Jonas Cardona Venturini*
Gabriela Beltrame**
Nilson César Bertóli***
Breno Augusto Diniz Pereira****
Universidade do Vale do Rio dos Sinos / Universidade Federal de Santa Maria, Brasil
jonascardonaventurini@yahoo.com.br
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Resumo: Redes interorganizacionais vem surgindo em diferentes tipos de organizações, que veem na cooperação um importante caminho para aumentar a competitividade, compartilhar informações, tecnologia, recursos, oportunidades e riscos. Dessa forma, cresce também o interesse por ganhos oriundos desse relacionamento. Esses ganhos podem ser provenientes das assimetrias de informações entre os agentes. O objetivo principal da presente pesquisa é analisar de que maneira ocorre o processo de assimetria informacional em redes horizontais, sob o ponto de vista dos seus diferentes “atores” (atores membros das redes, integrantes sem cargos de direção; atores presidentes e atores consultores). Para atingir o objetivo proposto, a pesquisa utiliza o método de multicasos, com natureza de pesquisa exploratória. Os principais resultados apontam a presença de uma assimetria de informação nas redes pesquisadas. Entretanto, os ganhos ainda são relativamente satisfatórios para seus membros, os levando a não dar a devida atenção para esse processo nas redes.
Palavras-Chaves: Relacionamentos Interorganizacionais Horizontais, Assimetria de Informação, Framework.
Abstract: interorganizational networks are emerging in different types of organizations, who see cooperation an important way to increase competitiveness, share information, technology, resources, opportunities and risks. Thus also growing interest by gains from this relationship. These gains can be derived from information asymmetries between agents. The main objective of this research is to analyze how is the information asymmetry process in horizontal networks, from the point of view of the different actors (actors members of the networks, members without management positions; actors Presidents and actors consultants). To achieve this purpose, the research uses the multicases method, with exploratory nature. The main results indicate the presence of asymmetric information in the studied networks. However, the gains are still relatively satisfactory for its members, leading them to not give due attention to this process in networks.
Keywords: Horizontal interorganizational relationships; Asymmetry of information; Framework
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Jonas Cardona Venturini, Gabriela Beltrame, Nilson César Bertóli y Breno Augusto Diniz Pereira (2016): “Assimetria de informação em redes de empresas horizontais: um estudo das diferentes percepções de seus atores”, Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, Brasil, (julio 2016). En línea: http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/16/framework.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/br-16-framework
1 Introdução
A abertura dos mercados tem sido a marca registrada dos últimos anos, interferindo no cotidiano dos cidadãos e das empresas. As empresas necessitam acompanhar as mudanças para permanecerem nos mercados, pois a concorrência global tem exigido um alto nível de qualidade, produtividade e inovação. As micro e pequenas empresas não se furtaram dessa realidade e buscam a todo momento alternativas para se manterem competitivas e atuantes. Corroborando com esse cenário, Verschoore (2003) afirma que a medida que as pequenas empresas não conseguem competir isoladas (...) e as grandes estruturas não apresentam soluções satisfatórias para lidar com a complexidade econômica atual, as redes interorganizacionais despontam como a alternativa organizacional mais apropriada para as necessidades das atividades produtivas do presente e com maior proeminência do futuro.
Os relacionamentos interorganizacionais tem emergido como alternativa para se firmar nesse contexto competitivo. Os relacionamentos interorganizacionais mais relevantes denotam para as joint ventures, clusters, arranjos organizacionais e redes de empresas. Miles e Snow (1986) afirmam que para lidar com esse amplo conjunto de exigências competitivas, a alternativa organizacional que desponta, desde o último quartil do século passado, é a união de um conjunto de empresas na forma de redes interorganizacionais.
Uma gama de estudos sobre redes interorganizacionais estão focados sob dois diferentes prismas, o social e o econômico. Contudo, os problemas enfrentados pelos membros das redes ainda não foram aprofundados de uma maneira mais incisiva. Alguns dos problemas foram estudados por autores como Jones, Hesterly e Borgatti (1997), que abordam a questão da governança em redes, ou seja, como atuam as direções das redes. Quando se investiga a literatura de governança percebe-se que umas das questões mais pontuais são os problemas de agência, que na verdade irão abordar especificamente os problemas da assimetria de informação entre os agentes.
