Observatorio Economía Latinoamericana. ISSN: 1696-8352
Brasil


ANÁLISE DO DESEMPENHO COMPETITIVO DA INDÚSTRIA MOVELEIRA DE PARINTINS - AM

Autores e infomación del artículo

Sérgio Vieira do Nascimento

Francisco Alcicley Vasconcelos Andrade

Universidade Federal do Amazonas

falcicley@gmail.com

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Resumo:
A indústria moveleira no Brasil vem alcançando resultados surpreendentes na obtenção de receitas e geração de emprego e renda em função da profissionalização da gestão, capacitação dos trabalhadores, aliados a criação de móveis modernos, utilização de tecnologia na produção e a criação de cadeias produtivas com uso de madeiras certificadas e fibra de média densidade conhecido mundialmente como MDF. O pólo moveleiro de Bento Gonçalves no Rio Grande do Sul se destaca respondendo por quase 20% do faturamento nacional, apresenta alto índice de tecnologia dos processos de fabricação e moveis de design arrojado e de alto valor agregado demonstrando a pujança do setor. No Amazonas haja a vista o grande potencial dessa atividade para a geração de emprego e renda para as cidades do interior, há uma série de fatores que dificultam e inibem sua consolidação como: baixo grau de profissionalismo, produção artesanal, falta de investimento e de linhas de créditos, ausência de tecnologias apropriadas, falta de madeiras certificadas dentre outras. O presente trabalho tem como objetivo identificar que indicadores relacionado ao desempenho da indústria moveleira precisam ser implementados nas movelarias do município de Parintins a serem estudadas para que possam melhorar sua produtividade, qualidade e gestão e possam cumprir seu papel social na geração de emprego e renda na região. Justifica-se a escolha do tema pela relevância social e econômica da atividade produtiva. O projeto de pesquisa englobará levantamento de dados das empresas, perfil sócio econômico dos seus proprietários, necessidades de capacitação, elaboração de diagnóstico e potencialidades do mercado de moveis e propor um modelo de gestão para consolidação de um polo moveleiro na região a fim de contribuir com a geração de emprego e renda para o município e a formação de mão de obra especializada nessa atividade.

Palavras-chave: Indústria, Movelaria, Desempenho, Gestão, Produtividade.

Resumen:
La industria del mueble en Brasil ha logrado resultados sorprendentes en la recaudación de fondos y la generación de empleos e ingresos debido a la profesionalización de la gestión, la capacitación de los trabajadores, junto con la creación de muebles modernos, el uso de la tecnología en la producción y la creación de cadenas productivas mediante madera certificada y la densidad media de fibra conocido mundialmente como MDF. La industria del mueble en Bento Gonçalves, en Río Grande do Sul se destaca que representa casi el 20% de la renta nacional, tiene un índice de alta tecnología de los procesos de fabricación y muebles de diseño moderno y de alto valor añadido que demuestra la fortaleza de la industria. En Amazonas allí para ver el gran potencial de esta actividad para generar empleo e ingresos para las ciudades, hay una serie de factores que impiden e inhiben su consolidación como: bajo nivel de profesionalismo, la producción artesanal, la falta de inversión y líneas créditos, la falta de tecnología adecuada, la falta de madera certificada, entre otros. Este estudio tiene como objetivo identificar los indicadores que necesitan ser implementados en las industria del mueble de la ciudad de Parintins relacionados con el desempeño de la industria del mueble que estudiar para que puedan mejorar su productividad, la calidad y la gestión y cumplir con su rol social en la generación de empleo e ingresos en región. Justifica la elección del tema de relevancia social y económica de la actividad productiva. El proyecto de investigación cubrirá encuesta de datos de la empresa, el perfil socioeconómico de sus propietarios, las necesidades de formación, desarrollar el potencial de diagnóstico y muebles de mercado y proponer un modelo de gestión para la consolidación de un centro de muebles en la región a fin de contribuir la generación de empleo e ingresos para la ciudad y la mano de la capacitación de mano de obra especializada en esta actividad.

