custos no custo total dos produtos. Primeiramente, evidencia-se por meio da Tabela 4 a proporção da matéria prima para fins de critério de rateio na alocação dos custos indiretos.
Na Tabela 4 é apresentada a quantidade vendida de cada um dos produtos. Como o critério de rateio escolhido foi o de matéria prima consumida, multiplicou-se os valores unitários de matéria prima utilizada na fabricação dos produtos pelas quantidades vendidas, e assim obteve-se o total consumido no ano. Deste modo, chegou-se aos percentuais de matéria prima consumida para cada um dos produtos. Tais percentuais foram utilizados para realizar a alocação dos custos indiretos aos produtos. Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 5.
Os valores apresentados na Tabela 5 correspondem ao percentual definido para a alocação dos custos indiretos (na Tabela 4) multiplicados pelo valor total de cada um dos custos indiretos de produção. Assim, pode-se verificar quanto de cada custo indireto foi destinado a um tipo de produto. Para se chegar então ao valor unitário, dividiu-se o valor obtido em cada custo indireto de cada produto, conforme Tabela 5, pela sua quantidade vendida (apresentados na Tabela 4). Em seguida, somou-se todos os custos indiretos rateados de cada um dos produtos para calcular o seu custo indireto unitário. Dessa forma, os resultados obtidos foram: detector manual R$35,32 de custo indireto, detector portal R$670,03 e detector industrial R$850,25.
Identificando o custo unitário
Para identificar o custo unitário de cada produto somou-se os valores unitários do custo direto (matéria prima) e dos custos indiretos (mão de obra, transporte, suporte, manutenção, energia elétrica e depreciação) rateados. O resultado pode ser observado na Tabela 6.
A soma do custo direto e dos custos indiretos resultou no custo unitário de cada produto para a empresa, valores apresentados na quarta coluna da Tabela 6. Como a empresa em estudo atualmente baseia seu custo somente nos custos com matéria prima, procurou-se fazer uma comparação entre o custo dos produtos encontrados e os valores de matéria prima, além de calcular a representatividade dos custos indiretos no custo total dos produtos. A Tabela 7 apresenta esta comparação.
Como pode-se observar por meio da Tabela 7, os custos indiretos representam 34,28% do custo unitário total de cada produto. Isto acarreta, considerando a percepção dos gestores dos custos baseados somente na matéria prima, um aumento de 52,16% no valor de custo total de seus produtos.
Utilizando as informações de custos para fins de avaliação de estoque, controle e tomada de decisão
Considerando a atual situação da empresa estudada,  pode-se verificar que a visão que os gestores possuem dos custos de cada  produto não representa a verdadeira realidade vivida pela organização, já que  existem outros fatores que influenciam neste valor e que não têm sido  contabilizados, os custos indiretos, como demonstrado. Logo, a formação de  preço, mesmo que adequada ao mercado, acaba não fornecendo aos gestores a  verdadeira margem de lucro dos produtos.
   Dessa forma, após  calcular o custo unitário de cada um dos produtos, tem-se informações  relevantes que a empresa em estudo pode utilizar para aperfeiçoar sua gestão.  Embora ela tenha o registro do custo direto de cada produto, percebe-se que os  custos indiretos exercem grande influência no valor do custo final de cada produto.  Por isso, é importante estar atento a este dado para fins de controle na  empresa.
   A partir de um  levantamento apropriado do real custo de cada produto, a empresa alcançará  muitos benefícios, tais como:
Em relação ao primeiro benefício, que diz respeito ao  estoque, observa-se que ao conhecer o real custo de seus produtos, a empresa  poderá verificar, de maneira mais precisa, o valor em dinheiro que tem  investido em seu estoque. O segundo benefício, relacionado a precificação dos  produtos, pode ser alcançando ao se unir a visão de preço de mercado (realizado  no momento de fixação de preços) ao embasamento financeiro (com dos dados de  custos), para assim definir suas estratégias de precificação. Sobre o terceiro  aspecto, considerando que a empresa estudada realiza muitas vendas por meio de  licitações públicas (em que o preço mais baixo é garantia de fornecimento), é extremamente  importante saber qual o preço mínimo que a empresa pode oferecer sem ter que  operar com prejuízo.