Imerso nessa discussão, o objetivo dessa pesquisa é analisar de que maneira ocorre o processo de assimetria informacional nas redes horizontais, na perspectiva dos seus diferentes atores (atores membros das redes, integrantes sem cargos de direção, atores presidentes e atores consultores da Secretaria Estadual de Desenvolvimento e Assuntos Internacionais - SEDAI). Destaca-se que o foco de análises dessas redes, recai na região central do Estado do Rio Grande do Sul e são redes que recebiam amparo por consultores da SEDAI.
Justificam-se essas inquietudes nas contribuições de Guth, Schittberger e Schwarz (1982), as quais acreditam que as formas como os agentes (atores) negociam, executam e modificam suas estratégias organizacionais, influenciam decisivamente, em como as partes julgam o equilíbrio e a eficiência da cooperação na rede.
Este artigo irá propor um framework para a análise do processo de assimetria informacional em redes de estruturas horizontais, para que sirva não somente de arcabouço teórico, mas também como uma informação gerencial para os membros das redes. Nesse sentido, tendo como intuito o entendimento de como ocorre a assimetria de informações em redes de empresas e tendo como delimitador e foco as redes horizontais, esse estudo será guiado pelo seguinte problema de pesquisa: “Existem ganhos provenientes das assimetrias informacionais pelos presidentes das empresas inseridas em redes de estruturas horizontalizadas?”.
2 Fundamentação Teórica
Esta sessão aborda as principais teorias de base que fundamentam esse artigo.
2.1 Governança Corporativa
Entende-se que nesse estudo a primeira teoria de base a ser explanada é a da governança corporativa, pelo fato de se apresentar de maneira mais ampla perante as outras. De acordo com Carlsson (2001) a partir da década de 90 o termo governança corporativa tem se tornado familiar ao público em geral. Na acepção de Zingales (1997) o termo governança está associado com o exercício da autoridade, direção e controle. Williamson (1996), por sua vez, afirma que governança é um exercício de assentar a eficácia de modelos alternativos de organizações. Procurando diminuir esta ambiguidade, Zingales (1997, p.4) define governança como um complexo sistema de questões de contratos, envolvidas no corpo do processo ex-post da barganha gerando quase sempre ganhos para as firmas.
Conceitualmente, governança corporativa está intrinsecamente ligada aos mecanismos ou princípios que governam o processo decisório dentro de uma empresa. Nesta perspectiva, Cadbury Report (1992) define governança corporativa como sendo o sistema pelo qual as companhias são dirigidas e controladas, colocando os conselheiros de administração no centro de qualquer discussão. De fato, o conselho de administração é a essência de qualquer sistema de boa governança corporativa, devendo zelar pela integridade, transparência e prestação de contas da companhia e de sua gestão, incluindo a supervisão e orientação da diretoria.
Tentando uma aproximação dos estudos de governança com o campo das organizações, mais precisamente com os estudos das redes interorganizacionais, deve-se destacar as pesquisas de Williamson (1975), a qual aborda a Economia dos Custos de Transação (ECT), que irão apontar os problemas das estruturas de governança para aquela teoria. Esses estudos são fundamentados a partir dos estudos de Coase (1937), que já mencionava os problemas da estrutura de governança de uma forma muito incipiente. O conceito de governança, dado por Williamson (1996) no seu livro The Mecanism of Governance é de muita valia para o presente estudo, pois destaca que a governança é um exercício de assegurar a eficácia dos modelos alternativos de gestão das organizações. Resumindo, a governança corporativa tem como principal finalidade minimizar os problemas de agência entre os diversos atores da relação empresarial.
