Observatorio Economía Latinoamericana. ISSN: 1696-8352
Brasil


INTERVENÇÃO DO GESTOR ESCOLAR FRENTE AO BULLYING

Autores e infomación del artículo

Jacir Gonçalves

Helena Brandão Viana*

Alexandro Landim

UNASP-HT

hbviana2@gmail.com

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RESUMO
Assim como no exterior, o Brasil também tem enfrentado um crescimento da prática de bullying. Diante dessa realidade, este tipo de violência tem sido objeto de estudos. O bullying é conceituado como um conjunto de comportamentos agressivos, físicos ou psicológicos, como chutar, empurrar, apelidar, discriminar e excluir, que ocorrem entre colegas, sem motivo evidente, e repetidas vezes; um grupo de alunos ou um aluno com mais força, agride outro que não consegue encontrar um modo eficiente para se defender. O objetivo deste trabalho foi identificar as possíveis ações dos professores, coordenadores pedagógicos, orientadores educacionais, para evitar o bullying entre alunos de 6º ano ao 3º ano do Ensino Médio. Foi aplicado um questionário para detecção da ocorrência de bullying, e entrevistas com a direção escolar. A pesquisa constatou a presença do bullying entre os escolares, e mostrou que as ações dos dirigentes ainda têm sido pouco eficazes para deter esse comportamento.
Palavras-chave: Bullying, Escola Básica, Gestores.

SCHOOL MANAGER'S INTERVENTION ON BULLYING
Abstract:
As well as abroad, Brazil has also faced the growth of the bullying practice. Given this reality, this type of violence has been the subject of studies. Bullying is conceptualized as a set of aggressive, physical or psychological behavior such as kicking, pushing, nicknaming, discriminate and exclude that occur between colleagues, without apparent reason, and again and again; a group of students or a student with more force, assaults another who can not find an effective way to defend themselves. The aim of this study was to identify the possible actions of teachers, pedagogical coordinators, guidance counselors, to prevent bullying among students from 6th grade to the 3rd year of high school. A questionnaire to detect the occurrence of bullying, and interviews with the school administration was applied. The survey found the presence bullying among students, and showed that the actions of the leaders still have been ineffective to stop this behavior.
Keywords: Bullying, Schools, Managers.



Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Jacir Gonçalves, Helena Brandão Viana y Alexandro Landim (2016): “Intervenção do gestor escolar frente ao bullying”, Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, Brasil, (junio 2016). En línea: http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/16/bullying.html