Palabras clave: Industria, Movelaria, rendimiento, gestión, productividad.



Para citar este artículo puede uitlizar el siguiente formato:

Sérgio Vieira do Nascimento y Francisco Alcicley Vasconcelos Andrade (2015): “Análise do desempenho competitivo da indústria moveleira de Parintins - AM”, Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, Brasil, (junio 2015). En línea: http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/15/industria-moveleira.html


Introdução
Desde o início do século XX os produtos manufaturados brasileiros passam por um processo crescente de evolução e diversificação. Esse fato se justifica por algumas razões, dentre as quais destacam-se: a expansão tecnológica, evolução da globalização, e fusões empresariais. Consequentemente, nota-se um aumento da competitividade e das exigências do mercado consumidor em nível global. (COUTINHO, 2000)
Nesse contexto, observa-se na pequena e média empresa, uma preocupação gerencial com a reformulação de processos produtivos para acompanhar essas transformações mundiais e tornar o desenvolvimento e fabricação de produtos cada vez mais competitivos ou apenas sustentáveis.
A indústria de móveis surgiu no Brasil no início do século XX, em São Paulo, como pequenas marcenarias familiares geradas pela imigração italiana. A partir daí e até a década de 1950, predominou a produção artesanal até o atingimento da fase industrial em função dos investimentos em máquinas e equipamentos, criação de centros de treinamento tecnológicos, esse setor industrial tem apresentados altas taxas de crescimento (COUTINHO, 2000)
 A partir dessa nova demanda houve uma necessidade de se modernizar os processos de fabricação de moveis, que passaram a obedecer aos critérios e procedimentos de uma indústria tradicional que inclui uma gestão industrial e da administração da produção; suportada por uma documentação técnica que regula a normatização  de suas atividades dentre outros: a estrutura de produtos, instrução de trabalho, política de controle de estoque, planejamento  e controle da produção, treinamento da mão de obra, elaboração e realização de pesquisa de mercado, criação e novos design fatores envolvidos nesse segmento.
O setor moveleiro nacional avançou muito nos últimos anos e hoje sua produtividade, em alguns segmentos, já se aproxima dos níveis internacionais, o que inclusive possibilitou um grande salto exportador em meados da década de 90. (ABIMOVEL, 2012).
A indústria moveleira no Brasil vem se consolidando como polo gerador de empregos, principalmente na região do sul e sudeste do país com a fabricação de produtos diversificados e de alto valor agregado (ABIMOVEL, 2012).

Objetivos
Objetivo Geral
Analisar que fatores relacionados ao desempenho da indústria moveleira, precisam ser implementados nas movelarias ligadas à Associação dos Moveleiros de Parintins (AMOPIN) no município de Parintins no Estado do Amazonas.
Objetivos Específicos
Para atingir o objetivo geral da pesquisa, são propostos os seguintes objetivos específicos.
▪Elaborar um diagnóstico da indústria moveleira na região de Parintins
▪Identificar as dificuldades das moveleiras na produção de moveis.
▪Analisar quais os fatores ligados a produção precisam ser implementados no polo moveleiro de Parintins.

