Observatorio de la Economía Latinoamericana


Revista académica de economía
con el Número Internacional Normalizado de
Publicaciones Seriadas ISSN 1696-8352

ECONOMÍA DO BRASIL

O DESENVOLVIMENTO RURAL NO BRASIL: UMA ANÁLISE DAS EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS





Nelson Guilherme Machado Pinto (CV)
Daniel Arruda Coronel (CV)
nelguimachado@hotmail.com
Universidade Federal de Santa Maria





Resumo: O objetivo deste trabalho consiste em analisar as evidências empíricas de estudos sobre desenvolvimento rural no Brasil que estudaram o desenvolvimento dos campos a partir da construção de índices, verificando o comportamento desse fenômeno nas diversas regiões do país. Além disso, são analisadas questões relacionadas ao panorama desses estudos a fim de verificar em quais pontos os trabalhos futuros desse tema podem vir a avançar. Verifica-se que o desenvolvimento rural dentro da realidade nacional apresenta regiões e municípios com baixo padrão de desenvolvimento rural. Isso é agravado quando é caracterizada a heterogeneidade desse fenômeno nas regiões estudadas. Dentre as principais lacunas dessa área de estudos estão a escassez de trabalhos nas Regiões Norte e Nordeste, a realização da análise desse fenômeno apenas em um corte específico de tempo e a não consideração de todas as dimensões possíveis de desenvolvimento rural.

Palavras-chave: Desenvolvimento Rural; Índice de Desenvolvimento Rural; Ambiente Rural; Evidências Empíricas; Brasil.

DESARROLLO RURAL EN BRASIL: UN ANÁLISIS DE LA EVIDENCIA EMPÍRICA

Resumen: El objetivo de este estudio es examinar la evidencia empírica de los estudios sobre el desarrollo rural en Brasil, que estudió el desarrollo de los campos de la construcción del índice marcando el comportamiento de este fenómeno en diferentes regiones del país. Además, las cuestiones relacionadas con el panorama de estos estudios a fin de determinar en qué puntos en el trabajo futuro de este tema pueden presentarse son analizados. Parece que el desarrollo rural dentro de la realidad nacional muestra las regiones y municipios con bajo nivel de desarrollo rural. Esto se agrava cuando se caracteriza la heterogeneidad de este fenómeno en las regiones estudiadas. Entre las principales deficiencias en esta área de estudio son la falta de puestos de trabajo en las regiones Norte y Nordeste, el análisis de este fenómeno sólo en un corte de tiempo determinado y la no consideración de todas las posibles dimensiones del desarrollo rural.

Palabras clave: Desarrollo rural, Índice de Desarrollo Rural; medio rural; evidencia empírica; Brasil.

RURAL DEVELOPMENT IN BRAZIL: AN ANALYSIS OF EMPIRICAL EVIDENCE

Abstract: The aim of this work is to analyze the empirical evidences concerning the studies on rural development in Brazil using an index to study this phenomenon as well as to verify the rural development in many regions of the country. Furthermore, issues related to an overview of these studies are analyzed with the aim of reporting on what points this theme can advance in the future. Thus, it is possible to verify that rural development in Brazil shows regions and municipalities with low standard of rural development. This is compounded when it characterized the heterogeneity of this phenomenon in the regions studied. Among the major gaps in this area of study are the lack of studies in the North and Northeast Regions, the analysis of this phenomenon performed only in a specific time and failure to consider all the possible dimensions of rural development.

Keywords: Rural Development; Rural Development Index; Rural Environment; Empirical Evidence; Brazil.

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Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato:

Machado Pinto, N. y Arruda Coronel, D.: "O desenvolvimento rural no Brasil: uma análise das evidências empíricas", en Observatorio de la Economía Latinoamericana, Número 194, 2014. Texto completo en http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/14/desenvolvimento-rural.hmtl


