Observatorio Economía Latinoamericana. ISSN: 1696-8352
Brasil


DIAGNÓSTICO DA PRODUÇÃO DE FIBRAS NO MUNICÍPIO DE PARINTINS - AM SOB A ÓTICA DO EMPREENDEDORISMO E DA FERRAMENTA SWOT

Autores e infomación del artículo

Vanildo Lavareda Anselmo Filho*

Francisco Alcicley Vasconcelos Andrade**

ICSEZ/ UFAM

falcicley@gmail.com

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RESUMO
Este trabalho acadêmico tem como finalidade fazer um diagnóstico da produção de Juta/malva no município de Parintins, desde os aspectos histórico-econômico da atividade, observando-a pela ótica do empreendedorismo e da matriz swot, além de analisar o cenário atual, elucidando todas as dificuldades e potencialidades do produto. Nesta perspectiva, este trabalho visa mostrar todas as dificuldades encontradas pelos juticultores/malveiros das comunidades do valha-me Deus-Chaves e os demais envolvidos com a processo produtivo e logístico da cultura. Além de apresentar e o crescimento da procura pela fibra por parte do mercado que pode significar a solução para o setor primário de Parintins. Diante deste cenário, surgiu a necessidade de se fazer um estudo nessa comunidade, além disso, foi utilizada como metodologia a pesquisa de campo e bibliográfica, no sentido de elucidar e ilustrar o universo de estudo, além da aplicação de questionários com perguntas abertas e fechadas direcionadas aos produtores, técnicos em agropecuária do órgão fomentador da cultura (IDAM) e o comprador particular da CTC, afim de obter dados pertinentes que pudessem fomentar hipóteses para as questões abordadas neste trabalho. Diante disso este trabalho visa suprir a escassez de trabalhos voltados para a produção de fibras nos seus aspectos econômicos, produtivos, governamentais e logísticos fazendo uma reflexão sobre os rumos dessa atividade e do estado do Amazonas.

Palavras-chave: juticultura, matriz swot, empreendedorismo, potencialidades, diagnóstico.

ABSTRACT
This academic work aims to make a diagnosis of production Jute / mauve in the city of Parintins, from the historical and economic aspects of the activity, watching her through the lens of entrepreneurship and SWOT matrix, in addition to analyzing the current scenario, elucidating all difficulties and product capabilities. In this perspective, this paper shows all the difficulties encountered by juticultores / malveiros communities of my goodness-Keys and others involved in the production and logistics process of culture. In addition to presenting and growing demand for fiber from the market that can mean the solution to the primary sector of Parintins. In this scenario, the need to do a study that community also was used as a methodology field research and literature in order to elucidate and illustrate the study of the universe, as well as questionnaires with open and closed questions directed to producers, agricultural technicians in the developer organ culture (IDAM) and the particular buyer the CTC in order to obtain information which could boost chances for the scope of this work. Thus this work aims to fill a few studies focused on the production of fibers in their economic, productive, government and logistics of making a reflection on the directions of the activity and the state of Amazonas.

Keywords: juticultura, SWOT matrix, entrepreneurship, capabilities, diagnostics.



Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Vanildo Lavareda Anselmo Filho y Francisco Alcicley Vasconcelos Andrade (2016): “Diagnóstico da produção de fibras no município de Parintins - AM sob a ótica do empreendedorismo e da ferramenta SWOT”, Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, Brasil, (agosto 2016). En línea: http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/16/juticultura.html

http://hdl.handle.net/20.500.11763/br-16-juticultura


INTRODUÇAO

A cultura de juta e/ou malva como alternativa para o eco desenvolvimento que busca estabelecer bases para a inserção de uma nova racionalidade ambiental, retoma as discussões sobre a importância da busca de produtos oriundos, de modelos alternativos de produção, socialmente viáveis e ecologicamente sustentáveis, fundamentalmente para a região como a Amazônia. (WITKOSKI, 2010).
Com a retomada dos temas que envolvem a produção de juta e malva, destaca-se também a importância  da imigração japonesa para a Amazônia, sua contribuição para a formação e desenvolvimento econômico do estado do Amazonas e do Município de Parintins, este localizado à 350 km em linha reta da capital Manaus, que foi escolhido pelos japoneses para a fixação da colônia nipônica.
A chegada dos japoneses no período (1930-1945) trouxe diversas transformações à paisagem das várzeas amazônicas com a introdução da cultura da juta (Corchorus capsulares L.), uma fibra de origem indiana que se adaptou ao solo e clima da região, proporcionando assim um novo ciclo econômico para o Amazonas no período entre a crise da borracha e a pré Zona Franca de Manaus. Apesar do sucesso da introdução da cultura da juta nas várzeas amazônicas, o projeto de imigração japonesa teve fim com a eclosão da Segunda Guerra Mundial.
O legado deixado pelos japoneses contribuiu para a agricultura local impulsionando o setor primário do estado do Amazonas, especialmente o Município de Parintins. O presente trabalho de pesquisa visa diagnosticar e fazer uma reflexão sobre os rumos da juticultura e expor sua importância no município de Parintins e para o Amazonas. Procurando demonstrar toda a complexidade, fraquezas e potencialidades da cultura que pode vir a beneficiar um setor deficiente no estado.
Além de revelar a luta dos juteiros e malveiros pela sobrevivência da cultura, que apesar de esta perdendo forças por falta de planejamento e um incentivo melhor do governo, pode vir a ser um produto impulsionador do setor primário de Parintins e do Amazonas, um estado que pouco produz no setor e não possui uma economia estável.
A figura do juteiro surgiu através do trabalho conjunto dos ribeirinhos com os japoneses  desde  o  princípio  da  implementação  e  adaptação  da  planta  pelos  nipônicos, primeiro como assalariados dos mesmos, depois como produtores da fibra. Esta figura que foi parte importante da cultura, sociedade e economia local, corre o risco de estar com seus dias contados, pois falta melhores incentivos governamentais e aparatos tecnológicos que facilitem a produção e amenizem o processo produtivo.
Atualmente existem protótipos desenvolvidos de desfibriladeiras e utilitários para o aperfeiçoamento da produção, mas deixados de lado por falta de continuidade das pesquisas. Assim, o método de produção continua arcaico e não se sabe se o caboclo comanda a juta, ou se a juta comando o caboclo, já que este é sujeito a sincronia das enchentes e secas e sem nenhum preparo para realizar o cultivo.
Em  meio  a  esse  período  a  juta  já  viveu  seu  apogeu,  pois  as  grandes  lavouras marcaram a história social, política e econômica do Amazonas, sendo um ciclo econômico situado entre o declínio da borracha e a instalação da zona franca de Manaus, representando assim, o principal produto produzido no estado, porém com a abertura das importações, a competição com os sintéticos veio o colapso da produção, mas uma nova ordem de mercado pode fazer reascender a cultura da juta.
Tendo em vista a escassez de trabalhos voltados para a juticultura em suas características econômicas, apresentando suas fraquezas e potencialidades em um cenário econômico favorável, o presente trabalho de pesquisa busca apresentar além dos seus aspectos históricos, uma visão que ilustre a produção de fibras no município de Parintins, fazendo um diagnóstico da atividade sobre a ótica do empreendedorismo e da ferramenta SWOT, pesquisando seus antecedentes históricos e o processo de instalação da atividade da juta na Vila Amazônia e apoiados nos ventos de um novo ambientalismo, expor as potencialidades econômicas que esta atividade pode representar para o município de Parintins.

REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 Empreendedorismo

Para melhor entender o empreendedorismo, faz-se necessário conhecer as origens do termo empreendedor. De modo geral, o empreendedorismo ganhou suas primeiras definições e princípios em meados do século XVII, porém seu embasamento teórico ganhou forças somente no século passado, com conceituação, caracterização e função social.   A palavra Empreendedor deriva do latim  Imprendere, que significa (decidir realizar tarefa difícil e laboriosa), o termo encontra sua representação também na língua francesa como entrepreneur que  significa  aquele  que  assume  riscos  e  começa  algo  novo”  partindo  desta  premissa, estudos apontam que o primeiro exemplo de empreendedor foi Marco Polo, responsável por descobrir uma rota alternativa de comércio para o Oriente assumindo todos os possíveis riscos de tal feito (DORNELAS, 2001).
A economia mundial e o mercado de trabalho atravessam um período turbulento, cheio de desafios e incertezas, com o desemprego assolando diversos países, em meio a este cenário destaca-se a figura do empreendedor, pois este tem um papel fundamental para o desenvolvimento econômico e social de um país, cabe a ele detectar oportunidades, agarrá-las, assumindo riscos calculados e por fim, angariar recursos financeiros para concretizar sua ideia em um negócio lucrativo.
Muitos empreendedores visionários como Mark Zuckerberg e Bill Gates ganham notoriedade e fama por criarem produtos revolucionários e inovadores em seus respectivos segmentos de mercado, porém não é empreendedor apenas aquele que inova, segundo Joseph Schumpeter 1949, “O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais”, ou seja, empreender não significa apenas inovar, mas também criar algo diferente e com valor, a partir de negócios já existente.
Por muitos anos acreditava-se que o empreendedorismo era algo inato, um dom que nascia com o indivíduo e este teria facilidade de criar negócios de sucesso, e pessoas que não possuíssem  este  dom  não  conseguiria  sucesso,  mas  posteriormente  este  paradigma  foi rompido, toda e qualquer pessoa, por motivos pessoais ou circunstanciais pode empreender e o sucesso depende exclusivamente da devoção ao negócio, das atitudes e esforços aplicados

para enfrentar as dificuldades do cotidiano ocasionadas pelos fatores externos e internos da organização.
Em países como o Brasil o número de empreendedores aumenta a cada ano, por outro lado nota-se que há uma alta mortalidade de empreendimentos, muitas micro empresas têm no máximo 3 anos de vida, dentre os principais fatores deste fato, destaca-se a falta de planejamento por parte de seus proprietários. Toda e qualquer empresa precisa de um planejamento estratégico para nortear suas tomadas de decisões e ações.

1.1.1    O indivíduo empreendedor

Muitos autores não tem uma definição específica para o termo empreendedor, mas todos eles são unânimes ao afirmar que um ser empreendedor é aquele que tem o primor em identificar oportunidades deixadas a partir de um nicho de mercado com clientes em potencial deixados à margem dos negócios e a partir dessa oportunidade cria uma empresa para satisfazê-los,  além  disso,  para  uma  pessoa  ser  considerada  empreendedora,  ela  deve apresentar algumas características diferenciadas, que segundo (DORNELAS 2003 p.26), são classificadas em três áreas: técnicas, gerenciais e características pessoais.
Características técnicas: Um empreendedor deve saber ouvir as pessoas para obter informações e assim obter as informações necessárias para implementar em seu negócio, saber trabalhar em equipe, ser organizado e principalmente possuir Know –how, já que para um  empreendedor,  o  conhecimento  é  a  ferramenta  determinante  para  a  idealização  de qualquer projeto
Características gerenciais: Todo empreendedor é por essência um administrador, não basta apenas implementar uma empresa no mercado, é necessário mantê-las vivas em um ambiente altamente competitivo, dito isto, é imperativo  um conhecimento administrativo para gerenciar uma organização usando técnicas de gestão para assim atingir seus objetivos de forma eficiente, visando sempre a responsabilidade social e ambiental, dentre as técnicas de gestão destacam-se a gestão de finanças, controle de ações, controle operacional e produtivo além de ser um bom negociador.
Características pessoais: São habilidades inatas (talento), ou adquiridas pelo indivíduo, para empreender a pessoa precisa ser flexível, ter uma percepção apurada para visualizar r analisar uma oportunidade, tolerar erros, ser autoconfiante, ter uma visão aprimorada do futuro, possuir iniciativa de criar um novo negócio, ser otimista, ser um líder nato,  disciplinado, preparado para o desconhecido, ser  persistente e não sucumbir aos obstáculos encontrados.
Graças ao desenvolvimento das teorias administrativas e da própria evolução da humanidade as relações de trabalho estão cada vez mais voltadas para o capital humano e o empreendedor  precisa  ter  agilidade,  competência  e  talento  para  liderar  pessoas,  adquirir capital e gerir os recursos disponíveis de maneira eficiente, ser rico em ideias para aproveitar ao máximo uma oportunidade e know-how para direcionar uma empresa em um mercado extremamente competitivo.
Nesse aspecto, pode-se notar pessoas com o perfil de empreendedor nas mais diversas áreas e atividade, onde houver uma ação inovadora, um novo processo ou uma remodelagem para fazer algo que já existe, haverá a figura do empreendedor. Contudo o termo “Empreendedor” é exclusivo para denominar pessoas que implementam uma empresa no mercado.

1.1.2   A inovação e processo empreendedor

Se tornar um empreendedor, não é uma mera obra do acaso, Dornelas (2008 p. 27) enfatiza “O processo empreendedor inicia-se quando um evento gerador desses fatores possibilita início de um novo negócio”. Para Freire (2005), o processo empreendedor abrange todas as atividades relacionadas com a detecção de uma oportunidade e a criação de empresas que  possam  concretizá-la,  ou  seja,  é  uma  decisão  motivada  por  fatores  que  podem  ser, internos ou externos do ambiente, pessoais ou circunstanciais. Poderá se tornar um empreendedor um desempregado que se torna camelô, um médico que decide abrir um consultório, um colaborador insatisfeito com o emprego que se demite e abre uma loja.
Para  Dornelas  (2008  p.26)  a  inovação  é  a  semente  do  processo  empreendedor, quando se fala em inovação logo vem o pensamento de inovação tecnológica, é correto afirmar que esta, é responsável por ser carro chefe do desenvolvimento da economia mundial, porém inovar não está relacionada apenas a desenvolvimento tecnológico, mas também a remodelagem de processos já existentes assim como utilizar recursos de maneira diferente dos padrões anteriormente utilizados. A inovação é o meio pelo qual o empreendedor buscar explorar as mudanças como uma oportunidade de criar um negócio ou serviço diferente. A esses indivíduos cabe a tarefa de buscar novas ideias para que determinada atividade tenha êxito.

Feitas as ressalvas sobre o processo de inovações tecnológicas e sua importância, faz-se necessário entender as partes que envolvem o processo empreendedor:
I - Identificar e avaliar uma oportunidade: por muitas das vezes uma oportunidade pode ser extremamente tentadora, mas cabe ao empreendedor avaliar se aquela oportunidade possa se tornar lucrativa, reconhecer os riscos e os possíveis retornos que ela pode proporcionar, também é papel do empreendedor fazer um paralelo entre a oportunidade e as metas pessoais e habilidades, além de ter o talento, conhecimento e feeling para saber aproveitá-la e explorá- la ao máximo no momento oportuno.

II - Desenvolver um plano de negócios: Esta pode ser a etapa que mais dê trabalho aos empreendedores inexperientes, já que um plano de negócio é um documento que expressa (por escrito) toda a essência da empresa, seus conceitos e modo de operar. Serve para nortear as tomadas de decisões e ações da empresa, a fim de minimizar os riscos e incertezas além de delinear suas estratégias, ele pode ser complexos ou simples, voltado apenas com enfoque nos clientes e nos concorrentes. Também está presente no plano de negócio um plano financeiro do empreendimento, onde serão calculados o valor do investimento, custos e receita, além, é claro, das estimativas de lucro (ou prejuízo).

III- Determinar e captar os recursos necessários: Esta etapa consiste em angariar recursos financeiros  para  concretizar  o  empreendimento,  esta  fase  pode  ser  realizada  de  várias maneiras, o empreendedor pode captar recursos através de financiamentos com os bancos, amigos, recursos próprios, investimento “Angel” (Anjo - são pessoas físicas ou jurídicas que preferem investir seu dinheiro financiando principalmente empresas voltadas ao desenvolvimento tecnológico do que aplicá-los em um banco, por exemplo).

IV-  Gerenciar  a  empresa  criada:  esta  parte  do  processo  empreendedor  envolve  as habilidades administrativas do empreendedor, o tipo de gestão que será implementada no empreendimento,  além  de identificar possíveis  problemas  atuais  e potenciais,  sejam  eles financeiros ou organizacionais, recrutar uma equipe que esteja capacitada e engajada no projeto, profissionalizar a gestão e criar um sistema de controle (DORNELAS, 2008 p.28).
Embora as fases do processo tenham sido apresentadas de forma separada e sequencial, nenhuma delas precisa necessariamente ser complementada para pular para a fase subsequente. O processo empreendedor acontece a partir da integração de todos os fatores de maneira harmoniosa, desde a inovação proporcionada a partir do nicho de mercado, onde o empreendedor aloca e administra todos os recursos, sejam eles financeiros, tecnológicos e pessoais disponíveis para gerar resultados que possibilitem o desenvolvimento de uma determinada organização

1.2 MatrizSwot

O planejamento estratégico é uma das principais ferramentas no âmbito organizacional, é através dele que as organizações baseiam suas decisões, e é justamente disso que se trata a Matriz Swot. O termo “Swot” deriva de um acrônimo1  das palavras Strengths (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e Threats (ameaças), porém em países como o Brasil é bastante comum utilizarem a sigla F.O.F.A. ao invés da tradicional. (WIKIPÉDIA, 2015)
Criada por dois professores da Harvard Business School, Kenneth Andrews e Roland Christensen, a análise Swot trata-se de uma ferramenta estrutural da administração que tem como principal finalidade examinar o ambiente interno e externo da organização, sistematizando todas as informações disponíveis do macro e microambiente a fim de obter uma leitura transparente do mercado e assim poder formular as estratégias para manter as suas forças, eliminar as fraquezas, mitigar as ameaças e capitalizar as oportunidades (LACOMBE,
2003).