Referencial teórico

A indústria moveleira começou com o uso da madeira compensada, Em 1836, o alemão Michel Thonet produziu móveis utilizando folhas de madeira compensadas curvas. A tecnologia chegou ao Brasil em 1890, com a inauguração da Companhia de Móveis Curvados
no Rio de Janeiro. (ABIMÓVEL, 2013)
Na época, a empresa fabricava móveis em escala com moldes de peças austríacas; no estado do Rio de Janeiro, em 1897, a Gelli – Indústria de Móveis, de Petrópolis, inicia as atividades completando um século de existência em 1997. Em 1913, no distrito de São Bento do Sul (SC), teve início a Móveis Cimo, vendida para o grupo paulista Lutfalla, em 1979, e falindo dois anos depois. (ABIMÓVEL, 2013)
No ano de 1919, Guilherme Ronconi funda a fábrica de móveis Ronconi, em Curitiba, uma das mais antigas do Paraná na área de colchões e estofados. A Bergamo inicia as atividades em 1927, mesmo ano em que a Lafer de São Bernardo do Campo (SP), premiada empresa na área de design, inicia as atividades. (ABIMÓVEL, 2013)
Em 1935, é criado o Sindicato da Indústria do Mobiliário de São Paulo (SINDIMOV). No ano seguinte, Mário de Andrade, após contribuir com o design brasileiro, criando um conjunto de sofá e duas poltronas entre outros objetos, promove o 1º Concurso de Mobília Proletariado do Brasil, em São Paulo. (ABIMÓVEL, 2013)
A fábrica de móveis Rudinick abre as portas em 1938, na cidade de em São Bento do Sul (SC). Em 1945, a Artefama, de Santa Catarina, inicia atividades fabricando artefatos de madeira e depois móveis. A fabricação de chapas de fibra de madeira é iniciada no país em 1951, pela Eucatex, ampliando posteriormente a linha para painéis industriais. A cidade de Flores da Cunha (RS) abriga, desde 1953, a fábrica de móveis Florense. (ABIMÓVEL, 2013)
Historicamente a indústria de móveis de madeira tem passado por ciclos de modernização. O Brasil, devido sua grande extensão territorial e sua diversidade florestal, possui a maior oferta de madeiras tropicais do mundo e mesmo assim participa com apenas 1% do comércio internacional de madeira. (AMARAL et al., 2008).
A partir de 1880, a indústria moveleira no Brasil sofre grande avanço, permitindo o surgimento de novas empresas do ramo mobiliário.
Coelho e Berger (2004) afirmam que as mudanças sofridas pela indústria mundial de móveis na década de 1980, possibilitaram melhor qualidade dos produtos e maior padronização dos mesmos. (AMARAL et al., 2008).
Para Amaral et.al (2008), tais transformações só foram possíveis com o uso de equipamentos automatizados, utilização de novas técnicas de gestão e a inserção de novas matérias primas, que proporcionou aumento no comércio mundial de móveis devido à alta produtividade e a qualidade dos produtos.

A Indústria Brasileira de Móveis: Características Gerais e Desempenho Recente
Em 2012, a indústria de moveis no Brasil tinha 17,5 mil indústrias, com 322,8 mil empregos, tendo produzido 494,2 milhões de peças com um faturamento de R$ 38,5 bilhões, cujas exportações somaram US$ 708,7 milhões e investimentos da ordem R$ 1.397 bilhão investido (MOVERGS, 2012)
É grande a heterogeneidade do setor no tocante ao uso de tecnologias. Alguns tipos de produto admitem processos de fabricação com elevada automação, como os móveis retilíneos elaborados com madeiras reconstituídas (MDF, MDP etc.), enquanto outros demandam grande quantidade de trabalhos manuais, como os móveis artesanais de madeira maciça. Coexistem no setor empresas de porte médio ou grande que produzem em massa, empregando máquinas e equipamentos de elevado conteúdo tecnológico, empresas parcialmente automatizada além de micro e pequenas empresas intensivas em trabalho. (GALINARI, 2013)
A diversidade do setor também é grande no que tange ao padrão de concorrência, já que a competição é pautada basicamente por preços, nos segmentos mais populares, e por atributos como qualidade, design e marca, nos superiores. (GALINARI, 2013)
A indústria esta localizada principalmente na região centro-sul do país, que responde por 83% das empresas nacionais e por 86% da mão-de-obra empregada pelo setor. As empresas que a compõem se concentram nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro Entretanto, são os três primeiros estados citados que juntos somam mais da metade das empresas e do emprego desta indústria e aproximadamente 80% das exportações. . (FERREIRA; GORAYEB, 2008).
A indústria moveleira no Brasil, assim como em outros países, se apresenta estruturada em pólos regionais que, por sua vez, apresentam um determinado padrão de especialização; a elevada diversidade geográfica, econômica e cultural do país, que passam a apresentar características muito diferentes entre si. Estes diferentes padrões de especialização regionais permitem que a indústria moveleira nacional apresente uma estrutura bastante diversificada. (FERREIRA; GORAYEB, 2008).  