1 Introdução

            O ambiente rural é o local onde ocorreu o início do desenvolvimento de vários povos e nações ao longo da história mundial. Com a industrialização, as novas tecnologias de informação e o processo de urbanização, o ambiente rural foi tendo uma nova conotação e ao mesmo tempo convivendo com o ambiente urbano das cidades. Entretanto, essa conjuntura não pode ser considerada como a decadência ou perda do espaço das campos sobre as cidades.
            Assim, essa realidade veio a reforçar e reposicionar o papel do ambiente rural para o desenvolvimento regional das nações atuais. Desde o desenvolvimento de atividades básicas originando alimentos a população, o fornecimento de matérias-primas para as indústrias e o desenvolvimento de atividades turísticas são algumas das características que reforçam a importância desse ambiente para a realidade de um país. A partir dessa importância do ambiente rural é necessário compreender questões relacionadas ao seu desenvolvimento.
            O desenvolvimento rural é um processo que visa alcançar mudanças socioeconômicas e ambientais a fim de melhorar renda, qualidade de vida e bem-estar das populações no espaço rural (SCHNEIDER, 2004). Além do aspecto ambiental, o desenvolvimento rural é composto por outras dimensões: demográfica, econômica e social. É caracterizado, portanto, como um conceito complexo e multissetorial que objetiva demonstrar as desigualdades locais, regionais e territoriais que se estabeleceram no ambiente rural ao longo do tempo (MELO; PARRÉ, 2007; STEGE; PARRÉ, 2011).
            No âmbito do desenvolvimento regional nos espaços rurais, a necessidade de seu conhecimento ocorre com a finalidade de entender o papel e as trajetórias de desenvolvimento dos territórios. Portanto, estudos de desenvolvimento rural configuram as dinâmicas e desigualdades do desenvolvimento no ambiente rural (SCHNEIDER; VERARDI FILHO, 2000; MARSDEN, 2003; CONTERATO; SCHNEIDER; WAQUIL, 2007).
            Posto isso, começaram a surgir na literatura trabalhos com a finalidade de mensurar o desenvolvimento rural na realidade brasileira a partir da construção de índices. Esses indicadores surgem como proxys a fim de compreenderem o desenvolvimento rural de certas localidades. Assim, apesar de não haver um consenso na literatura quanto a construção desses índices os trabalhos publicados referentes ao tema seguem uma estrutura lógica considerando a multidimensionalidade do fenômeno. (NAVARRO, 2001; MARSDEN, 2003; SCHNEIDER, 2004). Dessa maneira, o objetivo geral deste trabalho consiste em analisar as evidências empíricas de estudos sobre desenvolvimento rural no Brasil que estudaram o desenvolvimento dos campos a partir de um índice, verificando o comportamento desse fenômeno nas diversas regiões do país. Além disso, são analisadas questões relacionadas ao panorama desses estudos a fim de verificar em quais pontos os trabalhos futuros desse tema podem vir a avançar.
            A fim de atingir esses objetivos, o presente artigo está estruturado, além desta introdução, em quatro seções. Na segunda seção, é apresentado o referencial teórico; na seção seguinte, os procedimentos metodológicos utilizados; na quarta seção, os resultados são analisados e discutidos e, por último, são apresentadas as considerações finais do trabalho.

2 Referencial Teórico

2.1 Desenvolvimento Rural

            O desenvolvimento rural foi interpretado, em alguns momentos da evolução histórica do Brasil, como um passo para o alcance do desenvolvimento industrial e consequente crescimento econômico. Com o desenvolvimento do ambiente rural e o fenômeno da globalização, algumas atividades urbanas (indústria, lazer e telecomunicações) passaram a também ser desenvolvidas dentro do ambiente do campo (MELO; PARRÉ, 2007; STEGE; PARRÉ, 2011). Diante desse contexto, dificilmente pode-se determinar uma linha divisória entre o que é urbano e o que é rural. Contudo, quanto ao ambiente rural, há um consenso de que ele possui as seguintes características, conforme Kageyama (2004):
a) não é sinônimo de agrícola;
b) é multissetorial e multifuncional devido a diversidades de atividades desenvolvidas nesse espaço e às funções desenvolvidas tais como produtiva, ambiental, ecológica e social;
c) possui densidade populacional relativamente baixa; e
d) não há uma divisão concentrada e absoluta entre e o que é espaço rural e o que é espaço urbano.
            O desenvolvimento rural pode ser entendido como um processo de ações articuladas com o objetivo de proporcionar mudanças sociais, econômicas e ambientais no espaço rural para melhorar aspectos da população rural como a renda, a qualidade de vida e o bem-estar (SCHNEIDER, 2004). Além disso, pode ser visto como uma combinação de forças externas e internas nos quais estão envolvidos tanto os atores das regiões rurais como as redes locais e externas das regiões (KAGEYAMA, 2004). Assim, é um movimento que busca um novo modelo para o setor agrícola, por meio de objetivos que visem à valorização das economias de escopo em detrimento das economias de escala e ao fortalecimento da preservação dos ecossistemas locais (PLOEG et al., 2000).
            Dessa maneira, mesmo com a ausência de uma definição exata sobre desenvolvimento rural, bem como diferentes abordagens metodológicas sobre o tema, todos os estudos destacam que o desenvolvimento rural tem como objetivo principal abordar os aspectos de melhoria do bem-estar do ambiente e da população do espaço rural (NAVARRO, 2001). Além disso, alguns elementos principais para o desenvolvimento das áreas rurais englobam o maior acesso à educação e à terra, uma atividade agropecuária diversificada, uma maior concentração de atividades e um conjunto de instituições consolidadas a fim de proporcionar a valorização territorial (VEIGA, 2001).
            Fica evidenciado, portanto, o caráter multidimensional do desenvolvimento rural (NAVARRO, 2001; MARSDEN, 2003; SCHNEIDER, 2004). Dessa forma, as dimensões que comumente são relacionadas ao desenvolvimento rural são: social, demográfica, político-institucional, econômica e ambiental (CONTERATO; SCHNEIDER; WAQUIL, 2007). A partir dos desdobramentos e da importância do desenvolvimento rural, surge a importância da mensuração do Índice de Desenvolvimento Rural considerando as diferentes dimensões oriundas dessa temática. A partir disso, é possível verificar os diferentes aspectos que configuram o desenvolvimento no âmbito rural e suas implicações para o desenvolvimento.