2.2 Teoria da Agência
Acredita-se que os estudos que deram sustentação para a teoria são as pesquisas de Jensen e Meckling (1976). Os referidos autores estudaram o problema do agenciamento, que trata dos conflitos de interesses entre acionistas, gestores, credores e funcionários de empresas privadas. Assim como nas companhias privadas onde há separação entre propriedade (acionistas) e controle (administrador), também no Estado existe a separação entre a sociedade, representada pelos eleitores, e seu representante, o governo. Logo, os problemas de agenciamento são problemas de governança; e os problemas de governança estão relacionados aos conflitos de interesses entre sociedade, governo, gestores públicos, funcionários e indivíduos (JENSEN, 2001).
Os estudos pioneiros de Jensen e Meckling (1976) e Kaplan e Minton (1994) apontam, respectivamente, que a participação acionária dos gestores e a presença de grandes investidores nas empresas são dois importantes mecanismos de governança que auxiliam a contornar o problema de agência. A medida que a estrutura de propriedade determina o grau de monitoramento da gerência, esta deveria ter também um efeito no nível de transparência da empresa.
É relevante destacar que apesar dos estudos de Williamson (1976), já terem apontado o problema da assimetria de informação em seus trabalhos, a sustentação para que essa teoria fosse incorporada no presente estudo e consequentemente no framework proposto, será dada a partir dos estudos no campo das finanças, com algumas contribuições com estudos feitos por autores na área da teoria das organizações. Contudo, acredita-se que em ambos os contextos ainda pode-se desenvolver mais essa teoria em diversas aplicações e relações com outras áreas do conhecimento e correlações com outras teorias.
2.3 Teoria dos Stakeholders
A teoria dos Stakeholders passa a ser objeto de estudo a partir de 1984 com Freeman, que descreve a existência de uma complexa rede de relacionamentos e contratos, contratuais ou não contratuais, entre stakeholders e a empresa.
Nesse estudo será adotado o conceito de Clarkson (1995), no qual Stakeholder é entendido como pessoas ou grupos que têm interesses, reivindicam posses ou direitos, em uma organização. O referido autor ainda divide os Stakeholders em dois grupos: primário, onde a organização não pode sobreviver sem a participação contínua do agente, tais como acionistas, investidores, clientes, empregados e fornecedores, e secundário, o qual é influenciado ou influencia a organização, ainda que não seja vital para a mesma. A mídia, por exemplo, é um Stakeholder secundário.
O framework proposto por Friedman e Miles (2002) em seu trabalho desenvolvendo a teoria dos stakeholders é de suma importância para o entendimento e desenvolvimento dessa teoria. As conclusões desse estudo direcionam que as fraquezas apontadas na teoria dos stakeholders, muitas vezes, se devem pelo não entendimento da organização e do relacionamento dos stakeholders com a mesma.
Observa-se que apesar dos estudos sobre a teoria dos stakeholders ser derivada dos estudos de governança corporativa da área financeira, percebe-se a grande notoriedade que essa temática vem ganhando no campo dos estudos organizacionais. Mais especificamente no que tange variáveis como estratégia e principalmente performance financeira das organizações.
2.4 Redes Interorganizacionais
O ambiente de negócios se torna cada vez mais competitivo e especializado, dificultando a entrada de novas organizações e a sobrevivência das já existentes. Diante da necessidade de adaptação a esse ambiente, intensifica-se a necessidade da reorganização dos modos de gestão empresarial com a finalidade de compatibilizar a organização com padrões mais avançados de qualidade e produtividade. Como consequência, as empresas adotam novas formas de gestão, inovam na preocupação em se ajustar as exigências mundiais e criam as estratégias colaborativas como forma de adquirirem habilidades que ainda não possuíam, corrobora Dyer e Singh (1998).
Tanto no âmbito prático quanto teórico, o tema de relacionamentos interorganizacionais é aplicado a uma variedade de relacionamentos entre as organizações, como, por exemplo, joint ventures, alianças estratégicas, clusters, franchising, cadeias produtivas, grupos de exportação, redes interorganizacionais, entre outras, menciona Pereira (2005). Nesse contexto, é importante destacar as considerações feitas por Nohria e Eccles (1992), que afirmam que existem três razões para o aumento do interesse no tema redes interorganizacionais: a) a emergência da “nova competição” como ocorre nos distritos industriais italianos e no Vale do Silício; b) o surgimento das tecnologias de informação e comunicação (TICs); c) a consolidação da análise de redes como uma disciplina acadêmica.
