Tatiane Sartori *
Daniel Arruda Coronel **
Kelmara Mendes Vieira ***
Universidade Federal de Santa Maria
Archivo completo en PDF
Resumo
O objetivo deste trabalho foi investigar como um grupo de servidores públicos federais está se preparando para a aposentadoria. Para isso, foram trabalhadas três dimensões: i) preparação para a aposentadoria; ii) bem estar financeiro na aposentadoria e; iii) decisões e hábitos relacionadas a aposentadoria. As dimensões foram baseadas nos estudos de Feldman (1994) e Butler (2002). Neste sentido, foi realizado um estudo exploratório, com abordagem quantitativa, tendo como estratégia de pesquisa a utilização de questionários aplicados a professores e técnicos administrativos que trabalham em um setor de uma Universidade Federal. Os resultados indicaram que os servidores estão preocupados com sua aposentadoria, porém não a planejam a longo prazo. Evidenciou-se também a falta de planejamento financeiro tanto para guardar dinheiro de imediato quanto para aplicações futuras. As aplicações financeiras são realizadas, em sua maioria, na poupança e grande parte dos entrevistados não investe no fundo de previdência do servidor público. Ainda, os servidores não pretendem continuar trabalhando após se aposentarem sendo que os planos estão mais voltados a viagens e a viver mais com a família em outra cidade diferente das que vivem atualmente.
Palavras-chave: Preparação para a Aposentadoria, Bem Estar Financeiro, Servidores Públicos Federais.
Resumen
El objetivo de este estudio fue investigar cómo un grupo de servidores públicos federales se están preparando para la jubilación. Para ello, se analizaron tres dimensiones: i) la preparación para la jubilación; ii) el bienestar financiero de la jubilación y; iii) las decisiones y hábitos relacionados con la jubilación. Las dimensiones se basaron en estudios Feldman (1994) y Butler (2002). En este sentido, un estudio exploratorio se llevó a cabo con un enfoque cuantitativo, con la estrategia de búsqueda utilizando cuestionarios dados a maestros y personal administrativo que trabajan en un sector de una Universidad Federal. Los resultados indicaron que los servidores están preocupados por su jubilación, pero no para planificar a largo plazo. También mostró una falta de planificación financiera tanto para ahorrar dinero inmediatamente y para aplicaciones futuras. Las inversiones financieras se llevan a cabo, principalmente en el ahorro y la mayoría de los encuestados no invirtieron en el fondo de pensiones de la función pública. Aún así, los servidores no tienen la intención de continuar trabajando después de su jubilación y que los planes están más orientados a viajar y vivir más con la familia en una ciudad diferente de vivir el momento.
Palabras clave: Preparación para la Jubilación - Bienestar financiero - Los servidores públicos federales.
Abstract
The objective was to investigate as a group of Federal Public Servants is preparing for the retirement. For it, worked were three dimensions: i) preparation to retirement; ii) financial wellness in retirement and; iii) decisions and habits related one retirement. As dimensions were based on Feldman (1994) and Butler (2002) studies. In sense, it was realized a exploratory study with a quantitative approach. As strategy research using questionnaires given to teachers and administrative staff working in a sector a federal university. Results indicated that the servers are concerned with your retirement, however not a plan the long term. It was evident also the lack of financial in to save planning instant money. As financial investments are held mostly in savings and many of the interviewees not Invests in the Provident Fund. Still, the servers not intend to continue working after retire being what plans are more focused, a travel and live more with the family in different city of what they live today.
Keywords: Preparation for Retirement .- Federal Public Servants - Wellness Financial.
Para citar este artículo puede uitlizar el siguiente formato:
Tatiane Sartori, Daniel Arruda Coronel y Kelmara Mendes Vieira (2016): “Preparação para aposentadoria, bem estar financeiro, decisões e hábitos para a aposentadoria: um estudo com servidores de uma instituição federal”, Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, Brasil, (diciembre 2016). En línea:
http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/16/aposentadoria.html
http://hdl.handle.net/20.500.11763/br16aposentadoria
1 Introdução
Atualmente a expectativa de vida do brasileiro é de 71,3 anos para homens e 78,6 anos para mulheres (IBGE, 2016) e estima-se que em 2025, mais de um bilhão de pessoas estejam acima dessa idade e que até 2050 esse número seja de dois bilhões, sendo 80% somente nos países em desenvolvimento (World Health Organization - WHO, 2016). No que se refere à população brasileira, até 2025 o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos (WHO, 2016). Se por um lado as pessoas estão vivendo mais, por outro lado precisam ter disposição e recursos financeiros para aproveitar a vida após a aposentadoria. Programar-se para a aposentadoria é um fator importante para ter a independência financeira após longos anos de trabalho.
De acordo com Butler (2002), um dos aspectos principais para o bem estar na aposentadoria é o financeiro, seguido dos relacionamentos sociais (amizade e sistema de apoio social); intimidade (relacionamento próximo e íntimo com pessoas que se preocupem umas com as outras); físico (dieta e exercício) e um senso de propósito. O caminho natural é que as pessoas vivam mais e estejam mais ativas para aproveitar o período da aposentadoria. Esta garantia de bem-estar e qualidade de vida durante o processo de envelhecimento passa pelo planejamento da aposentadoria, pois investir bem as economias e os recursos extras para maximizar a rentabilidade é o primeiro passo para ter um bom retorno nas aplicações financeiras.
Além dos fatores de bem estar na aposentadoria, há também a forma de decisão e adaptação à aposentadoria, que segundo Feldman (1994), não há uma fórmula mágica, uma vez que cada um difere, nas suas expectativas, entre querer continuar ou retirar-se da esfera produtiva. Para o autor, há três tipos de decisões relacionadas à aposentadoria e sua adaptação, i) deixar o trabalho formal antes de 65 anos; ii) aceitar um trabalho de consultoria, ou; iii) trabalhar na mesma empresa ou tipo de trabalho de antes.
