Observatorio Economía Latinoamericana. ISSN: 1696-8352
Brasil

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PERFIL DE USUÁRIOS DAS ACADEMIAS DE GINÁSTICA DE PONTA GROSSA-PR/BRASIL: MOTIVOS PARA ESCOLHA E MUDANÇA DE ESTABELECIMENTO*

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1.  INTRODUÇÃO

 

As academias de ginástica, podem ser descritas como centro de atividades físicas, onde serviços como a prestação, orientação e avaliação destas atividades são realizados por profissionais de educação física (TOSCANO, 2001, p. 41). Ainda, de acordo com o Conselho Federal de Educação Física (CONFEF, 2014, artigo 3º. I) academia de ginástica é conceituada como:
Estabelecimento ou empresa prestadora de serviço, que oferecem a comunidade em geral, ou a público específico, espaço para a prática de condicionamento físico de forma coletiva ou individual, com acompanhamento de profissional de nível superior devidamente habilitado em Educação Física, com ou sem a presença de aparelhos ou equipamentos de ginástica.

O aumento da procura pelas academias de ginástica vem ocorrendo devido a vários fatores. Dentre eles se destaca o desenvolvimento industrial e tecnológico que diminuíram a carga de atividade física, a ocupação demográfica desordenada que torna escassos os espaços para essas atividades, assim como o aumento da violência urbana que incentiva a procura por locais seguros para tais finalidades (VARGAS, 1998 apud RUFINO; SOARES e SANTOS, 2000, p. 59).

Ainda sobre os serviços oferecidos, capitais de outros ramos começaram a serem investidos nas academias de ginástica, surgindo assim a venda de roupas, suplementos e demais produtos relativos às práticas de academia. Esses serviços buscam fundamentalmente o acúmulo de capital e a conquista de clientes e frequentadores para o seu negócio (FURTADO, 2009, p. 4).
Com tanta diversidade, muitos aspectos são levados em conta no momento da escolha de uma academia de ginástica. Ao gerir um desses espaços é necessário estar atento aos interesses do público com o qual se pretender trabalhar. Neste sentido, Medeiros et al. (2012, p. 113) afirma que ao se conhecer as características do público que frequenta determinado horário nas academias é possível traçar estratégias administrativas e de atendimento, para melhorar a qualidade do serviço.
A cidade de Ponta Grossa - PR possui diversas academias, contudo, há uma escassez de estudos que respondam a essas perguntas e que indiquem quais as preferências dos clientes ao escolherem entre os estabelecimentos da cidade.
As academias de ginástica como qualquer negócio, enfrentam desafios no mercado da prestação de serviços. A concorrência no mercado brasileiro vem aumentando, inclusive com a inserção de grandes marcas internacionais (CORRÊA e FERREIRA, 2009, p. 67).
Somando-se a esses novos concorrentes, ainda ocorre o surgimento de novas tecnologias, formas de gerenciamento, em uma sociedade cada vez mais competitiva, que determina o rumo e a velocidade das atividades e negócios (PEREIRA, 2005 apud FURTADO, 2009, p. 5).
Sendo assim, este estudo se justifica pela importância econômica e social, como também pela importância acadêmica relacionada a escassez de estudos realizados em diferentes cidades. Entende-se que as academias de ginástica fazem parte de um setor específico da economia e possui características próprias que integram o campo teórico e prático da administração (CORRÊA e FERREIRA, 2009, p.69).
Partindo dessas reflexões, o estudo tem como objetivo identificar o perfil dos usuários das academias de ginástica de Ponta Grossa – PR/Brasil, quanto aos motivos para escolha e mudança de academia.
Para a coleta das informações foi realizada consulta na lista de academias registradas no Conselho Federal de Educação Física (CONFEF). De acordo com o CONFEF a cidade de Ponta Grossa no Paraná/Brasil possui 27 academias de ginástica, distribuídas pelas principais regiões e bairros da cidade.
Para o desenvolvimento do estudo considerou-se apenas os estabelecimentos que puderam ser confirmados como academias de ginástica, excluindo-se aqueles que se dedicavam à uma modalidade específica, como artes marciais ou dança. Do total de 27 academias foram escolhidas sete (7), divididas nas regiões da cidade, que de acordo com o levantamento no site do CONFEF possuíam o maior número de academias.
Essas regiões foram os bairros de Uvaranas, Nova Rússia, Oficinas, Centro, Santa Paula e Jardim Carvalho. A academia do Campus da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), situado também no bairro de Uvaranas, foi incluída no estudo, devido a extensão geográfica da região em que está inserida.
Os critérios de escolha das academias que participaram da amostra foram o número de clientes (com base nas informações obtidas pelos responsáveis da instituição1 ). Para a aplicação do instrumento de pesquisa foi solicitada autorização para o responsável da academia e termo de consentimento para os clientes.
Participaram da amostra 130 clientes destas academias, os quais responderam a um questionário com perguntas abertas e fechadas.
As questões referentes ao grau de importância percebido pelo indivíduo foram estruturadas em uma escala de cinco alternativas, indo do nada importante ao extremamente importante.
O instrumento foi aplicado previamente em uma academia, em forma de teste piloto, não sendo identificado motivos para alteração do mesmo. Após a coleta definitiva foi realizada a análise e interpretação dos dados, configurando assim os resultados apresentados a seguir.