Em  seu  desenvolvimento  a  análise  Swot  focaliza-se  em  dois  fatores,  o  cenário interno e o cenário externo, o primeiro trata-se da própria empresa, um ambiente supervisionado e manipulado pelos próprios membros da empresa, resultando assim, nas forças e fraquezas oriundas do posicionamento atual adotada pela empresa, nesse contexto os pontos fortes devem ser ressaltados ao máximo, enquanto os pontos fracos, se detectados, devem ser minimizados.
O segundo fator refere-se ao ambiente externo, ou seja, tudo que advém de fora da empresa  (FILHO,  2013)  apesar  de  ser  um  espaço  não  controlado,  os  dirigentes  devem conhecê-lo e monitorá-lo com frequência, de modo que estes possam identificar tudo que possa vir a atrapalhar (Ameaças) ou beneficiar (Oportunidades) o andamento dos negócios. Esta avaliação do presente, permite ao administrador projetar e planejar um futuro melhor para empresa.

Forças  (Strengths):  São  representadas  pelas  principais  vantagens  que a  empresa possui diante dos seus concorrentes, são as aptidões mais fortes da empresa, podemos identificá-las como: Marca do Produto, participação no mercado, vantagens de custo, fontes exclusivas de matéria prima, controle na rede de distribuição e localização.
Fraquezas (Weaknesses): São as principais vulnerabilidades e desvantagens da empresa que prejudicam diretamente os negócios, depois de diagnosticadas, precisam ser adotados  planos  estratégicos  que  minimizem  esses  fatores,  podemos  identificá-las  como: Pouca Força na Marca, baixo conceito junto ao Mercado atuante, altos custos, localização desfavorável, falta de matéria prima, descontrole da rede de escoamento dos produtos.
Oportunidades (Opportunities): São forças incontroláveis do ambiente externo da empresa, que podem influenciar sua ação estratégica. Não existe controle sobre essas forças, pois  elas  podem  correr  de  diversas  formas,  como:  mudanças  na  política  econômica  do governo, alterações tributarias, nichos de mercado deixados pelos concorrentes, mercados pouco explorados. Quando identificadas, conhecidas e aproveitadas de maneira satisfatória, podem impulsionar positivamente os negócios.
Ameaças (Threats): São forças incontroláveis externas, que ao contrário das Oportunidades,  podem  influenciar negativamente não  somente o  planejamento  quanto  os próprios resultados da companhia. Se detectadas em tempo hábil, podem ser evitadas ou minimizadas Existem algumas indagações que podem ajudar a detectá-las, como problema financeiro, mudanças tecnológicas, o movimento dos concorrentes e possíveis obstáculos encontrados pela empresa. (WIKIPÉDIA, 2015)
A Matriz Swot atua como um pilar de sustentação da gestão e do planejamento estratégico organizacional. Devido a sua simplicidade pode ser utilizada por empresas de qualquer porte, da micro a macro empresas possibilitando uma leitura do ambiente para assim poder definir suas estratégias para manter pontos fortes, reduzir  a intensidade de pontos fracos, aproveitando oportunidades e protegendo-se de ameaças. (FILHO, 2013)

1.3. Contexto histórico

A imigração  japonesa para a Amazônia ocidental  foi  possibilitada devido  a um acordo político entre o governo brasileiro e governo japonês, representado pela embaixada japonesa no Brasil (MUTO, 2010). Devido ao declínio da produção da borracha na década de 20, e com o veto de empréstimo do governo federal brasileiro, o Amazonas necessitava de medidas que aliviassem a crise que se instalava no estado, então o governo amazonense foi induzido a recorrer à concessão de terras a países estrangeiros, o então governador amazonense, Ephigênio Ferreira Salles, aconselhou o intermediador das negociações, o embaixador japonês Shitita Tatsuke, que viajasse para o Amazonas onde seria concedido 1 milhão  de  hectares  de  terras  devolutas  para  a  introdução  do  processo  de  imigração  e exploração agrícola, uma vez que o estado nada produzia. (HOMMA, 2007)
O Governo estava engajado em programas de exploração agrícola, uma vez que a crise economica de 1929 estava instalada e os gastos com produtos importados estavam diminuindo, esse processo foi iniciado na década de 20 para atender a demanda interna do país por produtos agrícolas (SOUZA, 2013) O projeto foi viabilizado graças a ações governamentais voltadas para angariar capital para nutrir o setor industrial tornando-o cada vez mais especializado e monetizado.
A princípio, a concessão de terras foi oferecida aos empresários Kinroku Awazu e Guenzaburu Yamanishi, mas estes por sua vez não puderam encabeçar o projeto, pois a crise financeira mundial que culminou a quebra da bolsa de valores de Nova York em 1929 chegava ao Japão, levando à empresa de Yamanishi a falência. Foi então que os empresários procuraram  o  parlamentar japonês  Tsukasa Uetsuka,  que se  encontrava em  seu  segundo mandato  e  ofereceram-lhe  1  milhão  de  hectares  de  terras  concedidas  pelo  governo amazonense.
Mesmo sabendo das dificuldades encontradas pelos primeiros imigrantes japoneses em 1908 destinados ao sudeste do Brasil, mas motivado pelo poder político, Tsukasa Uetsuka aceitou o desafio de concretizar o projeto, pois via ali uma boa oportunidade de negócio, e um planejamento estratégico bem feito seria vital para que o sucesso do empreendimento. (AMAZONAS, 2011)

1.3.1 O projeto

Em fevereiro de 1928, o parlamentar japonês Tsukasa Uetsuka, eleito pela segunda vez deputado parlamentar e acabara de ser nomeado ministro parlamentar da fazenda, foi procurado pelos empresários Guenzaburo Yamanishi e Kinroku Awazu, (o primeiro era proprietário de uma grande empresa do ramo de construção civil) estes ofereceram-lhe a concessão de 1 milhão de hectares de terras desabitadas cedidas pelo governo Amazonense.
Partindo do pressuposto que seria muito difícil fazer um projeto emigratório para um país tão distante e de cultura, língua e clima completamente diferentes Tsukasa Uetsuka acreditava que um planejamento estratégico seria crucial para tornar aquela oportunidade um negócio de sucesso para todos os envolvidos.
Como ministro parlamentar da fazenda, Tsukasa Uetsuka sabia da importância do projeto de emigração para seu país, já que o Japão possuía uma população muito numerosa, no entanto seu espaço territorial era pequeno e isso poderia acarretar em conflitos sociais internos futuramente ou até mesmo dificuldade de produzir alimentos para todos. (AMAZONAS,2011)
A crise financeira mundial era alarmante e muitos países haviam fechado suas portas para emigrantes, com este cenário aquela oportunidade não poderia ser desperdiçada, pois o Amazonas ao contrário do Japão possuía um vasto território que precisava produzir algo e por ser terras predominantemente composta por planícies havia ameaça de invasão do território por países que faziam fronteira com o estado, portanto era uma ameaça à segurança nacional. (HOMMA. 2010)
A primeira expedição foi chefiada por Kinroku Awaru em 1928, dois anos mais tarde em 1930, como parte interessada no projeto, o governo japonês financiou e ordenou que o próprio Tsukasa Uetsuka liderasse a segunda missão. A bordo do navio recém-construído, Rio de Janeiro Maru saiu do porto de Kobe com destino ao Rio de Janeiro e de lá seguiria para o Amazonas  no  dia  1º  de  setembro  juntamente  com  21  membros,  composto  por  peritos agrícolas, meteorologistas, físicos, arquitetos, agrimensores e diversos colonos, ao chegar com sua equipe no território amazonense, visitou várias localidades a bordo do navio Gertrud, disponibilizado pelo próprio governo brasileiro (AMAZONAS 2011).
Em 1931, após inúmeras pesquisas, foram selecionados 3 lotes de terras virgens localizadas ao lado sul do Rio Amazonas, entre a capital Manaus e a fronteira com o estado do Pará, como sede do projeto, Tsukasa Uetsuka escolheu a Vila Batista, pois possuía uma posição estratégica e privilegiada localizada na confluência do Paraná do Ramos com o Rio Amazonas e as vias naturais os rios Andirá, Uaicurapá, Maués e Mamuru serviriam para facilitar o escoamento dos produtos agrícolas produzidos na região (HOMMA, 2010).
Outro fator importante para a escolha da Vila Batista foi a proximidade com o estado do Pará, assim os produtos poderiam ser transportados tanto para Manaus quanto para Belém. Por ser um terreno habitado, a Vila batista não fazia parte da concessão isto fez com que Uetsuka comprasse o local com recursos próprios e posteriormente rebatizou a localidade de Vila Amazônia como é conhecida até hoje. (SAUNIER, 2003)
Na vila Amazônia, Uetsuka fundou o Instituto Amazônia junto com uma estação experimental de agricultura,  um observatório  meteorológico,  um  hospital  e  a  escola  de agronomia industrial a partir de 21 de outubro de 1930, os membros envolvidos começaram a trabalhar na missão dando início ao projeto. (AMAZONAS, 2011)