2.2 Índice de Desenvolvimento Rural

            O desenvolvimento em si é um conceito complexo que só pode ser definido por meio de simplificações (KAGEYAMA, 2004). A construção de um Índice de Desenvolvimento Rural (IDR) baseia-se na percepção de que o desenvolvimento rural e suas consequentes desigualdades podem ser entendidos por meio de simplificações a partir da construção de um índice. Este possibilita a compreensão de aspectos da realidade a partir de um respaldo teórico (CONTERATO; SCHNEIDER; WAQUIL, 2007).
            As diferentes metodologias aplicadas e os aperfeiçoamentos realizados surgem da necessidade de levantar em maior profundidade as heterogeneidades e as trajetórias do desenvolvimento rural (KAGEYAMA, 2004). A partir disso, não há na literatura uma única forma de se calcular o desenvolvimento rural. Entretanto, há um consenso de que essa questão possui caráter multidimensional (KAGEYAMA, 2004; CONTERATO; SCHNEIDER; WAQUIL, 2007; MELO; PARRÉ, 2007; STEGE; PARRÉ, 2011).
            Posto isso, algumas evidências trabalham com a construção de índices para a mensuração do desenvolvimento rural de diferentes unidades territoriais. Alguns estudos determinam a construção de um índice geral de desenvolvimento rural a partir da elaboração de subíndices ou índices parciais, representando as dimensões dessa questão que, conjuntamente, compõe um índice final mensurando essa temática (KAGEYAMA, 2004; CONTERATO; SCHNEIDER; WAQUIL, 2007). Outro procedimento utilizado pelas evidências empíricas da área é a adoção da análise fatorial para agrupar as diferentes dimensões do desenvolvimento rural em fatores comuns que, a partir da construção de um índice, identificam o estágio de desenvolvimento rural de uma determinada região a partir dos fatores encontrados (MELO; PARRÉ, 2007; STEGE; PARRÉ, 2011; ALVES 2012).
            Com base na complexidade e na preocupação envolvendo o desenvolvimento rural é que estudos foram surgindo a fim de aplicar a metodologia de índices. Vale destacar que há uma concentração de estudos e discussões centradas em alguns estados e regiões brasileiras ou em toda a unidade territorial (KAGEYAMA, 2004; CONTERATO; SCHNEIDER; WAQUIL, 2007; MELO; PARRÉ, 2007; STEGE; PARRÉ, 2011; ALVES 2012).