 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

 

Foram recolhidos 130 questionários, respondidos por indivíduos de ambos os gêneros, sendo 66 homens e 64 mulheres, com média de idade de 26 anos.
A primeira questão analisada é sobre os motivos para escolha da academia.
Para esta pergunta os informantes poderiam marcar ou escrever mais de um motivo. Ao analisar os dados obteve-se os seguintes resultados:

 

Ao observar estes dados percebe-se um dado relevante sobre o marketing das academias de ginástica, ou seja, enquanto 49 pessoas assinalaram como principal motivo para a escolha a “Indicação de um aluno da academia” a “Divulgação na mídia” foi citada por apenas 4 pessoas.
Esse fato mostra que um trabalho bem realizado e a satisfação dos clientes se tornam a forma mais eficiente de marketing para uma academia, através da propaganda “boca a boca”, que é uma das formas mais utilizadas pelos clientes para decidir sobre a compra de um produto em diversos setores (SOARES; COSTA, 2008, p.299).
Outro dado interessante que deve ser destacado são os resultados referentes à infraestrutura, ao valor da mensalidade e a qualificação dos professores. Ao se colocar na balança esses três fatores, a infraestrutura da academia e o valor da mensalidade se sobressaem sobre a qualificação dos profissionais. Contudo, a qualificação profissional é destacada pelos clientes das academias e será analisado em estudo posterior.
Foi perguntado para os 130 participantes do estudo se já haviam frequentado outra academia antes da atual e, 46,15% responderam de forma positiva. Quanto aos motivos para mudar de academia os principais foram a localização (47,35%), infraestrutura (29,89%), qualificação dos professores (14,22%), valor da mensalidade (5,69%) e outros (2,85%).
Portanto, no presente estudo foram analisados a localização, infraestrutura e valor da mensalidade.
Com relação à localização da academia a variável mais citada foi “muito importante” (43,85 %), confirmando assim que os clientes preferem uma academia que seja bem localizada, ou seja, próximo a casa ou ao trabalho. Esse fator pode estar ligado à comodidade, a mudança de residência ou ainda a proximidade com o local de trabalho (ZANETTE, 2003, p. 91). De acordo com os estudos de Flôres (et al., 2011) é um dos fatores ligados à manutenção dos clientes na academia escolhida.
Quanto à infraestrutura, julgou-se necessário saber a importância que os entrevistados davam a alguns fatores: oferecer estacionamento próprio, oferecer aparelhos modernos e grandes quantidades de aparelhos.
Sobre a academia escolhida oferecer ou não estacionamento próprio esta questão obteve o maior número de escolhas na opção “nada importante”, com 25,38%. Este resultado pode estar ligado ao tamanho da cidade ou a relação entre o número de carros circulando e o número de vagas disponíveis. É possível que em cidades com um fluxo de trânsito maior, o grau de importância seja alterado, como não foi possível encontrar estudos que confirmem esta mudança é necessário que se realizem mais estudos quanto a este fator.
Também se questionou o grau de importância quanto a academia oferecer aparelhos modernos e grandes quantidades de aparelhos.
Os graus de importância para os dois questionamentos foram muito semelhantes, sendo que para a pergunta quanto a importância de se oferecer aparelhos modernos, 40,43% consideraram “extremamente importante” e para a pergunta referente a importância quanto a oferecer grande quantidade de aparelhos, 45,39% consideram “extremamente importante”.
Esses dados mostram a preocupação dos usuários com a qualidade dos aparelhos que estão usando, bem como evitar uma superlotação e espera na execução dos exercícios.
Algo que é muito considerado pelos clientes na hora da escolha da sua academia é o valor da mensalidade, como mostrado anteriormente.
Ao se analisar o grau de importância do valor pago em relação aos serviços prestados, percebeu-se que 40,77% dos usuários considera “extremamente importante” o preço da mensalidade. Esses dados confirmam o estudo de Tahara; Schwartz e Silva (2003, p.9), o qual demonstra que 23,33% dos entrevistados apontam o alto valor da mensalidade como um dos fatores que dificulta a prática regular de atividades físicas.
Percebe-se que diversos fatores estão ligados à conquista e fidelização dos clientes, nesse sentido, procurou-se saber qual o grau de disposição estes teriam em pagar um valor mais alto, caso a academia atendesse suas preferências e necessidades.
As opiniões concentraram-se em “Talvez” (39,23%), “Provavelmente” (27,69%) e “Sim” (20%). Esses dados mostram que o investimento e a dedicação podem valer a pena financeiramente, pois o cliente satisfeito não mostra negativas ao fato de pagar um valor a mais se os serviços oferecidos forem de boa qualidade. Esta é uma questão fundamental que merece novos estudos para uma melhor compreensão da relação entre qualidade e preço do serviço prestado.