Fatores de Desempenho da Produção de Moveis.
A indústria brasileira de móveis não acompanhou a evolução da indústria brasileira em geral, ao longo da última década. O valor da produção se manteve praticamente estagnado, enquanto a produtividade do trabalho e a agregação de valor ao produto regrediram neste período. Os únicos indicadores que apresentaram resultados positivos foram os referentes à geração de emprego e às exportações, mas, mesmo nestes casos, o desempenho foi bastante inferior ao da indústria brasileira como um todo. (FERREIRA; GORAYEB, 2008).
Para Ferreira e Gorayeb (2008) é recomendável uma análise mais detalhada sobre os fatores críticos de competitividade desta indústria, a saber:
(a) capacidade de inovação e de diferenciação de produtos, principalmente o desenvolvimento de design próprio;
(b) aperfeiçoamento do processo produtivo, associados à incorporação de novas máquinas e equipamentos, bem como ao incremento da escala e escopo da produção;
(c) incorporação de novos insumos e matérias-primas ao processo produtivo;
(d) adoção de inovações organizacionais que visem a modernização e a racionalização dos processos produtivos e comerciais das empresas; e
(e) fortalecimento dos arranjos produtivos locais.
Por sua vez, a análise destes fatores de competitividade deve considerar o caráter heterogêneo da estrutura produtiva da indústria moveleira nacional, onde se verifica a coexistência de empresas com capacitações competitivas muito distintas.
Desta maneira, o desenvolvimento e a incorporação de designpróprio aos seus produtos é um dos maiores desafios competitivos da indústria moveleira nacional. A inovação em designé o elemento central na criação de maior valor por esta indústria, além de permitir uma inserção ativa no comércio internacional. (FERREIRA; GORAYEB, 2008).
Para Ferreira e Gorayeb (2008), à incorporação de novas máquinas e equipamentos, ainda estão restritas a algumas médias e grandes empresas, particularmente dos segmentos de móveis seriados. A maioria das micro e pequenas empresas busca assentar a sua competitividade na habilidade e, principalmente, nos baixos custos da mão-de-obra, incorporando poucas inovações em máquinas e equipamentos.
Para Ferreira e Gorayeb (2008), o desenvolvimento dos arranjos produtivos se configura em elemento essencial para a competitividade dos fabricantes de móveis, principalmente os de menor porte, que passam a ter a oportunidade de aproveitar as externalidades positivas geradas localmente. Portanto se faz necessário que haja um maior intercâmbio entre os diversos polos produtivos no Brasil.

A Produção de Moveis no Amazonas.
            Segundo dados do Sistema de Informações de Empresas Incentivadas SUFRAMA/SEPLAN (2011) este Subsetor está formado por um total de 5 empresas incentivadas. Nenhuma dessas empresas encontra-se certificada pelas Normas NBR – ISO. Seus principais produtos são: Folhas de Outras Madeiras; Madeira Compensada; entre outros. A mão de obra empregada correspondeu a 752 trabalhadores (Média/Mensal), entre efetivos, temporários e terceirizados. O faturamento industrial atingiu US$ 17,82 milhões, representando 0,05% do total faturado pelo PIM.
Em virtude dos móveis industriais (gabinetes de eletroeletrônicos, caixas acústicas, máquinas de costura, relógios de parede e uma série de artefatos de madeira) exigirem alta qualidade na elaboração, acabamento do produto, rigorosa secagem e imunização, muitas empresas locais ainda não participam desse significativo mercado. Existem poucas empresas atuando no ramo de produção de artefatos de madeira. O mercado destes produtos vem apresentando uma rápida expansão tanto a nível interno como externo. Localmente, se projeta uma demanda de aproximadamente 15.300 peças/ano. (NEAPL, 2008)
O Médio Amazonas concentra a grande maioria dos estabelecimentos moveleiros e hoje a microrregião Manaus concentra o maior número de empresas. Estima-se uma capacidade de produção entre 200.000 a 300.000 m3/ano. A SUFRAMA cita uma capacidade de produção de 92.304m³ de laminados e 178.116m³ de compensados. Os dados sobre a industrialização e consumo de madeira no Amazonas são escassos e apresentam longos períodos de interrupção nas informações disponíveis. (NEAPL, 2008)
Os mercados local e regional são os destinos da madeira produzida pelo extrativismo e o nacional e internacional a produzida pelo setor empresarial. (NEAPL, 2008)