Feldman (1994) reitera que as influências sobre estas decisões estão relacionadas ao nível individual; familiar; emprego e carreira; nível organizacional; e aos fatores de nível ambiental. Para os trabalhadores com forte identificação com a carreira, mas insatisfeitos com seus empregos, a alternativa de consultoria poderá ser direcionada na mesma área, mas em empresas diferentes. Inversamente, para aqueles pouco identificados com a carreira e que possuam outros interesses, devem ser enfatizadas as atividades de voluntariado e hobbies que resultem num senso de prazer, tal como abordado pela teoria da continuidade. A teoria da continuidade afirma que o envelhecimento é uma parte integrante e funcional do ciclo de vida e que o indivíduo idoso tem a possibilidade de manter todos os seus hábitos de vida, preferências, experiências e compromissos construídos durante toda a sua vida (BALTES, 1995).
Diante dos fatores de bem estar, decisão e adaptação na aposentadoria apresentados por Feldmann (1994) e Buttler (2002) e da Teoria da Continuidade apresentada por Baltes & Baltes (1995), este artigo tem por objetivo investigar como um grupo de servidores públicos federais está se preparando para a aposentadoria. Neste sentido foram trabalhadas três dimensões: i) preparação para a aposentadoria; ii) bem estar financeiro na aposentadoria e; iii) decisões e hábitos relacionadas a aposentadoria.
O trabalho está dividido em seis seções além desta introdução. A segunda seção trata da preparação para a aposentadoria, a terceira da aposentadoria e o bem estar financeiro, a quarta seção descreve as aplicações financeiras e investimentos. Posteriormente, a quinta seção trata do método utilizado no estudo e a sexta descreve os resultados e análises e a última seção trata das considerações finais.
2 Preparação Para a Aposentadoria
Com a evolução da medicina e a melhoria das condições de vida o ser humano está vivendo cada vez mais. Isso significa que num futuro próximo vamos viver mais anos aposentado do trabalhando (LUQUET, 2001). A aposentadoria é um momento de mudança na vida das pessoas. Com certeza, este período será resultante da maneira como foi organizada a vida, a importância dada ao trabalho e os vínculos com o sistema social. Cada pessoa investe mais ou menos na vida profissional segundo suas necessidades, suas motivações e suas aspirações. A aposentadoria é o momento de reestruturação da identidade pessoal e estabelecimento de novos pontos de referência (SANTOS, 1990).
Porém a inatividade e a falta de perspectivas na aposentadoria podem levar a um sentimento de depressão que consequentemente compromete a saúde do indivíduo. Não são poucos os casos de doenças psicossomáticas adquiridas durante e após o processo de desligamento do trabalho, sem contar os casos de morte súbita, principalmente nos três primeiros anos após a aposentadoria (FRANÇA, 1999). Por isso a importância de um planejamento que preveja como o indivíduo estará após a sua aposentadoria, fazendo com que ele se prepare e não se depare com a surpresa de que não terá mais o trabalho do dia a dia.
A ideia do planejamento de vida que preveja a distribuição do tempo e mudanças são reiteradas por Néri; Yassuda (2004) e Leite (2010). Os autores citam que ações de planejamento são necessárias para uma melhor afetividade, vida familiar, lazer, participação sociocomunitária e um trabalho remunerado ou voluntário permitindo assim enfrentar objetivamente as condições frustrantes a que muitos aposentados ficarão expostos.
Para Hamilton (2002), muitos gostam do que fazem e não querem se aposentar. Outros querem se aposentar, mas desejariam continuar com uma atividade profissional. Há os que querem realmente parar de trabalhar, mas não têm planos sobre o que fazer após a aposentadoria. Pode existir uma certa euforia que leva algumas pessoas a dizer que irão realizar vários projetos, mas dificilmente elas saberão detalhar seus desejos na hora de se aposentar por não terem planejado anteriormente seus desejos, anseios e expectativas.
O planejamento para a aposentadoria não envolve somente a questão psicológica, mas também a questão financeira. De acordo com Macedo Jr. (2010), para se realizar um planejamento financeiro de aposentadoria, a pessoa deverá se questionar quando pretende se aposentar e quanto pretende juntar ao final deste período. Quanto antes começarmos a poupar menos valor mensal será necessário havendo um tempo maior para atingir a meta financeira ao final do período.
3 Aposentadoria e o Bem Estar Financeiro
Após anos de trabalho finalmente chega o momento da aposentadoria. Com muito esforço o trabalhador consegue juntar o patrimônio que planejou, mas teme que, se não investir corretamente, o dinheiro não será suficiente para garantir o seu futuro. Aposentadoria significa a saída de um trabalho regular (FRANÇA, 2008) e normalmente o termo está associado à idade. Entretanto, ser jovem ou velho para o trabalho não diz respeito apenas a uma avaliação da capacidade física, mental ou psicológica, mas também vai depender dos contextos demográfico, histórico, sociocultural, econômico e político nos quais o trabalhador está inserido. (MAGALHÃES, 1989; THOMPSON, 1998).
