Observatorio Economía Latinoamericana. ISSN: 1696-8352
Brasil


PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE COOPETIÇÃO: UMA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA E SOCIOMÉTRICA EM PERIÓDICOS INTERNACIONAIS

Autores e infomación del artículo

Júlia Alves e Souza*

Douglas José Mendonça**

Jaíne Alves e Souza***

Antônio Carlos dos Santos****

Universidade Federal de Lavras / Universidade Estadual do Norte Fluminense

julia.jasouza@gmail.com

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Resumo
Este estudo objetiva identificar e descrever as principais características da produção científica internacional sobre coopetição. Para tal fim, efetuou-se uma análise bibliométrica e sociométrica de artigos científicos. A seleção dos artigos foi feita através de termos de busca predefinidos, identificando os artigos publicados até o ano de 2015. Foram analisados 156 estudos indexados na Web of Science, considerada uma das principais bases científicas internacionais. Os resultados evidenciam que a coopetição tem sido cada vez mais debatida no meio acadêmico, principalmente a partir de 2011. A produção se iniciou nos Estados Unidos, porém outros países têm se destacado nos últimos anos. No total, 270 autores de 33 diferentes países publicaram sobre o tema. Nota-se ainda que, nos últimos anos, houve uma grande diversificação de áreas que utilizaram o conceito de coopetição. Assim, este é um tema emergente e que tende a ter cada vez mais relevância e visibilidade.

Palavras-chave: Coopetição, Bibliometria, Sociometria, Produção Científica.

SCIENTIFIC PRODUCTION ABOUT COOPETITION: A BIBLIOMETRIC AND SOCIOMETRIC ANALYSIS IN INTERNATIONAL JOURNALS

Abstract
This study aims to identify and to describe the main features of the international scientific literature on coopetition. For this, we performed a bibliometric and sociometric analysis of scientific articles. The selection of items was done through predefined search terms, identifying the articles published until the year 2015. We analyzed 156 studies indexed in the Web of Science, considered one of the leading international scientific basis. The results show that coopetition has been increasingly debated in academic circles, especially from 2011 onwards. The production has started in the United States, but other countries have been highlighted in recent years. In total, 270 authors from 33 different countries have published about the subject. It is further noted that in recent years there has been a great diversification of areas that used the concept of coopetition. Thus, this is an emerging theme that tends to have increasing importance and visibility.

Keywords: Coopetition, Bibliometrics, Sociometry, Scientific Production.



Para citar este artículo puede uitlizar el siguiente formato:

Júlia Alves e Souza, Douglas José Mendonça, Jaíne Alves e Souza y Antônio Carlos dos Santos (2016): “Produção científica sobre coopetição: uma análise bibliométrica e sociométrica em periódicos internacionais”, Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, Brasil, (octubre 2016). En línea:
http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/16/bibliometria.html