Comunga dessa temática Castells (1999), no que se refere ao surgimento das tecnologias de informação e comunicação, afirmando que as possibilidades de comunicação trazidas pelas novas tecnologias de informação estenderam as possibilidades de interação interfirma, ainda quando amplamente dispersas geograficamente, principalmente quando a múltipla cooperação se dá, por exemplo, por extensa troca de informações entre as empresas participantes.
As redes selecionam parceiros preferenciais com ações complementares em áreas de ação conjunta. Procuram propiciar, em alguns casos, avanços tecnológicos, acesso a informações e ampliação da capacidade de negociação e obtenção de recursos (Freeman, 1991; Nohria e Eccles, 1992; Nadler et al., 1994; Castells, 1999). Para o sucesso dos parceiros nas redes de cooperação, segundo Kanter et al. (1997) apud Braga (1999), na qual todos são fortes e têm algo de valor a ser compartilhado, os sucessos de ações conjuntas dependem: da interdependência; do investimento, onde os parceiros investem um no outro como forma de sinalizar comprometimento; da informação com comunicação aberta e da integridade dos membros.
Nohria e Eccles (1992) afirmam que embora não constitua uma ideia recente, visto que o conceito de rede é empregado na teoria organizacional desde o começo do século XX, a união de empresas com o objetivo de obter soluções coletivas, que individualmente seriam impossíveis, vem recebendo uma maior atenção dos estudos e práticas organizacionais nas últimas décadas (Oliver e Ebers, 1998). As razões que as empresas têm para cooperar refletem as diferenças de objetivos estratégicos, posições de mercado, ações atuais e possíveis das outras empresas e o status corrente da própria empresa (KASA, 1999).
2. 5 A Proposição do Framework de Análise da Assimetria Informacional em Redes de Empresas Horizontais
Diante do que foi exposto, acredita-se ser pertinente nesse tópico a consecução do framework acerca das temáticas abordadas nesse estudo. Os estudos de Gomes e Gomes (2007) e Pereira e Pedrozo (2005), já abordaram concepções de modelo teóricos acerca das redes de relacionamentos interorganizacionais horizontais. Esses estudos auxiliaram a concepção do modelo proposto nesse trabalho.
O framework apresentado na Figura 1 não se constitui meramente como um imbricamento desses dois modelos teóricos, nem mesmo uma aproximação de teorias que serviram para dar a sustentação teórica do mesmo, mas sim de um direcionamento destacado pela literatura e que ainda não foi abordado nos estudos relativo ao contexto das redes interorganizacionais. O intuito principal desta parte do estudo é demonstrar um modelo teórico que apresente o processo de assimetria de informação em redes de empresas horizontais.
A construção desse framework foi concebida através de uma visitação profunda na literatura, sendo o escopo principal de análise o processo de assimetria de informações. Somente a partir dos indicativos da literatura é que teorias de base como governança corporativa e economia dos custos de transação puderam se fazer presentes. Isso se deve pelo fato que são indissociáveis em uma análise da assimetria de informação, bem como as contribuições da teoria da agência.
Esse modelo teórico visa verificar em um segundo momento, de maneira empírica, como se procede a assimetria informacional nas redes de empresas horizontais, bem como sugerir melhorias para que se reduza a assimetria informacional negativa. Desta maneira, acredita-se que as redes terão maiores condições de se perpetuarem no cenário empresarial. Acredita-se que esse trabalho ajudará na melhor compreensão do processo de assimetria informacional das redes horizontais.