Outro contexto não menos importante é a forma como o indivíduo irá viver financeiramente sua aposentadoria. O trabalho de uma vida toda deve ser pensado em longo prazo, pois após a aposentadoria o indivíduo, muitas vezes, recebe menos do que recebia quando estava trabalhando. Uma pesquisa realizada pelo IBGE (2016) mostrou que a expectativa do aposentado é viver, em média, 23 anos após a aposentadoria, mas suas economias duram apenas para os 12 primeiros anos, ou seja, o aposentado tem uma expectativa de usufruir da aposentadoria confortavelmente, porém suas economias são insuficientes para que ele viva de maneira condizente ao que deseja. Atualmente, apenas 1% da população brasileira consegue manter o padrão de vida após se aposentar. Para fazer parte desse grupo, é preciso reconhecer que há vantagens em investir e em poupar e bem o dinheiro para o futuro.
A previdência social no Brasil está com as contas restritas; a expectativa de vida da população cresce e como o sistema previdenciário é baseado no regime de repartição simples, ou seja, os mais novos contribuintes bancam os aposentados, não há como fazer mágica quanto as contas públicas (SALVADOR, 2005). O tempo de contribuição tende a ser cada vez mais longo e os valores pagos serão cada vez mais baixos. Atualmente, muitos bancos oferecem planos de previdência privada, mas esta prática ainda não é comum para os brasileiros que não têm o hábito de planejar suas vidas para um futuro que lhes parece tão distante. Esta falta de planejamento talvez tenha sido causada pela alta inflação presente na vida dos brasileiros, o que, durante muitos anos, provocou um sentimento de consumo imediato e de viver mais a realidade do aqui e agora. Além disto, muitos trabalhadores não possuíam condições de economizar já que sua renda sequer garantia a sobrevivência. Apesar de a economia estar mais estabilizada, para alguns o futuro ainda parece ser algo improvável (CALIXTO, 2007; FRANÇA, 2008; LEITE, 2010).
No Brasil é comum as pessoas pensarem em aposentadoria só a partir dos quarenta anos, o que é considerado relativamente tarde. Pensando financeiramente, o valor necessário ao investir mensalmente para complementar a renda futura é inversamente proporcional ao horizonte de tempo que se tem antes de se aposentar. Ou seja, quando se começa a investir aos 40 anos, é necessário se aplicar uma quantia muito maior do que se tivesse iniciado aos 20 anos (CALIXTO, 2007).
Neste sentido, a importância de se ter um planejamento financeiro o qual vai muito além do controle das despesas, mas também envolve controle de gastos, definição e revisão periódica de metas, investimentos e avaliação dos progressos que estão sendo feitos, deve ser elaborado a curto, médio e longo prazo, sendo flexível e alterado de acordo com os objetivos e expectativas de cada pessoa. Quanto maior for o conhecimento econômico e financeiro de uma pessoa, maiores serão suas chances de êxito do seu planejamento financeiro ao longo da vida (SANTOS, 2006).
Para Nakagawa (1993) o planejamento é o ato de tomar decisões por antecipação à ocorrência de eventos reais, e isto envolve de uma entre várias alternativas de ações possíveis. O autor cita ainda que significa organizar a vida financeira de forma que você possa sempre ter reservas para os imprevistos da vida e, sistematicamente, construir uma independência financeira que garanta na aposentadoria, uma renda suficiente para uma vida tranquila e confortável.
O indivíduo precisa, ao se aposentar, o equivalente de 70% a 80% da renda que estiver recebendo um pouco antes de ocorrer a aposentadoria (LUQUET, 2001). O autor sugere que para ter 70% da sua renda atual na aposentadoria, será necessário seguir a seguinte regra:
• início dos investimentos aos 30 anos, poupar 10% da renda mensal;
• investimentos a partir dos 40 anos, poupar 21% da renda mensal;
• investimento a partir dos 50 anos, poupar 48% da renda mensal e,
• investimentos a partir dos 55 anos, poupar 84% da renda mensal.
Essas são apenas sugestões, sendo que a decisão fica a critério de cada pessoa, dependendo do padrão de vida almejado, estratégias de poupança e investimentos traçados e de valores e aspectos pessoais inerentes a cada um. Quanto mais tempo tiver até a aposentadoria, menos dinheiro deverá poupar e investir, no entanto, se estiver muito próximo da aposentadoria, os valores investidos deverão ser maiores.
4 Aplicações Financeiras e Investimentos
Em se tratando de planejamento financeiro para a aposentadoria, algumas opções de aplicações financeiras podem auxiliar o indivíduo no momento da decisão frente a preparação para a aposentadoria. De acordo com o Banco Central do Brasil (BCB, 2016), aplicação financeira é a compra de um ativo financeiro, na expectativa de que, no tempo, produza um retorno financeiro, ou seja, o que se espera não é só obter o capital investido, como também um excedente, a título de juros ou dividendos. As aplicações mais comuns no mercado financeiro são a Poupança, o Certificado de Depósito Bancário (CDB), o Recibo de Depósito Bancário (RDB) e os Fundos de Investimento.
As aplicações financeiras são bons investimentos para quem visualiza a preparação para a aposentadoria a longo prazo, pois algumas aplicações são realizadas por longos anos. Para Calixto (2007), investir é uma questão de escolher entre duas ou mais alternativas, fazer isto corretamente depende basicamente do nível de conhecimento em investimentos e das expectativas dos cenários futuros que afetarão suas decisões.
A popular caderneta de poupança gera rendimentos mensais, é de fácil acesso e não tem um prazo predeterminado de aplicação, paga juros baixos e o aplicador pode retirar o dinheiro a qualquer momento, sem nenhuma burocracia. A caderneta de poupança é essencialmente uma alternativa de aplicação financeira bastante conservadora, oferecendo segurança e baixa remuneração, comparativamente a outros tipos de ativos no mercado. Embora seja considerado o ativo de menor risco na economia brasileira, sua remuneração depende sempre das políticas econômicas do governo (ASSAF NETO, 2003). Se o banco quebrar, há um fundo criado pelos bancos que serve como uma espécie de seguro e devolve até R$ 70.000,00 ao correntista prejudicado. A rentabilidade da caderneta de poupança tem sido inferior à dos fundos de investimento, ela paga juros de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial de Juros (LUQUET, 2001).