http://hdl.handle.net/20.500.11763/br-16-bullying


INTRODUÇÃO

Assim como no exterior, o Brasil também tem enfrentado um crescimento da prática de bullying. Diante dessa realidade, este tipo de violência tem sido objeto de estudos. O bullying é conceituado como um conjunto de comportamentos agressivos, físicos ou psicológicos, como chutar, empurrar, apelidar, discriminar e excluir, que ocorrem entre colegas, sem motivo evidente, e repetidas vezes. Em todo o mundo muitos alunos deixam de estudar por medo de sofrer bullying. O bullying não é uma brincadeira inocente, sem intenção de ferir; e nem se trata também de um ato de violência pontual ou só de ofensas, mas de atitudes hostis, violando a integridade do ser humano. O bullying tem interferido no processo de aprendizagem e no desenvolvimento do indivíduo como um todo, traz um clima de terror, onde os envolvidos e não envolvidos se sintam coagidos e com medo de frequentar a escola. A falta de conhecimento sobre o caso bullying, faz com que muitos educadores tendam a legitimar o bullying. Mas se quisermos remove-lo do convívio escolar, será preciso um plano de intervenção em conjunto entre família, escola e órgãos sociais, para assim melhorar o ambiente e o aprendizado.
A partir de casos ocorridos na escola, foi despertada a curiosidade do presente pesquisador para um estudo mais aprofundado sobre o Bullying. Desde então, ampla pesquisa bibliográfica tem ajudado a compreender e diagnosticar este fenômeno que se chama Bullying. Para que se entenda a violência escolar é preciso analisar e questionar de onde parte a irreverencia e agressividade do Bullying.  De acordo com Antunes e Zuin (2008, p.33), “[...] as práticas de violência nas escolas devem ser compreendidas por meio da análise social [...]”.
A família e a sociedade têm influência na vida do indivíduo, e sua revolta tem refletido no ambiente escolar. Wiseman (Revista Veja. Ed. 2258, p. 20), relata que pais e educadores, por sua vez, são frequentemente tomados de um sentimento de profunda impotência que os mantém paralisados diante de casos de Bullying (ABRAMOVAY, 2005, p. 53). Já que a família tem um papel fundamental na vida do indivíduo a parceria com a escola deve contribuir para o bem-estar do indivíduo e de todos (AMARAL, 2012, p. 117). Diante destas afirmações de Amaral e Abramovay, compreendemos que é preciso ter um planejamento bem elaborado de ação anti bullying na escola. Para isso alguns pesquisadores têm procurado encontrar soluções para melhor trabalhar este fenômeno. Stelko-Pereira e Williams (2010, p. 47) ressaltam que: As estratégias anti bullying tem promovido resultados surpreendentes no meio escolar. Fonte e Pedra (2008, p.121), acentuam que “quando os profissionais são capacitados para atuar de forma efetiva e contínua nas estratégias anti bullying, os índices reduzem-se significativamente”.  Diante disso é preciso entender, que o bullying é uma agressão e não deve ser levado em desconsideração, pois este vem trazendo sofrimento aos envolvidos. Por esse motivo e por todas as consequências que vítima e vítima/agressor podem sofrer é importante unir forças contra o bullying e trazer de volta a paz e harmonia para a escola.    Bullying é um fenômeno crescente nas escolas, principalmente entre meninos, e precisa ser abordado de uma forma séria, sistemática e científica para restabelecer um relacionamento saudável e sustentável entre os envolvidos.
Esta pesquisa poderá oferecer à comunidade escolar, fundamentos e ferramentas para combater essa distorção de comportamento. A comunidade acadêmica e demais pesquisadores encontrarão neste estudo a opção de um novo olhar sobre o assunto.

METODOLOGIA
A presente pesquisa foi realizada em uma instituição de Ensino privado no município de Hortolândia, interior de São Paulo, e teve como objetivo identificar as possíveis ações de bullying entre administradores, professores e alunos do Fundamental II (6º ao 9º ano) e Ensino Médio (1º ao 3º ano); e como a atuação do gestor educacional pode interferir no clima organizacional da escola.
Foi aplicado um questionário junto aos alunos, com 16 perguntas objetivas relacionadas com o tema Bullying, questões estas extraídas e adaptadas do questionário de SÓ (2015). Outro questionário com 12 perguntas objetivas para professores e 13 perguntas para administradores, foram extraídas e adaptadas do trabalho elaborado por Furtado e Morais (2015), sobre bullying nas aulas de Educação Física e o papel do professor.
Esta pesquisa foi precedida de um estudo bibliográfico que fundamentou cientificamente os conceitos e pressupostos adotados como referenciais. Foi feito um levantamento de dados, através do questionário de casos de bullying na escola, com 330 alunos de Fundamental II (6º ao 9º ano) e Ensino Médio (1º ao 3º ano), 4 administradores e 14 professores do fundamental II e ensino médio. Os professores e administradores da escola assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido autorizando a participação na pesquisa.
Os dados foram coletados nos períodos matutino e vespertino, após uma palestra e duas aulas de conscientização onde foram utilizados três vídeos: Tensão Bullying, Let´s Stop Bullying e o documentário intitulado:  O Projeto define oito tipos de Bullying que devem ser evitados na escola, do Governo Federal. Após esta coleta foram tabulados os dados e os padrões de comportamentos identificados, foram dispostos em gráficos para posterior análise.
A partir das constatações, foram traçadas estratégias de combate ao bullying como: palestras, caixas de denúncias espalhadas pela a escola, orientação aos pais e alunos, câmeras para melhor identificação dos agressores. Estas foram sugeridas à instituição onde a pesquisa foi aplicada.  Após os resultados obtidos, será feito um planejamento bem elaborado de ação anti bullying permanente para a escola.