Como é observado na Figura 1, a assimetria de informação transcorre tanto de maneira positiva, quanto de maneira negativa nas redes horizontais. Em ambas as situações, elas irão versar sobre a postura dos dirigentes das redes e de como podem se beneficiar ou não das informações que dispunham. Dessa forma, as referidas informações podem ocasionar ganhos mais significativos para seus negócios individuais, deixando de lado a parceria cooperativa. Pereira (2005) comunga dessa realidade e em seu trabalho coloca a seguinte situação: primeiramente, o principal fator que incentiva uma empresa a ingressar em um ambiente de rede, é o oportunismo. Ou seja, todos os empresários visualizam nas redes, uma rápida alternativa de crescimento de seu negócio, possibilitando retornos econômicos superiores.
As assimetrias informacionais em redes podem ocorrer de maneira endógena, ou seja, de dentro para fora da rede. Dessa forma, estará amparada na teoria da governança corporativa. As principais variáveis que essa prática pode acentuar é a falta de transparência dos membros frente à diretoria da rede, bem como a desconfiança dos membros no que se refere a sua estrutura de governança. De maneira empírica, esse tipo de assimetria pode ocorrer entre “grupos seletos” dentro da rede. Os diretores, por exemplo, podem utilizar informações privilegiadas para beneficiar apenas uma parte dos membros da rede.
No que tange aos aspectos positivos, ilustrados na Figura 1, as transações da economia dos custos de transação e os relacionamentos ocorrem de maneira salutar, sem que a assimetria informacional ocasione problemas entre os membros da rede, não prejudicando os relacionamentos entre os mesmos. Nesta parte do framework, espera-se visualizar uma situação em que os atores das redes ajam sem que os objetivos individuais extrapolem os objetivos da rede. Aplica-se a esta situação que os membros não se valeram de atitudes oportunistas, o que pode ocasionar em situações que serão relatadas abaixo, e que foram retratadas no framework.
Entretanto, pode acontecer de a assimetria informacional ocasionar um efeito negativo. Tais efeitos podem gerar disfuncionalidades na rede, que podem acontecer através de uma assimetria informacional exógena, ou seja, de fora para dentro da rede. Na qual, busca-se o embasamento teórico na ECT e irá acentuar principalmente o aspecto do oportunismo entre os membros que se beneficiam de uma informação privilegiada. Pragmaticamente, essa situação pode acontecer entre os dirigentes das redes e os seus fornecedores, ou com os clientes da rede, onde os dirigentes podem obter informações beneficiadas.
Ao abordar a temática da assimetria de informação, deve-se destacar os estudos pioneiros de Jensen e Meckling (1976), que colocavam o problema da agência entre os atores envolvidos no processo. Buscando uma maior compreensão sobre essa temática, os estudos de Williamson (1975) também abordavam que a assimetria da informação entre os atores envolvidos no processo da ECT era prejudicial para promover a performance das empresas e ainda gerava um custo para as mesmas.
Operacionalmente, tem-se a intenção de avaliar qual a assimetria ocorre mais nas redes, ou seja, a exógena ou endógena? De que maneira essas variáveis impactam a estrutura de governança? Como afetam diretamente a performance das redes? Quais os stakeholders que mais interagem com as redes e como exercem a sua influência na estrutura de governança em na assimetria de informação exógena?
Por fim, esse modelo teórico visa verificar num segundo momento de maneira empírica como se procede a assimetria informacional nas redes de empresas horizontais, bem como, sugerir melhorias para que se reduza essa assimetria informacional negativa. Desta maneira, acredita-se que as redes terão maiores condições de se perpetuarem no cenário empresarial. Corroborando com a discussão acima, acredita-se que esse trabalho será capaz de melhor explicar o processo de assimetria informacional das redes horizontais.
3. Metodologia
O presente trabalho utilizou-se do método de multicasos. Na concepção de Yin (2004) um estudo de caso é uma pesquisa empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto real, quando o limite entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidos, e isso implica a utilização de múltiplas origens de evidências. Nesta pesquisa há em parte a descrição do fenômeno de como ocorre a assimetria de informações em redes de empresas de estruturas horizontalizadas, bem como, há um teste da proposição de um framework. Já os casos a serem escolhidos serviram para estender o processo de assimetria de informação e se vai corroborar ou refutar o modelo teórico proposto.