http://hdl.handle.net/20.500.11763/br-16-bibliometria


INTRODUÇÃO

Com o processo de globalização, o paradigma da competição tem se transformado e feito com que as organizações evoluam dentro de um ambiente complexo e dinâmico, marcado pelas incertezas e mudanças constantes (MEROFA; BUENO, 2009). O surgimento dos arranjos entre empresas, o compartilhamento de informações e o intercâmbio de conhecimentos estimulam as empresas a adotarem novas estratégias interorganizacionais, as quais passaram a possibilitar acessos a soluções competitivas que dificilmente seriam obtidas de forma individual (LÜBECK et al. 2011). Conforme Lado, Boyd e Hanlon (1997), o sucesso empresarial dentro deste ambiente requer que as empresas adotem estratégias competitivas e cooperativas simultaneamente, o que abre espaço para o surgimento da coopetição.
Coopetição é o termo gerado pela união das palavras “cooperação” e “competição”.  Consiste em um conceito emergente a respeito do comportamento de cooperação competitiva entre empresas, ou seja, elas cooperam para atingir determinado objetivo e competem na hora de dividir os ganhos (WINCKLER; MOLINARI, 2011). Brandenburger e Nalebuff (1996) colocam que é como se primeiro as empresas fizessem o bolo crescer (criassem um bolo maior, por meio da colaboração) e depois dividissem esse bolo (competissem para reparti-lo). Segundo os autores, estabelece-se um jogo de negócios entre empresas, clientes, fornecedores, concorrentes e complementadores, em que seus comportamentos influenciam nos resultados obtidos por vários participantes.
Assim, coopetição é a nova forma de conceituar a dinâmica de interdependência entre empresas, onde há uma estrutura de convergência parcial de interesses e objetivos gerando o sistema coopetitivo de criação de valor (DAGNINO; PADULA, 2002). Essa nova forma de abordagem abriu caminhos para que se desenvolvesse um novo tipo de análises sobre as relações interorganizacionais, o que exerce impactos inclusive nas pesquisas acadêmicas sobre o tema.
Conforme explicitado por Bourdieu (1994), as pesquisas acadêmicas são influenciadas por fenômenos econômicos, políticos e sociais. Mudanças na forma de analisar e interpretar a realidade e as estratégias das empresas tendem a ser incorporadas pela literatura científica da área. Torna-se relevante, diante deste contexto, a realização de estudos de caráter bibliométrico e sociométrico, como meio para mapear e compreender o desenvolvimento das produções científicas em determinado campo de pesquisa. A grande contribuição desse tipo de estudo é fundamentada na identificação e na sistematização das características das publicações, permitindo compreender quais enfoques têm sido mais abordados, identificar quais são os estudos mais relevantes e colaborar para o desenvolvimento da produção científica sobre determinado assunto.
No presente artigo, o estudo da produção científica volta-se para as pesquisas sobre coopetição, considerando a importância deste tema para a literatura sobre estratégias interorganizacionais. Busca-se responder à seguinte questão: Quais as principais características da produção científica internacional sobre coopetição?
Especificamente, procurou-se efetuar uma análise bibliométrica e sociométrica apresentando a evolução temporal da produção científica, a evolução no volume de citações e artigos mais citados, a distribuição da produção sobre coopetição por países, os autores que mais publicam, a rede de autoria, a rede de citações de autores e de periódicos, e as áreas dos estudos sobre coopetição.
Uma vez que estudos futuros sobre coopetição podem ser realizados no Brasil e aplicados para melhor compreender a realidade das empresas brasileiras, o conhecimento sobre o panorama das publicações científicas internacionais referentes ao tema poderá enriquecer as discussões e trazer contribuições relevantes para os pesquisadores da área.
O presente trabalho está estruturado em cinco seções, sendo esta introdução a primeira. Na segunda seção, apresenta-se a plataforma teórica que dá embasamento ao estudo, enquanto que na terceira são descritos os procedimentos metodológicos adotados. A quarta seção abrange os resultados obtidos pela pesquisa, e na quinta seção são apresentadas as considerações finais.

REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Coopetição

O conceito de coopetição emerge dentro da literatura de estratégias interorganizacionais a partir da década de 1990. O marco inicial foi a publicação do livro “Co-opetititon”, de Adam M. Brandenburger e Barry J. Nalebuff, no ano de 1996. Esses autores colocam que o termo coopetição foi originalmente utilizado em 1980, por Raymond Noorda, fundador da empresa Novell, uma produtora de sistemas de gerenciamento de redes de informação (BRANDENBURGER; NALEBUFF, 1996). Porém, foi a partir de tal livro que essa temática passou a ser amplamente discutida na literatura científica.
Coopetição é um tipo de estratégia que vai além das regras convencionais de competição e cooperação para alcançar as vantagens de ambas (BRANDENBURGER; NALEBUFF, 1996). Segundo Tsai (2002), a coopetição corresponde à ocorrência conjunta de comportamentos cooperativos e competitivos, e pode existir em vários níveis, incluindo as empresas, as unidades estratégicas de negócios, departamentos e grupos de trabalho.
Santos e Cerdeira (2013) argumentam que a competição pela maximização do lucro, pela inovação ou pela atração de novos clientes já foi o paradigma mais comum usado pelas empresas em seus modelos de gestão estratégica. Entretanto, conforme os autores, atualmente a competição com os concorrentes já não é suficiente, tal como não é suficiente ser o “primeiro”, o “maior” ou até ser o “melhor”. A interação com os demais agentes e o relacionamento com os parceiros têm fundamental importância. Em mercados globalizados, de grande dimensão, complexos e/ou exigentes, a cooperação com outras empresas revela-se necessária para o sucesso ou até para a sobrevivência do negócio.
As bases conceituais da teoria da coopetição são constituídas a partir da Teoria dos Jogos. Na visão de Brandenburger e Nalebuff (1996), coopetir envolve buscar entender e identificar as interdependências dos fatores e jogadores, a fim de “mudar o jogo” e criar mais valor do que os concorrentes. Os autores afirmam que, para que um negócio tenha bom desempenho, não é necessário que o outro seja eliminado ou tenha um desempenho ruim. Nesse sentido, Zineldin (2004) explica que a coopetição trata-se fundamentalmente de um jogo de “soma não-zero”, ou seja, de “ganha-ganha”, gerando benefícios mútuos para os parceiros.
Diversos autores apresentam modelos teóricos para sustentar a validade das ações cooperativas entre concorrentes (RODRIGUES; MACCARI; RISCAROLLI, 2007). Observa-se, conforme Lado, Boyd e Hanlon(1997), que o sincretismo entre competição e cooperação pode levar as empresas a obterem maior domínio da tecnologia e do conhecimento, gerando maior crescimento do mercado (se comparado ao crescimento que seria obtido se a competição ou a cooperação fossem usadas isoladamente).
Merofa e Bueno (2009) afirmam que o tema da coopetição traz abordagens renovadas e abre espaço para o desenvolvimento de novos estudos visando a uma melhor compreensão da complexidade que caracteriza as relações interorganizacionais e intra-organizacionais de empresas que coopetem entre si.