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Após uma semana de orientação e conscientização através de aulas, palestras e pesquisa de campo com alunos do 6º ano ao 3º ano do Ensino Médio, gestores e professores chegamos aos resultados que serão apresentados a seguir.
Nas figuras 1 e 2, correspondente às questões 3 e 4, nota-se que a agressão verbal é mais acentuada seguida do emocional, moral e físico que são feitas na sua maioria por pessoas da mesma idade ou mais velhos.  As figuras 3 a 5 corresponde às perguntas 5, 6 e 7 são uma sequência. Os casos de bullying em maior frequência ocorre entre 5 a 11 anos onde os alunos estão no fundamental I ou ingressando no 6º ano, fundamental II. Em segundo lugar está a faixa etária 11 a 14 anos. Nota se por esta pesquisa que as ocorrências aconteceram há 1 ano ou mais, caracterizando o bullying como sistemático e frequente, portanto isso deve ser trabalhado já no fundamental I. De acordo com FANTE (2005), “é necessário que a comunidade escolar esteja consciente da existência do fenômeno e, sobretudo, das consequências advindas desse tipo de comportamento”. A questão 6 mostra que o maior índice de casos de bullying ocorre onde há presença de professores ou monitores, deixando alunos se sentindo mal, incomodados pela situação, pois quando os responsáveis deixam a ação de bullying ocorrer sem chamar a atenção, por pensar que não houve consequências, o sentimento não serem apreciados é grande. Diante destes dados, pais e educadores, por sua vez, são frequentemente tomados de um sentimento de profunda impotência que os mantém paralisados diante de casos de Bullying (ABRAMOVAY, 2005 p. 53). Na pergunta 12 os agressores são os maiores culpados pela continuidade dos casos de bullying, mas também os pais têm uma parcela significativa nesta ação seguindo daqueles que só assistem e se omitem dos casos. Na pergunta 13 a família na maioria dos casos são os primeiros a saber e na maior parte não comunica a escola e pelo contrário, incentivam a revidar. Muitos alunos, segundo os dados coletados não contam a ninguém ou quando contam para amigos que deparam com sua incapacidade de ajudar acabam também se omitindo deixando os casos de bullying impunes.  Os meninos ainda são a maioria que praticam o bullying, mas há um crescimento de meninas que praticam o bullying também. Dos que sofreram algum tipo de bullying há um alto índice de alunos que praticam também. Stelko-Pereira e Williams (2010, p. 47) ressaltam que: “As estratégias anti bullying tem promovido resultados surpreendentes no meio escolar”.
Apresenta-se a seguir o resultado da pesquisa com os gestores escolares.
Nas questões 1 e 2 para os gestores e professores, a maioria respondeu que já ouviram ou já tiveram alguma palestra sobre o tema Bullying. Apenas 2 professores nunca tiveram participação em palestras e leitura sobre o assunto. Nas Questões 3 e 4 de alguma forma já se deparam com casos e cenas de bullying. Nota-se que nas questões 5, 6 e 7 para ambos os grupos, eles acreditam que de alguma forma podem interferir contra o bullying na escola e tomar as providencias cabíveis, e todos se acham preparados para uma intervenção. Nestas questões 8 e 9 todos estão preparados para agir em casos de bullying. Mas acreditam, como demonstrado na questão 11, para gestores e 12 para professores que a origem do bullying está na sociedade, na própria família e na escola. “Já que a família tem um papel fundamental na vida do indivíduo a parceria com a escola deve contribuir para o bem-estar do indivíduo e de todos” (AMARAL, 2012, p. 117). Fonte e Pedra (2008, p.121) acentuam que “quando os profissionais são capacitados para atuar de forma efetiva e contínua nas estratégias anti bullying, os índices reduzem-se significativamente.”