3 Procedimentos Metodológicos

            O presente trabalho apresenta uma técnica indireta de tratamento de dados, pois, por meio do levantamento bibliográfico, foram elaboradas as análises do estudo. No que se refere ao procedimento, utilizou-se o método monográfico e comparativo. Quanto à sua natureza, a pesquisa apresenta um caráter aplicado a fim de adquirir conhecimentos para aplicação em um tema específico (MARCONI; LAKATUS, 2005).
            Além disso, a pesquisa caracteriza-se pelo cunho exploratório, visto que objetiva estabelecer uma maior familiaridade e percepção para com o tema (GIL, 2010). Nesse sentido, foi realizado um levantamento de estudos que abordaram questões referentes ao desenvolvimento rural. As evidências empíricas apresentadas demonstram a utilização de índices para mensurar o desenvolvimento no ambiente rural. Para fins deste trabalho, foram considerados os resultados e os avanços teóricos encontrados referentes aos trabalhos de Kageyama (2004), Conterato, Schneider e Waquil (2007), Melo e Parré (2007), Stege e Parré (2011) e Alves (2012).
            Por último, após a análise desses estudos, foi feita uma explanação quanto ao panorama dos trabalhos de desenvolvimento rural no Brasil. Verifica-se, de forma comparativa, o comportamento dessa questão dentro do cenário brasileiro bem como são feitos levantamentos e questionamentos com relação aos trabalhos apresentados. Esses procedimentos foram realizados com a finalidade de contribuir para os avanços de estudos futuros nessa temática.

4 Análise e Discussão dos Resultados

4.1 Evidências Empíricas

            A literatura referente ao desenvolvimento rural demonstra que alguns autores tiveram a iniciativa de analisar essa questão em alguns estados ou em toda a unidade territorial do Brasil por meio da construção de um Índice de Desenvolvimento Rural. Dentre esses, citam-se os trabalhos de Kageyama (2004), Conterato, Schneider e Waquil (2007), Melo e Parré (2007), Stege e Parré (2011) e Alves (2012).
            O estudo de Kageyama (2004) propõe a construção de um IDR para os municípios de São Paulo. A composição do índice ocorreu por meio do cálculo de quatro índices parciais, os quais contemplaram as dimensões do desenvolvimento rural. Dentre elas destacam-se os aspectos populacional, econômico, social e ambiental. Além disso, a classificação do índice ocorreu por meio de três faixas, isto é, alto, médio e baixo. Os resultados demonstraram a grande amplitude de variação entre os municípios referente ao seu desenvolvimento rural. As regiões de maior concentração de municípios com alto desenvolvimento rural são a área no entorno da capital paulista e nas partes Sudeste e Nordeste. Ademais, como municípios com baixo IDR, destacam-se as regiões Noroeste, Central e no Vale do Paraíba.
            O trabalho de Conterato, Schneider e Waquil (2007) teve como objetivo construir um IDR para estabelecer parâmetros de comparação do desenvolvimento rural e suas dimensões em três cidades, representando três microrregiões distintas do Rio Grande do Sul. A amostra de estudo contemplou as cidades de Caxias do Sul, Cerro Largo e Frederico Westphalen, as quais representam, respectivamente, as microrregiões da Serra, das Missões e do Alto Uruguai. Por meio do cálculo de subíndices para a composição do IDR, os autores consideraram cinco dimensões para o desenvolvimento rural (social, demográfica, político-institucional, econômica e ambiental). A cidade de Caxias do Sul foi a que apresentou os melhores indicadores de índice e das dimensões do desenvolvimento rural, devido ao processo de desenvolvimento histórico da região. De forma contrária, Frederico Westphalen apresentou os piores índices para os mesmos aspectos. Assim, os autores concluem que tais resultados levam à inferência de que o desenvolvimento rural é resultado dos mais diversos processos de mudanças nas regiões estudadas.
            Com o objetivo de mensurar o desenvolvimento rural dos municípios paranaenses por meio de um índice, o estudo de Melo e Parré (2007) utilizou o procedimento de análise fatorial para a construção do IDR. Agrupando as dimensões do desenvolvimento rural por meio dessa técnica multivariada e dividindo os graus do índice em sete categorias (de muitíssimo baixo a muitíssimo alto), os resultados demonstraram que o IDR médio dos municípios paranaenses totalizou 43,63 numa escala de zero a 100. Dentre esses, 179 municípios apresentaram valores de IDR acima da média, enquanto que 220 apresentaram valores abaixo do índice. Com isso, os autores concluem que, com a maioria dos municípios com níveis de desenvolvimento rural abaixo da média, existe a necessidade de melhorar alguns aspectos da vida no campo e minimizar os efeitos responsáveis pelo alcance dessas médias.
            Utilizando uma abordagem metodológica na mesma linha de Melo e Parré (2007), o estudo de Stege e Parré (2011) ampliou a problemática do desenvolvimento rural para 558 microregiões brasileiras, analisando-as de forma comparativa. Considerando as cinco dimensões e sete classificações para o índice, os autores encontraram resultados que demonstram que o desenvolvimento rural ocorre de maneira heterogênea nas microrregiões brasileiras. Além disso, verificou-se que há fatores determinantes do desenvolvimento rural que diferem entre as diversas regiões brasileiras.
            Por fim, o trabalho de Alves (2012) também utilizou, na construção do IDR, o procedimento de análise fatorial para verificar o desenvolvimento rural dos municípios do estado de Goiás. Contudo, de forma distinta aos trabalhos anteriores, o índice contemplou aspectos com um maior viés para a dimensão econômica. A partir disso, os resultados demonstraram a heterogeneidade do desenvolvimento rural, com uma predominância de regiões com baixos níveis quanto a essa questão.
            Referente aos trabalhos utilizados acerca do tema neste estudo, a Figura 1 resume as bases empíricas.