Como pesquisou-se sete redes de empresas com estruturas horizontais, o desenho de pesquisa mais adequado se insere exatamente no cruzamento dos casos múltiplos com um projeto holístico (YIN, 2004). Um estudo de caso exige um bom desenho de pesquisa para que haja uma adequação entre objetivos pretendidos e resultados alcançados (YIN, 2004).
O presente estudo se constitui em uma pesquisa exploratória, que para Malhotra (2002), tem como principal objetivo explorar um problema ou uma situação para prover critérios e compreensão. Na concepção do autor, a pesquisa exploratória é caracterizada por flexibilidade e versatilidade, com respeito aos métodos, porque não são empregados protocolos e procedimentos formais de pesquisa.
A população foi constituída por micro, pequenas e médias empresas que desenvolvem ações de cooperação e estão inscritas na SEDAI. Essas entidades foram agrupadas de acordo com seu porte e setor de atividade. Extraiu-se uma amostragem de sete redes empresariais, constituídas por 76 empresas dos setores de comércio, serviço e indústria que desenvolvem ação de cooperação. Para fazer parte da pesquisa, as redes de cooperação ou alianças, deveriam existir em grupos de três ou mais empresas cadastradas junto ao SEDAI. As unidades da amostra foram definidas após se ter o mapeamento das redes de cooperação e o número de empresas cadastradas por setor.
Visando a consolidação do método e dos instrumentos de pesquisa, realizou-se no presente estudo testes preliminares. A consolidação da pesquisa se fez em empresas que possuem ações de cooperação no Estado do Rio Grande do Sul e que pertençam ao SEDAI. O teste piloto visou realizar possíveis alterações pertinentes no questionário e na entrevista estruturada, para a busca de resultados mais fidedignos.
As técnicas utilizadas para a coleta de dados foram as seguintes: 1) foi realizada uma pesquisa bibliográfica nacional e internacional, bem como a coleta de dados secundários, através de pesquisa documental em trabalhos científicos, arquivos públicos, particulares, fontes estatísticas e pesquisa junto aos núcleos de redes de cooperação da SEDAI, a fim de formular um quadro teórico referencial sobre redes de cooperação, criar um quadro amostral e verificar o atual cenário das redes e estratégias de cooperação das empresas do RS. 2) foram realizadas entrevistas semiestruturadas com os presidentes das redes de cooperação. Após, foram realizadas quatro entrevistas com os consultores da SEDAI, responsáveis pelas sete redes que integraram esse estudo. 3) foi feita uma coleta de dados primários através de pesquisa de campo com aplicação de questionários aos demais membros das redes, utilizada para melhorar a tomada de decisão. Essa aplicação se deu nas empresas dos setores do comércio e da indústria.
Na apreciação e análise das entidades e empresas visitadas foram utilizados instrumentos descritivos associados a mecanismos derivados da lógica da matemática, concernentes as características desse estudo. Os questionários foram processados em microcomputadores com utilização do software SPSS para análise estatística. Para analisar os dados obtidos através da aplicação dos questionários, foram utilizados tabelas, histogramas e ferramentas estatísticas. Para realizar a análise das entrevistas, optou-se pela análise de conteúdo, a qual é sugerida por Bardin (1977).
4. Apresentação e Discussão dos Resultados
Ressalta-se que por se tratar de um estudo de casos múltiplos, atenderam-se as indicações de Yin (2004), na qual afirma que em estudos de casos múltiplos, é recomendado fazer análises cruzadas, não individuais entre os casos.