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há casos de Bullying na escola, e a prevenção e intervenção deve ser feita de forma sistemática e continuada durante o ano letivo, principalmente por que o bullying pode ser prevenido mas dificilmente erradicado. Sempre que houver uma incidência de atos agressivos e de intimidação sistemática entre alunos haverá o Bullying, que acaba crescendo pela falta de conscientização e de conhecimento sobre o tema. Mas observamos que em alguns tipos de bullying o índice é menor por se tratar de uma escola confessional. Aqueles que mudaram de escola encontram na escola cristã um refúgio para continuar sua aprendizagem. Os professores se consideram conhecedores do assunto, mas mostraram-se, com respeito aos problemas que ocorrem em sala de aula, uma tendência a legitimar ou até mesmo assumir uma postura de omissão. O professor em sala de aula tem papel importante na prevenção e intervenção ao Bullying, porém se ele adota uma postura ausente e não interfere, o bullying continua presente no dia a dia dos alunos. Criar estratégias de prevenção, intervenção e detectar precocemente o problema (Bullying) parece ser a maneira mais adequada para reduzir a chance de que este e outros problemas continuem. Diante disso é preciso entender, bullying é uma agressão e não deve ser levado em desconsideração, pois este vem trazendo sofrimento aos envolvidos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMOVAY. M. Cotidiano das escolas: entre violências. Brasília: Ed. UNESCO, 2005.
AMARAL, K. O. Bullying guia prático para pais e educadores. São Paulo: Ed. PoloPrint, 2012.
ANTUNES, Deborah Christina; ZUIN, Antônio Álvaro Soares. Do bullying ao preconceito: os desafios da barbárie à educação. Psicol. Soc.,  Porto Alegre ,  v. 20, n. 1, p. 33-41,  Apr.  2008.   Available from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822008000100004&lng=en&nrm=iso . access on  03  Apr.  2016.  http://dx.doi.org/10.1590/S0102-71822008000100004.
DE LA TAILLE, Y. Ponto de vista: qual é a abordagem mais adequada para lidar com o bullying na escola? Pátio Revista pedagógica. Porto Alegre, v. 6, n. 42, maio-jul. 2007.
FANTE, C. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas: Ed. Verus, 2005.
FURTADO, D. S.; MORAIS, P. J. S. Bullying nas aulas de Educação Física e o papel do professor. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd147/bullying-nas-aulas-de-educacao-fisica.htm Acesso em: 04.04.2016.
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GOULART, N. É responsabilidade da escola combater o Bullying. Revista Veja. Disponível em: http//veja.abril.com.br/noticias/educação/e-responsabilidade-da-escola-combater-o-bullying. Acesso em: 13 de mai. 2015.
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SENADO FEDERAL. O Projeto define oito tipos de Bullying que deve ser evitado na escola https://www.youtube.com/watch?v=psieH5qBIpk . Acesso em: 04 de abril de 2016.
STELKO-PEREIRA, A.C.; WILLIAMS, L. C. A. Reflexões sobre o conceito de violência escolar e a busca por uma definição abrangente. Temas em Psicologia - 2010, Vol. 18, no 1, 45 – 55, 2010.
WISEMAN, R. O pior é que os pais são cúmplices. Revista Veja. São Paulo, v. 2258, 29 fev. 2012.
VIEIRA, R. Tensão Bullying. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=cT3xdL4Uc74 . Acesso em: 04 de abril de 2016.

* Helena Brandão Viana concluiu a graduação em educação física pela universidade estadual de campinas em 1989. Cursou mestrado em educação física pela UNICAMP, concluído em 2003. Em seu doutorado estudou a temática da sexualidade na velhice. Em seu doutorado passou 4 meses na Simon Fraser University, em Vancouver, Canadá, onde cursou a disciplina de promoção de saúde no envelhecimento e teve como orientador internacional o prof. dr. Andrew Wister, diretor do departamento de gerontologia daquela universidade. Atualmente é coordenadora da extensão universitária da faculdade adventista de Hortolândia, coordenadora da faculdade adventista da terceira idade e coordenadora do projeto feliz idade, de atividades física com idosos. Também é professora titular no curso de educação física e pós-graduação na mesma instituição.

Recibido: 04/04/2016 Aceptado: 14/06/2016 Publicado: Junio de 2016

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