Região do Estudo

Método Utilizado

Principais Resultados

Referência

Municípios de São Paulo

Construção de índices parciais das dimensões e construção de índice.

Há grande amplitude de variação entre os municípios referente ao seu desenvolvimento rural. As regiões de maior concentração de municípios com alto desenvolvimento rural são a área no entorno da capital paulista e nas partes Sudeste e Nordeste e dentre as áreas de municípios com baixo IDR estão as regiões Noroeste, Central e no Vale do Paraíba.

Kageyama (2004)

Três cidades do Rio Grande do Sul

Construção de índices parciais das dimensões e construção de índice.

A cidade de Caxias do Sul foi a que apresentou os melhores indicadores de índice e das dimensões do desenvolvimento rural enquanto a cidade de Frederico Westphalen, de forma contrária, apresentou os piores índices para os mesmos aspectos. Tais resultados levam a inferência de que o desenvolvimento rural é resultado dos mais diversos processos de mudanças nas regiões estudadas.

Conterato, Schneider e Waquil (2007)

Municípios do Paraná

Análise fatorial e construção de índice.

Os resultados demonstraram que o IDR médio dos municípios paranaenses totalizou 43,63 numa escala de zero a 100. Dentre esses, 179 municípios apresentaram valores de IDR acima da média, enquanto que 220 apresentaram valores abaixo do índice. Com isso a maioria dos municípios está com níveis de desenvolvimento rural abaixo da média, havendo a necessidade de melhorar alguns aspectos da vida no campo e minimizar os efeitos responsáveis pelo alcance dessas médias.

Melo e Parré (2007)

Microrregiões do Brasil

Análise fatorial e construção de índice.

O desenvolvimento rural ocorre de maneia heterogênea nas microrregiões brasileiras. Além disso, verificou-se que há fatores determinantes do desenvolvimento rural que diferem entre as diversas regiões brasileiras.

Stege e Parré (2011)

Municípios de Goiás

Análise fatorial e construção de índice.

O índice contempla aspectos com um maior viés para a dimensão econômica. A partir disso, os resultados demonstraram a heterogeneidade do desenvolvimento rural, com regiões com baixos níveis quanto a essa questão.

Alves (2012)

Figura 1 - Estudos Empíricos de Índices de Degradação Ambiental
Fonte: Pinto (2014).

            Por meio do quadro resumo da Figura 1, observa-se que não há uma medida consolidada de desenvolvimento rural na literatura. Além disso, algumas regiões brasileiras não foram estudadas em suas especificidades e nota-se a heterogeneidade dos resultados dos estudos para essa questão.
4.2 Panoramas dos Estudos