De acordo com o Banco Central do Brasil (BCB, 2016), os Certificados de Depósito Bancário (CDB) e os Recibos de Depósito Bancário (RDB) são títulos privados representativos de depósitos a prazo feitos por pessoas físicas ou jurídicas. Podem emitir CDB os bancos comerciais, múltiplos, de investimento, de desenvolvimento e a Caixa Econômica Federal. Podem emitir RDB, além desses, as sociedades de crédito, financiamento e as cooperativas de crédito a seus associados.
Conforme Calixto (2007), os rendimentos do CDB são tributados pelo imposto de renda com alíquotas que variam de 15% a 22,5% dependendo do prazo de aplicação. Cerbasi (2003, p. 131), cita que “quando tem percentual de rentabilidade próximo de 100% do CDI, mostra-se como uma das melhores e mais seguras aplicações de baixo risco do mercado. Além disso, não tem incidência de taxa de administração, como acontece com os fundos de investimento”.
Existem algumas aplicações que pagam taxas de juros mais compensatórias, como o caso dos títulos de capitalização que funcionam como um título de crédito comercializado por entidades financeiras autorizadas e fiscalizadas pelo Banco Central. Possuem carências pré-determinadas, o portador do título aplica mensalmente uma quantia fixa e, ao longo do período, concorre a prêmios em dinheiro através de sorteios; alguns planos asseguram o cliente, repassando à família um determinado valor caso ele venha a falecer. Sendo ou não sorteado, ao final do período receberá o dinheiro aplicado, acrescido dos juros do rendimento, se ele resolver retirar o dinheiro antes do prazo, possivelmente uma parte do montante será descontada (CERBASI, 2003; SILVA, 2004; CALIXTO, 2007).
Em janeiro de 2002 foi implantado o Tesouro Direto, um programa criado pelo Tesouro Nacional, com o suporte técnico e operacional da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), que possibilita a aquisição de títulos públicos por pessoas físicas pela internet (CALIXTO, 2007). Para Assaf Neto (2003), os títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional estão voltados para a execução da política fiscal do Governo, antecipando receitas orçamentárias ou financiando déficits fiscais. É um investimento de baixo custo e risco, que garante uma rentabilidade alta em relação a outros tipos de aplicação de renda fixa. Esses títulos apresentam uma taxa de administração e custódia baixa, e são tributados somente no momento da venda ou no resgate. A liquidez desses investimentos é garantida pelo Tesouro Nacional por meio da recompra semanal.
O Fundo de investimento é uma forma de aplicação que reúne vários investidores, no qual as receitas e as despesas são divididas e o patrimônio é gerido por especialistas que aplicam em títulos e valores mobiliários, bem como em quaisquer outros ativos disponíveis no mercado financeiro e de capitais em títulos diversos ou em outros fundos, buscando maximizar os recursos e minimizar os riscos dos investimentos (SILVA, 2004). É uma comunhão de recursos, constituída sob forma de condomínio, destinado à aplicação em ativos financeiros no mercado financeiro e de capitais. O risco desses papéis é o risco do banco. Se o banco falir, o investidor terá a garantia de recebimento limitado a R$ 60.000,00. Ao aplicar importâncias superiores a essa, deve-se analisar antes a situação financeira do banco ou diversificar a aplicação em outros bancos (CALIXTO, 2007).
Os fundos de ações são uma alternativa para aplicar em ações. Em vez de aplicar diretamente em ações de uma ou mais empresas, o investidor pode aplicar em um fundo de ações, que é um conjunto de recursos administrados por uma instituição que os aplica em uma “carteira de ações”, distribuindo os resultados aos cotistas, proporcionalmente ao número de cotas possuídas, que variam de acordo com a oscilação das ações que compõem o fundo (FRANKEBERG, 1999; CALIXTO, 2007). Os fundos de ações são mais indicados para investimentos de longo prazo. São fundos que investem, no mínimo, 67% de seu patrimônio em ações negociadas em Bolsa. Dessa forma, estão sujeitos às oscilações de preços das ações que compõem sua carteira (MACEDO JR, 2007).
Quanto aos investimentos imobiliários existem duas alternativas de investimento: através da compra direta ou através dos fundos imobiliários. Em ambos os casos, a rentabilidade da aplicação varia entre 0,8% e 1,2% ao mês, que equivale ao rendimento com aluguel. Mas, não se pode esquecer a possibilidade de ganho com a valorização do imóvel. A vantagem das aplicações através dos fundos é que a administração dos imóveis fica a cargo de um gestor, e você não tem com o que se preocupar. Além disto, em alguns casos é oferecido um período de retorno garantido, em que você sabe o quanto irá receber de rendimento (FRANKEBERG, 1999).
A Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) são dois tipos de investimento em renda fixa isentos de Imposto de Renda que costumam garantir retornos bem superiores ao da caderneta de poupança. Do ponto de vista do investidor, não faz muita diferença investir em LCI ou LCA – geralmente é melhor optar pelo papel mais rentável. LCI é um título de renda fixo emitido por um banco e lastreado por empréstimos imobiliários. Os títulos podem ter rentabilidade pré ou pós-fixada, ou seja, o investidor pode saber exatamente quanto vai receber durante o tempo de aplicação ou então terá um retorno que flutuará de acordo com as taxas de juros praticadas no mercado. LCA são títulos emitidos por bancos, garantidos por empréstimos concedidos ao setor de agronegócio. Esses títulos foram criados pelo governo com objetivo de ampliar os recursos disponíveis ao financiamento agropecuário (SILVA, 2004; SANTOS, 2006).