A região central do estado do Rio Grande do Sul, de acordo com o IBGE (2008), abrange 33 municípios, com uma área de 31.769,2 km2, o que representa 11,61% da área total do Estado do Rio Grande do Sul. No que se refere a sua população, segundo levantamento de 2007 é de 714.455 habitantes, representado 6,6% do total do estado. A economia está baseada, principalmente no agronegócio, varejo e beneficiamento. Trata-se, assim, de uma região possuidora de significativa participação do agronegócio no PIB total (53%). A região possui muitos municípios que concentram suas principais atividades e fontes de renda na área rural. Destaca-se na Região Central a cidade de Santa Maria, com aproximadamente 243.000 habitantes. Por ser o maior município entre aqueles pertencentes à região Centro, Santa Maria incumbe-se de ser a principal força que move os números da região. Possui uma economia voltada para o comércio e a prestação de serviços.
As Redes Horizontais que foram pesquisadas são: Rede Brasil Esportes - Rede Unimetal - Rede Construmais - Rede Arrozeiras do Sul - Rede Siga - Redecon - Rede Imobiliárias. Entende-se como necessário, fazer uma breve caracterização dos membros das redes pesquisadas. Neste sentido, a Tabela 1 apresenta de maneira mais clara essa caracterização.
Para este estudo, buscou-se entender como pode ocorrer o processo de assimetria de informação de maneira exógena e endógena, no ambiente de redes de empresas com estrutura horizontal. Para tanto, algumas considerações foram elencadas a partir da literatura e investigadas a campo.
Ao analisar as médias das variáveis propostas para essa discussão sobre a assimetria de informação, destaca-se na Tabela 2 que os “atores membros” não estão muito convencidos de que não existam “grupos” mais seletos de participantes nas redes. O que remete a uma possível assimetria de informações de cunho endógeno.
Fora essa análise, não se pode afirmar que os membros estejam percebendo com certa desconfiança a estrutura de governança nas redes e também não percebem se está ou não acontecendo assimetria de informações por parte da presidência.
De acordo com Jones, Hesterly e Borgatti (1997), o problema da assimetria de informação em redes, é visto como um problema na determinação da estrutura de governança. Para tanto, a verificação de como os “atores membros” avaliam a atual estrutura de governança de suas redes se faz pertinente Neste tocante, a média da variável satisfação ficou estabelecida em 7,74, numa escala que variava de 0 a 10.
Por fim, buscou-se um entendimento da satisfação geral dos “atores membros” com a rede as quais pertenciam. Neste sentido, os respondentes não apresentaram uma satisfação muito elevada, tendo uma média de 6,8. Sendo que a escala era a mesma da última análise apresentada acima.
As entrevistas com os Presidentes das sete Redes ocorreram em seus locais de trabalho (suas empresas), com entrevistas previamente agendadas. Conforme foi apontado pela literatura, quando se trata de assimetria de informação, invariavelmente tem-se que abordar questões que permeiam a estrutura de governança. Para tanto, os autores tiveram que ser polidos nos questionamentos feitos aos presidentes das sete redes pesquisadas, no intuito de não gerar nenhum constrangimento. Isso se refletiu nas perguntas, as quais não foram tão diretivas. Assim foi relatado nos “atores membros”, neste tópico é relevante caracterizar os “atores presidentes” das redes pesquisadas, conforme demonstrado na Tabela 3.
Levantar qual o grau de satisfação que os “atores presidentes” apresentam com relação a rede, é algo pertinente. Neste sentido, identificou-se que os “atores presidentes” demonstram um grau de satisfação superior (média de 8,1) aos demais, representando de uma melhor maneira a satisfação dos mesmos, também numa escala que variava de 0 a 10.
Dando um caráter conclusivo a esse tópico, entende-se que o imbricamento proposto auxiliou para validar o framework proposto nesse estudo. Entretanto, entendeu-se que o processo de se perceber a assimetria de informação por parte dos membros de uma rede está intimamente ligado aos retornos financeiros que os mesmos estejam obtendo.
Especificamente, enquanto os ganhos financeiros forem satisfatórios, por se participar da rede, o processo de assimetria será um tanto quanto abdicado pelos membros. Por outro lado, os presidentes continuam apresentando resultados mais contundentes economicamente frente aos demais membros, como se pode observar na seção dos resultados, quando se abordou a percepção dos presidentes.