1.3.2    Fatores importantes para a escolha da juta

A principal problemática na época era selecionar quais seriam as culturas implementadas pelos colonos no vale amazonas. Levando em consideração que os produtos deveriam  ser  consumidos  anualmente  e  seus  métodos  de  produção  e  comercialização (Colheita, cultivo, armazenagem e transporte) o mais simples possível, as terras escolhidas na concessão eram predominantemente áreas de várzea, (terras que são encobertas pelas águas no período da enchente), o que facilitaria no plantio de culturas mais rápidas. (SOUZA, 2015)
Depois de muitas pesquisas chegaram à conclusão de que a Juta atendia a todos os requisitos citados e dentre todos os produtos de primeira linha no comercio mundial, a fibra então era o produto mais viável, pois estava em evidência no mercado e era uma demanda secundária do café, principal produto da balança comercial brasileira. (FURTADO, 2007).
Utilizada para a fabricação de cordame e fios brutos, destinados à tecelagem de sacos de sarrapilha para o acondicionamento do café a fibra começava a se destacar, pois as sacas produzidas a partir da fibra de Juta eram mais resistentes e conservavam melhor os aspectos naturais do café.
Nesse sentido observa-se que a demanda interna pelas fibras era muito grande, até então a fibra utilizada para fabricação de sacos de sarrapilha eram importadas  da Índia, representando uma das principais causas da saída de ouro do Brasil (HOMMA, 2007), pois no século XIX, o café era o principal produto do comercio brasileiro sendo um artigo impulsionador da economia e exportação, com o controle de ¾ da oferta mundial do produto. (FURTADO, 2007)

1.3.3      Os Koutakuseis

Em  1931,  Tsukasa  Uetsuka  fundou  em  Tóquio  uma  subunidade  do  Instituto Amazônia no intuito de efetuar o planejamento do empreendimento auxiliando a exploração das terras amazônicas, ele mesmo ocupou a cargo de administrador. (AMAZONAS, 2011). Sendo assim, Em 1933, o Instituto Amazônia mudou-se para Fundação Instituto Amazônia este, recebeu de Uetsuka todas as suas terras, estação de agricultura experimental, estação meteorológica, hospital, serraria, o seringal e outros prédios que eram de sua posse.
Nesse contexto, Tsukasa Uetsuka sabia que era preciso especializar sua mão de obra e selecionar bem os membros do projeto, esse grupo teria que ser um profundo conhecedor dos propósitos do projeto para concretizar o mesmo com eficiência, então ele fundou junto: a escola superior de artes marciais, a escola superior da colonização de kokushikan (KOKUSHIKAN KOUTOU TAKUSHOKU GAKKOU), autorizada pelo ministério da educação do Japão, sendo que   nesta escola estudaram a primeira e segunda turma de koutakuseis2, como eram chamados os alunos que estudavam nessa escola. O nome Koutakuseis deriva da abreviatura Koutaku, de “kokushikan koutou takushoku gakkou”.(AMAZONAS, 2011)
Para ingressar na escola, era preciso atender a alguns requisitos como: Ser do sexo masculino, estar disposto a morar no Amazonas, ter concluído os estudos no ano anterior, (tornando assim a idade restrita entre 19 e 20 anos), não necessitava ter nenhum conhecimento de técnicas agrícolas, uma vez que estes conhecimentos seriam adquiridos na escola, onde passariam 1 ano em período de internato.
Os alunos também aprendiam um pouco do idioma português, possíveis culturas que poderiam ser plantadas no amazonas, informações sobre o Brasil, principalmente sobre o Amazonas como: Clima, ciclo de chuvas, princípios de carpintaria e prática de arear e semear o solo, abrir estradas, cavar e construir poços de água, além disso, os colonos escolhiam uma arte marcial na intenção de moldar o caráter e o espirito dos colonos, normalmente judô ou kendô (AMAZONAS, 2011).
Após completar os estudos na escola de Koutaku no Japão, os koutakuseis eram enviados para a Vila Amazônia, para finalizar os estudos no anexado instituto Amazônia de Parintins, nesta escola ensinava-se como viver como cidadão brasileiro, o modo social, a vida em  família,  limpeza  da  floresta,  técnicas  de  cultivo  adaptada  ao  solo  amazonense  e  a fabricação de diversos tipos de produtos (AMAZONAS, 2011).

1.3.4    Novos horizontes

O sucesso da Juta agora era uma realidade e Tsukasa Uetsuka estava animado com novas possibilidades de negócio e planejava novas investidas. A primeira delas seria uma indústria de tecelagem, na qual o produto seria beneficiado, fazendo com que a fibra saísse em forma de tecido agregando assim um grande valor econômico à produção de juta para a comercialização, este seria a base do comércio juteiro, pois a produção de juta bruta in natura seria multiplicada na mesma proporção da instalação das fabricas e vice-versa.

Uetsuka tinha como exemplo a indústria do gênero, situada na Índia que teve uma grande evolução em um curto espaço de tempo ao longo de 50 milhas do Rio Hoogly ao redor de Calcutá. A produção deste país beirava 800.000 toneladas o que ocasionou no aumentando do número de fabricas de tecelagem para 90 unidades, representando cerca de 60% da juta produzida em solo indiano.
O segundo projeto do visionário empreendedor japonês seria uma plantação de cana de açúcar, para aproveitar toda a extensão do território concedido e a instalação de uma usina de açúcar. O terceiro projeto estava interligado com os dois primeiros, na qual seria instalada uma fábrica de papel para reaproveitar o bagaço (casca) tanto da juta quanto do cana-de- açúcar utilizando assim todos os recursos da exploração agrícola e o quarto projeto seria uma serraria para o aproveitamento da madeira para produzir móveis.
Os negócios na Vila Amazônia prosperavam e Parintins tomava  seu formato de estrutura urbana. Além da sede do município de Parintins com a construção de edifícios, como uma igreja, escola pública, casa de festas, uma central elétrica, serrarias, depósito de prensagem e embalagem da juta, foram instaladas no parque industrial da Fabril Juta em Parintins, as máquinas importadas da Irlanda, empregando 800 operários.
Os japoneses da colônia de Vila Amazônia não cultivavam apenas Juta, mas também arroz, borracha, castanha do Brasil e pimenta-do-reino, além de construírem embarcações de pequeno porte e um hospital para tratamento de doentes dirigido pelo Dr. Yoshio Toda.
Na comemoração dos 2.600 anos da constituição do Japão e o 10º aniversário da fundação da Vila Amazônia em 1940, foi construído o maior símbolo do projeto, o Hakko Kaikan, um centro cultural em formato de templo. Nele foi constituída uma escola onde estudavam os filhos dos Koutakuseis, o local também era utilizado para realizar atividades culturais e religiosas. O Hakko Kaikan por sua arquitetura imponente era o orgulho maior dos Koutakuseis.
Tsukasa   Uetsuka,   então,   partiu   para   o   Japão   com   o   objetivo   de   angariar financiamento para seus próximos projetos na Vila Amazônia, pois Uetsuka acreditava que Parintins poderia vir a se tornar a segunda capital do estado do Amazonas sendo um novo centro industrial do estado. (AMAZONAS, 2011)

1.3.5      Declínio do projeto

Em 1941, a Segunda Guerra Mundial eclodiu, com o ataque surpresa da marinha japonesa a base naval americana de Pearl Harbor e a aliança formada com Alemanha e Itália fez com que o Japão ficasse em lado oposto com o Brasil. Como medida de represália o Governo brasileiro criou um decreto que determinava o rompimento das relações econômicas com quaisquer país desse eixo. (AMAZONAS, 2011)
No dia 25 de setembro de 1942 o exército brasileiro aportou na Vila Amazônia para confiscar todos os bens da Companhia na ocasião foram presos todos os colonos que estavam presente, alguns, porém,  conseguiram fugir para a mata constrangidos  e humilhados. Os detidos foram enviados para um campo de concentração no Pará. Tudo que havia ali foi confiscado e repassado ao Banco do Brasil (MUTO,2010)
Assim o grande projeto do empreendedor Tsukasa Uetsuka foi interrompido e o sonho de todos os koutakuseis chegava ao fim, mesmo tento jurado solenemente trabalhar e morrer no lugar que escolheram para viver.