A Produção de Moveis no Município de Parintins.

O município de Parintins está distante 369 km de Manaus em linha reta e 475 km em via fluvial, foi criado em 10 de Outubro de 1852 e hoje conta com uma população de 102.033 habitantes (IBGE 2012) e com 63.652 eleitores (TRE AM, 2013) e está inserido na região do baixo amazonas que compreende os munícipios de Barreirinha, Boa Vista dos Ramos, Nhamundá, São Sebastião do Uatumã e Urucará. (SEPLAN, 2012)
O setor moveleiro do município de Parintins iniciou-se de forma mais expressiva na década de 80, no princípio com o surgimento de pequenas empresas e marcenarias, com a maior parte de sua produção voltada para o mercado popular. (CASTRO, 2011)
A AMOPIN Associação dos Moveleiros localizados em Parintins no interior do estado recebem incentivos para a fabricação dos mobiliários escolares, tendo como matéria-prima a madeira oriunda dos Planos de Manejos Florestais Sustentáveis, fortalecendo assim a cadeia produtiva da madeira produtiva da madeira manejada no Estado; os moveleiros são credenciados e fornecem os produtos de acordo com a sua capacidade de produção.
O PROMOVE – Programa de Regionalização dos Moveis Escolares, contempla 18 municípios, 2.500 produtores sendo beneficiados, tendo sido produzidos 324.872 carteiras escolares, 6.925 quadros brancos, 6.205 kits escolares para professores, 20.960 kits escolares para alunos e movimentado R$ 31.952.015,00.
Para Castro (2011), a produção sob encomenda é o modelo produtivo predominante no setor moveleiro do munícipio normalmente feito pelos moradores que procuram as marcenarias em busca do produto desejado ou ponto de venda que algumas movelarias hoje têm como ponto de exposição.
Esse processo produtivo se caracteriza por produzir grandes variedades de artigos em pequenas quantidades e por demandar maior tempo no desenvolvimento dos produtos, em relação ao tempo de fabricação. ( RUSSOMANO, 1997 Apud CASTRO, 2011).
Segundo Castro (2011), existem aproximadamente 90 empresas e a maioria das empresas que atuam nesse setor são micros e pequenas empresas, parte delas atuando na informalidade, operando de forma artesanal com produtos tradicionais sem inovação e design e sem acesso ao mercado por desconhecimento de seus proprietários e utilizando máquinas e equipamentos obsoletos que limitam a sua capacidade produtiva
Atualmente partes das movelarias encontram-se instalada em uma área denominada Distrito Agro Industrial e as que são ligadas a Associação dos Moveleiros de Parintins participam do Programa de Regionalização de Moveis Escolares – PROMOVE que consiste na fabricação de carteiras escolares e kit’s para atender a demanda do estado. (CASTRO, 2011).
O Distrito Agro Industrial de Parintins (DAIPIN) compreende uma área de 60 hectares situada à Rodovia Municipal Odovaldo Novo no Bairro Djard Vieira, criado pelo Decreto Lei Nº 013/86-AEPMP, de 11 de Setembro de 1986, pelo então prefeito municipal Sr Gláucio Gonçalves, com o objetivo de construir um polo agro industrial destinados lotes industriais, lotes de serviços e lotes de apoio comunitário; sendo vedada a construção de residências sobre qualquer pretexto.
A princípio foi criado um conselho composto pelo chefe de gabinete da prefeitura, procuradoria geral do município, secretário de terras e secretário de obras para administrar a distribuição dos lotes pela Associação dos Micros Empresários industriais e Artesões de Parintins – UNIPAR; a seus associados.
Posteriormente houveram mudanças desde o regulamento até a implantação do distrito agropecuário do município com o desmembramento de parte dos moveleiros que criaram a Associação dos Moveleiros de Parintins- AMOPIN.
Associação dos Moveleiros de Parintins – AMOPIN foi criada no dia 02 de Maio de 1995 na cidade de Parintins, inscrita no CNPJ 02.355.687/0001-95, sendo uma sociedade simples de direito privado, com autonomia política apartidária, sem fins lucrativos, situada à Rua Pau D’arco, 1220 – Distrito Industrial – CEP 69.152-315, tendo sua criação aprovada em Assembleia Geral e registrada no Cartório do 2° Ofício da Comarca de Parintins.
Após sua reativação em 2010, tendo como um dos principais objetivos dentre outros unir parte dos proprietários das pequenas marcenarias existentes no município, afim de que os mesmo se fortalecesse e tivessem acesso aos programas do governo do estado na fabricação de moveis escolares e outras informações relevantes do mercado de moveis em geral.
Esse desmembramento teve como principal objetivo focar e dinamizar a produção de móveis no município, haja a vista a grande demanda reprimida e a entrada no programa de regionalização de moveis escolares e a necessidade de se ter uma associação especifica para os moveleiros