2.2 Bibliometria e sociometria

A bibliometria e a sociometria são úteis para identificar e analisar as características da produção intelectual sobre determinado assunto. Segundo Araújo e Alvarenga (2011), tem havido muitas discussões sobre como mensurar, caracterizar e avaliar o resultado da atividade intelectual de pesquisadores e estudiosos. Conforme Lourenço (1997), a produção intelectual é toda produção documental sobre determinado assunto de interesse de uma comunidade científica específica, produção esta que contribui para o desenvolvimento da ciência e para a abertura de novos horizontes.
Inicialmente, os estudos bibliométricos eram voltados para a medida de quantidade de edições e exemplares dos livros, bem como sua quantidade de palavras. No entanto, eles foram se expandindo para outros formatos de produção bibliográfica (incluindo artigos de periódicos) para depois ocupar-se também da produtividade de autores e do estudo de citações (ARAÚJO, 2006). Atualmente, é comum analisar a produção acadêmica por meio de elementos como citações, autoria, coautoria, periódicos, crescimento e distribuição da bibliografia. Nesse sentido, Araújo (2006) aponta que os dados mais importantes observados incluem os autores mais citados, autores mais produtivos, frentes de pesquisa, procedência geográfica da bibliografia e periódicos mais citados.
Já a sociometria representa uma técnica para mapear as relações de atração e rejeição entre membros de um grupo, conforme explicitam Lucius e Kuhnert (1997). Sua utilização permite identificar o grau em que os indivíduos são aceitos em um grupo, a estrutura do grupo e as relações existentes entre os indivíduos. Esta abordagem foi concebida para examinar os padrões de interação e organização geral, possibilitando o conhecimento de um grupo formal ou informal (LUCIUS; KUHNERT, 1997).
A sociometria é baseada na análise de redes sociais. De acordo com Alejandro e Norman (2006), três elementos básicos compõem uma rede social: nós (ou atores), vínculos (ou relações) e fluxo. Os nós ou atores representam os indivíduos ou grupos de indivíduos que compõe um grupo com objetivo em comum; os vínculos ou relações consistem em laços existentes entre dois ou mais nós; e o fluxo indica a direção do vínculo, em geral representada por meio de uma seta que mostra o sentido da relação.
Os autores Alejandro e Norman (2006) também destacam que os principais indicadores de medição em análises estruturais incluem: a densidade de relações, isto é, o grau de conectividade de uma rede expressa pela razão entre o número de relações existentes com o total de relações possíveis; os tipos de conexidade entre relações, sendo “conexa” uma relação onde existem conexões entre atores, e “não conexa” quando um ou vários atores ficam isolados sem conexões com os demais; e a centralidade dos atores, ou seja, as posições mais ou menos centrais em que determinados atores estão ligados diretamente a outros atores dentro da rede.
Aplicada à área acadêmica, a análise de redes sociais é útil na identificação da posição relacional entre os autores, influências e modificações paradigmáticas, ajudando a entender como o conhecimento em determinada área é socialmente construído (BERGER; LUCKMAN, 1996).