5 Considerações Finais
Os benefícios e vantagens que as redes de cooperação podem proporcionar as empresas, são imensos. Reduzir custos, aumentar poder de barganha, melhorar preços e descontos, status, suporte, padronização, são apenas alguns dos inúmeros benefícios diagnosticados e validados em estudos anteriores. A rede apresenta um papel fundamental no que tange a sobrevivência e ao desenvolvimento das empresas, seja qual for o setor ou a economia nas quais estejam inseridas.
O que se pretendeu com esse trabalho foi demonstrar que o processo é válido, e que pode proporcionar grandes benefícios e vantagens as empresas participantes da rede. No entanto, não podemos desconsiderar alguns problemas já constatados, que podem acarretar a saída da empresa da rede a qual participava. Nesse sentido, esse estudo buscou analisar como ocorre a assimetria de informações entre os agentes da rede e como eles se comportavam sobre tais modelos de governança.
Foi constatado que realmente ocorre assimetria de informações dentro das redes horizontais pesquisadas, tanto pelo fato de se perceber variáveis preconizadas pela literatura, tais como mecanismos de governança, assimetria de informações endógenas e exógenas.
Entretanto, ela ainda não é perceptível pelos outros atores como sendo prejudicial para a continuidade da rede. Talvez no estágio em que as redes foram estudas, os membros percebem de maneira menos veemente esse processo, o que em muitos casos vai acarretar com a saída do membro da rede pela falta de confiança na diretoria vigente.
O framework proposto foi corroborado, contudo, destaca-se que quanto menor for o retorno financeiro por parte dos membros, maior será a plenitude com que será percebido o processo de assimetria de informação.
Esses temas podem ser discutidos e analisados na parte final desse estudo. Ambos devem ter sua importância ressaltada para que se possa evitar maiores erros e desgastes na relação empresa versus rede. Além disso, outro fato também foi diagnosticado: as empresas e as redes percebem a realidade de maneira muito distinta.
Os limitantes desse estudo versam para a impossibilidade de se generalizar esses resultados, pelo fato de se ter pesquisado apenas 7 redes na região central do RS. Futuros trabalhos devem ser realizados, do ponto de vista teórico e empírico, com vista a refutar ou corroborar com as relações demonstradas. Estudos de natureza descritiva seriam de grande valia tanto para o âmbito acadêmico, como para as entidades responsáveis pelos gerenciamentos das redes.
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** Bacharel em Administração pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUI. Atualmente é mestranda do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Maria, ligada a linha de pesquisa Sistemas e Mercados. Integrante do Núcleo de Pesquisas em Redes. É discente do Programa Especial de Graduação de Formação de Professores para a Educação Profissional (PEG), também pela UFSM.
*** Atualmente está cursando Doutorado no Programa de Pós Graduação em Administração da UFSM - Santa Maria - RS. Possui Mestrado em Administração - UNIP - São Paulo (2015), Graduação em Ciências Contábeis - FIO-Ourinhos-SP (2001), Especialização em Auditoria e Controladoria - UNOPAR - Londrina-PR (2004). Foi Professor da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná - Campus Bandeirantes-PR no Período de 01/03/2005 à 06/03/2015. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração Geral; Contabilidade; Planejamento Estratégico; Comportamento Organizacional; Redes de Negócios; Informática aplicada em Laboratórios e Sala de Aula; Orientação de TCC.
**** Possui graduação em Curso de Administração pela Universidade Federal de Viçosa (1997), mestrado em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina (1999) e doutorado em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2005). Atualmente é professor Associado da Universidade Federal de Santa Maria e Coordenador do Curso de Mestrado Profissional em Gestão de Organizações Públicas. Foi coordenador do Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA/CCSH/UFSM) e do Curso de Mestrado Interinstitucional em Administração (convênio UFSM/UFMA) . Tem experiência na área de Administração, com ênfase de pesquisas em Cooperação, estratégias interorganizacionais e inovação cooperativa. Na área pública trabalha com o desenvolvimento de ferramentas para a melhoria da eficiência e transparência da gestão pública.
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