É necessário perceber que existem mudanças de uma aplicação financeira para outra, sendo necessário observar o risco, podendo ir de muito baixo para muito alto; o prazo, onde as aplicações podem ter prazo mínimo e/ou máximo para a aplicação do dinheiro; a taxa de remuneração (juros), sendo que cada tipo de aplicação possui uma forma de cálculo de rentabilidade diferente.
5 Método
O presente estudo considerou como universo de pesquisa os servidores públicos federais de uma Universidade Federal situada na região central do Rio Grande do Sul. A amostra contou com um total de trinta e seis respondentes divididos entre professores e técnico administrativos em educação.
A pesquisa constitui-se em um estudo exploratório, com abordagem quantitativa. A aplicação do instrumento de coleta de dados (questionário) foi realizada em no mês de agosto de 2016. O questionário foi formado por quatro blocos de perguntas. O primeiro refere-se ao perfil dos respondentes, onde aborda a idade, gênero, estado civil, dependentes, nível de escolaridade, cargo e renda bruta mensal. O segundo compreende as questões relacionadas ao bem estar financeiro na aposentadoria analisado através das aplicações financeiras que estão sendo realizados pensando na aposentadoria. O terceiro trata da preparação para a aposentadoria. E por fim, o quarto bloco refere-se às decisões e hábitos relacionadas a aposentadoria.
Optou-se pela utilização da escala do tipo likert nos blocos dois e três sendoquestões de seis pontos no bloco dois com alternativa de resposta: concordo (1), concordo parcialmente (2), indiferente (3), discordo (4), discordo parcialmente (5) e não sei (6); e cinco pontos no bloco três com alternativa de resposta: (1) muito provável, (2) provável, (3) pouco provável, (4) improvável, (5) muito improvável. Tais escalas foram escolhidas por serem amplamente utilizadas na literatura e por serem as que melhor se adequaram ao escopo da pesquisa.
Com o intuito de organizar a análise e discussão dos dados levantados na pesquisa, os resultados obtidos foram trabalhados em três dimensões: i) bem estar financeiro na aposentadoria; ii) preparação para a aposentadoria; e, iii) decisões e hábitos relacionadas a aposentadoria.
Para a análise dos dados coletados foram utilizadas estatísticas descritivas, para as quais foi utilizado o software SPSS 20.1®. Além disso, para a realização das análises de escala do tipo likert foi utilizado também a ferramenta Excel® existido uma coluna para cada opção de respostas gerando a porcentagem para cada grupo de resposta.
6 Análise e discussão dos resultados
A parte inicial do questionário procurou estabelecer um perfil básico dos respondentes os quais estão expostos na Tabela 1. Os entrevistados têm em média 30,7 anos de idade, sendo 50% do sexo feminino e 50% do sexo masculino. Quanto ao estado civil, 80,56% são solteiros e 19,44% casados e 88,89% não possuem dependentes. Quanto a escolaridade, 30,56% possuem mestrado, 27,78% doutorado, 25% ensino superior e os demais somados (16,68%) possuem pós-doutorado, especialização ou ensino médio.
A maior parte dos entrevistados trabalha como Professor do Magistério Superior (55,56%) tendo uma faixa salarial média de R$ 7.000,00 a R$ 10.000,00, sendo que somente 5,6% recebem mais de R$ 10.000,00 mensais. Os demais são Técnicos Administrativos em Educação (44,4%) com faixa salarial entre R$ 2.000,00 a R$ 5.000,00.
Com o intuito de saber se o servidor estava iniciando suas atividades no serviço público, 61,11% respondeu que estão no primeiro emprego público, sendo que 75% já haviam trabalhado em empresas privadas antes de ingressarem na Universidade tendo trabalhado uma média de 3,5 anos. Os que já trabalhavam poderão averbar o tempo de serviço e utilizar para a contagem do tempo de aposentadoria.
Para identificar a escolha pelo trabalho no serviço público, foi questionado aos entrevistados o porquê dessa escolha sendo que a resposta pode ser verificada através da Figura 1.
Percebe-se que a motivação ao trabalho no funcionalismo público se deu pela estabilidade empregatícia (33%) e também a busca de satisfação pessoal (20%). De acordo com Vaz (2009), têm direito à estabilidade os servidores concursados, após três anos de efetivo exercício, desde que aprovados em avaliação especial de desempenho. A estabilidade é um instituto antigo e tem como finalidade garantir que o servidor não fique sujeito a pressões políticas a cada troca de comando (governo), além de preservar a autonomia desses funcionários que precisam agir de forma técnica. Desta forma, tendo o servidor a estabilidade empregatícia, é provável que ele invista parte de suas economias mensais em aplicações financeiras para garantir assim uma aposentadoria estável.
Com o intuito de verificar o comportamento de bem estar financeiro na aposentadoria, foi solicitado aos entrevistados que respondessem qual ou quais os tipos de aplicação financeira estavam realizando pensando na aposentadoria sendo que os resultados podem ser vistos na Tabela 2. Neste caso poderiam escolher mais de uma opção.
Através da Tabela 2 é possível perceber que 39,39% dos servidores aplica em poupança a qual, para Assaf Neto (2003), é uma aplicação financeira bastante conservadora visto que oferece segurança de investimento, porém baixa remuneração se comparada a outros ativos do mercado. Luket (2014) reitera que a alta da taxa básica de juros (Selic) tornou a rentabilidade da poupança pouco atrativa. Com um rendimento de 6% ao ano, a rentabilidade da poupança é bem baixa em relação aos CDBs pós-fixados, fundos DI e Letras Financeiras do Tesouro (LFT), títulos do Tesouro Direto que, atrelado à Selic, pode render cerca de 10% ao ano quando descontadas as taxas do investimento.