CONSIREDAÇÕES FINAIS

Os resultados revelam que todo investimento para a melhoria da qualidade da prestação do serviço pela academia vale a pena, com ênfase para a localização, infraestrutura e valor da mensalidade, além da qualificação profissional.
A aplicação de recursos, tempo e esforço compensam o proprietário, visto que os clientes demonstraram tendência em investir um valor mais alto em serviços, desde que sejam de boa qualidade e atendam suas necessidades.
Assim, entende-se que a relação entre custo e benefício deve ser a referência para a oferta de serviços das academias, pois a relação entre o investimento, valor gasto e o que se recebe em troca como lucro beneficiará ambos os lados, proporcionando um serviço de boa qualidade e a permanência da academia no mercado.

 

REFERÊNCIAS

CONFEF. Conselho Federal de Educação Física. Instrução normativa nº 02, de 27 de novembro de 2014. Disponível em: http://www.confef.org.br/extra/juris/mostra_lei.asp?ID=157. Acesso em: 13/11/15.

CONFEF: Conselho Federal de Educação Física. Disponível em: http://confef.org.br/. Acesso em: 13/11/15.

CORRÊA, S. A. M.; FERREIRA, A. A. Estratégia competitiva das academias de ginástica da cidade de São Paulo. Revista FACEF pesquisa, v. 12, n.1, p. 63-75, 2009.

FLÔRES, M. F. et al. Análise do perfil dos praticantes de academias de Santa Maria, RS. EFDeportes.com, Revista digital, Buenos Aires, Año 16, n. 159, 2011.

FURTADO, R. P. Do fitness ao wellness: os três estágios de desenvolvimento das academias de ginástica. Revista Pensar a Prática, Goiânia, v.12, n.1, p.1-11, jan/abr, 2009.

MEDEIROS, F. G. et al.  Gestão Empresarial em Academias de Ginástica: Relação Cliente e Utilização dos Serviços na Cidade Campina Grande – Paraíba. Coleção Pesquisa em Educação Física, v.11, n.4, p. 111-118, 2012.

RUFINO, V.S; SOARES, L. F. S; SANTOS, D. L. Características de frequentadores de academias de ginástica do Rio Grande do Sul. Revista Kinesis, Santa Maria, n. 22. p. 57-68. 2000.

SOARES, A. A. C. S; COSTA, F. J. da. A influência do valor percebido e da satisfação do cliente sobre o comportamento boca a boca: uma análise em academias de ginástica. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, São Paulo, v. 10, n. 28. p. 295-312, jul/set, 2008.

TAHARA, A. K; SCHWARTZ, G. M; SILVA, K. A. Aderência e manutenção da prática de exercícios em academias. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília. v.11, n. 4. p. 7-12, out/dez, 2003.

TOSCANO, J.J.O. Academia de ginástica: um problema de saúde latente. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v.9., n.1., p. 40-42, jan, 2001.

ZANETTE, E. T. Análise do perfil dos clientes de academias de ginástica: o primeiro passo para o planejamento estratégico. 2003, 154 f. Dissertação (Mestrado Profissionalizante em Engenharia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003. Repositório Digital. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10183/3601>. Acesso em: 15/11/15.

Recibido: 22/08/2016 Aceptado: 17/11/2016 Publicado: Noviembre de 2016

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