Método
Para abordar a temática estudada dentro do contexto amazônico torna-se necessário lançar mão de vários métodos e técnicas de pesquisa, elencados em um conjunto sistêmicos e centrados em um objetivo maior que é o levantamento de dados relacionados ao tema em questão. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica através de um estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral que forneceu instrumental analítico e o Estudo de caso circunscrito a uma ou poucas unidades, entendidas essas como uma pessoa, uma família, um produto, uma empresa, um órgão público, uma comunidade ou mesmo um país, tem caráter de profundidade e detalhamento. Podendo ou não ser realizado no campo. (MINAYO, 1993 Apud MORESI, 2003)
Análise de dados
Com base na análise da pesquisa aplicada junto aos moveleiros com base nos resultados começa-se a delinear um perfil pessoal e profissional do proprietário da movelaria do município de Parintins que hoje se apresenta como um profissional que 81% são do próprio município, com uma idade média de 41 anos apresenta baixa escolaridade, cerca de 73% tem ensino médio, mas não tem curso técnico especifico na área. O tempo médio de atividade é alto 19 anos, porém com conhecimento das atividades herdadas da família e/ou por necessidade não havendo vocação para o desempenho da atividade e o número reduzidos dos que realmente tiveram um curso  formação técnicas, e a maior parte cerca de 63% tem uma segunda fonte de renda, demonstrando com essa atitude não acreditar na atividade que exerce  e isso de fato dificulta o entendimento e conhecimento de novos processos de fabricação e do potencial do mercado  de móveis.
Com base nesse perfil é preciso iniciar um processo de capacitação de média e longa duração, que deveria começar com um curso de nivelamento afim de identificar lacunas de capacidade entre os participantes, em seguida com uma ementa composta de temas ligadas a conhecer o processo de gestão, formação de preços e custos de produção, deveres do empresários, normas e condutas da atividade empresarial dentre outras.
Analisando as respostas que foram classificadas nas informações empresariais, observa-se que na amostra pesquisada 100% são formalizados, tendo em média 7 empregados devido a necessidade de emissão de notas fiscais para atender as exigências do programa, porém essa atividade atua de forma irregular e sua grande maioria não tem registro.
O setor mesmo nas empresas formalizadas tem em seus quadros funcionários não formalizados e familiares desempenhando suas atividades de forma irregular aos olhos da legislação trabalhista.
No que diz respeito as informações das operações de produção com base nas respostas obtidas ainda permanecem a cultura da produção por encomenda 75% produzem portas, 60% produzem cômodas e camas e 20% produzem sala de janta e mesa com cadeiras e em função de participarem do programa PROMOVE 100% produzem mobiliário escolar o que é uma quebra de paradigma mudando a produção sob encomenda para a produção em série.
Ainda seguindo na análise das respostas da pesquisa que foi dividido em perfis diferentes para facilitar sua análise, a visão empresarial dos proprietários é a de que 73% participaram de algum treinamento nos últimos seis meses e 100% acham importante o programa de qualificação e tem investido em seus negócios enumerando os seguintes motivos que o motivam a investir em seus negócios 54% investem para melhorar a qualidade do produto e consolidar suas atividades, 18% informaram que investem para aumentar o lucro e 9% para melhorar a o atendimento ao cliente.
Quando perguntado o que impede ou dificultam a ampliação de suas movelarias, 54% responderam que o espaço físico e a falta de recursos financeiros são os principais motivos, 18% responderam que falta profissionais para trabalhar no setor e 10% responderam que falta parceria para ampliar suas movelarias.
Quando perguntado sobre as causas que impedem a consolidação do polo moveleiro de Parintins 72% responderam que falta infraestrutura e apoio do poder público e 28% responderam que falta investimento.
Essas respostas demonstram que há uma conscientização dos fatos que realmente impactam de forma negativa para a criação do polo moveleiro no município pois a prefeitura não tem investido na urbanização da área do distrito industrial destinada as movelarias, não há uma política de incentivo destinado a fomentar essas empresas e mesmo a despeito de participação do programa PROMOVE, se faz necessário que as empresas possam contar um órgão na esfera estadual de suporte para que haja produção de moveis destinados ao mercado consumidor e forneçam aos lojista da cidade de Manaus.