2 METODOLOGIA

2.1 Tipo de pesquisa

O presente trabalho de pesquisa apresentou um diagnóstico da atividade juteira e das fibras no município de Parintins, explorando o cenário da produção atual ilustrando suas características embasando-as na ferramenta Swot, além de analisar os aspectos históricos sob a mesma perspectiva e na ótica do empreendedorismo.
Para o alcance dos objetivos do presente trabalho de pesquisa foi realizada uma pesquisa exploratória, de caráter descritivo. A pesquisa exploratória tem a função de realizar um estudo preliminar do objeto de estudo, ou seja, familiarizar-se com o fenômeno investigado, de modo que pesquisas posteriores possam ser concebidas com maior exatidão (WIKIPEDIA, 2015).
Segundo Marconi 2010, as pesquisas exploratórias tem tripla função: Familiarizar pesquisador e ambiente, fato ou  fenômeno de estudo, formulação de hipóteses e clarear conceitos. Sob essas perspectivas, uma pesquisa exploratória demanda um levantamento bibliográfico e entrevistas com pessoas envolvidas diretamente com atividade que possuam conhecimentos a respeito do objeto de estudo.
A  presente  pesquisa  apresentou  cunho  descritivo,  pois  houve  a  descrição  do fenômeno pesquisado: a cultura de juta e malva no Município de Parintins frente as suas potencialidades e fraquezas, de acordo com Vargara 2009, o método descritivo visa apresentar as características de determinada atividade ou fenômeno. Para Gil, pesquisas descritivas tem como principal objetivo descrever as características de determinada população ou fenômeno ou a relação entre essas variáveis.

2.2 Métodos de pesquisa

Os dados da pesquisa foram obtidos por meio de levantamento bibliográfico, sendo utilizados livros e trabalhos de autores renomados. A pesquisa bibliográfica é o levantamento de  todo  o  referencial  já  editado  em  relação  à  temática  de  estudo  desde  periódicos, monografias,   dissertações,   teses,   livros,   publicações   avulsas,   boletins,   documentos eletrônicos, entre outros (RAUPP; BEUREN, 2004), através da pesquisa bibliográfica pode-se desenvolver o trabalho sob a perspectiva histórica. Após  o  levantamento  bibliográfico  foi  realizada  a  pesquisa  de  campo,  no  dia 25/10/2015, com a obtenção de dados no campo de estudo. De acordo com Fachin (2006, p.143), o estudo de campo “trabalha com a observação dos fatos sociais colhidos do contexto natural [...] sem qualquer interferência, apresentados simplesmente como eles se sucedem em determinada sociedade”.
Os dados sobre a produção de fibras naturais foram alcançados com o Instituto de Desenvolvimento Florestal Sustentável do Amazonas – IDAM, através de estudo do perfil Socioeconômico do Município de Parintins, publicado no ano de 2012.

2.3 Definição da área e população-alvo

As pesquisas foram realizadas no Município de Parintins, distante cerca de 369 Km, em linha, reta da capital Manaus, pois o município foi escolhido para a fixação da colônia japonesa no período de 1930 a 1945. A população alvo escolhida para a pesquisa foram os produtores de juta e malva atuantes no Município de Parintins atualmente.

2.4 Delimitação do universo e amostragem

Este trabalho teve como finalidade fazer uma análise do cenário da produção de fibras no município Parintins, tendo em vista que os maiores produtores estão localizados na zona rural ao redor da cidade, as pesquisas foram executadas nas comunidades localizadas na ilha do Valha-me Deus-Chaves e Costa da Águia, consideradas polos, pois são responsáveis por 70% da produção. Foram aplicados questionários a 5 produtores de juta/malva das comunidades, escolhidos de forma aleatória.

2.5 Técnicas e instrumentos de pesquisa

A  obtenção  de  dados foi realizada  através   de  instrumentos  quantitativos  e qualitativos, como:
Observação: foi observada a forma de produção de fibras nas comunidades polo para análise do processo produtivo.
Questionários:  foram  aplicados  3  questionários,  estruturados  com  questões  abertas  e fechadas. Foram elaborados questionários distintos para cada segmento da produção, sendo um para os produtores de juta /malva com 20 perguntas, um para o Comprador Particular da CTC (11 questões) e outro para o técnico agropecuário do IDAM (9 questões).

3 ABORDAGEM EMPREENDEDORA DOS JAPONÊSES

3.1 Abordagem do Empreendedorismo Japonês na Vila Amazônia

O processo empreendedor tem início a partir de um fato gerador provocado pelo ambiente onde as oportunidades são percebidas (DORNELAS, 2001). No caso dos nipônicos, o governo japonês precisava expandir seu capital, além disso, o Japão enfrentava problemas, pois  possui  pouco  espaço  territorial  e uma população  numerosa e isso  poderia acarretar conflitos no futuro, ou até mesmo dificuldade de produzir alimentos para a população.
No entanto, o Amazonas necessitava encontrar alternativas econômicas após o declínio da borracha e  ao contrário do Japão,  possui um vasto território que, na época, precisava  se  tornar  produtivo,  uma  vez  que  a  única  cultura  praticada  no  estado  era  a agricultura extrativista. Logo esta oportunidade não poderia ser desperdiçada.
O visionário japonês Tsukasa Uetsuka, tinha em mãos o desafio de idealizar um projeto de imigração para o estado do Amazonas, em meio a duas crises financeiras, a crise mundial que culminou na quebra da bolsa de valores de Nova York e levou a falência diversas empresas japonesas e a crise unilateral da borracha. “Onde outros vêem crise, problemas, caos, confusão... empreendedores enxergam oportunidades”. (DORNELAS, 2007).
Arquitetar um projeto em terras tão longínquas de sua terra natal, com cultura totalmente adversa não era tarefa fácil, e esses fatores levaram os primeiros idealizados do projeto (Kinroku Awazu Genzahuro Yamanishi) a desistir do desafio. Porém como é uma das habilidades do empreendedor enxergar o que ninguém enxerga. Tsukasa Ueksuka viu ali uma oportunidade   de   criar   um   negócio   de   sucesso,   pois   “empreendedores   são   grandes planejadores, avaliadores de projetos e tomadores de riscos”. (MAXIMIANO, 2006).
O projeto  consistia em  instalar uma colônia em  1  milhão de hectares  de terras devolutas cedidas pelo governo amazonense, a fim de atender a uma demanda passiva de investidores deixada a partir da crise da borracha. Em uma expedição chefiada por Tsukasa Uetsuka decidiu-se que a sede do projeto seria instalada na Vila Batista, localidade adquirida por Uetsuka com recursos próprios, pois a localização era um ponto estratégico por estar situada  na  confluência  do  Paraná  do  ramos  com  o  rio  Amazonas  o  que  facilitaria  a escoamento dos produtos agrícolas pelas vias naturais, até polos como Belém e Manaus.
No  restante  da  concessão  foram  escolhidas  áreas  predominantemente  de várzea (terras encobertas pelas águas do rio no período da enchente) o que facilitaria na plantação de culturas rápidas que trouxessem retorno financeiro imediato.
Escolhidas as terras para alocar o projeto, era necessário definir a estratégia, segundo Farrel (1993), ela pode ser resumida com total enfoque no cliente e no produto. Como opção para  o  plantio  foi  selecionada  o  cultivo  da  juta  oriunda  da  Índia  como  carro  chefe  da economia da colônia. A demanda pelo produto era muito grande, já que o artigo agrícola estava  em  evidência  no  mercado  nacional  e  internacional,  pois  a  fibra  era  utilizada  na produção de sacos para embalar grãos de café e poucos países produziam a fibra em grande escala, além de proporcionando alta lucratividade para os envolvidos nas negociações.
Para um projeto ser eficiente é necessário um trabalho em conjunto com uma equipe empreendedora que de acordo com Dornelas (2008) são pessoas ou equipe de pessoas com características  especiais  que  arriscam,  fazem  acontecer  e  empreendem.  Partindo  desta premissa,  Tsukasa  Uetsuka  preocupado  em  capacitar  os  imigrantes  que  o  ajudariam  no projeto,  transformou  uma  escola  de  artes  marciais  no  Japão  na  “Escola  Superior  de Imigração” (Kokushikan Koutou takushoko gakko) com o objetivo de especializar sua mão de obra, na escola os colonos aprendiam técnicas de agricultura, semeação, informações sobre o clima e ciclo de chuvas, construção civil e noções da língua portuguesa. Os estudantes dessa escola eram denominados Koutakuseis.
Tsukasa Uetsuka fundou na Vila Amazônia, o Instituto de Pesquisa de Produção da Amazônia, conhecido como Instituto Amazônia, destinado a pesquisas e estudos agrícolas para a imigração japonesa. O Instituto Amazônia foi a pedra fundamental do início do projeto, sendo composto por quatro departamentos: Departamento Agrícola, Departamento Metereológico, Centro Ambulatorial e Centro de Treinamento Prático. Anexo ao Instituto estava a Escola Superior de Agronomia Industrial responsável por completar os estudos do Koutakuseis.
As primeiras tentativas dos Koutakuseis em adaptar a juta ao solo  Amazonense resultaram em verdadeiros fracassos e muitos colonos demonstravam o interesse em regressar ao Japão, neste contexto o Sr. Uetsuka como um líder nato, deve a missão de motivar os colonos para que continuassem as tentando de adaptar a herbácea, pois empreendedores são líderes natos que tem o poder de comunicar, dirigir e motivar pessoas, além de tolerar erros e ser sobretudo persistente e otimista. Empreendedores de sucesso devem ser ótimos líderes e ter habilidades para criar times (DORNELAS, 2007 p.31).
Um dos colonos, chamado Ryota Oyama deve papel fundamental para o sucesso da juta, foi em seu lote de terra que surgiram dois pés de juta (tipo Chorchorus Capsularis) com características semelhantes às fibras indianas. Ryota Oyama foi fundamental na aclimatação da planta, além de aperfeiçoar a máquina “Tico-Tico” (instrumento utilizado para plantação) melhorando assim o processo de semeação, já que antigamente era feita a ‘lanço’ o que ocasionava na perda de sementes. A descoberta de Ryota Oyama o levou a ser conhecido e referenciado pelos parintinenses como o “Pai da Juta” (HOMMA, 2010).
Depois da descoberta, mesmo com o devido cuidado uma das plantas foi levada pela enchente e o pé de Juta restante ficou sobre os cuidados Ryota Oyama e as sementes oriundas desta árvore, foi dividida em três lotes, um lote para o próprio Ryota Oyama, outro para Yoshimasa Nakauchi e o terceiro seria destinado a Estação Experimental de Agricultura para a produção exclusiva de mais sementes. O sucesso da expansão da juta pelas várzeas amazônicas está atrelado ao fato de ser uma planta anual que produz grande quantidade de semente em apenas um pé (HOMMA, 2010).
Os Koutakuseis obtiveram êxito na introdução de plantas que não eram nativas e proporcionais ao solo e clima tropical amazônico, revolucionando assim, a agricultura local através de pesquisas e aperfeiçoamento genético das sementes inovando o método de plantio, aperfeiçoando máquinas utilizadas para este fim (tico-tico) e o processo de semeação, proporcionando uma inovação agrícola. Segundo Dornelas (2001), inovação é a semente do processo empreendedor, pois está relacionada à remodelagem de processos já existente ou reutilizar recursos de maneira diferente da habitual, de acordo com Birley (2001) inovação pode ser uma nova maneira de combinar velhas ideias ou na aplicação criativa de abordagens tradicionais.