O investimento em imóveis é a segunda opção para investimento dos servidores sendo que 21,21% investem em imóveis. Este tipo de aplicação vem crescendo devido a “bolha imobiliária” que atingiu os Estados Unidos, em 2008, mas também chegou ao Brasil, impulsionando a procura por compra e venda de imóveis havendo um amento considerável nos últimos anos (ARCHANJO, 2014). Luquet (2014) alerta que quando se investe em imóveis é preciso ficar atento às grandes tendências do mercado imobiliário e observar o que está acontecendo com o perfil do bairro onde se localiza seu imóvel. Esse é um fator que pode valorizar ou depreciar seu imóvel, o que causa um impacto diretamente em seu retorno, e em geral as mudanças ocorrem em longo prazo. Frankeberg (1999) reitera que quem pretende comprar imóveis com o objetivo de alugar deve levar e consideração o tipo de imóvel a ser comprado, sua localização, se o imóvel está livre de ônus, se não está em litígio entre herdeiros, se está devidamente registrado no Registro de Imóveis e se está com todos os impostos e taxas de condomínio pagas.
A Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) ficaram como terceira opção para 12% dos entrevistados e as demais aplicações são utilizadas, porém em menor número.
Se por um lado os servidores estão investindo seus recursos financeiros pensando na aposentadoria, por outro lado ainda estão investindo em aplicações que não são muito rentáveis, neste caso a poupança. Talvez isso se deva ao medo de correr riscos ou por desconhecerem outros tipos de aplicações financeiras mais rentáveis. Esta constatação vai de encontro ao citado por Butler (2002) que diz que o bem estar durante o processo de envelhecimento passa pelo planejamento da aposentadoria, pois investir bem as economias e os recursos extras para maximizar a rentabilidade é o primeiro passo para ter um bom retorno nas aplicações financeiras.
Na busca de entender como os entrevistados estão se preparando para a aposentadoria, os mesmos foram questionados através das variáveis destacadas na Tabela 3.
Os resultados apontam que 69,6% dos servidores se preocupa com a aposentadoria e planeja se aposentar com bons recursos financeiros (53,1%), porém 33,6% discordam parcialmente quanto a estarem guardando dinheiro pensando em sua aposentadoria. Este resultado vai de encontro ao que cita Cerbasi (2003), sendo que nos Estados Unidos, 25% dos norte americanos poupam para a aposentadoria enquanto que no Brasil apenas uma em cada seis pessoas tem o hábito de poupar, seja para que finalidade for. Quando questionados se acreditam que terão dinheiro suficiente para se aposentar confortavelmente, 25,2% responderam que não sabem.
Estes dados já demonstram que os entrevistados se preocupam com a aposentadoria e planejam se aposentar com bons recursos financeiros, porém não estão guardando dinheiro e tampouco se planejando financeiramente para quando este momento chegar. Destaca-se que a idade média dos entrevistados é de 30,7 anos, e as pessoas com idade entre 20 e 30 anos não costumam se preocupar muito com a aposentadoria, por causa do longo tempo para chegar até ela. Porém, é interessante que se busque um investimento de longo prazo que garanta certo conforto no fim da vida. Afinal, quanto antes se começa a pensar nisso, menor será a quantia exigida por mês para que a aposentadoria possa ser aproveitada com tranquilidade.
Santos (2006) ressalta que é importante que haja um planejamento financeiro o qual vai muito além do controle das despesas, mas também envolve controle de gastos, definição e revisão periódica de metas, investimentos, entre outros fatores e deve ser feito de forma flexível e alterado de acordo com os objetivos e expectativas de cada pessoa. Para Nakagawa (1993) planejar é organizar a vida financeira de forma que você possa sempre ter reservas para os imprevistos da vida e, sistematicamente, construir uma independência financeira que garanta na aposentadoria, uma renda suficiente para uma vida tranquila e confortável.
Quanto a busca de informações sobre o plano de previdência complementar para o servidor público federal, grande parte dos servidores (36,4%) não buscaram informações quando entraram na universidade mas acreditam que hajam outras formas de aposentadoria além da Previdência Complementar (61,4%). De acordo com o Funpresp (2016), quem entrou depois de fevereiro de 2013 precisará complementar sua aposentadoria a qual não é mais integral, precisando o servidor contribuir para o fundo de previdência se quiser garantir um valor acima do teto. Ao contrário do setor privado, onde a aposentadoria é limitada pelo teto do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a aposentadoria no setor público sempre foi obtida com os vencimentos integrais, porém a regra mudou a partir de fevereiro de 2013 quando entrou em vigor a Lei nº 12.618, de 30 de abril de 2012, que instituiu o novo regime de previdência complementar para o funcionalismo federal. A gestão da nova previdência é de responsabilidade do Fundo de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (FUNPRESP) e cada um dos poderes da União tem o seu próprio fundo (PASINATO, 2001; FUNPRESP, 2016). Assim, os novos servidores que entraram no serviço público após fevereiro de 2013, deverão contribuir para a previdência complementar se quiserem ter uma aposentadoria condizente com o salário que recebem (PASINATO, 2001). Esta é uma questão importante para o servidor, pois a tomada de decisão de aderir ou não ao fundo de previdência poderá influenciar seu futuro financeiro frente a aposentadoria.