   O quarto benefício, que é fazer previsões de gastos  mais precisas, permite que ao final do período, quando os gestores forem fazer  as análises dos resultados obtidos e planejamentos, estes possam prever os  gastos de maneira mais assertiva e adequada a realidade da empresa. Dessa  forma, no período seguinte, terão uma base realista para fins de comparação e  realização de controle. Aliado a isto, por meio deste preciso levantamento de  custos, a empresa pode elaborar um planejamento de vendas que leve em conta as  margens de lucro reais de cada produto. Ou seja, em conjunto com as previsões  de gastos, os gestores poderão realizar um planejamento das vendas sabendo o  verdadeiro lucro que cada pedido resulta. Assim, a empresa poderá focar seus  esforços de venda no alcance de uma meta cujo retorno para e empresa é  conhecido.
   Em relação ao sexto benefício, direcionar recursos na  empresa, é possível observar que a partir de previsões de vendas mais  condizentes com a realidade da empresa, os gestores terão insumos para tomar  decisões mais estratégicas pensando em investimentos de longo prazo para a  empresa. Como por exemplo, definir o percentual dos lucros que serão destinados  a pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, ou então a novos  investimentos em equipamentos de produção. Por fim, um último benefício  elencado, que trará mais vantagens a longo prazo, é o de avaliar a  rentabilidade de cada produto, o que permite identificar e comparar quais deles  fornecem maior lucro e, assim, estabelecer a inclusão/exclusão destes no  catálogo da empresa.
               Por  meio da adoção da abordagem apresentada neste trabalho, a empresa poderá  ampliar seus lucros bem como a qualidade de seus produtos e serviços para o  consumidor. Além disso, as informações precisas dos custos dos produtos  permitirão aos gestores um maior controle e embasamento em suas decisões que  impactarão em curto e longo prazo.
5. Conclusões e Recomendações
Este estudo teve  como objetivo estruturar a gestão de gastos incorridos em uma empresa de  detectores de metal. Sua realização foi possível por meio do alcance dos  objetivos específicos definidos no início do trabalho. Primeiramente foi diagnosticada  a gestão de gastos atualmente utilizada pela empresa. Após, foram propostos controles  para estruturar a gestão de gastos incorridos pela empresa. Por fim,  comparou-se a gestão de gastos atual com a proposta empreendida no trabalho. 
   O gerenciamento de  custos é um importante conhecimento de ordem prática estudado na área de administração.  Tal controle possibilita mesurar os gastos de forma bastante precisa e, assim,  chegar num valor que permite diagnosticar o real custo de um produto. Por  ter-se observado que a empresa estudada enfrentava dificuldades para  quantificar os valores de gastos, surgiu a ideia de propor uma nova abordagem  para se contemplar os custos de maneira mais abrangente, o que foi alcançado  neste trabalho.
   Pelo fato de a  empresa estudada não possui um setor específico para realizar o gerenciamento  de custos, foi possível perceber que neste aspecto, conforme ressaltado, ela  ainda é incipiente. Mesmo possuindo um sistema integrado de gestão como um todo  na empresa, a parte que lida com custos é ainda pouco alimentada e, por isso,  não se possui as informações completas para realizar análises aprofundadas e  que levem em consideração os custos de produção de forma mais abrangente. Tal fato  se mostrou extremamente importante no estudo tendo em vista a influência dos  custos indiretos nos custos totais dos produtos fabricados pela empresa, como  evidenciado na alta porcentagem que eles representam.
   Diante da  relevância destes resultados, resta ainda a dúvida sobre como aplicar a  proposta na empresa, considerando-se que normalmente podem haver resistências  para a implementação de um dado novo. Primeiramente, nota-se que seria  importante alertar para a importância de se conhecer os custos para a  realização de vendas bem sucedidas. Para tal demonstração, os dados numéricos  mostram-se bastante convincentes, ao se traçar comparações entre os custos que  se imagina possuir e o custo real de cada produto. Espera-se que a constatação  de tal fato seja considerada para as futuras ações da empresa.
   Este estudo abordou um tópico específico de uma  indústria do setor de detectores de metal, por meio de um estudo de caso. Dessa  forma, tendo em vista que as conclusões obtidas nesta pesquisa evidenciaram  grande impacto na empresa estudada, propõe –se a replicação da proposta aqui  apresentada em outras empresas de diferentes setores e segmentos para verificar  como estas instituições lidam com a gestão de custos e o quanto isto impacta em  seus resultados. Também sugere-se um estudo comparativo entre duas empresas,  uma com gestão de custos mais apurada e outra sem nenhum controle para evidenciar  de forma prática as principais dificuldades enfrentadas por estas organizações.
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