            Verifica-se que o desenvolvimento rural no Brasil possui diferentes características nas regiões estudadas. Uma característica comum aos trabalhos é a heterogeneidade encontrada para essa questão. Essa heterogeneidade demonstra que municípios e regiões próximas possuem realidades muito distintas com áreas que alto nível de desenvolvimento rural contrastando com áreas pouco desenvolvidas no âmbito rural.
            Isso é retratado no estudo de Kageyama (2004), no qual foi verificado uma grande amplitude de variação no desenvolvimento rural dos municípios paulistas. Além disso o estudo de Conterato, Schneider e Waquil (2007)  para três cidades gaúchas, de Melo e Parré para municípios paranaenses e de Alves (2012) para municípios goianos também evidenciaram esse heterogeneidade no desenvolvimento rural para regiões próximas.
            O estudo de Stege e Parré (2011) também demonstrou as diferenças no desenvolvimento das regiões estudadas. Porém, tal heterogeneidade já poderia ser esperada, pois o estudo teve como foco todo o Brasil, país de dimensões continentais e com diferenças nos mais variados aspectos entre suas regiões. A partir deste estudo, verifica-se que existem algumas regiões brasileiras que não foram contemplados com estudos específicos sobre o tema por meio da construção de índices.
            Dessa maneira, verifica-se pelas evidências empíricas que não existem estudos de desenvolvimento rural por meio da metodologia de índices nos municípios e estados das Regiões Norte e Nordeste. A exploração dessas regiões deve-se, em um primeiro momento, por um dos resultados encontrados por Stege e Parré (2011) em seu estudo. Segundo os autores, existem fatores determinantes do desenvolvimento rural que se diferenciam entre as regiões brasileiras. Portanto, seriam pertinentes estudos específicos nas duas regiões ainda não exploradas individualmente para contrapontos serem feitos com estudos anteriores de outras regiões.
            Ademais, outro ponto importante no estudo do desenvolvimento rural nas Regiões Norte e Nordeste refere-se as características diversificadas dessa região quanto ao resto do país. O processo histórico dessas regiões é diferente do resto do país bem como a atual situação socioeconômica. Portanto, verificar especificamente o desenvolvimento rural dessas regiões a partir da construção de um Índice de Desenvolvimento Rural, permitirá verificar semelhanças e diferenças desse fenômeno para essas regiões em comparação com as realidades encontradas nas outras regiões estudadas.
            Outro ponto que merece destaque é que os estudos do IDR fazem a análise do desenvolvimento rural em um corte específico do tempo. Dessa maneira, os resultados encontrados ficam limitados a apenas um espaço do tempo, não podendo ser analisado a evolução do desenvolvimento rural ao longo de um período. Assim, a partir da análise do desenvolvimento rural com dados em painel, isto é, em mais de um período para diferentes localidades (municípios, estados e regiões), há a possibilidade de identificar a dinâmica do desenvolvimento do ambiente rural da região a ser estudada.
            Por fim, faz-se pertinente ressaltar o enfoque das dimensões do desenvolvimento rural. Isso porque esse fenômeno engloba características multimensionais tais como o aspecto social, demográfico, político-institucional, econômico e ambiental (CONTERATO; SCHNEIDER; WAQUIL, 2007). A partir disso, os estudos não podem dar enfoque a apenas uma dimensão em detrimento de outras, como fez o trabalho de Alves (2012) com um viés para a dimensão econômica. Isso faz com que o desenvolvimento rural não seja representado em sua totalidade, devendo ser todas as suas dimensões possíveis.
 
5 Considerações Finais

            O desenvolvimento rural é uma questão de relevância dentro do desenvolvimento regional dos países. Apesar de uma diversidade de aspectos ocasionarem essa situação, há um consenso na literatura que essa questão está mais ligada aos aspectos sociais, demográficos, político-institucionais, econômicos e ambientais. Dessa forma, esse trabalho propôs-se a analisar o desenvolvimento rural a partir do IDR das evidências empíricas publicadas na literatura a respeito do tema.
            Verifica-se que o desenvolvimento rural é uma questão que deve ser analisada dentro da realidade nacional, pois existem regiões e municípios com baixo padrão de desenvolvimento rural. Isso é agravado quando é caracterizado a heterogeneidade desse fenômeno nas regiões estudadas. Isso que significada que as regiões de baixo padrão de degradação convivem em suas proximidades com regiões de elevado desenvolvimento rural.
            Em uma análise do panorama desse campo de estudo no cenário brasileiro, denotam-se alguns pontos nos quais a temática deste estudo pode avançar. O primeiro desses é que não há uma caracterização do desenvolvimento rural em nenhum dos estados e municípios das Regiões Norte e Nordeste. Ademais, os trabalhos de IDR estudam apenas um corte específico de tempo, isto é, apenas um ano e não podem ser feitas, consequentemente, projeções quanto ao desenvolvimento rural em determinada região. Por fim, destaca-se que devido ao caráter multidimensional do tema, os estudos devem considerar a maioria de dimensões de desenvolvimento rural possíveis, não escolhendo uma ou outra em detrimento das demais.
            Esse estudo fica limitado aos trabalhos existentes que ainda se mostram incipientes dentro da literatura nacional. Dessa maneira, sugere-se, para trabalhos futuros, seguir todos os pontos que mostram as lacunas não preenchidas com relação a esse tema, isto é, estudar a degradação ambiental nas Regiões Norte e Nordeste do Brasil, utilizar dados em um período maior de tempo de um ano e, por último, utilizar todas as dimensões possíveis em estudos de desenvolvimento rural. Portanto, essas medidas farão contribuições para a maior exploração e entendimento desse fenômeno.

Referências

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