Quanto ao impacto da aposentadoria no salário, 33,5% dos servidores se dizem cientes e, acreditam que as regras de aposentadoria mudarão até o momento de sua aposentadoria (58,6%). As regras de aposentadoria têm mudado nos últimos anos, inclusive no ano de 2016 quando houve o anúncio de novas mudanças por parte do Governo Federal. Mudanças ocorrerão ao longo da carreira, mas elas não impedirão que atitudes sejam tomadas visando a melhoria do bem estar financeiro para que ao final de sua vida de trabalho o mesmo possa usufruir confortavelmente dos valores aplicados. Percebe-se que é necessário um maior planejamento ativo dos servidores, pois eles só estão pensando na aposentadoria, mas não estão agindo para poupar visando este fim.
A última parte do questionário foi referente às decisões e hábitos relacionados à aposentadoria, visando identificar as atividades após o tempo de serviço. Os resultados das variáveis podem ser identificados na Tabela 4.
As médias referentes às atitudes de aposentadoria mostram que a maioria (58,6%) provavelmente viajará com o dinheiro da aposentadoria o que vai de encontro com a questão analisada no bem estar financeiro quando a maioria dos entrevistados citou que não está guardando ou poupando dinheiro para a aposentadoria. Será pouco provável que morem na praia (50,1%), em fazenda ou chácara (41,8%) ou no exterior (55,8%). Percebe-se, porém que para 86% dos entrevistados a intenção de morar em outra cidade se destaca.
Feldman (1994) citou anteriormente que há três tipos de decisões relacionadas à aposentadoria e sua adaptação sendo que uma delas é aceitar um trabalho de consultoria. Para 30,7% dos entrevistados é improvável que trabalhem como consultores ou dêem aulas particulares ou façam outra faculdade (36,2%) para preencher o tempo livre. Outro tipo de decisão citado por Feldman (1994) seria de trabalhar na mesma empresa ou tipo de trabalho de antes. Para 36,2% tornar-se-á pouco provável que permaneçam no serviço público tampouco que trabalhem em empresa privada (36,3%), ou seja, não há intenção em permanecer no trabalho nem trabalhar em outro tipo de atividade. Diante disso, é possível verificar que os servidores pretendem viajar e ficar com a família a voltar a trabalhar ou ter outras atividades que demandem um maior esforço.
7 CONCLUSÃO
O cenário econômico nacional evidencia a grande necessidade de se planejar e controlar as finanças pessoais, ainda mais em se tratando de aposentadoria, onde é um momento em que o indivíduo não terá mais as mesmas condições de trabalho e se não tiver se programado a longo prazo, dificilmente conseguirá manter um padrão de vida desejável. O presente estudo buscou analisar um grupo de servidores públicos federais, de uma Universidade Federal, os quais possuem estabilidade empregatícia, buscando investigar como estes servidores estão se preparando para a aposentadoria. Para isso, foram trabalhados três fatores: i) preparação para a aposentadoria; ii) bem estar financeiro na aposentadoria e; iii) decisões e hábitos relacionadas a aposentadoria.
O estudo identificou que os servidores estão pensando na aposentadoria, porém não estão poupando para terem um futuro financeiro estável quando se aposentarem. Evidenciou-se também a falta de planejamento financeiro tanto para guardar dinheiro de imediato quanto para aplicações futuras. Diante disso, acredita-se ser importante que os servidores públicos pensem em programar melhor as economias a longo prazo, pois é possível que a renda não seja suficiente para as necessidades no momento pós-aposentadoria fazendo com que a tão esperada aposentadoria acabe em dívidas inesperadas. O interesse na preparação para aposentadoria deve ser opção da própria pessoa.
Observou-se também que em se tratando de aplicações, a maioria dos entrevistados aplica em poupança, sendo que esta aplicação está rendendo menos do que outras aplicações, conforme evidenciado pelos autores no estudo. Além disso, os entrevistados disseram que não buscaram maiores informações do fundo de previdência do servidor público, o qual possibilita a aplicação mensal visando o bem estar financeiro após a aposentadoria. Percebe-se o desconhecimento do servidor quanto as informações de quais são as melhores opções para investimento e também a falta de interesse em buscar alternativas mais rentáveis que não seja a poupança. Os resultados demonstraram ainda que os servidores não pretendem continuar trabalhando após se aposentarem sendo que os planos estão mais voltados a viagens e a viver mais com a família em outra cidade diferente das que estão vivendo atualmente.
Desta forma, conclui-se que, para que o grupo de servidores públicos federais analisados no estudo se aposentem de uma maneira satisfatória economicamente é necessário que busquem maiores informações sobre o mercado financeiro, bem como aplicações mais rentáveis para que possam então planejar seu futuro e usufruir de uma aposentadoria satisfatória. Além disso, é importante que entendam como o mercado financeiro funciona e quais são as expectativas reais quando se aposentarem para poderem projetar a longo prazo seus recursos financeiros. Para isso, torna-se importante que façam um planejamento de aposentadoria embasando suas expectativas, decisões futuras, recursos financeiros e pessoais.
Sugere-se, para estudos futuros, ampliar o número de entrevistados e expandir o estudo para o comportamento de risco visando o bem estar financeiro, pois o medo de arriscar pode ser um dos fatores para a falta de aplicação em outros investimentos. Sugere-se também um aprofundamento no estudo do fundo de previdência do servidor público o qual garante uma estabilidade financeira na aposentadoria.
REFERÊNCIAS
ARCHANJO, R.V. (2014) “Análise da relação entre os indicadores de liquidez e prazos médios e a geração de caixa operacional.” Monografia apresentada como parte dos requisitos para conclusão da graduação em Ciências Econômicas com Ênfase em Controladoria pela Universidade Federal de Alfenas. Varginha/MG.
ASSAF NETO, A. “Mercado financeiro”. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2003.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. BCB. “Contas Investimento.” Disponível em:<http://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/ContasInvestimento.as#p3>. Acesso em 24/04/2016.