Resultados
A atividade moveleira de Parintins, tem como seu principal indicador o preço dos produtos em seus pontos de vendas ou nas próprias movelarias que não dispõem dessa ferramenta de apoio de comercialização, pois em função do desconhecimento do processo de gestão, não utilizam de técnicas amplamente utilizadas nos polos moveleiros do sul e sudeste do país que são gerenciadas como uma indústria tradicional que monitora indicadores relativos a produtividade, qualidade, custos.
Há uma carência de conhecimentos técnicos e isso inibem e/ou dificulta a aplicação dos métodos de custeios adotados nas empresas independentes do seu tamanho e faturamento por ser um indicador importantíssimo para a sobrevivência da empresa.
Com relação a participação no Programa PROMOVE seu principal indicador está ligado ao fator prazo em função do preço de aquisição do mobiliário escolar ser tabelado para compra em todos os municípios do estado do Amazonas.
Um dos indicadores adotado na distribuição de cotas para a produção de mobiliário escolar é data de entrega ou confiabilidade haja a vista o município ter se destacado entre os principais municípios produtores.
Devido ao desconhecimento de métodos gerenciais há uma dificuldade no sentido de se fazer a formação dos preços dos produtos; pois não tem uma estrutura com os respectivos insumos utilizados o que permitiria visualizar de forma racional esses valores.
            Não há um planejamento formal da produção documentado para se acompanhar o consumo das matérias primas, controle de estoque de insumos e de produtos, capacidade da produção por produto; informações importantes para definir uma política de compra e venda da empresa.
Falta padronização das ações no âmbito da produção e isso se constitui om um entrave para a melhoria do processo e da produtividade, no que diz respeito ao melhor aproveitamento dos recursos tendo como exemplo a madeira que poderia ser cortada previamente de acordo com o produto evitando perdas na produção.
Considerações finais
Na região de Parintins, objeto desse estudo as movelarias ligadas a Associação dos Moveleiros de Parintins (AMOPIN), são em sua totalidade herdada de gerações passadas e contam com o número de 2 a 5 empregados e que ainda trabalham de forma artesanal, pelo sistema de encomenda, sem conhecimento do mercado, muitas sem perspectivas de consolidação da atividade haja a vista a falta de uma organização básica de suas atividades devido a fatores como baixa escolaridade de seus proprietários, falta de infraestrutura adequada para a realização de suas atividades como layout inadequado, dificuldades de logística, desconhecimento de técnicas modernas de fabricação de móveis, maquinários obsoletos aliados a falta de conhecimentos técnicos, falta de financiamentos para investir nos negócios devido a falta de projetos, baixa produtividade e também falta de pessoal qualificado para trabalhar nessas movelarias a fim de suportar uma demanda do município e da cidade de Manaus; hoje atendida pela indústria moveleira de outras regiões do Brasil.