3.2 Matriz SWOT: Análise do Ambiente

Para empreender é necessário planejar. “Ser um empreendedor é muito mais que ter vontade de chegar ao topo da montanha, é conhecer a montanha e o tamanho do desafio, é planejar cada detalhe da subida [...”] (APRENDER A EMPREENDER/ SEBRAE, 2015). O processo de planejar envolve modo de pensar, e um criterioso modo de pensar envolve, sobretudo indagações e indagações envolvem questionamentos sobre o que fazer? Como? Quando? Para quem? Por quê? Por quem? E onde? (OLIVEIRA, 2008). Como ferramenta de um planejamento estratégico pode-se utilizar a Matriz SWOT para melhor vislumbrar a estratégia dos nipônicos.
A Matriz Swot consiste em uma ferramenta estrutural da administração que tem como finalidade examinar o ambiente interno e externo da organização, sistematizando todas as informações disponíveis do macro e microambiente a fim de apresentar uma análise da situação da empresa em seu mercado de atuação (CAMAROTTO, 2009). A partir dessa leitura transparente do mercado, a organização deve formular as estratégias para manter as suas forças, eliminar as fraquezas, mitigar as ameaças e capitalizar as oportunidades. Partindo desta premissa pode-se ter um diagnóstico do cenário em que se encontravam os japoneses da Vila Amazônia.

Para  melhor  vislumbrar  o  ambiente  organizacional  da  produção  de  fibras  no município de Parintins, no período da imigração japonesa, segue uma Matriz Swot, fazendo um panorama da atividade juteira.

Ao analisar o ambiente em que se encontrava o visionário projeto dos nipônicos, pode-se   detectar   alguns   fatores   que   influenciaram   positivamente   e   negativamente   o andamento dos negócios na vila Amazônia. Seus eventuais pontos fortes, (Forças e Oportunidades) e pontos fracos (Fraquezas e Ameaças).
Forças (Strengths): São aspectos internos e controláveis, que proporcionam uma condição favorável ao andamento dos negócios (CAMAROTTO, 2009), partindo desta premissa,  os  nipônicos  forneciam  ao  mercado,  uma  juta  de  excelente  qualidade,  após aprimorar  o  processo  de  semeação  e  produção,  pelas  mãos  de  Ryota  Oyama,  as  fibras oriundas das várzeas amazônicas apresentavam características superiores à fibra importada da Índia em aspectos como: comprimento, resistência, elasticidade e brilho. Estes atributos foram importantes em transações comerciais com a firma Martins Jorge & Cia, de Belém do Pará, pois a juta da Vila Amazônia surpreendeu o mercado paraense em geral, gerando ofertas com valores 20 e 40 por cento a mais do preço que havia sido combinado.
Outro fator interno importante para o sucesso dos japoneses foi à especialização da mão de obra, tendo em vista que os colonos que demonstrassem interesse em imigrar para o Amazonas eram preparados adequadamente na em uma escola no Japão (Kokushikan Koutou takushoko gakko) e complementavam seus estudos em um anexo da mesma escola situada na colônia, nesta escola os colonos eram submetidos em período de internato a ensinamentos que auxiliariam na concretização do projeto.
Tendo em vista a importância do projeto para o Japão, o governo japonês empenhou- se em dar o suporte financeiro a imigração sustentando-a com ações organizadas por agências e funcionários governamentais, empresas e bancos para exportar mão de obra e capital para o Brasil, ou seja, era um capital forte que sustentava a companhia, tanto que foi criada no Japão, a Amazônia Sangyo Kabushiki Kaisha (Companhia Industrial Amazonense S.A). Em 4 de fevereiro de 1936, foi fundada no Brasil a Cia – Companhia Industrial Amazonense S.A, composta com capital japonês. A Companhia reestruturou a estrutura administrativa do Instituto Amazônia e estabeleceu os planos para o desenvolvimento dos negócios
Além dos fatores já citados, pode-se incluir ainda o como benefício para os negócios, a própria localidade de Vila Amazônia, que por não fazer parte da concessão de terras foi comprada por Tsukasa Uetsuka, pois este acreditava que a posição geográfica da vila seria uma importante vantagem em relação a possíveis concorrentes, facilitando o processo de distribuição dos produtos agrícolas produzidos na região pelos rios amazônicos, podendo transportar os produtos para capitais com Manaus e Belém e de lá seguir para o resto do Brasil ou para exportação.
Fraquezas (Weakness): São variáveis internas e controláveis que provoca desvantagens da empresa em relação ao seu ambiente (CAMAROTTO, 2009). Sobre esta premissa os pontos fracos estão relacionados ao fato dos nipônicos terem pouca experiência no mercado, o que ocasionou em divergências nas transações comerciais, muitos compradores de juta, não pagavam o preço combinado pela juta, além dos aspectos culturais que impunham barreiras em relação ao idioma e costumes. Dificultando o processo de negociação.
Oportunidades (Opportunities): São variáveis incontroláveis que advém de fora da organização, que criam condições favoráveis para os negócios, desde que a empresa saiba usufruí-las (OLIVEIRA, 2008 p.26). Nesta variável encaixa-se a grande demanda pelo artigo, tanto no âmbito nacional quanto no internacional, uma vez que a fibra era uma mercadoria em destaque no cenário econômico nacional, sendo demanda secundaria do café, pois a fibra servia para embalar o mesmo para a exportação a granel do produto. Além de gerar alta lucratividade aos envolvidos.
O produto era tão importante que poderia equilibrar a balança comercial de um país como o Brasil, pois o artigo agrícola significava para o governo brasileiro a maior saída de ouro do território nacional. Dito isto, a produção de juta na colônia japonesa contribuiu para diminuir a importação da fibra, suprindo a demanda interna. O sucesso da implantação da juticultura no Amazonas chamou a atenção da opinião pública e do governo brasileiro que tratou de criar leis de proteção e incentivo a plantação, além de isenção de impostos sobre maquinário e fertilizantes químicos utilizados no decorrer do projeto.
Ameaças (Threats): São fatores externos, portanto incontroláveis que criam condições desfavoráveis à organização (OLIVEIRA, 2008 p. 26). Apesar do sucesso eminente da  juta,  a  companhia  da  Vila  Amazônia  ainda  enfrentava  a  concorrência  das  indústrias indianas  que  se  encontravam  há  mais  tempo  no  mercado  além  de  serem  mais  bem estruturadas.
Embora tenham realizado um feito que beneficiou ambos os lados, os japoneses sofreram com opinião pública dos brasileiros, principalmente após o Japão iniciar sua participação na segunda guerra mundial, com o ataque da marinha japonesa a base americana de Pearl Harbor, entrando em lado aposto com o Brasil, muitos brasileiros acreditavam, que a colônia seria um local de armazenamento de armas e que os nipônicos estariam praticando atos de espionagem, este fato fez com que o governo brasileiro como medida de represália rompesse as relações com países aliados ao Japão na guerra (Alemanha e Itália).
No ano de 1941 o exército brasileiro aportou na Vila Amazônia com o objetivo de prender os japoneses que estivessem presentes além de confiscar seus bens, os japoneses detidos foram remetidos a um campo de concentração localizado no Pará e os demais fugiram para a floresta, os prédios passaram a ser administrados pelo Banco do Brasil dando fim ao visionário empreendimento.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Cenário Atual da fibra no Município de Parintins