3. METODOLOGIA

O presente estudo pode ser caracterizado como bibliográfico. De acordo com Gil (2007), a pesquisa bibliográfica possui caráter exploratório, pois permite maior familiaridade com o problema, aprimoramento de ideias ou descoberta de intuições. Especificamente, é efetuada uma análise bibliométrica e sociométrica de artigos científicos.
Para a coleta dos dados, foram delimitados os periódicos indexados à base de dados Web of Science (coleção principal) da Thomson Reuters A delimitação desta base foi efetuada considerando sua relevância e confiabilidade, sendo que a mesma contém mais de 12.000 periódicos indexados.
A seleção dos artigos foi feita utilizando o termo de busca “coopetition” e a variação “co-opetition”, bem como os equivalentes em português “coopetição” e “co-opetição”. Tais termos foram buscados no campo “tópicos”, que inclui os títulos, palavras-chave e resumos dos trabalhos. Também se optou por restringir as buscas a trabalhos escritos em inglês ou português, idiomas conhecidos pelos autores. Foram considerados os artigos científicos, abrangendo o período que inclui todos os anos disponíveis na base e vai até o final de 2015.
Seguindo os critérios de busca, foram identificados 156 artigos científicos que abordam a temática de coopetição. Foi efetuada a leitura e análise desses artigos e, para a apuração dos resultados, foram utilizados os softwares Microsoft Excel® e CiteSpace. Vale destacar que as representações das redes, usadas para complementar a análise sociométrica da produção acadêmica, foram construídas com o CiteSpace - que é uma aplicação livre e permite a análise da produção acadêmica por meio de redes, identificação de tendências, clusters temáticos, cocitação de referências e outros aspectos (CHEN, 2006).

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Evolução temporal da produção científica, volume de citações e artigos mais citados

            Os resultados revelam que os três primeiros artigos sobre a temática são seguidos por hiatos de tempo, sendo o primeiro publicado em 1996, o segundo no ano 2000, e o terceiro em 2002. A partir de 2004, o fluxo de publicações foi contínuo. No Gráfico 01 é apresentada a evolução temporal da produção.

            É possível observar uma tendência de crescimento das publicações no campo. Nota-se um expressivo salto no volume das publicações no ano de 2014, com um total de 33 publicações. E o maior número foi observado em 2015: 36 publicações. No total, foram 156 artigos publicados (indexados na Web of Science). Assim, identificou-se que o tema tem sido cada vez mais debatido no meio acadêmico, principalmente a partir de 2011.
Também houve um expressivo crescimento no volume de citações dos artigos que abordam a coopetição. Isto ocorreu devido ao aumento da produção e ao fato de que as discussões acadêmicas sobre coopetição têm aumentado em importância e em visibilidade. No Gráfico 02, são apresentados os números de citações ao longo dos anos.

            A tendência de crescimento é notada principalmente a partir de 2006, e vale destacar o grande acréscimo em 2014, quando o número de citações foi de 412. A Tabela 01 apresenta os 10 artigos mais citados dentre os 156 artigos identificados (conforme o número de citações indicadas na Web of Science). Destaca-se que todos esses 10 trabalhos foram publicados a partir do início do século XXI.

O artigo mais citado é o de Tsai (2002), seguido pelo de Bengtsson e Kock (2000). Observou-se que, entre os 10 artigos mais citados, pode-se encontrar uma diversidade de aspectos relacionados à coopetição, com diferentes abordagens.

4.2 Análise da produção por países, autores que mais publicam e rede de autoria

A análise por países permite identificar que a produção sobre coopetição se iniciou nos Estados Unidos, em 1996. No ano 2000, Finlândia e Suécia começaram a publicar sobre o tema, e em 2001 a Austrália publicou seu primeiro artigo. Desta forma, esses foram os primeiros países a abordar a temática. A publicação por países e os respectivos anos de início são apresentados na Figura 01.
Nessa figura, o tamanho dos nós representa o volume de publicações de cada país, onde se observa que os Estados Unidos são o país com maior volume, seguido por China e Finlândia. As ligações entre os nós indicam que a produção de um país influenciou a do outro, ou seja, trabalhos do segundo país foram produzidos em parceria com autores do primeiro.