Hoje  no município de Parintins nas movelarias ligadas a associação, há produção de kits de moveis escolares para uso nas escolas estaduais dentro do PROMOVE – Programa de Regionalização de Moveis Escolares (PROMOVE), criado pelo governo do estado em 2009 onde são definidas cotas para os diversos municípios do estado do Amazonas, como uma forma de gerar emprego e renda para os moveleiros, programa esse gerenciado pela ADS – Agencia de Desenvolvimento Sustentável, ligados a Secretaria da Produção Rural – SEPROR. Os produtos ainda apresentam problemas de fabricação devido a falta de padronização de seus processos e gestão das movelarias.
A Associação dos Moveleiros de Parintins (AMOPIN) vem buscando se profissionalizar através da busca de apoio junto aos órgãos governamentais e instituições de ensino no sentido de capacitar seus filiados para adotar uma nova postura frente a demanda por melhorias de qualidade dos kits escolares, padronização dos seus processos e o desenvolvimento de um produto próprio a ser fabricado em escala afim de obter know how necessário na produção de moveis e hoje conta com apoio de programas de extensão do curso de Administração da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) Campus de Parintins (2012) e recentemente recebeu apoio técnico do SEBRAE e FUCAPI(2013) no sentido de atuar nos processos de fabricação e gestão, mas que está em um estágio embrionário dada as dificuldades já mencionadas porem obtendo resultados significativos o que demonstra o grande potencial dos moveleiros adquiridos ao longo tempo de experiência e conhecimentos obtidos no  meio familiar.
As movelarias de um modo geral constitui-se como uma parte da indústria de pequeno porte que pode contribuir economicamente para a melhoria da qualidade de vida da população nos pequenos municípios no estado do Amazonas haja a vista a disponibilidade de matéria prima e de pessoal disponível com uma base de conhecimento empírico que possibilita desempenhar atividades dentro das movelarias, mas que precisam ser treinados a fim de obter um melhor resultado de seu trabalho.
A razão dessa pesquisa nas marcenarias ligadas Associação dos Moveleiros de Parintins (AMOPIN) justifica-se pelos seguintes aspectos: atividade geradora de emprego e renda; grande potencial para produção de moveis; proximidade do mercado consumidor de moveis nas cidades de Belém (PA) e Manaus (AM) aproveitamento do marketing do município em função do festival folclórico e a possibilidade da criação de um polo moveleiro na região do Baixo Amazonas.
A atividade moveleira em Parintins tem o potencial de tornar-se a médio e longo prazo uma alternativa economicamente viável e importante para os municípios que compõem a região do baixo amazonas na geração de empregos e renda e para isso precisam profissionalizar a gestão dos seus negócios e capacitar seus colaboradores no processo de fabricação de moveis.

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Recibido: 17/03/2015 Aceptado: 09/06/2015 Publicado: Junio de 2015

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