A produção de fibras nas várzeas amazônicas representa o maior produto do setor primário produzido no estado no âmbito nacional, porém, apesar de fazer parte da história, paisagem e identidade amazonense, a produção de fibras de juta e malva vem atravessando um viés de  queda ano  após ano  quase chegando a extinção, apesar das adversidades,  a atividade  insiste  em  tentar  sobreviver  e  pode  significar  uma  possível  saída  para  um crescimento sustentável do Amazonas porque pode suprir uma nova necessidade de mercado, sendo com produto biodegradável ou como impulsionador do setor primário em Parintins e no Amazonas
Segundo o técnico do IDAM, estas famílias estão localizada principalmente em comunidades rurais ao redor da cidade, mas especificamente nas comunidades da Ilha do Valha-me Deus - Chaves e na Costa da Águia, localizadas respectivamente a 57km 607m e 34km 490m em linha reta da sede de Parintins, essas localidades são consideradas polos, pois são responsáveis por produzir cerca de 70% da fibra produzida no município.
A plantação de fibra continua no município de Parintins, porém em pequena escala e como atividade complementar da economia local, a fibra trazida e adaptada ao solo da região pelos imigrantes japoneses ocupa apenas uma porcentagem da produção atual da cidade (cerca de 5% da produção de fibra).
Por ser uma atividade que requer um cuidado em seu cultivo, uma vez que é necessário fazer capina do terreno onde ela será semeada, foi substituída pela Malva, que a princípio era uma cultura de terra firma, mas se adaptou bem as áreas de várzea, onde seu potencial de produção é maior e trabalho de extração e desfibrilamento ocorre do mesmo modo da juta, outro fator importante para a substituição da fibra foi o modo de plantio, a malva pode ser plantada a “lanço” em contrapartida a juta requer o auxílio de maquinário (o tico-tico) para render mais, portando hoje é mais viável plantar Malva do que juta.
No intuito de aumentar a produção e melhorar as condições de trabalho dos juticultores, o aviamento das sementes ocorre no mês de julho em visitas periódicas a estas comunidades, anualmente são ofertadas cerca de três toneladas de sementes aos produtores.
Além de disponibilizar as sementes, o IDAM oferta linhas de créditos, a fim de custear a produção através de um financiamento e fazendo a subvenção da produção, ou seja, além de vender a produção a um comprador o juteiro recebe do governo 40 centavos por quilograma (kg) por juta produzida, a subvenção ocorre com a retirada de notas fiscais na SEFAZ e remetida a ADS (Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas) em Manaus para que o produtor receba o incentivo.
De acordo com o técnico de agropecuária do IDAM, um saco de sementes de juta de

30 kg pode render em torno de 4 toneladas de fibra, se for utilizado o tico-tico a produção pode aumentar para 6 toneladas, mas o trabalho de plantação e colheita da juta é muito penoso e insalubre, a colheita das fibras é realizada manualmente e composta basicamente por seis etapas: corte, formação dos feixes, maceração, desfibramento, secagem e enfardamento. O corte é feito com terçado na haste das plantas na altura de 20 cm do solo. Depois de cortada, os produtores formam feixes com as hastes da juta, que são submergidos no próprio rio para o processo de maceração.

Apesar da juticultura ser um trabalho árduo, o IDAM não fornece nenhum tipo de treinamento ou auxilio que facilite o processo de extração, há apenas programas operativos que  fornecem  cursos  de  beneficiamento  da  fibra,  ou  seja  depois  da  colheita,  como  o artesanato, de modo que os juteiros aproveitem melhor os resíduos das sobras e possa comercializar seus artefatos como uma renda extra.

4.2  A  Companhia  Têxtil  de  Castanhal  -  CTC  e  o  processo  de  compra,  venda  e transporte.

Em Parintins, a CTC, principal empresa do ramo encerrou suas atividades no município, porque não era viável manter uma estrutura na cidade, pois a produção já estava entrando em colapso, apesar disso a produção de juta continua e a mesma utiliza apenas um comprador terceirizado (Comprador 1) que atua em nome da companhia. Este é encarregado de comprar a produção total dos produtores das comunidades e transportar a fibra até a matriz localizada no Pará e em Manacapuru.
O comprador 1 utiliza dos galpões da antiga CTC, para armazenar a produção e remetê-la a seus respectivos compradores. No acordo feito entre a empresa e o comprador 1 (comprador particular da companhia), ele utilizaria as dependências da Companhia em troca da prioridade pela venda. Para fazer o transporte, o comprador 1 utiliza recursos próprios, desde a utilização de embarcações, caminhões para fazer o frete, além de conseguir recursos humanos para fazer o carregamento e pesagem da fibra.
A fibra é transportada na forma bruta de Parintins, em fardos de 60 e 70 quilos destinada a Manacapuru, lá a mesma é classificada em tipo 1, tipo 2 e tipo 3 em fardos de 200 quilos e remetida a Matriz da CTC localizada na cidade de Castanhal no Pará para ser feito o beneficiamento e assim agregar valor ao produto.
Há muitas dificuldades neste processo, pois ocorre muitas perdas por parte do Comprador 1 e dos produtores, muitas das vezes o processo de secagem da fibra não é feito de maneira correta e a mesma entra em processo de decomposição, além disso se o transporte não for feito de maneira imediata a juta acaba secando e perdendo 8% do seu peso inicial. Além da CTC, vale ressaltar que uma pequena porcentagem da produção anual de juta é destinada aos Bumbás Garantido e Caprichoso para a confecção de fantasias e alegorias.

4.3 Os Juticultores

Em Parintins os juticultores residem em comunidades na zona rural da cidade, mais especificamente na comunidade do Valha me Deus, Ilha do Chaves e Costa da Águia, estas comunidades correspondem a maior parte da produção da cidade, uma das maiores dificuldades dos juticultores é encontrar venda para sua produção no município de Parintins, existe apenas um comprador e este, por muitas das vezes estipula o preço que quer pagar pelo
produto.

O preço oferecido pelo comprador é abaixo do mercado e não consegue cobrir os custos utilizados na atividade assim, ano após ano a produção de juta vem diminuindo no município, pois muitos dos produtores são desestimulados a produzir e não ter pra quem vender. Na safra 2012-2013 por exemplo, ocorreu um prejuízo de cerca de 35% da produção total, muitos juticultores preferiram soltar os feixes da fibra na correnteza do rio, pois não conseguiam venda para o produto.
Outro fator importante de desestímulo dos produtores é o fato de que atividade ser muito desgastante e muito juticultores trabalham mais de 8 horas por dia dentro da água, sob um sol escaldante e muitos deles desenvolvem algum tipo de doença, como câncer de pele e doenças respiratórias. Além de estarem sujeitos a ataques de animais como jacarés e cobras.
Os produtores da fibra recebem as sementes em meados de julho quando as águas dos rios começam a baixar e as áreas de várzea que saem limpas e fertilizadas ficam propícias para a cultura, as colheitas são feitas no período de janeiro a fevereiro e depois desse processo procuram o comprador particular para oferecer-lhe a produção
Apesar  de  ser  o  maior  produto  do  Amazonas  no  cenário  nacional,  a  fibra  não consegue se estabelecer como uma  das potencias no setor primário  e muitos produtores preferem fazer a opção por outras atividades como venda de castanha do Pará, plantio de melancia e da pesca para complementar a sua renda familiar.