A cor lilás ao redor dos nós indica em que proporção os artigos do respectivo país foram intensamente citados nos últimos anos. Nesse sentido, a China representa uma frente de pesquisa sobre coopetição. Embora a produção no país tenha se iniciado em 2005, a China é um dos maiores em volume de citações (perde apenas para os EUA, onde surgiu a produção sobre a temática), e influencia a publicação de diversos países.
Vale mencionar que houve 2 artigos brasileiros sobre coopetição (indexados na base Web of Science), sendo que o primeiro foi publicado em 2010. Os autores de ambos os trabalhos eram brasileiros, não havendo ligações de autoria com outros países.
A seguir, na Figura 02, representa-se a rede dos países que publicaram sobre coopetição. Observa-se que a maioria dos autores dos países publicou em conjunto com autores de pelo menos um outro país, o que faz com que haja laços entre os nós dos respectivos países. Quanto mais forte o laço (mais grossa a linha), maior o número de autores que produziram em conjunto.
Pode-se destacar ainda que os países que apresentam maior número de publicações (tamanho dos nós) são Estados Unidos (com 36 artigos) e China (com 20 artigos). Estes têm suas relações ligadas por uma rede, assim como Finlândia, Taiwan, França, Suíça, Inglaterra, Austrália e outros países com menor volume de artigos. Há também alguns países que não tem conexões com os demais, dentre os quais encontra-se o Brasil. Os outros países que não possuem conexões são Irã, Turquia, Bélgica e Croácia. No total, a publicação se distribui entre 33 países, e a densidade da rede é de 0,0625.

            Com relação à centralidade, a China é o país mais representativo, com grau de 0,82. Na sequência, estão os Estados Unidos, com 0,72, seguido pela Inglaterra e pela Austrália, ambos com centralidade de 0,39.
Observa-se, ainda, que Estados Unidos, além de ter o maior número de publicações, é o país que mais tem relação com outros países (está ligado a 9 países). E a China, país central da rede, tem ligações com 7 países.
Os autores que mais publicaram sobre o tema são apresentados na Tabela 02. Paavo Ritala destaca-se como o autor mais prolífico sobre coopetição, tendo publicado 8 artigos.

Com o segundo maior número de publicações estão Devi R. Gnyawali e Per Erik Eriksson, cada qual com 4 artigos. Jiangping Hu, Shahla Ghobadi, ChiehPeng Lin, John D'Ambra, Maria Bengtsson, Yadong Luo e Rauno Rusko publicaram 3 trabalhos cada. Os demais autores publicaram apenas 1 ou 2 artigos.
A Figura 03 representa a rede de coautoria dos trabalhos. O tamanho do nome dos autores é exibido proporcionalmente aos respectivos números de artigos por eles publicados, onde é possível visualizar os autores mais prolíficos.

No total, 270 pesquisadores publicaram sobre o tema, como autores ou coautores. Observa-se que a rede de coautoria é dispersa, sendo que há diversos grupos pequenos de autores que se relacionam entre si, mas não se relacionam com os demais. Nota-se também que diversos autores produziram sozinhos, sem coautores. Assim, a centralidade na rede é mínima, e a densidade é de 0,0045.

4.3 Rede de citações de autores, periódicos e áreas dos estudos sobre coopetição

Na Figura 04, observa-se a rede de autores citados pelos 156 artigos. Esta rede também é bastante dispersa, com densidade de 0,0056, e não há centralidade significativa. Nesta figura constam os nomes dos autores que foram citados por pelo menos 25 dos artigos (e os demais autores são representados apenas por pontos, para não prejudicar a visualização).

O formato da rede revela que há muitos autores citados por poucos trabalhos. Dentre os mais citados pelos 156 artigos está Maria Bengtsson, autora de 3 artigos dos 156 indexados na Web of Science, a qual foi citada em 75 dos trabalhos. Também se destaca que o livro Co-opetition, de Barry J. Nalebuff e Adam M. Brandenburger, foi citado por 53 trabalhos.
Os principais periódicos citados pelos artigos são representados na Figura 05. A densidade da rede é de 0,0094 e também não há centralidade significativa. Apenas 2 periódicos foram citados por mais de 80 artigos. O periódico mais relevante é o Industrial Marketing Management, com 83 citações, e o segundo é o Academy of Management Review, citado por 82.

Também se destacam Organization Science (76 citações) e Strategic Management Journal (citado por 74). Observa-se que a maioria dos periódicos citados pelos trabalhos que abordam a coopetição tem seu escopo voltado para a área de gestão ou marketing.
Por fim, foi efetuada a análise das áreas de estudos em que se inserem os trabalhos. Observou-se que a área mais importante, de maior centralidade (grau de 0,40) e que engloba o maior número de trabalhos (97) é a de negócios e economia. Em segundo lugar, a área de gestão contém 67 trabalhos e tem grau de centralidade igual a 0,39. A terceira mais importante é a de negócios (que pode ser considerada uma subárea de negócios e economia), com 56 trabalhos. Interessante observar que na sequência estão engenharia (com 28 artigos e grau de centralidade de 0,32) e ciência da computação (com 20 artigos e 0,12 de grau de centralidade). Nota-se, assim, que o conceito de coopetição ganha espaço não somente em áreas gerenciais, mas é incorporado por outras áreas do conhecimento.
Complementando essa análise, na Figura 06 apresenta-se a evolução ao longo do tempo das áreas que utilizam o conceito de coopetição.