BALTES, P. B., & BALTES, M. M. “Psychological perspectives on sucessful aging: The model of selective optimization with compensation.” In P. B. Baltes & M. M. Baltes (Eds.), Sucessful aging: Perspectives from the Behavioral Sciences (pp. 1-34). New York: Cambridge University Press, 1995.
BRASIL, Ministério da Previdência Social. “Previdência social: reflexões e desafios.” Brasília: MPS, 2014.
BUTLER, R. N. (2002). “Intervention in the perspectives for the media on longevity,” The Second World Assembly on Ageing. April 5-8, 2002, Madrid, Spain. Report published by ILC-USA, The International Longevity Center – USA, 33p.
CALIXTO, M. “Finanças Pessoais: Estudo de Caso de um Planejamento Financeiro para a Aposentadoria.” Florianópolis (SC), 2007. 73 páginas. Monografia do Curso de Ciências Contábeis, Universidade Federal de Santa Catarina.
CERBASI, G. “Dinheiro: os segredos de quem tem. Como conquistar e manter sua independência financeira.” São Paulo: Editora Gente, 2003.
FELDMAN, D. C.”The decision to retire early: a review and conceptualisation.” Acad Manage Rev 1994; 19: 285-311.
FRANÇA, L. H. de F. P. “A busca de um sentido existencial para o idoso.” Dissertação de mestrado em psicologia social. IP/UFRJ, Rio de Janeiro, 1999.
FRANÇA, L. H. (2008). “O desafio da aposentadoria.” Rio de Janeiro: Rocco.
FRANKENBERG, L. “Seu futuro financeiro, você é o maior responsável: como planejar suas finanças pessoais para toda a vida.” 14 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
FUNPRESP. Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal. (2014/2015). Relatório Anual. Disponível em: http://www.funpresp.com.br/portal. Acesso em: 02 de maio de 2016.
HAMILTON, I.S. “A psicologia do envelhecimento: uma introdução.” Trad. Maria Adriana Veríssimo Veronese. 3. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/IBGE Acesso em: 15/05/2016.
INSTITUTO ASSAF. “Aplicações financeiras nos próximos 10 anos.” Disponível em: http://www.institutoassaf.com.br. Acesso em: 24/04/2016.
LEITE, C.H.B. “A Garantia no Emprego na Perspectiva dos Direitos Fundamentais.” Revista de Direitos e Garantias Fundamentais, Vitória, n. 7, p. 47-79, jan./jun. 2010.
LUQUET, M. Guia valor econômico de planejamento da aposentadoria. São Paulo: Globo, 2001.
LUQUET, M. Guia valor econômico de finanças pessoais. 3 ed. São Paulo: Globo, 2014.
MACEDO JR., J. S. “A Árvore do Dinheiro: guia para cultivar a sua independência financeira.” Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
MAGALHÃES, D. “A invenção social da velhice.” Rio de Janeiro: Editora Papagaio, 1989.
MATTAR, F. N. (1994) “Pesquisa de marketing: metodologia, planejamento, execução e análise. “2a. ed. São Paulo: Atlas, 2v., v.
NAKAGAWA, M. “Introdução a controladoria: conceitos, sistemas, implementação.”São Paulo: Atlas, 1993. 104p.
NÉRI, A.L; YASSUDA, M. “Velhice bem sucedida: aspectos afetivos e cognitivos.” Campinas, SP: Papirus, 2004.
PASINATO, M. T. M. “Reforma do sistema previdenciário brasileiro: a previdência complementar e o papel do estado.” FGV: Ebape, 2001 (Dissertação de Mestrado em Administração Pública).
RICHARDSON, R.J. “Pesquisa social: métodos e técnicas.” São Paulo: Atlas,1989
SALVADOR, E. “Implicações da reforma da previdência sobre o mercado de trabalho.” Serviço Social & Sociedade, São Paulo, ano 16, n. 81, p. 7-39, mar. 2005.
SANTOS, M. F. “Identidade e aposentadoria.” São Paulo: EPU, 1990.
SANTOS, C. dos. “Guia prático para elaboração do demonstrativo dos fluxos de caixa”. Curitiba: Juruá, 2006.
SILVA, E. D. “Gestão em finanças pessoais: uma metodologia para se adquirir educação e saúde financeira.” Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004.
TOMPSON, H. “Don’t be a retiring type in retirement.” The Telegraph, Londres, 14 de junho de 1998.
VAZ, L. R. “O princípio do equilíbrio financeiro e atuarial no sistema previdenciário brasileiro.” Revista Direitos Fundamentais e Democracia. Vol. 6. 2009.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO (2016). Disponível em: http://www.who.int/en/. Acesso em 10/07/2016.
** Professor Doutor Adjunto do Departamento de Ciências Administrativas e dos Programas de Pós-Graduação em Administração e em Gestão de Organizações Públicas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
*** Professora Doutora Associada do Departamento de Ciências Administrativas e do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Los comentarios al artículo son responsabilidad exclusiva del remitente.
Si necesita algún tipo de información referente al articulo póngase en contacto con el email suministrado por el autor del articulo al principio del mismo.
Un comentario no es mas que un simple medio para comunicar su opinion a futuros lectores.
El autor del articulo no esta obligado a responder o leer comentarios referentes al articulo.
Al escribir un comentario, debe tener en cuenta que recibirá notificaciones cada vez que alguien escriba un nuevo comentario en este articulo.
Eumed.net se reserva el derecho de eliminar aquellos comentarios que tengan lenguaje inadecuado o agresivo.
Si usted considera que algún comentario de esta página es inadecuado o agresivo, por favor,pulse aqui.