4.4  Análise da atividade da juta através da ferramenta Swot

Para melhor vislumbrar o cenário atual da produção de fibras no município de Parintins, segue uma Matriz Swot, fazendo uma análise do panorama da atividade juteira.

A partir dos dados levantados pode-se diagnosticar que a produção de juta ainda pode ser um negócio rentável, sendo uma saída para melhorar a fonte de renda para muitas famílias ribeirinhas. Apesar do produto atualmente possuir um preço baixo no mercado A produção de juta vem diminuindo a cada ano, pois esbarra na falta de mão de obra especializada. Uma vez que os conhecimentos a respeito da atividade foi repassado de forma hereditária, o pai é encarregado de ensinar o oficio ao filho, e não através de um treinamento ou estudo. Além disso é uma atividade muito desgastante e requer muito esforço físico, e isso acaba implicando em problemas de saúde por parte dos juticultores acarretando no desencorajamento natural por parte dos produtores.
A produção de fibras vegetais que na época dos nipônicos foi o carro chefe da economia parintinense, atualmente está aquém do seu real potencial. Os terrenos de várzeas continuam propícios para a produção de juta, e existe mão-de-obra ociosa na zona rural e nos centro urbanos para o trabalho. Apesar de algumas políticas públicas que incentivam e fomentem a produção através do aviamento das sementes e benefícios financeiros, falta um melhor preparo aos produtores uma vez que o modo de produção de juta continua inalterado a décadas.

Atualmente vem ocorrendo um aumento na demanda pelo produto, uma vez que a nova ordem no mercado implica em políticas de desenvolvimento sustentável, e a busca por produtos “limpos” vem aumentando, a exemplo disso, muitas indústrias automobilísticas tem voltado suas atenções para utilizar produtos à base de juta para forrar para-choques, forros internos das portas e dos tetos dos carros. Sob esta perspectiva a fibra oriunda das várzeas Amazônicas tem o potencial para substituir a fibra sintética, a produção de sacos de juta é uma alternativa para a substituição das embalagens plásticas uma vez que é um produto é biodegradável.
O Amazonas é o maior produtor de fibra do Brasil, sendo responsável por 90% dessa produção nacional. Mas sofre com a concorrência das fibras exportadas da Índia e de Bangladesh que chegam ao país com um menor preço, resta ao amazonas inspirar se nos nipônicos e nos tempos áureos de produção da fibra quando o Amazonas produzia 90 mil toneladas da fibra e Parintins movimentava em seus portos cerca de 1/3 a 1/4 da produção estadual de fibra de juta.
Diante da exposição feita no presente trabalho observa-se que apesar dos esforços de seus produtores e de órgãos governamentais, por meio do IDAM, a produção de juta é uma atividade que requer uma atenção especial, pois faltam maiores investimentos científicos e tecnológicos para o aperfeiçoamento da juticultura, uma vez que o processo produtivo permanece inalterado e as resposta para as questões econômicas de mercado: O que produzir? Como produzir? Pra Quem Produzir? E Onde produzir? Já estão respondidas, resta agora remodelar as técnicas de cultivo utilizadas e buscar novas formas para incentivar a produção.
A juticultura ainda pode voltar a ser para o Município de Parintins o carro chefe da produção do setor primário para alavancar a economia local. Ainda hoje, a demanda da fibra natural é forte no cenário econômico atual de produção de biodegradáveis como forma de contribuir com a preservação do meio ambiente. A fibra atualmente está em 17º lugar na cadeia de produtos agrícolas do Amazonas, porém é o de maior destaque no âmbito Nacional. Ou seja, é um produto importante nacionalmente, mas que não consegue se estabelecer como uma potência no setor primário em Parintins e no estado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Falar e fazer um diagnóstico da juticultura no município de Parintins é um desafio. Trata-se de uma atividade que apesar de estar impregnada na cultura e identidade local sofre uma grande escassez de trabalhos principalmente voltados para o caráter econômico e social da mesma, que se aprofunde na crise que a produção vem sofrendo ano após ano. Mas, Apesar do cenário desfavorável, a cultura ainda insiste em continuar e tem o potencial de ser a pedra fundamental para o desenvolvimento de um setor deficiente do estado.
Durante  a  pesquisa,  ficou  clara  a  importância  que  a  Cultura  da  Juta  teve  no Município de Parintins e para o estado do Amazonas desde a imigração japonesa até o desolador cenário atual da produção nos aspectos econômicos. Apesar de ter sido importante para a moldar a economia da cidade a atividade parece ter se estagnado no tempo, tanto no aspecto agronômico quanto no tecnológico, fazendo com que a atividade fosse deixada a margem pelo governo, deixando-a refém de um benefício irrisório e sem a devida modernização que amenize o insalubre e desgastante processo de produção.
Mesmo não se estabelecendo como a principal atividade agrícola do município e do estado, a fibra ainda encontra uma pujante demanda no cenário nacional e aproveitando uma nova ordem de mercado que implica em um novo modelo de racionalidade ambiental, a juticultura é uma alternativa para a implementação de um modelo sustentável, socialmente viável e ecologicamente correto de desenvolvimento para o Amazonas, um estado com uma economia fragilizada, sujeita a bolhas econômicas de curto, médio e longo prazo marcadas pelo ápice e declínio, como foram as outros ciclos econômicos da região.
A introdução das grandes lavouras de juta como fruto da imigração japonesa tem grandes lições para os desafios que estamos enfrentando, os nipônicos obtiveram êxito em um projeto empreendedor para a época, com menos recursos e muitas incertezas, conseguiram propor ao amazonas um novo ciclo econômico entre o período pós crise da borracha e da pré- economia da Zona Franca de Manaus. Representando o último modelo de desenvolvimento sustentável e agrícola do Amazonas.
O cenário contemporâneo, preocupado cada vez mais com as gerações futuras, onde a  nova  ordem  mundial  de  mercado  implica  em  estratégias  de  produção  voltadas  para adequação as condições ambientais e sociais. Nessa perspectiva, a ajuda mútua do homem e natureza, a reutilização de matérias e criação de produtos biodegradáveis, são sinônimos de crescimento sustentável.
Neste sentido, a cultura da juta e Malva tem o perfil de um produto “limpo” e pode ser um substituto da fibra sintética, além de ser uma atividade extremamente adaptada ao clima e hidrografia amazônica, que combina com a agricultura familiar ociosa existente no estado. Se ativada, essa mão de obra pode cultivar esse produto natural nas várzeas férteis dos rios, em um método de produção que tem relação de complementaridade com a natureza, esta pode ser uma alternativa viável de desenvolvimento.
Apoiados no conceito de eco desenvolvimento, e no estabelecimento de uma nova racionalidade ambiental, a agricultura da juta pode significar a solução para o setor primário de Parintins e do Amazonas, sendo um modelo sustentável de agricultura. Para assim, se estabelecer como uma força na produção agrícola do município e do estado, já que a fibra possui demanda nacional, mas não se estabelece como um dos principais produtos produzidos no Amazonas.
Para aproveitar a oportunidade, basta maior apoio do poder público para investimentos no setor que possibilitem soluções criativas para melhorar o processo de produção e comercialização do produto. Talvez uma boa alternativa seja, olhar um pouco para a história e inspirar-se no projeto empreendedor dos nipônicos.
Os resultados obtidos com a pesquisa, fazem um diagnóstico da produção de fibras no município de Parintins enfatizando todas as potencialidades, fraquezas, oportunidades e entraves da atividade, propondo ao leitor não o esgotamento o assunto, mais sim, fomentar uma reflexão sobre o presente e o futuro dessa cultura que foi e pode voltar a ser de suma importância para a região, sob esta premissa.
A  presente  pesquisa  serve  de  objeto  inspirador  para  solucionar  a  escassez  de trabalhos voltados sobre essa atividade, além de servir como base para pesquisas futuras, e posteriormente, sirva de auxílio para ajudar a efetivar a atividade como carro chefe da economia do município de Parintins. Fazendo com que a cidade deixe de ser dependente de mercados intangíveis e em decadência como o festival folclórico, que movimenta a economia local em um único mês do ano.

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Recibido: 09/06/2016 Aceptado: 10/08/2016 Publicado: Agosto de 2016

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