Observa-se que, em 1996, a coopetição começou a ser discutida na área de negócios e economia e na área de gestão. Em 2000, foi abordada especificamente na área de negócios. O conceito começou a ser tratado na engenharia em 2003, e na ciência da computação em 2005. Nos últimos anos, houve uma grande diversificação de áreas que adotaram o conceito, aplicando-o a diferentes contextos e incorporando novas abordagens.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse estudo se propôs a identificar e descrever as principais características da produção científica (publicada em periódicos internacionais) que aborda a temática da coopetição. Foram analisados 156 artigos indexados na Web of Science, considerada uma das principais bases científicas internacionais. Os resultados evidenciam que a coopetição passou a ser discutida na literatura a partir da década de 1990 e tem sido cada vez mais debatida no meio acadêmico, principalmente a partir de 2011. O número de vezes que os artigos sobre coopetição foram citados também cresceu expressivamente. Assim, é um tema emergente e que tende a ter cada vez mais relevância e visibilidade.
A produção se iniciou nos Estados Unidos, e este ainda é o país com maior número de publicações. Entretanto, outros países também vêm se destacando. No total, 33 países produziram sobre o tema (até 2015), incluindo o Brasil.
Nota-se que mais de 270 pesquisadores publicaram sobre o tema, sendo que a rede de coautoria é dispersa e não há autores centrais. A rede de citações também é bastante dispersa. Já com relação às áreas do conhecimento, identificou-se que houve uma grande diversificação de áreas que adotaram o conceito de coopetição, aplicando-o a diferentes contextos e incorporando novas abordagens. Assim, conclui-se que a temática da coopetição está sendo abordada sob diferentes perspectivas e despertando cada vez mais o interesse da comunidade científica.
Considera-se que esta pesquisa apresenta algumas limitações, pois as análises são efetuadas a partir da produção científica disponível em uma base de dados específica, previamente definida. Assim, artigos que não estavam nessa base não foram considerados. Sugere-se, para pesquisas futuras, ampliar a revisão bibliográfica e sociométrica para outras bases de periódicos e outra faixa temporal, estabelecendo comparações e identificando similaridades e diferenças em relação a esta pesquisa.
O presente artigo não tem a pretensão de generalizar os resultados acerca da temática ou compreender toda sua produção, mas buscou traçar um caminho para fomentar as discussões sobre a produção científica a respeito da coopetição. Espera-se, desta forma, contribuir para o avanço do conhecimento sobre a coopetição e as formas pelas quais esta é abordada na literatura acadêmica, incentivando e subsidiando a realização de futuras pesquisas.

 

REFERÊNCIAS

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* Júlia Alves e Souza é Doutoranda em Administração pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), com linha de pesquisa em Controladoria e Finanças Corporativas. Mestre em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Especialista em Docência do Ensino Superior pela AVM/Universidade Cândido Mendes. Graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), da qual recebeu premiações como aluna de melhor desempenho acadêmico (prêmio de destaque pelo excelente desempenho e Medalha de Ouro Presidente Bernardes). Atuou como Professora em cursos de nível superior e técnico, e tem experiência nas áreas de Administração e Contabilidade. Atualmente é também bolsista de doutorado da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e membro do Grupo de Estudo em Economia Industrial e Negócios Internacionais (GEINI).

** Professor na área de Administração Financeira, é Mestrando em Administração pela Universidade Federal de Lavras, Bacharel em Administração pela Faculdades Integradas Adventistas do Estado de Minas Gerais e possui MBA em Administração, Finanças e Negócios pela Escola Superior Aberta do Brasil.

*** Bacharela em Engenharia Civil pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro.

**** Professor nas áreas de agronegócio, cadeias produtivas, cooperativismo, administração rural e economia de empresa, é Doutorado em Administração pela Universidade de São Paulo, Mestre em Administração pela Universidade Federal de Lavras e Bacharel em Agronomia e Direito.


Recibido: 13/10/2016 Aceptado: 20/10/2016 Publicado: Octubre de 2016

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